CONSTRANGIMENTO

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"Juro por tudo o que é mais sagrado que se você parar de falar comigo eu ficarei em silêncio pelo resto da minha vida.

Porém, você sabe que a culpa é sua! Não se pode entrar em um banheiro sem bater à porta antes."

— Mensagem trocada por Thomas e Isabelle quando ela abriu a porta do banheiro e o viu quase nu. Isso aconteceu outras quatro vezes.

AGOSTO/2012

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AGOSTO/2012

Thomas tinha a mania de não trancar portas. Não interessava se ele estava no banheiro de casa, costumava deixá-la sem a tranca. Por quê? Eu nunca entendi. Apenas tinha que apelar para ele se lembrar disso, já que aparentemente era um pouco complicado.

"Geralmente — dizia ele — é porque eu estou apertado e um segundo a mais pode me fazer explodir." Ou "eu estou no meu quarto, vou trancar a porta do banheiro para quê?"

O mesmo valia para os outros banheiros da casa dele. Ele nunca trancava quando estava lá, me dando o desprazer de vê-lo algumas vezes, mesmo que sem querer. O mesmo valia para o seu quarto, geralmente ficava destrancado e já o vi trocando de roupa.

Contudo, nesses momentos não presenciei nada demais, pura e simplesmente porque era tudo muito rápido.

Um hábito que ele levou algum tempo para mudar, mas aos poucos foi se modificando à medida que o tempo passou, ele cresceu e nossa amizade foi ficando mais intensa. Na terceira ou quarta vez que ocorreu, ele parou. Assim, simplesmente conseguiu aprender a fechar a porta do banheiro da sua própria casa.

No fim de semana seguinte ao pacto, estávamos nos últimos dias das férias do meio do ano. Agosto estava chegando a galope, tão rápido que um suspiro parecia carregar horas junto a si.

E ao mesmo tempo tão monótono a ponto de conseguir pensar o que eu faria da minha vida no próximo ano, já que estava acabando o ensino médio.

Todo mundo parecia saber com exatidão o que gostaria de fazer. Thomas e Freddie queriam ser médicos, o primeiro pediatra e o segundo cirurgião plástico. Daniel, advogado, ou com muita sorte — nas palavras dele — um empresário de sucesso, não interessa em qual área.

Já Elisa diz que quer estudar direito para se tornar tabeliã e trabalhar em cartório. É a coisa mais estranha que eu já ouvi alguém desejar ser. Você imagina que uma pessoa sonhe em se tornar enfermeira, advogada, dentista, estilista, atriz, modelo, mas uma tabeliã era algo específico demais e até mesmo desconhecido.

Mas eu, sinceramente, nem sei por onde começar. Gostava de muitas coisas, como cantar — apesar de me sentir estupidamente envergonhada diante muitas pessoas —, ler, dançar, tinha ótima aptidão para matemática, história e física. O que fazer com tantas coisas aleatórias? E de preferência algo que me desse algum tempo para me dedicar as outros hobbies também.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora