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Por que me levantei? Não consegui me mexer e se me arrastei por 5 centímetros foi muito. Ele voltou, falou algumas coisas e continuou a me bater, como se eu fosse a culpada de tudo o que estava acontecendo. Como se fosse eu quem estivesse I traindo.

Eu nunca tinha apanhado desse jeito, até hoje. Ele me bateu como se eu fosse um ladrão assaltando dentro da favela.

Eu ouvi ele quebrar tudo dentro do quarto, tudo mesmo, até que apaguei.

(...)

Não sei que horas tem, não sei que dia é hoje, muito menos sei quanto tempo fiquei aqui, deitada nesse chão, misturada com os cacos de vidro e com o sangue que escorre de mim como em uma cachoeira.

Tento me mexer, mas é em vão. Não tenho forças pra nada, então, só me resta o choro, o desespero, o medo de que ele volte e termine o serviço, já que ele prometeu que não irá me deixar sair viva dessa casa.

— Deus, por favor... — eu implorava, sussurrando, já que minha voz não saia de jeito nenhum. — Me tira desse inferno, me leva daqui. Eu não mereço passar por isso tudo outra vez.

Meu peito arde, um pouco mais que meu olhos, que não querem abrir de jeito nenhum. Minha respiração é ofegante, o gosto de sangue misturado com lágrimas é a única coisa que sinto.

Depois de muito lutar contra minhas próprias dores, consegui me levantar com muito custo. Tateei a parede até encontrar o interruptor e em seguida, a maçaneta da porta.

Fui me arrastando até o banheiro e sentindo o sangue escorrer por entre as minhas pernas. Levantei me apoiando no vaso e depois na pia. Consegui acender a luz do banheiro e pela brecha do meu olho esquerdo, enxerguei mais ou menos a merda que ele tinha feito em mim, mais uma vez.

— Por que eu me permito passar por isso? Por que eu sou tão dependente desse homem? — perguntava pra mim mesma, de frente ao espelho.

Com passos de formiga, fui até o box, liguei o chuveiro e sentei no chão, deixando a água cair sob meu corpo e vendo todo aquele sangue indo embora pelo ralo. Meu corpo todo ardia, não tinha uma parte que não doesse..

— Eu não vou deixar que isso aconteça de novo. — repetia, em meio aos soluços e ao barulho da água que caia com pressão e levava todo aquele sofrimento de mim.

Depois de muito custo, saí do banheiro e fui pro quarto, eu ainda sangrava, ainda estava fraca e vesti a primeira roupa que apareceu na minha frente, que eu conseguia enxergar.

Tateei no fundo falso da mala e pela graça de Deus, meu celular estava lá. Desbloqueei com q digital e liguei pro último número que havia me ligado, por sorte, era a minha cunhada.

📱 IDL 📱

— Por favor, pede pra alguém vir me buscar. Eu não aguento falar, respirar, não paro de sangrar, eu vou morrer.
— Pelo amor de Deus. Eu to indo agora!

📱 FDL 📱

Deixei o celular na mala de novo e recostei não cama, respirando fundo e pedindo a Deus pra me tirar de todo esse inferno.

Pouco tempo depois, escutei vozes na minha casa, uma falação sem fim, escutei a voz do Cesar e meu corpo entrou em estado de alerta, porém, em seguida, as vozes da minha sogra e do Júnior me acalmaram.

— Puta que pariu! — minha sogra exclamou e em seguida, começou a chorar.

De casa, eu vim direto pro hospital e pra melhorar (ironia), eu ia precisar ficar internada, já que tinha acabado de perder um filho, estava com o maxilar e duas costelas quebradas.

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