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Acordo com a claridade do sol em meu rosto. Me jogo para de baixo dos lençóis e faço uma cabana com ele, protegendo meus olhos. Fico me remexendo na cama até tomar coragem pra me levantar.

O dia de ontem é uma fumaça na minha memória. Só consigo lembrar do momento em que cheguei na festa e nada mais que isso.

Saio de baixo das cobertas e entro em um banheiro. Vejo que estou com um vestido pijama, que quase passa do meio das coxas. Lavo meu rosto, pego um pouco de pasta jogando no meu dedo e assim esfrego nos meus dentes.

Prendendo meu cabelo em um coque, volto para o quarto. Ao lado da cabeceira vejo meu celular, um copo de água e uma aspirina. Jogo o comprimido na minha boca e tomo em um gole com a água.

Quando pego meu celular vejo mensagens do Dylan.

- Você está bem?
- Me ligue quando puder!
- Aaron ligou, me ligue que eu vou lhe buscar.

Desligo meu celular e me jogo na cama.

Ótimo, não sei o que fiz ontem, mas para eu estar na casa de Aaron sei que passei dos limites.

Me levanto novamente e desço as escadas.

No hall da casa vejo a mesma mesinha e a mesma arma de decoração que vi na primeira vez que vim aqui. Passo por ela e vou até a sala, vendo a Petra no celular.

- De 0 a 10, quanto passei dos limites? - ela me olha, sorrindo fraco.

- 9 no meu ponto de vista e 10 no ponto de vista de Aaron - ela faz menção e eu sento ao seu lado - Você estava fumando quando ele te trouxe da boate.

- Não vou dizer que me orgulho, mas a sensação que aquilo me causou... Não lembro muito, só sei que me senti tão leve e eu não me sinto assim desde que meu pai morreu - admito.

- Bem, é melhor você achar outra forma para se sentir assim. Você estava acabada ontem, Anna - ela segura minha mão com a dela - Se precisar conver... - me levanto.

- Eu estou bem, sério! - sorrio tentando passar confiança - Eu queria saber se tem alguma roupa sua aqui, não posso voltar pra casa de pijama - ela assente.

- Vem, eu te amostro algumas que tenho - ela levanta e subimos novamente a escada.

Petra me empresta um vestido justo de manga comprida.

- Muito obrigada por toda a ajuda e me desculpa se estraguei algo - pego a chave do meu carro que ela me entregou e a sacola com minhas roupas, começo a andar para a porta.

- Não há de quê - ela diz - Mas você tem que falar com o Aaron antes de ir - faço careta - sei, ele vai te encher de sermão, mas você merece.

- Ei, qual o lado que você está? - me finjo de ofendendida, mas acabo suspirando - Ok, deseje sorte.

- Boa sorte - ela da batidinhas encorajadoras na minha costa e se afasta.

Pego fôlego e começo a andar até o escritório do Aaron. É idiotice minha ficar nervosa, já que ele provavelmente só vai jogar na minha cara o quanto sou irresponsável e como foi estúpida.

Aaron e Dylan são meus melhores amigos, mas tem uma certa divisão entre eles.

Aaron é meu irmão e conselheiro em relação as minhas atitudes, sobre os perigos em que me envolvo. Desde que conheci ele, Aaron tem sido um braço forte ao tentar me manter sã. Sempre que fico frágil demais ele está ali pra me ajudar, tanto em relação ao Trevor quanto em relação a possessividade do Antôni. Tem como prova a forma como ele surtou quando soube que eu tinha matado alguém.

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