FEITICEIRA (Romance safico)

cap 17

Raissa Andrade

Acordei hoje daquele jeito, se podesse não via a cara de ninguém.

Raissa: Davi se você não levantar dessa cama agora, você vai apanhar - ele nem deu atenção - eu não vou falar de novo.

Davi: Qual foi? Só mais 5 minutos. - cobriu a cabeça.

Raissa: Nesses 5 minutos já foram 15, levanta agora! - ele relutou de novo, quando viu que eu estava perdendo a paciência, levantou rapidinho.

Já desci e fui comprar pão. Namoral eu acordo cedo, as vezes trabalho de madrugada, mas eu queria entender como o povo das padarias funciona, parece que nem dorme.

Irmão: Bom dia - apareceu no balcão depois de eu ter chamado.

Nega: Bom dia - educação, sempre! - o mesmo de sempre.

Irmão: Pra já - saiu pegando os bagulho lá enquanto eu fiquei esperando.

Ele acabou de pegar, eu paguei e depois vazei dali, indo pra goma.

Nega: Tudo certo aí? - perguntei pra um cria que tava vendendo droga.

- Tudo tranquilo patroa, essa hora da manhã e os drogados já tão vindo - apontou disfarçadamente pra um noia vindo na nossa direção.

Nega: Beleza então - fiz um legal com a mão - continua no seu trampo, Fé aí.

- Fé, bom dia! - acenei com a cabeça e voltei pra minha goma.

Cheguei lá o Davi já tedava trocado cochilando no sofá, certeza que passou a madrugada acordado.

Nega: Davi acorda - balancei ele, que acordou assustado - se eu pegar você acordado de madrugada, vou tomar teu celular.

Davi: Passei a madrugada acordado não pô - me seguiu em direção a cozinha - só que é 6 horas da manhã né.

Nega: Idai? Eu acordo às vezes, 3 da madrugada e não reclamo - coloquei as coisas na mesa e fui pegando os bagulhos pra botar no pão - e ó hoje você vai arrumar o quarto e vai arrumar a cozinha.

Davi: Eita! Hoje você ta que tá em... - olhei puta pra cara dele que logo calou a boca e foi comer.

Comemos em silêncio, Davi sabe quando eu não estou brincando, acabou de começar a semana e eu estou assim.

Terminamos tudo ali e eu fui levar ele pra escola, na verdade pra barreira da favela, de lá outra pessoa leva ele.

Davi estuda em uma escola fora do morro, diz ele que só tem pleyba e ele não gosta, mas tem um bom ensino, por isso não vou tirar ele de lá.

Apesar de entrar nessa vida com o meu pai falando no meu ouvido, eu entrei e não vou fazer diferente com o Davi. Eu sempre estou falando pra ele que essa vida não é fácil e pa, ele fala que nem tem interesse nessa vida, mas eu sei bem como é as crias.

Fui direto pra boca, comprimentando uns vapor que fica pela favela e uns morador, eu sou bem fechada, mas pelo menos um bom dia, sempre falo.

Pedro: Graças a Deus! Agora eu posso ir embora - falou levantando da cadeira.

Nega: Exagerado nada né? - sentei na minha cadeira.

Pedro: Exagerado nada fia - fez voz fina - estou cansaderrima! - ouvi uma risada, olhei na direção e era a Carol abrindo a porta.

Essa acordou sorrindo pro vento, tem uns dia já, eu só na calada, observando.

Nega: Vai embora logo PR - falei rindo.

Ele foi embora e eu e a Carol foi ver as contabilidade, ficamos ali fazendo as contas.

Pai da Nega: Ta tudo certo aí? - ouvi a voz do meu pai.

Nega: Bença pai! O que o senhor tá fazendo aqui? - larguei os papéis e encarei ele.

Pai da Nega: Vim ver como tá minha ex favela - neguei com a cabeça - Eai cachinhos!

Carol: Eai RB - fez um toque com o meu pai - fé aí pra vocês, vou ver como tá as vendas lá fora - assentimos com a cabeça.

Nega: Fala logo pai - encarei ele.

Pai da Nega: Nada pô, vim só te ver mesmo - sentou no sofá que tinha ali.

Nega: hm... E não poderia ser mais tarde? - perguntei voltando a minha atenção pro papéis.

Pai da Nega: Fale direito com teu pai filha da puta - se ajeitou no sofá - que é em? - neguei com a cabeça e peguei um cigarro de maconha que já tinha feito na minha gaveta e acendi.

Sou muito de fumar isso não, só fumo quando eu estou de cabeça cheia.

Nega: nada pô - dei um trago e soltei a fumaça.

Pai da Nega: Quer mentir pra mentiroso? - pediu o meu cigarro - solta o verbo, por que tu tá bolada aí? - neguei com a cabeça - já sei, pra você não está falando, é mulher né? - me conhece!

Nega: É uma mulher aí, nega que só - ele riu, tu acredita? - para de ri! É sério tô palmeando ela a uma semana, ela nem aí pô tá mim, semana passada fui buscar uma blusa minha que tá na casa dela, nois ficou tá ligado? - ele concordou soltando a fumaça - mas ela parou no meio do caminho e disse que eu tinha que ir embora, fiquei sem entender nada.

Era verdade, eu mandei várias mensagens pra maluca lá, fiquei olhando ela de longe e ela respondia seca, isso se me respondia, o sexo é gostosinho, eu só queria de novo.

Pai da Nega: E você ta apaixoda? - neguei com a cabeça - então por que tá correndo atrás?

Nega: Sexo bom? - realmente!

Pai da Nega: Que chá é esse em! - me estendeu o cigarro.

Nega: pois é... - dei um trago.

Pai da Nega: Quero conhecer ela - neguei com a cabeça, dando o assunto por encerrado.

Ficamos batendo um lero ali, ele me ajudou eu uns negócios da boca, mas agente foi embora almoçar, minha mãe tava enchendo o saco pra gente ir almoçar.

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