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MARIANE

Passamos a tarde jogados na sala, bebendo cerveja e vendo jogo. Eu tentava me distrair de todas as formas possíveis, mas volta e meia, me pegava pensando na proposta da Sarah.

Por que ela quer que eu vá onde ela está agora? Não temos nenhum laço, sabe? Não existe motivo pra ela me querer por perto. Não entra na minha cabeça o fato dela ter ido embora sem ao menos me mandar uma mensagem, sei lá, foi falta de consideração.

Vou ver se essa semana eu encontro com a Raquel e o Victor, mato a saudade do meu gordinho e aproveito pra conversar com a Raquel sobre tudo isso. 

Mais tarde, depois de comermos uma pizza de 70cm, ele se ajeitaram pra ir embora. Jessica e Helton foram na moto deles e o Marcelo marcou mais um tempinho comigo.

— A gente tá só adiando a nossa conversa, hein. — ele disse rindo, enquanto nos despedíamos.

— Precisamos estar cem por cento sóbrios pra decidirmos o que vamos fazer, né? — eu o respondi, ele concordou com a cabeça e nós nos abraçamos.

Depois que ele foi embora, fechei o portão e subi pro meu quarto, já que a Jessica sempre faz questão de deixar tudo arrumado quando sai daqui.

Acordei mais cedo que meu despertador, tomei meu pré-treino, fui pra academia e dei a vida, tá? Acho que essa é a única coisa que tem me feito distrair nos últimos tempos e eu já disse isso.

Tomei meu banho, como de costume, botei a roupa de trabalho e peguei no celular, dei uma olhada nas notificações e haviam duas mensagens da Sarah. Uma delas, eram aquelas imagens de bom dia e na outra, ela me perguntava se eu estava bem. Com não tenho confirmação de leitura, não respondi.

Aproveitei e mandei mensagem pra Raquel, que me respondeu na hora e marcamos de nos encontrar mais tarde, depois do meu expediente.

O dia no trabalho foi tranquilo, pouca coisa pra resolver, graças a Deus, já que minha cabeça está em outro lugar.

Saí do banco e fui direto pro shopping que havia marcado com a Raquel. Como eu estava bem adiantada, passei em algumas lojas, comprei algumas coisas pra mim a uma camisa do Vasco pro Victinho. Nisso, acabei lembrando de como o Danilo pirava em dia de jogo do Vasco, de quantas camisas ele tinha, e de que toda vez que eles lançavam algo novo, ele me mandava mensagem pra comprar.

Fico feliz demais por ter partilhado a vida com ele, por poder lembrar desses detalhes dele e enfim... Por ter vivido um amor de verdade, coisa que eu achava que já tinha vivido.

Perto do horário, fui até a praça se alimentando, peguei um subwayzinho pra mim, e passei no MC pra pegar o McLanche Feliz de sempre pro meu enteado.

Sentei e fiquei esperando eles, que não demoraram. Victor está cada vez mais parecido com o pai, até o jeito de se vestir. Fico boba!

Entreguei os presentes e ele ficou todo bobo, me agradeceu várias vezes e os olhos brilhavam olhando pras camisas do Vasco.

Raquel e eu falávamos em código ainda, pois nada havia sido explicado pro Victor desde que tudo aconteceu. Eis que no meio da conversa, ela me conta que a Sarah ligou pra ela, oferecendo um emprego pro marido, escola particular pro Victor e faculdade pra ela.

— E aí, o que você respondeu?

— Ah, amiga... Eu acho que vou. Não tenho nada a perder, né? Se der errado, eu volto pra cá. Acho que é bom pro Victor também, os avós deles tem condição de dar um futuro melhor do que eu posso dar aqui, enfim...

— É, amiga. Vou sentir saudade desses encontros, mas concordo super com você. Se for algo pra crescer, pra que vocês sejam beneficiados, eu apoio.

— Vai sentir saudade por que, garota? — fiquei sem entender. — Sarah falou que quer te levar pra lá também.

— Não sei pra que. — estalei com a boca. — Até anteontem eu nem sabia se ela estava viva ou morta.

— Ah, Mari... Ela precisava de um tempo pra organizar as ideias, né? Sei lá... — rimos. — Ela é assim mesmo, sempre foi. Some e aparece do nada...

— Mas depois de tudo? Achei meio feio.

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