AMIGO PARA TODAS AS HORAS - PARTE III

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"... Lide com o fato de que eu farei de você a minha musa inspiradora durante os próximos oitenta anos em que nós vivermos juntos. Registrarei tudo o que for importante e o que não for também, afinal, a vida é feita principalmente do cotidiano."

— Mensagem mandada por Thomas para Isabelle após ganhar uma máquina fotográfica de presente em seu 14° aniversário e tirar pelo menos cem fotos enquanto ela reclamava.

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Daniel era um garoto interessante. Ele nunca foi tão extrovertido quanto Thomas, nem tão amável ou sociável, mas tinha uma maneira diferente de envolver qualquer pessoa em seus assuntos de maneira natural.

Quando ele apareceu, convidou-me para nos afastarmos um pouco da multidão por causa do som alto da música, mas de onde estávamos dava para ver Thomas e os outros de longe. Sentamo-nos em um banco embaixo de uma árvore e de frente para a queda d'água que dava nome para a praça. Estava praticamente vazio ali, apenas um ou outro casal fazendo companhia afastados.

— Por um momento eu achei que você não viria — Daniel disse visivelmente feliz. — Ou que teríamos que conversar ao lado de Thomas, afinal, ele sempre está por perto.

— O que você tem contra ele? — quis saber. Já era a segunda vez que reclamava de Thomas naquele dia.

— Nada. Ele é legal, mas parece sua sombra — Daniel explicou e eu tentei não emitir reação alguma.

— Ele é meu melhor amigo, Daniel.

— Beatrice é minha melhor amiga também e nem por isso fico como carrapato em cima dela — ele comunicou e eu me forcei a não revirar os olhos. — Às vezes acho que Thomas é apaixonado por você.

Ri da última frase instantaneamente.

— Isso não é verdade — afirmei com total certeza na voz, mas com uma pontada de dúvida na mente que às vezes vinha como uma coceira fajuta me atormentar. — Somos amigos desde que nos conhecemos e posso afirmar que não.

— Qual é, ele vive dizendo que te ama!

— Ele diz isso para todo mundo, se quer saber — esclareci. E era verdade. — Até para os cachorros da rua e as formigas que habitam a sua casa. Se fosse amigo dele entenderia esse lado.

— O lado carente de atenção, você quer dizer? — Me senti um pouco incomodada com essa perspectiva. Thomas, ao meu ver, apenas era um garoto que sentia liberdade em expressar seus sentimentos, e era por compreender que ele nunca os escondia, que eu tinha plena certeza que ele nunca foi apaixonado por mim.

— Não é legal debochar da maneira que as pessoas se expressam — concluí e acho que o intimidei um pouco. Daniel fechou o semblante e me encarou quase assustado. — Além do mais, posso afirmar que eu admiro quem deixa as coisas claras, afinal, eu mesma nunca consegui ser tão comunicativa quanto gostaria — surpreendi a mim mesma com essa resposta a alguém que considerava um estranho.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora