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ALGUNS DIAS DEPOIS

Quase uma semana depois da operação, as coisas começaram a se alinhar. Eu pude, finalmente, subir pra ver o pessoal e já me senti um pouco melhor.

Porém, as coisas não estavam muito boas por lá.

— Ah amiga, era só isso que faltava, sabe? — disse cabisbaixa. — Eu tô com medo da minha mãe querer parar o tratamento, sei lá.

— Mas vocês não tem notícia nenhuma dele? — negou com a cabeça. — Polícia? Hospital? IML? Nem os meninos sabem dele?

— Não, amiga. O pessoal que tava no bonde dele, poucos sobrevieram, o pior é esse. Já rodei esse morro todo, já fui em todo mundo que eu conheço e nada...

— Meu Deus! Não sei nem o que dizer, nem como ajudar.

— Você não precisa ajudar, amiga. Ele já não é problema seu, há muito tempo. E com certeza o DN vai pirar, se você se meter nisso.

— Até vai, mas uma coisa tem nada a ver com a outra não. Vou procurar saber com ele...

— Ô nega, não precisa.

— Amiga, tô fazendo isso pela sua mãe. Nós precisamos dela bem, reagindo bem ao tratamento, sendo a mulher forte que sempre foi. E perder, não saber de um filho, mesmo sendo o merda do César, pode desanimá-la. Filho é filho, não tem jeito.

— É, você tem razão. — respirou fundo.

Acabei ajudando a Jessica com as coisas do restaurante, e fomos ver a Tia Ângela, que estava completamente desanimada. Tudo bem que dia de quimio é pesado, mas ela estava além do que eu costumava ver.

Tentei não tocar no assunto com ela, mas volta e meia, a mesma tocava no nome dele. E eu pude ver o tamanho da falta que ele estava fazendo. No ruim, mesmo sem falar com ele, elas sabiam onde ele estava, volta e meia ele passava aqui na frente. Sem notícias, eles não ficavam.

Meu telefone tocou, era um número desconhecido e eu imaginei que fosse o Danilo, já que agora, nossa vida está um pouco mais complicada. O rosto dele se tornou público. Uma longa história..

— Tia, eu vou procurar saber do Zinho, tá? — dei um beijo na testa dela.

— Eu preciso de uma notícia, minha filha. Muito obrigada! — sorriu fraco. — E se ele estiver morto... — respirou fundo, deixando uma lágrima rolar. — Eu quero poder dar um enterro digno ao meu filho.

Segurei a onda, porque é bem difícil vê-los assim, ainda mais a tia, que mesmo no pico mais difícil da doença dela, nunca desanimou, nunca abaixou a cabeça. Espero conseguir algo.

Saí de lá, e fui pra casa. Tomei um banho rápido, peguei uma muda de roupas e fui de encontro ao Dan. Precisava matar o que estava me matando.

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