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CÉSAR

Subi pro baile e a dona foi comigo, a gente nem tem curtido nada, porque geral fala e ela quase não tem amiga aqui em cima, ou seja, tenho que ficar dando plantão do lado dela.

Assim que chegamos eu já logo vi a peça. E não é que o Marcola tava certo? A Mariane tá mais bonita do que nunca, um mulherão, parece até outra pessoa, tá maluco.

Dei sorte que hoje a Roberta colou com as mulheres de uns parceiros aqui e eu to solto, já logo dei um papo no moleque que era pra Mariane me encontrar no beco, queria ter o prazer de desenrolar com ela, olho no olho, sem estresse.

Fiquei um tempão parado lá, fumei quase o maço de cigarro inteiro. Um nervosismo do caralho, eu era só pilha. Marquei mais algum tempo e nada, ela não deu as caras.

Voltei puto lá pra dentro, marquei um tempo do lado da dona, fiz uma média, mas como, o tempo inteiro de olho, planeando pra ver qual era a situação. Vi direitinho a hora que o comédia do meu irmão chamou pra dançar e ela foi, parecia até casal, tá maluco. Fiquei cego, virei bicho.

Tomei uma reta e cheguei metendo a mão nele, tirando de perto e nós ia embolar ali mermo, se não é a Jessica entrar. Falei pra caralho, Mariane me xingou, falou um monte de merda pra mim e saiu saindo, o que me deixou mais puto. E se os parceiro da ronda não aparece na hora, eu ia quebrar o Juninho na porrada. Vai tomar no cu!

Voltei transtornado e a Roberta começou com a baixaria, deixei falando sozinha no meio de geral, mas como ela não se deu por satisfeita, veio andando atrás de mim, falando um monte de merda sem legenda e eu sem dar ideia nenhuma. Subi na moto, esperei ela e guiamo pra casa.

— Você ainda gosta dela, né? — começou a gritar, assim que nós chegamos.

— Cala a boca, porra! Some da minha frente pra eu não perder minha postura contigo.

— Por que você fez isso, César? — gritava mais. — Você me fez passar vergonha na frente de todo mundo.

— FODA-SE, MEU IRMÃO. VAI TOMAR NO TEU CU. — levantei, dando um empurrão nela, que caiu com tudo no chão. — E TU VAI DORMIR NA PORRA DA SALA, PRA NÃO ENCHER MEU SACO COM CHORADEIRA.

Larguei ela pra lá, subi pro quarto e me tranquei. Quebrei umas paradas que vi pela frente, falei umas merdas, tomei um banho, fumei meu natural e deitei.

Roberta ainda ficou batendo na porta, pedindo desculpa, pedindo pra eu abrir e deixar ela entrar, mas não dá não, vai ficar de tonteação e eu tenho pouca paciência.

(...)

Acordei cedo pra adiantar minhas parada, tem jogo hoje e eu quero ganhar, pra ver se distraio um pouco a mente. Chega de estresse!

Desci e peguei o fluxo do baile ainda, fui na padaria da dona Iêda, pedi um salgado de queijo e presunto, um café forte e fiquei vendo os bagulhos na TV, até ouvir uma voz conhecida, que me fez até engasgar.

— Bom dia, dona Iêda. Tem aquele salgado que eu amo ainda? — era a Mariane.

Pela felicidade no rosto, ela ainda não tinha visto, então, abaixei um pouco a cabeça, enterrei mais o boné e ela se sentou dois bancos depois de mim.

Ela não perdeu a simpatia, o carisma, a pureza e isso fez com que eu ficasse mais arrependido que já estou.

— Tu não pode falar comigo não? — tomei coragem, levantei o boné e olhei pra ela.

— Deus que me livre. Não te conheço, não tenho nada pra falar contigo. — ela disse alto, fazendo com que todo mundo que estivesse na padaria me olhasse.

Fiquei puto e nem terminei de comer, levantei, deixei o dinheiro em cima do balcão e saí fora, antes que eu fizesse alguma merda.

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