MARIANE
Confesso que me senti a pior pessoa do mundo quando o Danilo se mostrou decepcionado comigo. Eu pude sentir nas palavras dele o quanto estava frustrado por eu ter "passado" por cima de uma decisão dele, mas eu juro, do fundo do meu coração, que eu não fiz por mal. Eu só quero o bem dele.
Depois da minha história com o falecido César, eu jurei não me envolver e pedia à Deus todos os dias para que ninguém aparecesse na minha vida. Eu só queria viver, queria curtir, conhecer pessoas, beber, transar, enfim... Acabou que nada disso eu fiz, apenas estudei, trabalhei, cuidei de mim, cresci como mulher e como ser humano. Obviamente que eu também tive meus momentos de lazer, mas não foram exatamente do jeito insano que imaginei.
O Danilo apareceu de supetão e eu resisti até onde pude. Não sei em que ponto ele se tornou tão importante pra mim, mas ainda bem que isso aconteceu. Foi como o meu grupo de pagode favorito canta: "Mas é exatamente quando a gente está cansado, o coração distrai, então a sorte vem." O Danilo, pois é, ele é a minha sorte.
Fiz o caminho do hotel até em casa aos prantos, vim a 10km/h, ouvindo palavrões e buzinas, mas não conseguia enxergar nada.
Fui direto pro banho, liguei a água morna e deixei cair em cima por algum tempo. Sentia cada pedacinho do meu corpo estremecer de tensão, eu estava completamente nervosa, à beira de uma crise e não fazia ideia do que fazer.
Lembrei de músicas que gostava e comecei a cantarolar, ainda embaixo da água e aos poucos, meu corpo foi relaxando e minha mente também.
Depois do banho, sequei o cabelo no secador, botei uma blusa qualquer do Danilo por cima do corpo e deitei. Rolei para um lado, rolei pro outro, desbloqueei e bloqueei o celular inúmeras vezes afim de achar perdida alguma notificação da Sarah ou do Antônio sobre o Danilo, mas não tinha nada, nada. Não consigo dormir nada, a noite custou a passar e às 6h, eu já estava de pé, dando faxina em casa.
Não faço ideia de quantas vezes apertei nesse celular hoje, de quantas vezes abri a conversa da Sarah... Que saco!
A única mensagem que recebi no dia, foi da Jessica me chamando pra subir e almoçar.
Tenham líguei pra Raquel e conversei um pouco com ela, falei com o Victor, marquei visita, enfim... Acho que ela também não sabe de nada e se sabe, escondeu muito bem.
A tarde, subi pra ver a Jessica e a tia Angela e o clima estava tenso. O restaurante não estava funcionando, em pleno sábado, não entendi nada. Apertei a campainha e entrei em seguida.
— E aí, Mari. — Marcelo estava na porta dos fundos do restaurante, que dava pro quintal deles.
— O que houve? Por que tá tudo fechado?
— Estamos só com delivery hoje.
— Por quê? — disse mas, não esperei a resposta, pelo semblante dele, já fiquei nervosa e entrei na casa da tia Angela.
Dei de cara com o Wallace na sala e logo me preocupei, ele nunca está aqui. César estava na cadeira no meio do corredor, com o rosto vermelho. Fui até o quarto e encontrei a Jessica, agarra na mão da tia Angela, que tentou esboçar um sorriso ao me ver, mas notei que lhe faltavam forças.
— Ai amiga, que bom que você chegou. — Jessica veio em minha direção e eu a abracei.
— O que tá acontecendo? Por que não me ligaram antes? — ainda estava abraçada nela e fomos até a beirada da cama da tia Angela, onde me agachei, para ficar mais próxima à ela.
— Ela tá a madrugada toda dizendo que vai embora e que precisava te ver. — disse em meio aos soluços.
— Vai embora nada, tia. Vai pra lugar nenhum. — disse tentando descontrair o ambiente.
Infelizmente, ela estava com a mesma aparência da minha mãe, no dia em que fez a passagem. Mas eu queria, (assim como todo mundo que está aqui), acreditar que essa ainda não era a hora dela.
— Eu só peço uma coisa à vocês. — ela disse com a voz rouco e bem baixinha. — Não se afastem uns dos outros, fiquem firmes, e não deixem o restaurante fechar. Eu amo vocês.
Parece que foi combinado, porque respondemos em coro um: "Nós também te amamos". E ela sorriu...
Em meio à toda essa situação, acabei lembrando de quando passei pelo mesmo e o César foi a minha única saído, foi meu Porto Seguro, foi ele quem esteve ao meu lado até que eu completasse maioridade. Enfim... Saí à francesa do quarto e fui pro banheiro de fora chorar um pouco, eu precisava disso, mas não podia "roubar" o momento deles. Agora, sou eu quem seguro a onda por eles.
— MÃE? — escutei alguém gritar, enquanto eu lavava o rosto.
Saí do banheiro o mais rápido que pude, esqueci até de secar o rosto.
— MÃE, ME RESPONDE! POR FAVOR!! — Jessica pedia aos prantos, enquanto passava a mão na cabeça da tia Angela.
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