31

57 5 0
                                    

Quando eu entro na sala de treinamento vejo vários homes, a maioria sem camisa, alguns faziam levantamento de peso, outros treinavam a mira, andavam na esteira, lutavam no rinque, treinavam os reflexos, e alguns da menoria estavam conversando.

O lugar é enorme, divididos em vários blocos. Fico no centro e passo meu olhar por cada bloco para achar o Trevor. Já estava ficando com dor de cabeça. Os urros de dor de alguns homens que caiam no rinque preenchia meu ouvido e o cheiro de suor preenchia o meu nariz.

Ando de costas e esbarro em alguém. Olho para trás e vejo um homem forte falando alguma coisa em alemão, e eu espero que ele não esteja me xingando porque eu não estou entendendo nada.

- Desculpa - eu disse e ele me olhou - Você- aponto pra ele - sabe - faço um sinal de questionamento com as mãos - Onde. Está. O. Trevor? - falo pausadamente.

Ele volta a falar em alemão coisas que eu não consigo entender. Reviro os olhos e me viro de costas para o homem, mas ele me puxa pelo braço e aperta com força.

- Aí, seu babaca - grito e bato no seu rosto. Ele não se mexe e me aperta com mais força - Alguém me ajuda - grito esperando que alguém aqui saiba oque significa "help". Nada.

Tento me soltar do homem e chuto seus Países Baixos, mas acho que fiz merda. Ergo minha cabeça pra cima, já que o homem é bem mais alto que eu, e vejo ele levantando a mão para me bater. Fecho os olhos.

A dor não chega e não sinto mais as mãos dele me segurando. Ouso alguém falando algo em alemão de forma alta, me assusto. Alemão é uma língua muito forte, então qualquer coisinha parece ser algo extremamente repreensívo.

Um dia quando eu estava andando com o Andrei na praça, vi uma família fazendo piquenique. A filha do casal estava sorrindo horrores enquanto o pai dela fazia cosquinhas na mesma, porém eu achei que ele estava brigando com a filha e até me assustei. Mas o Andrei traduziu e me disse que ele estava falando que tinha muito orgulho da filha e outras coisas carinhosas.

Então, quando eu digo que alemão é uma língua forte, não estou mentindo. Enfim, abro os olhos e vejo o Trevor torcendo o braço do homem, enquanto falava alguma coisa para ele.

Observo a cena e assim que o Trevor me vê, ele apenas entorta um pouco mais o braço do homem e eu escuto um estralo, seguido por um grito de dor. Os homens que estavam treinando fingem não ver e continuam com o treinamento.

Trevor vem até mim e me puxa fora dali.

- Ei, me larga - faço birra e ele me olha ignorando, continua a me puxar.

Subimos a escada novamente, mas agora ele me leva para à esquerda. Trevor continua me puxando, mas ele anda um pouco mais devagar. Seguimos em frente até parar na última porta do corredor.

Trevor abre a porta e me empurra de leve para entrar, logo ele fecha a porta e tranca. Me olha com cara feia.

- Está com fome? - pergunto e ele ergue a sobrancelha.

- Não, por que? - ele cruza os braços sobre o peito.

- Cara feia pra mim é fome - digo e ele me olha estranho - Nunca ouviu isso? Sério? - ele nega. - Estou parecendo um criança - murmuro para mim.

- O que estava fazendo lá em baixo? - pergunta com a voz firme.

- Procurando você - dou de ombros - Falando nisso, eu queria saber oque aquele homem tava falando de mim - bufo - ele estava me xingando?

- Não sei, cheguei na parte em que ele estava prestes a ter bater - ele fala e eu murcho o ombro - Você não pode ficar andando por aí sozinha - fala e se senta na cama.

Two directions Onde histórias criam vida. Descubra agora