cap 61

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Nathalia Prado

"Talvez o tempo traga serenidade para entender, mas a dor e a saudade que sua partida provocou
Já que ninguém curará.
Até sempre!"

A dor de perder alguém é a pior que eu já senti.

A saudade é ruim, só que ela é mais ruim ainda, quando você sabe que nunca mais vai ver a pessoa.

Nunca mais vai ouvir ela reclamando de você ter acordado ela muito cedo, dela dar várias desculpas porque simplesmente não queria fazer as coisas necessárias.

Você não vai mais lá dar uma curtida naquela biscoitada nas redes sociais dela, não vai rir muito, que vocês vão chegar a chorar.

Não vai mais ver ela brava, te dando um esporro, dela te mostrando o mundo de uma forma diferente.

Ouvir as seguintes palavras da doutora "Eu sinto muito, tentamos reverter toda a situação, mas não conseguimos, nem com a cirurgia que fizemos".

Foi como se o mundo em minha volta parasse, como se tivessem tirado alguém de mim a força, como se antes de ter feito alguma coisa, ninguém te perguntou antes.

A única coisa que se passava na minha cabeça era, por que?

Por que uma pessoa que se dedicava ao máximo, que fazia o bem pras outras pessoas, morreu?

Por que a vida é tão injusta? Ela tinha acabado de ganhar uma vida, e ela se sentia a pessoa mais feliz do mundo.

Já se passaram duas semanas que ela se foi, e até hoje eu não compreendo do porque teve que ser assim, me deixando um vazio, que NUNCA vai ser preenchido.

Por mais que as pessoa falem "mas pelo menos Deus deixou a criança".

É tão horrível ouvir isso, se Deus é tão justo o por que ele não perguntou de uma certa forma? Por que ele não me ouviu?

Eu sempre vou me lembrar da Nanda com boas lembranças, pelo menos eu quero lembrar dela como uma coisa boa, mas é tão recente é tão... Doloroso.

Ouvi o choro fino da Rayane e levantei pra dar mamadeira pra ela, já estava na hora...

Como diz a Nanda "Rayane, o meu raio de sol" talvez ela possa ser uma luz, pra alguém que está assim, como eu e as pessoas em minha volta, na escuridão que parece que nunca vai acabar.

Peguei ela no colo já sem força e olhei pra quela carinha, que por mais triste e derrotada que eu estava, sempre me fazia dar um mínimo sorriso.

Eu nunca vi uma mistura de Tales e Nanda tão bem formada assim, tão perfeita, como a Rayane.

Mãe do Tales: Ela te acordou? - olhei pra mãe do Branquin que estava na porta e neguei com a cabeça - eu só fui no mercadinho comprar o leite dela.

Nathalia: Não tem problema algum - peguei a mamadeira que estava na mão dela - obrigada pela força que a senhora tá dando.

Mãe do Tales: Que nada Naty, ela também é minha neta - pediu a neném - agora vai lá embaixo, por que a Nega tá lá e ja almoça, eu fiz comida - assenti e dei a Rayane pra ela.

Desci as escadas já dando de cara com a Raissa, a primeira coisa que eu fiz, foi correr pro braços dela já chorando.

Os nossos encontros estão sempre sendo assim, encontro não, Raissa tá praticamente morando aqui, só que sempre tá tendo os problemas na boca, então sempre que pode, até às "pausas" de 10 minutos, ela passa aqui pra ver se está tudo bem.

Raissa: Vamos pra cantina almoçar - neguei ainda abraçada com ela.

Nathalia: Já tem comida aqui em casa e eu ainda não tô bem pra sair - me separei dela e ela limpou minhas lágrimas.

Raissa: Tudo bem, como você tá? - foi indo em direção a cozinha, comigo atrás.

Nathalia: Indo... Ainda tá tudo muito ressente - ela começou a colocar minha comida - e você? Já conseguiu adiantar as coisas?

Raissa: Vai querer salada? - neguei - vai comer sim, tu não tá comendo nada - colocou no meu prato - tô conseguindo, acho que depois de amanhã eu já vou poder ficar mais relaxada e dar mais atenção pra tu, e sua mãe em?

Nathalia: Continua trancada no quarto, ontem ela saiu, tomou banho, depois de mim e da dona Hilda insistir muito pra ela comer, ela veio pra cozinha, mas só beliscou.

Raissa: Tu sabe que ela precisa sair e você também - assenti e ela sentou na mesa.

Comemos e ela sempre tentando puxar assunto, quando ela via que eu estava muito quieta, as vezes nem eu percebia que estava tão nas nuvens, mas ela percebia e tentava me animar.

Ela não me abandonou...

Mas parece que quando ela foi embora, tudo mudou, de um hora pra outra.

Eu mais uma vez me peguei olhando pra nossas fotos, lendo os comentários das pessoas dando seus sentimentos e todas aquelas coisas.

Nenhuma me confortava, nenhuma fazia um milagre, mas era bom pensar que elas estavam do meu lado.

De noite dormiu na cama, eu, a Raissa e a Rayane, o único jeito que ela parava quieta pra dormir, só colocando a cabeça encima do meu peito.

"Eu não quero outro sorriso, outro riso, muito menos outro olhar que me contemple. Eu não quero outro colo, outro carinho, nem outro abraço que me acolhe e me protege de toda maldade do mundo. Eu não quero outro carinho, outro cheiro. Eu não quero outro amor de irmãs, além do nosso. Eu não quero outro alguém, além de você.
Eu só queria você de volta."

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FEITICEIRA (Romance safico)Onde histórias criam vida. Descubra agora