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Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, no que estava vendo. Pra mim, na minha mente, tudo estava em câmera lenta, os movimentos deles, os meus, enfim... Senti meu corpo desligar, as pernas falharam, a visão escureceu e nisso, senti alguém me segurar.

Por sorte, me sentaram em algum lugar e logo em seguida, me foi oferecido água. Prontamente aceitei, porém, permaneci estática, sem conseguir olhar pro Danilo.

— Alguém pode me explicar o que está acontecendo aqui? — consegui dizer, depois de algum tempo.

— Você tá mais calma, amiga? — Raquel me perguntou, passando a mão pelo meu rosto.

— Tem como? — respondi e olhei pro Danilo e pra Sarah.

— Acho que vocês precisam de um momento a sós. — dessa vez, foi a quem Sarah falou. — Vem, Victor! Vamos ver se já tem café lá pra gente? Uns pães de queijo.

O Victor, que estava próximo a mim, saiu com a avó, e ele voltaram para o interior da casa. Raquel os acompanhou em seguida e o motorista também já não estava mais lá.

Conforme o Danilo se aproximava de mim, eu me encolhia. Uma sensação estranha, um medo diferente.

— Me desculpa!

— É só isso? — perguntei firme. — Eu não to entendendo nada do que tá acontecendo aqui. Eu preciso de explicações.

— Eu tive que fazer isso pra termos uma chance de recomeçar contigo, sem crime, sem perseguição.

— E não podia ter me avisado? Eu quem fiz com que vocês se reencontrassem. Eu não merecia um pouco mais de cuidado? Eu merecia passar por tudo o que passei?

— Ou era isso, ou a gente corria o risco de não poder viver mais nada.

— Você acha que eu ia contar pra alguém e fazer com que não desse certo? Você não confiava em mim? — agora, as lágrimas que eu segurava antes, já rolavam pelo meu rosto.

— Não, preta. — mais uma vez, tentou se aproximar e eu me esquivei. — Não era isso, é porque quanto menos pessoas soubessem, mais chances tínhamos de que isso desse certo. E deu...

— Deu pra vocês, né? E pra mim, que fiquei fodida todo esse tempo? Você não tem noção do quanto eu sofri com a sua morte, do quão difícil foi superar isso. Passei tantas noites em claro, perdi mais de 10kg e seus pais não procuraram saber de mim, não me ligaram. Enfim, nada vocês fizeram. Agora, me trazem aqui e pra que? Com qual finalidade? — eu falava em meio aos soluços.

— Me desculpa, preta. Eu pedia todos os dias pra te ver, pra me comunicar contigo, mas não podia, precisava esperar. Precisava saber que o plano tinha dado certo.

— Deu certo pra vocês, em tudo, volto a dizer. Menos nessa parte... — respirei fundo. — Eu quero ir embora.

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