O QUE ERA VERDE, SE TORNOU AZUL

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"O aniversário é do Freddie, mas quem ganhou o melhor presente fui eu."

— Mensagem de Thomas naquela noite depois de deixar Isabelle em casa.

— Mensagem de Thomas naquela noite depois de deixar Isabelle em casa

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Saí do consultório da Dra. Janine oito e meia da noite. Estava me sentindo um pouco mal por fazê-la trabalhar até tão tarde por causa dos meus problemas pessoais, mas estava pagando-a muito bem para compensá-la desse transtorno.

Peguei o carro no estacionamento e juro que não percebi o caminho até a casa dos meus pais naquele dia por causa dos meus pensamentos nebulosos, coisa perigosíssima de se fazer, tenho plena consciência disso.

Se bem que sofrer um leve acidente essa semana e pegar uns dias de atestado médico me pareceu uma ideia um pouco tentadora.

Contudo, mesmo vivendo dentro da minha cabeça o caminho praticamente inteiro, consegui chegar lá sem problemas.

A noite estava escura e silenciosa naquele dia. Quando parei o carro antes de abrir o portão da garagem, não pude deixar de olhar ao redor e me lembrar daquele instante em que tudo aconteceu. Contar minhas lembranças para Janine me fazia um bem enorme, mas ao mesmo tempo me consumia de saudades.

O muro que antes ficamos estava agora um pouco mais alto e a cor havia mudado. Estava a apenas alguns metros da minha residência e era muito fácil de ver tudo acontecendo caso alguém aparecesse, apesar de que naquele tempo havia uma frondosa árvore mais à frente que escurecia um pouco a luz amarelada dos postes.

Ainda assim, eu conseguia imaginar uma nítida visão de nós dois ali, e era-me sufocante tê-la. Por que? Minha vida nunca pareceu tão animada quanto naquela noite e era o início de algo que eu desejava muito. Parecia certo estar com Thomas e eu descobriria o quanto nós dois nos encaixávamos perfeitamente bem na noite seguinte.

Fiquei pelo menos três minutos em completo silêncio olhando para esse ponto até me tocar de que não deveria remoer lembranças mais do que o necessário. O meu foco era superá-las e seguir em frente, nada além disso.

Abri o portão da garagem lembrando-me de que um dia prometi aos meus pais trocá-lo por um automático, mas a recordação desse dever em específico foi totalmente ofuscada pela imagem de um caminhão estacionado na esquina do segundo quarteirão mais à frente — ao lado da casa onde Thomas morava.

A residência que passou quase oito anos sendo da cor verde tomou variações ao longo do tempo. Quando os novos inquilinos chegaram mais ou menos três ou quatro meses depois que a família de Thomas partiu, a pintaram de rosa claro. Passou para cinza um ano depois, e nos próximos quatro ou cinco se tornara totalmente branco. Agora era azul bebê na fachada com alguns cômodos laterais pintados de bege.

Havia uma pequena movimentação nesta casa e, aparentemente, outra família estava se mudando. As pessoas que passaram por ali não costumavam a ficar por muito tempo e eu nunca soube o motivo, e agora mais uma partia.

𝑪𝒂𝒓𝒕𝒂𝒔 𝑷𝒂𝒓𝒂 𝑻𝒉𝒐𝒎𝒂𝒔Onde histórias criam vida. Descubra agora