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MARIANE

Essa semana está sendo coisa de louco. Não paro de pensar na minha última conversa com o Danilo, me sinto tão culpada por tê-lo deixado daquela forma.

Saí do trabalho e subi correndo pra Tia Ângela, Jessica havia me ligado desesperada e quase não entendi o que ela falou.

— Oi gente. O que aconteceu? — disse ao entrar na sala, onde todos estavam reunidos.

— Os resultados da mamãe... — Marcelo disse rápido e baixo, estendendo um envelope pra mim.

Peguei e comecei a ler o que estavam nas folhas, as notícias não eram nada boas e eu, comecei a ver um filme passar pela minha cabeça.

Eu não sabia o que falar pra eles, até porque não é nem um pouco fácil aceitar e encarar que a sua mãe pode ter anos de vida ou dias. Não é simples dizer que são coisas que acontecem e o que todos devem estar de cabeça erguida e fortes. Afinal, não dá pra ser forte o tempo tempo.

Tentei ao máximo fortalecê-los, me ofereci pra procurar outro médico no plano, pra refazer os exames, enfim...

— Amiga, eu não sei o que fazer... — Jessica dizia. Estava abraçada em mim, enquanto estávamos na varanda.

— Amiga... — respirei fundo. — Não é fácil receber a notícia que o câncer da sua mãe não é mais tratável, eu posso imaginar a sua dor. Mas também tenho certeza que ela espera que vocês permaneçam unidos e fortes, principalmente você e o Marcelo.

— Cara, como vai ficar a minha vida? Eu não sei fazer nada sem a minha mãe... Não sei. — ela chorava de soluçar.

— Amiga, não vai ser hoje e nem agora que você vai aprender, mas o tempo vai te ensinar. A gente se adapta, a gente vai se virando, se ajudando e aos poucos, tudo volta pro lugar. Não como antes, mas volta... — dei um beijo na cabeça dela. — Quer um conselho?

— Quero todos, amiga. Você já passou por isso...

— Aproveita ela. Fica o máximo de tempo que puder ao lado dela, cheira, abraça, diz que ama... Enfim, só Deus pode nos dar o diagnóstico final. — ela me abraçou mais forte. — E ela precisa se sentir protegida. Vocês são a força e proteção dela, mantenham-se juntos, um fortalecendo o outro. O que Deus achar que é melhor, será feito.

— Obrigada por permanecer aqui, amiga. Mesmo depois de tudo.

— Não precisa agradecer. Vocês são a minha família.

Ficamos mais algum tempo conversando na varanda, até que entramos pra fazer um café e eu também fui ver o que precisava fazer pra ajudar nas outras coisas.

Estava no quarto dos fundos, arrumando umas roupas de cama que havia recolhido, quando ouvi o barulho da cadeira de rodas.

— Mari. — ele me chamou da porta.

— Fala, César. — respondi, sem parar de arrumar as coisas.

— Valeu por fortalecer a minha família aí.

— Por nada! Você fez tudo de errado, mas pelo menos nisso, você acertou. Me deu uma família e eu farei de tudo pra ajudar a tia Angela, afinal, se sou o que sou hoje, é porque ela é meu exemplo. — falava enquanto guardava as roupas.

— Tu nunca vai me perdoar, né?

— Por ter matado meu filho? — olhei séria pra ele. — Não.  E pelo resto, eu te perdoo sim... Acho que você já tá pagando a conta. — falei com desdém e ele saiu.

Eu não guardo rancor algum da nossa história, mas nunca o perdoarei por ter matado meu filho. E sempre que ele fizer graça, eu vou jogar isso na cara dele. Sempre e sempre.

Depois de guardar tudo, fui me despedir. Tia Angela estava deitada já, seu rosto estava inchado do tratamento e do choro, ela parecia outra pessoa e vê-la assim, infelizmente, me lembrou dos últimos dias com a minha mãe.

— Minha pretinha, obrigada. — ela disse quase inaudível.

— Para de me agradecer. Todo dia isso... — respondi descontraída.

— É que todos os dias, você me surpreende mais.

— Não fala assim, fico sem jeito. — beijei sua mão e acariciei em seguida. — Você é minha mãezinha do coração, lembra? — sorrimos juntas. — Eu vou estar aqui sempre!

Depois de me despedir, fui pra casa e tomei um banho demorado, botei um pijama bem fresquinho e deitei pra relaxar.

Ah, como eu sou iludida. Meu telefone tocou.

📱SARAH📱

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