Voltei pra casa carregando as coisas e lembrei que tinha que passar no depósito, desviei entre um beco e outro e fui no depósito de um antigo amigo, o Djalma.
Cheguei, cumprimentei, trocamos uma ideia e ele falou que fazia meu delivery de graça, por cortesia, já que tem um tempão que não me vê. Isso que é amigo, o resto é piada.
Quando eu estava saindo, dei de cara com o abusado e com o falecido marido de vocês.
— É muita assombração pra um domingo só. — falei baixo, mas o Djalma escutou e riu comigo.
— Tá me seguindo, garota? Qual foi? — o abusado falou e o César encarou ele na mesma hora, coisa automática.
— Djalma, vou me adiantar. — dei dois beijos nele. — Clima tá muito pesado aqui.
— Muito abusada, tá maluco. Ainda nega voz. — o abusado disse pro César, que ainda estava olhando pra ele com cara de puto.
Juro que eu queria ser uma mosca e ficar pra ver o que ia rolar depois que eu saísse, mas depois a fofoca chegava. Ela sempre chega mesmo.
— Vai lá, Mari. Juízo, em meia hora levo os bagulho lá pra tu. É do lado da oficina do Aldo, né? — concordei com a cabeça e saí.
(...)
Depois de tudo arrumado, minha madrinha já tinha chegado, levou duas amigas dela também. Minha sogra, que não me deixa chamar mais de ex-sogra, trouxe todas as comidas e o pão de alho, ela não se contenta com pouco, parece até que a gente vai comer churrasco durante uma semana.
Jessica e eu arrumamos a mesa, eu já acendi a churrasqueira, botei umas linguiças e pão pra começar a brincadeira, enquanto os meninos não chegavam.
Eu já tava puta com o Djalminha que não chegava com as minhas cervejas, dei uma reclamada com a Jessica e logo a campainha tocou. Fui correndo pra atender.
— Achei que não ia chegar nunca mais. — atendi brincando com ele.
— Tá maluca, deu mó merda depois que tu saiu. Zinho estranhou o DN, po. Por causa de tu... — estalou a boca e entrou comigo, carregando os fardos que comprei.
— Me conta direito, ué. — fiquei curiosa, óbvio.
— Ah, tu sabe né? DN ficou perguntando quem era tu, se era solteira, de onde era, queria até trazer as parada aqui no meu lugar. E como, o Zinho só de canto, calado, mas dava pra ver o fogo saindo pela cabeça dele, igual desenho, tá ligado? — demos risada. — E eu sem gração, respondendo baixo, com medo de lombrar um porradeiro dentro do meu estabelecimento, né? Tá maluco.
O Djalma é o cara mais engraçado que eu conheço, então, ele contando as histórias é demais.
— Mas lombrou?
— Lombrou nada não, po. Eu só falei com o DN que era pra morrer o assunto, que tu era fechadona e tal.
— Mas respondeu que eu era solteira, né? Não quero ninguém pensando que eu ainda tenho vínculos com aquela coisa ruim.
— Respondi, po. Foi nessa hora que o Zinho resolveu falar, ai lançou um: "ela é minha mulher, DN". E eu cortei ele, falando que tu era ex mulher dele e que ele preferiu ficar com mulher de bonde. Fiz mal? — neguei com a cabeça. — A gente ficou discutindo lá, Zinho meteu o pé dele e DN disse que te quer.
— Agora é isso. — dei risada, enquanto arrumávamos as latas no isopor. — Toma uma com a gente aí, po. Marcelo, Sorriso e uns cara do mototáxi vão encostar aí.
— Po, trouxe nem nada, fico sem graça.
— Vai pra merda, né Djalma. Tu é meu amigo há anos. — dei um tapinha no braço dele e voltamos pra perto do pessoal, estalando as nossas primeiras cervejas.
Pouco tempo depois, os meninos chegaram trazendo vodka, água de côco, whisky, esses negócios que eu tenho pavor.
— Ué, por que vocês não avisaram que era pra cá? — Djalma zoou o Júnior.
— To carregando peso a toa, então?
— Garoteou... — deram risada.
— Irmão de Jessica tava falando alto pra caralho lá dentro, nem quis muito assunto. Era o que aquilo?
— Fofoqueiro, hein?! — gastei, botando as carnes na mesinha.
— Aposto que o problema era tu. — me cumprimentou com dois beijinhos.
— Acertou mermo, ué. — Djalma respondeu.
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