FEITICEIRA (Romance safico)

cap 68

Raissa Andrade

O coração estava a milhão, qualquer cana que eu via pela frente, eu atirava.

"– patroa eles estão entrando aqui na rua cinco, eles tão tudo na cautela, indo pra boca atrás de tu" - o menor falou no radinho - "eu vou meter bala em todo mundo"

"– Só da um susto menó, se eles não forem embora, pode meter bala na testa"

Subi a escadinha do beco, ouvi um grito, ja fui correndo. Tá maluco mexer com morador?

Cheguei lá já apontando o fuzil, qualquer reação, era só bala.

Sofia: Sou moradora, não me machuca - levantou as mãos pra cima de olhos fechados.

Estava destruída, cabelo raspado na zero, toda machucada, roupa rasgada e suja, estava cheia de sangue.

Raissa: É a Nega, vou mandar alguém vim te pegar aqui, da uma assistência pra tu - ela concordou - encosta ali no canto, sem grito.

Ela confirmou e eu falei pra alguém vim aqui, só bota ela dentro de um barraco por enquanto.

Estava puro suor, já desci e subi lajem, to toda machucada, só de top, fudi toda minha barriga.

Nem to aguentando mais, e só agora eles tão recuando.

Pedro: Aí Nega, tá tudo certo? - concordei e me inclinei pra beber a água do tanque de uma casa.

Começaram a me chamar no radinho.

"– manda o papo - fui descendo com o Pedro."

" –Patroa entraram no teu barraco, bateram na tua fiel, mas não encostaram no teu filho"

Nem respondi, fui correndo pra minha goma, não estava muito longe.

Naty era pra ta no trampo, não estava enchendo minha cabeça com isso.

Corri o mais rápido possível, sabe aquele sentimento de que você é uma filha da puta inútil? Assim que eu me senti.

Era só duas pessoas, coisa fácil, qualquer um que chegasse perto eu matava e já é, nem isso eu fui capaz de fazer.

Entrei em um beco estreito, to nem ligando se os canas ainda estava no morro, só queria ver minha nega.

Quando chegou no fim dele, tinha cinco canas apontando a arma pra mim.

– Mãos pra cima caralho, vai filha da puta! Perdeu perdeu - eles já começaram a gritar.

Não tinha com eu fazer nada, levantei a mão e eles já chegaram tudo tirando minhas armas e batendo em mim.

Não estava ligando muito, não é a primeira vez, minha preocupação era com a minha mulher.

Com certeza essa porra foi combinada com alguém, algum X9 botou o bico pra jogo, já era pra eles ter vazado.

Ja estava perdendo a consciência, eles tavam metendo o soco na minha cara, to tontinha.

– Famosa Nega, dessa vez tu não escapou - deu um chute na minha barriga.

Ele pegou um radinho e depois de um tempo um carro chegou na ponta do beco, eles me colocaram dentro do porta mala.

Dava pra ver nada, mas pelo barulho dos tiros, eles estavam indo rápido pra caralho.

Minha visão foi ficando toda embasada, eu estava tentando não dormi, lá depois eu não escutei mais nada e cai no sono.

•••

Esses filhos da puta, já me acordaram com um balde de água na cara.

Não me deram nada, nem um pano pra limpar por cima os machucados, não é pouco não.

Mas pra quem tava falando que eles tava atrás da minha cabeça, não me matar até agora é um avanço.

Certeza que eles tão planejando alguma coisa, não iam me deixar via assim de bandeja.

Tô sem notícia de ninguém, minha cabeça tá como? Ta só o pó, tô pensando na minha família mermo.

Tô ligada que o erro é meu, eu tô nessa vida e eles não tem nada haver com isso, eles tinham que tá benzão.

Se eu tô nesse trampo, pra dar um vida melhor pra eles, era pra eles agora tá no luxo.

Mas tô vendo que só leva eles a ladeira abaixo, tô afundando e levando eles juntos.

E se a Nathalia não tivesse lá? Era meu filho que eles iam espancar? Será que ele ia aguentar?

Tu acha que eu nunca pensei em sai dessa vida? Larga tudo e trabalhar tudo direitinho, andar na lei mermo.

Lógica que pensei, mas depois das primeiras drogas vendidas, depois dos primeiros tiros, eu não quis mais parar.

Quando eu tava pensando em parar, a minha cara ficou estampada nas televisão, como eu ia sair agora?

Ia trampar de que? Nem vender água dava, os canas ia me ver, sem chance pô.

Não tem como eu sair dessa vida, não tem como eu sobreviver sem ela não, eu faço parte dela e ela faz parte de mim.

Meu desejo agora é só minha Nega ficar boa, pra gente ter aquela conversa marota, vou deixar claro e ela tá livre pra escolher o que quiser, isso se ela quiser vim aqui.

Se ela não aparecer eu vou entender, ela não é obrigada a viver essa vida comigo não.

Me sentei no chão, apoiei minhas costas na parede e coloquei minha mãos na cabeça, tava loca pra chorar, de verdade mermo, mas isso só vai ser uma oportunidade pra eles.

Eu não posso parecer fraca, se não eles pegam na minha maior ferida.

Maratona 1/?
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