MARIANE
O dia tá lindo, domingão desses e eu acordei cedo pra adiantar as coisas. Já liguei pra minha madrinha, deixei tudo combinado e vou lá em cima no açougue comprar as carnes de hoje.
Antes de ir no açougue, parei na dona Iêda, morro de saudade do salgado de queijo e presunto que ela tem aqui, famoso joelho. É o salgado mais recheado do Rio de Janeiro, com toda certeza do mundo.
Pedi logo depois, sentei naqueles banquinhos do balcão e comecei a me deliciar, porque não existe coisa melhor.
Eis que um ser não desejado resolve interromper o meu café da manhã, por sorte, meu suco de laranja não volta. Eu hein!
Onde já se viu, depois de tudo o que eu passei, ele ainda tem a cara de pau de puxar assunto comigo na frente de todo mundo? Respondo alto e faço passar vergonha mesmo, não quero saber.
Terminei o meu café, paguei, comprei uma balinha de hortelã, joguei na boca e fui andando devagar, fazendo a exposição da figura e cumprimentando um pessoal que parecia não acreditar que essa sou eu, que estou viva e que estou bem.
O Sérgio ainda estava abrindo açougue, então, sentei na calçada, mandei mensagem pra Jessica e fiquei distraída, mexendo no celular, até levar um susto com uma moto que parou pertinho do meu pé.
— Foi mal aí. — um cara falou comigo.
— Foi péssimo, né amigo? Mas ok. — fiz um joia.
— Também, nada a ver tu sentar aí na calçada. É pedinte tu? — riu debochado.
— Aham e nesse momento, tô pedindo pra Deus te tirar da minha frente. — sorri sarcástica e ele ficou sem gracinha, não me deu resposta nenhuma.
Não demorou muito e o Sérgio abriu. Levantei devagar e o bonitão já quis ir logo cortando a fila, querendo pedir primeiro do que eu.
— Abusado duas vezes. — murmurei.
— Entrasse antes. — retrucou.
— Sou pedinte, né? — revirei os olhos e passei entre ele e o balcão. — Bom dia, Sérgio. — ele segurava o riso.
— Bom dia, Mariane. Voltou ou tá só de férias aí? — Sérgio falou e quando eu ia responder, fui interrompida.
— Caralho! Que garota abusada! De onde tu saiu, irmão?
— Daqui mesmo. Nascida e criada. — falei e joguei o cabelo pra trás, batendo nele, que logo se afastou. — Mas hein, Sérgio, estou de volta, mas não sabia que o número de gente abusada aqui tinha aumentado não.
Ele não disse mais nada, só ficou de cantinho, esperando eu fazer meu pedido, batendo o pézinho e os caralho. Eu nem ligo, cheguei primeiro, ele que se vire pra lá.
— Obrigada, Sérgio. Manda um beijo pra dona Neli, ok? Saudades daquela feijoada dela.
— Mando sim, minha filha. Ela vai adorar saber que você tá de volta.
Sorri e saí de lá, passei perto do bonitão e joguei uma piada.
— Vai lá, desesperado. O açougue é todo seu. — segurei o riso e saí.
Quem diria, né? Eu, em pleno domingo de manhã, fazendo barraco por conta de fila. Ai, ai... Sou muito fã das voltas que o mundo dá.
Parei pra arrumar as sacolas na calçada e consegui ouvir o outro falar alguma coisa.
— É abusada, mas é gata pra caralho, hein?! Quem é ela?
META
70 ⭐️ | 80 💬* Os personagens novos serão adicionados ao capítulo "personagens", assim que forem citados no enredo.