ROBERTA
Depois que o Ronaldinho e eu terminamos, minha vida virou de cabeça pra baixo. Tive que voltar pra casa dos meus pais, com uma mão na frente e outra atrás. Fiquei desesperada!
Não me dou nada bem com meu pai e minha irmã, é só briga, o dia inteiro, sabe? E quem sofre com tudo isso? A minha mãe.
Fui direto na Mari, porque tenho certeza que ela vai me ajudar a sair dessa, somos melhores amigas, irmãs.
Depois de conversar com ela, desci mesmo pra procurar emprego, falei com umas monas que eu conhecia e passei meu número pra uma delas.
Estava no jogo, distraindo, tomando uma gelada, até que meu telefone tocou e era ela, precisava falar comigo. Desci rápido, só passei em casa pra tomar banho e encontrei com ela na pista.
— Chegou rápido, ainda bem! — cumprimentamos com dois beijinhos e entramos em um carro preto que nos esperava.
— Vamos pra onde?
— Trabalhar, né minha filha? — piscou pra mim, de um olho só.
Eu já imaginava qual seria o serviço, então, respirei fundo, fiz minhas orações e fui. Eu não posso é perder dinheiro, né? E sou capaz de fazer tudo pra ganhar minha independência de novo.
Pegamos mais duas meninas no caminho e fomos pra uma festa privada. Pensa, o negócio tava arregado, só whisky importado, só bandido da alta, esquece.
Entramos pra um quarto, onde trocamos de roupa e deixamos nosso celulares, dentro de um armário, com chave e tudo.
Já comecei bebendo a beça, me entrosando e logo dei de cara com um bofe que eu já conhecia de outros carnavais.
— Tá fazendo o que aqui? — nos cumprimentamos com dois beijos.
— O que você acha?
— Tu não precisa disso, Roberta. Tá maluca. — balançou a cabeça em negação.
— Finge que não me viu, que eu finjo que não te vi.
— Tem como fingir que não te vi não, po. — deu uma risada safada e negou com a cabeça.
— Tem sim, nem inventa. Fico com todo mundo aqui, menos contigo, Jordan. — ele se aproximou.
— O que acontece na casinha, morre na casinha, filha. Sem essa! — me deu um cheiro no pescoço. — E outra, tu não tá trabalhando? Não tem que escolher não, bebê.
O Jordan é bicho da minha irmã, ele é segurança de uns de frente lá do nosso morro. Pensei em encontrar todo mundo aqui, menos ele, sempre achei que ele fosse na dele, não se envolvesse nisso, mas errei.