O pagode tava maravilhoso. César botou uns baldes com os amigos dele, mas eu nem bebi muita coisa, afinal, nem tenho o mesmo pique que eles e amanhã ainda é dia de trabalho.
Eu virei fã de sair, de bagunça, de furdunço depois que casei, porque antes, eu tinha pavor. Minha melhor amiga penava pra me tirar de casa, tá? Tudo bem, eu era nova, mas mesmo assim...
Falando nela, não chegou até agora. Deve estar com o bofe em algum lugar, porque não deu satisfação.
Dancei agarradinha com meu maridinho e as monas ficam todas de olho, não disfarçam. Mas fazer o quê, né? Cada uma que batalhe pra ter o seu, esse aqui tá fora do mercado.
O funk começou e eu fui até o chão com a Jessica. Ela que me ensinou a dançar. E que pique a mona tem, tá maluco. Minha sogra não fica pra trás também não, e o César fica como? Pra morrer.
— Ô mãe, se situa. Vamo vê legal aí. — ouvi ele falando com a minha sogra.
— Deixa ela, amor. — dei um tapinha de leve no braço dele.
— Esses comédia tudo se emocionado pro lado dela, quero não. — fechou a cara e ela nem aí, nem era com ela.
Depois de muito tempo, a Roberta apareceu, tava meio estranha, mas eu nem perguntei nada, não gosto de atrapalhar lazer com outros assuntos não, só deixei correr.
Quando o grupo meteu o pé, logo eu e o César começamos a nos despedir do pessoal também. Estava indo atrás dele, quando a Beta segurou no meu braço.
— Amiga, amanhã a gente pode conversar? Preciso muito de você! — estranhei.
— Podemos sim, amiga. Quer adiantar agora?
— Precisa não. Amanhã eu te espero depois do seu trabalho, pode ser? — concordei e ela me abraçou. — Eu te amo muito. Você é minha irmã.
— Também amo você, garota. Tá me assustando, hein.
— Vai tranquila. Até amanhã! — nos soltamos e eu fui atrás do César.
Fiquei com aquilo martelando na cabeça, afinal, esse negócio de "converso com você depois", me mata. Então, pra dormir foi uma merda, rolei demais na cama, o bofe até reclamou.
No dia seguinte, o restaurante tava lotado. Eu não tive tempo nem de fazer xixi. O dia tava lindo, sábado ensolarado, começo de mês, do jeito que a gente gosta, né?
E como o movimento estava demais, minha sogra resolveu estender o horário. Eu estava morta? Estava, mas quem vai reclamar de receber uma hora extra gorda? Ninguém. Pois bem...
Já era a tardinha quando eu saí do trabalho, mandei mensagem pra Roberta avisando que tinha saído e fui pra praça, esperá-la. Enquanto ela não chegava, pedi um açaí expresso e sentei num banquinho afastado.
— Aí amiga... — suspirou e sentou do meu lado.
— Fala logo. Você sabe que eu odeio suspense.
— Eu e o Ronaldinho terminamos, né? A mulher de descobriu tudo, fez ele me tirar da casa que tinha montado pra mim e eu voltei pra minha mãe ontem mesmo, só que é aquilo. — respirou fundo. — Meu relacionamento com a minha irmã é um inferno e eu não queria ficar lá.
— Eu te avisei, né? Falei pra você não ficar dependendo de homem, ainda mais homem casado. Você podia ter continuado o seu curso, tava fazendo unha aí, ganhando seu dinheiro. Vai fazer o quê agora?
— Eu não sei, amiga. Eu preciso da sua ajuda. — ela estava com os olhos cheios d'água.
— Cara, eu posso conversar com a minha sogra, ver se tem alguma vaga pra você la. E quanto a casa, por enquanto, acho que você vai ter que aguentar as graças da sua irmã.
— Aí amiga, isso é o de menos. Mas eu preciso mesmo de um trabalho, pra ontem.
— Vou tentar te ajudar, amiga. Mas vai atrás também, entrega currículo lá na pista, não sei. Não fica parada, por favor. E vê se aprende dessa vez, tá bom? — concordou com a cabeça e nos abraçamos.
— Obrigada.
— Não por isso. — nos soltamos. — Olha, agora eu vou porque tenho mil coisas pra fazer em casa. Amanhã vamos no jogo, certo?
— Vamos sim.
— Eu pago a cerveja. — disse rindo e indo em direção à minha moto.