DN
Já tem um mês desde que vim pra cá, deixei de ser Danilo, o DN e o Playboy morreram também, e agora eu sou Alexandre, tá maneiro não, mas fazer o que?!
Ainda é tudo muito recente, ainda me sentindo o pior homem de mundo, o pior pai também. Mariane e Victor não sabem de nada... Bom, o Victor não sabe. Mas a Mari e Raquel com certeza viram em todos os jornais sobre ocorreu.
Mas é aquilo, a ideia foi dos meus pais.
Estávamos no hotel. Eu já estava mais calmo e tinha falado pra eles tudo o que sentia e como me sentia, não tinha mais o que fazer. E de forma alguma, eu podia ver só o meu umbigo e deixar os parceiro na mão...
FLASHBACK ON
— Nós temos um jeito e já programamos tudo. — meu pai disse.
— Já falei que não tem jeito. — bufei.
— Só escuta, Danilo. — minha mãe me repreendeu.
A cena me lembro da infância, de quando eu era menor, quando as merdas se resolviam à base da conversa. Afinal, meus pais nunca me bateram, tá ligado? Lá em casa nunca teve essas paradas, se não fosse resolvido na conversa, era castigo até resolver.
— Você sabe que nós temos alguns contatos fortes no estado, né? — meu pai falou e eu concordei com a cabeça. — Sabe das minhas influências políticas e de alguns favores que sempre fiz por aí... Então, eu e sua mãe chegamos à conclusão de que: vamos nos mudar.
— Tá, mas aonde eu entro nisso? Onde isso vai me ajudar?
— Vamos forjar sua morte.
— QUE?
— Sim. Danilo vai morrer e vamos dar vida ao Alexandre. Se você topar, hoje você já sai daqui direto pra fazer todos os seus documentos novos.
— Pai, o senhor não entendeu que eu não posso ir embora e largar o comando? Do mesmo modo que os caras te devem favores, eu devo favores ao comando, eu sirvo à eles.
— Conseguimos documentos novos pra eles também. — falou simples.
— Porra! Ces tão com as costas quente mermo, né?
— Só não vamos poder levá-los pro mesmo lugar que nós. Consigo um um lugar pra eles se esconderem...
— Onde?
— Eles, no Paraguai.
— E nós?
— Vamos pra Bolívia, mais precisamente... Santa Cruz de La Sierra. — dessa vez, foi minha mãe que respondeu, fez até sotaque.
Tava claro pra mim a felicidade deles, tá ligado? O entusiasmos estava nítido na voz deles, era como se fosse o plano perfeito. Porém, na teoria, tudo é lindo. O que pega mermo, parceiro. É a prática.
— Tá, mas e o Victor? E a Mariane?
— Bom, essa é a parte mais complicada. — meu pai disse em seguida, coçou a cabeça. — Você não vai poder falar sobre isso com a Mariane.
— Nem com a Raquel... — minha mãe completou.
— Cês tão de sacanagem. — neguei com a cabeça e levantei.
Já comecei a ficar nervoso, tá ligado? Como que eu vou embora sem a Mariane? Sem o Victor? Como eu vou deixar pra trás as duas pessoas que eu mais amo, po? Completamente sem lógica.
— Eu não vou não, po. — falei simples, acendi um cigarro e fui pra varanda.
— Como não, filho? — minha mãe se levantou também — É a tua chance de recomeçar, sem esse passado, sem esse monte de gente querendo sua morte, sua prisão.
— Danilo, é só questão de tempo. Tudo se acertando lá, você pode levar a Mariane, levar o Victor, pode construir sua vida lá, sua família. — meu pai tentava me convencer.
— Cês acha que é fácil isso né? E se essa porra der errado, até vocês vão de ralo.
— O único jeito de dar errado é se você contar pra mais alguém que não sejam as pessoas que vão contigo.
— Pai, eu vou mentir pra minha mulher, mentir pro meu filho e eles vão me amar né? Vão achar maneiro. O Victor pode até esquecer, porque acredito que a Raquel não vai querer que ele veja ou saiba das coisas por agora. Mas e a Mariane? Ela vai me odiar, po. Tudo que eu batalhei pra conquistar, eu vou jogar fora.
— Não vai, filho. Ela te ama. — dona Sarah se aproximou e passou a mão no meu braço, fazendo carinho. — Ela vai entender, isso é pro bem de vocês, é pra vocês conseguirem viver em paz, viver sem medo.
— Ela nunca vai me perdoar, mãe... — abaixei a cabeça. — Tu não sabe a metade da história da mina...
— Danilo, você precisa decidir. — meu pai olhou o relógio.
FLASHBACK OFF
