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CÉSAR

Como se já não bastasse o desprezo da Mariane, a distância do pessoal lá de casa, agora eu sou obrigado a aturar os moleques zoando o DN, dizendo que ele ganhou na loteria, que ela é linda e mais um monte de bagulho.

Patrão cismou de comer fora hoje, quer comemorar sei lá o que, aí fomos pra onde? Lá pra minha mãe.

Aturei os caras falando deles dois o almoço todo, tá ligado? E sem poder fazer ou falar nada, já que o patrão tá ligado que eu tenho que manter distância, mesmo fazendo vista grossa. Mas, se ela der o papo pra ele, eu to fodido.

(...)

— Teu irmão tá te chamando ali, Zinho. — alguém me avisou, mas não prestei atenção, tava longe.

— Já é, valeu. — parei o que estava fazendo e fui na direção dele, saber qual era.

— Fala Juninho.

— Tá ocupado aí? Minha mãe quer geral la em casa. — falou mais nada, só subiu na moto e saiu.

Depois de tudo o que aconteceu, esse é o máximo de contato que tenho com meus irmãos. E confesso que dói demais ter que conviver com isso, tá ligado?

A pior parte é ficar longe da minha mãe, que sempre foi foda pra caralho, sempre me passou as melhores visões, mas eu fui fraco e agora é arcar com as consequências.

Ajeitei a peça na cintura, peguei a chave da moto, avisei aos moleques que tava indo lá, mas que já já voltava.

Demorei nada pra chegar na minha mãe, dei de cara com todo mundo reunido e já pensei no pior. Tava geral mesmo, até o Wallace, meu irmão, que a gente quase nunca vê. Entendi nada...

— Agora que o César chegou, eu posso falar. — ela estava com um envelope nas mãos, o rosto vermelho e parecia estar chorando desde cedo. — Eu não queria ter que dar essa notícia pra vocês, mas estou com uma massa no seio esquerdo, vou precisar começar a fazer os exames, o acompanhamento e é isso. — ela não conseguia mais falar.

— E isso que tu falou é o que, mãe? — eu sou burro mesmo, tava entendendo nada.

— É que ela tem um câncer na mama, que vai ser curado, porque só Deus dá a palavra final. — a Mariane falou e a Jessica a abraçou em seguida, chorando bastante também.

— E como os custos são bem caros, porque eu preciso dos resultados o mais rápido possível, a Mari vai tentar me ajudar, usando o plano de saúde dela, que cobre tudo isso. E não tenho mais nada a dizer, só que eu amo muito vocês, que se eu errei, foi tentando acertar, vocês são a minha vida. Mesmo errando... — olhou pra mim e eu senti a indireta.

Eles falaram mais algumas coisas, mas eu não conseguia prestar atenção em mais nada, só segurava o choro e pensava no que a minha vida se tornaria, se eu não tivesse mais a minha mãe.

Depois que a reunião terminou, eu fiquei um tempão abraçado na velha, trocamos uma ideia bem sadia, choramos e eu pedi desculpas por todos os perrengues que já fiz ela passar. Eu estava arrependido de verdade...

Saí de lá cego, fui pra casa, tomei um banho e agradeci demais porque a Roberta não estava em casa.

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