ROBERTA
O que aconteceu aqui hoje? Por que eu permiti que o Zinho chegasse tão perto de mim?
Todo mundo sabe que ele é um dos bandidos desejados desse lugar, mas ele não pode fazer isso, muito menos eu. Ele é marido da minha melhor amiga, da minha irmã.
Eu nunca o vi com maldade, mas é um pouco complicado vê-lo "à vontade" todos os dias, ouvir o que rola no quarto deles e não sentir nem uma pontinha de atração, sabe?
Sei que eu não posso agir dessa forma, eu não posso nem pensar assim. A melhor coisa que eu tenho a fazer é adiantar essa ida pra casa e acabar com isso, antes que o caldo entorne e eu tenha que carregar essa culpa pro resto da vida.
Arrumei onde eu durmo, lavei a louça e saí pro salão. Não quero correr o risco de encontrar com o Zinho em casa, sem a Mariane. Então, vou passar o dia inteiro fora.
Depois que terminei no salão, passei pra ver como estavam as obras na casa e se tinha previsão pra fazer minha mudança.
Descobri que poderia mudar na segunda, então, como hoje é quinta, acionei a Cássia, uma das meninas que trabalha nas festinhas comigo e fomos atrás das coisas que eu precisava pra botar lá.
— Tu tá estranha hoje, mona. — ela lançou no meio da nossa conversa, enquanto víamos umas roupas de cama.
— De onde tu tirou isso, garota? Tô de boa.
— Ih sei lá. Parece que você tá aqui e sua cabeça tá lá na lua.
— Ah, é que eu tô ansiosa demais pra essa mudança. — menti. — Não vejo a hora de ter meu cantinho.
— É muito bom ter o canto da gente, né? — concordei com a cabeça. — Mas você vai ficar devendo uma grande pra Mariane, porque deixar uma puta morar na própria casa com o marido. — riu debochada. — Tem que ser muito amiga.
— Só fala merda você. — rimos. — Ela não sabe com o que eu estou trabalhando, tá? Shiu.
— Um hora ou outra, o morro conta. Vacilo seu não contar.
— Não vai mudar em nada, somos amigas de infância. — dei de ombros.
— Talvez mude, hein. — botou pilha. — E você é sortuda demais, ver o Zinho, gostoso daquele jeito, 24h por dia, sonho de qualquer uma.
— Menos, ele não é tudo isso. — menti.
Passei o resto da tarde no shopping e em algumas lojas do calçadão. Subi pra deixar as coisas na casa e depois fui tomar uma com a Cássia, na Vaninha.
Quando sentamos no balcão, do outro lado, estava o Zinho e com alguns caras do movimento, acenou com a cabeça e eu sorri amarelo. Que situação!