Tia Amélia saiu pela porta um pouco assustada, acredito que não esperava me encontrar ali, ainda mais àquela hora da noite.
— Oi, minha filha. Tudo bem? – disse ao se aproximar.
— Não muito... – disse receosa e ela mudou a feição. Não fiz muitos rodeios, contei sobre o que presenciei e ela começou a chorar ali mesmo.
— Você sabe pra qual hospital ela foi? – falou em meio aos soluços.
— Não sei, tia Amélia, mas acredito que não tenha ido pra muito longe...
— Sabe, o Edvaldo não vai querer me levar, desculpa estar te pedindo isso. Mas você poderia me ajudar? – disse baixo, para o que seu Edvaldo não a ouvisse, pois ele seguia em pé, na porta, prestando atenção em nossa conversa.
Por um segundo, eu parei, pensei e todos os momentos que vivi com a Roberta, vieram na minha mente, todas as nossas lembranças vieram à tona. Sabe quando o tempo para como nos filmes? Então, foi o que aconteceu.
Com toda certeza do mundo, a Mariane de alguns anos atrás não pensaria duas vezes, teria dito que sim antes mesmo da tia Amélia terminar de falar. Mas a mulher que eu sou hoje... Pensa e age muito diferente.
— O que aconteceu, Amélia? – seu Edvaldo falou da porta e eu voltei à realidade. – O que a Roberta fez com a Mariane de novo? O que ela aprontou dessa vez?
— Não é nada, Edvaldo. – ela se virou pra onde ele estava. – Pode entrar, não foi nada demais.
— Eu acho bom mesmo, não quero mais saber dos problemas que essa menina arruma. E nem quero que você se meta, ouviu? Você não tem nada a ver com isso. – ele dizia de forma ríspida.
Seu Edvaldo sempre foi assim, desde que éramos pequenas. O tratamento dele com as meninas, sempre foi da forma mais agressiva possível, até com a Rebeca que hoje é a preferida dele.
Tia Amélia estava completamente abalada e eu sabia que ela queria responder alguma coisa, ela queria ter fala, ela sempre quis e eu sei. Ela sempre foi apaixonada por essas filhas, sempre fez de tudo por elas, mas também sempre teve medo dele e confesso que eu também.
— Tia Amélia, já tá tarde, desculpa por ter vindo essa hora, mas é que o dia foi muito corrido. Infelizmente, não vou poder te ajudar mais do que isso e não é pela senhora, você sabe... – disse. – Me desculpa de verdade. Mas amanhã, a senhora consegue notícias dela. E caso eu saiba, entro em contato também.
Tomei essa decisão com muita dor no coração, mas infelizmente, existem coisas que eu não posso e não me permito mais fazer. Roberta e César não podiam ter feito o que fizeram comigo e eu não posso apagar as marcas que eles deixaram em mim. Está feito e fim. Consequências.
— Tudo bem, filha. – disse com a voz embargada. – Eu entendo o seu lado e tenho vergonha disso até hoje, me desculpa por te pedir, foi o desespero de mãe que falou mais alto.
— Sem problemas, tia. Eu posso imaginar e a senhora não precisa me pedir desculpas, a senhora não fez nada, eles fizeram. Agora, vou pra casa... Caso eu saiba de algo, volto a te procurar. – sorri amarelo, acenei e saí dali o mais rápido que pude, entrei no carro e segui pra minha casa.
Eu preciso descansar, minha mente precisa de um tempo. Parece que de uma hora pra outra, tudo começou a cair sob minha cabeça e eu não tenho mais pra onde fugir, não tenho mais no que me segurar.
Hoje, estando mais velha, percebo que tudo o que eu passei foi para que eu entendesse que na minha vida sou eu e eu. Ninguém mais. Eu preciso me virar sozinha, fazer tudo sozinha.
Finalmente, consegui deitar na minha cama, fiquei encarando o teto por algum tempo, até que meu telefone tocou.
— Que merda, achei que tivesse deixado no "não perturbe". — falei sozinha e em seguida, peguei o celular.
Encarei o visor e pra minha não surpresa, era a minha sogra. Eu havia esquecido de dar um retorno pra ela sobre a situação com o Danilo.
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