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DIAS DEPOIS
DN/ALEXANDRE

Tem alguns dias que a minha tá cheia de historinha pra eu cortar cabelo, fazer barba, vários pedidos. Tudo bem que eu to jogado pra caralho e quem me conhece, sabe que essas paradas não combinam comigo, né? Eu sempre fui chato com a régua, mas tá foda.

Hoje, pra não gerar mais estresse, arrumei o contato de um barber que corta à domicílio, agendei horário e tô aqui na espera, já mandou mensagem que tá chegando. Um papo só, se esse boliviano foder meu corte, não disfarçar direito, vou cancelar o cpf dele, maluco, hein.

Depois de um tempinho, o cara foi anunciado e pra minha sorte, o cara era brasileiro. Já dei uma tranquilizada, meu pai que não. Ficou rodeando o cara, achando que ele ia descobrir quem eu era e os caralho, nada a ver. Ele acha que essas porra de laser que to fazendo pra tirar as tatuagens já não são suficiente não? Chato pra caralho.

Mais tarde, por volta de umas 17h, o pessoal que trabalha pros meus pais começou numa agitação doida, arrumando várias paradas, botando mesa no quintal, e eu como, sem entender nada.

Andei pela chácara, até chegar no lugar que eu to acostumado a ficar tranquilo pra relaxar, fumar, escrever e pensar pra caralho no que vou fazer da vida, porque eu só tenho procrastinado e o tempo, irmão, só voa.

Estava terminando meu baseado, quando escutei alguém me chamando. Apaguei e saí em direção à voz...

— TA MALUCO! — exclamei. Eu não conseguia acreditar no que meus olhos e atavam vendo. Meu filho, irmão. Meu filho!

Sem pensar duas vezes, saí pegando o Victor no colo e já fui cheirando ele, apertando. Tentei segurar a onda pra não chorar, mas não deu, desabei mermo.

— Pai, finalmente consegui te ver nesse trabalho. — ele disse. — Já tava achando que você tinha virado estrelinha.

— Ô molecão, papai tava cheio de saudade. Você tá enorme! Papai não virou estrelinha não, e agora a gente não vai ficar longe.

Enquanto o pessoal conversa, eu aproveitava o meu filho, que tinha vindo com a mãe e com o padrasto. Pelo menos, agora eu tenho certeza que isso não foi armação da minha mãe pra me juntar com a Raquel. Menos mal.

— Pai, a tia Mari vinha com a gente, sabia? — ele falou, enquanto tomávamos café da tarde.

— Sério? — olhei em volta, e minha mãe com a Raquel, prestavam atenção na nossa conversa. — E tu sabe por que ela não veio?

— Não sei. — mordeu o pão que segurava. — Ela e minha mãe ficaram de segredo no telefone, não me deixaram falar. — falou mais baixo, segurando o riso. — Ela ainda é sua namorada?

— Victor, já falei pra você não se meter em assunto de adulto. — Raquel falou, meio que dando esporro nele.

— Deixa o moleque, Raquel. — falei puto.

— Danilo... — ela falou e minha mãe negou com a cabeça. — Ainda não me acostumei, desculpa!

Receber a notícia de que a Mariane vinha e não veio mexeu pra caralho comigo, e só não fiquei mais fodido porque o meu filho está aqui. Só isso mesmo pra me ajudar a distrair.

O resto da noite, quase não vi o resto do pessoal,  só fiquei com o Victor, e foi a melhor coisa que eu fiz. Papo reto, eu espero que isso não tenha fim, não quero viver sem acompanhar meu filho.

Dei um banho no moleque e ele morgou, também não tinha nem como, né? Gastou energia pra caralho.

— Pai, amanhã a gente vai jogar bola que horas?

— Assim que tu acordar.

— Tá bom. E outra coisa, eu posso ficar morando com você aqui?

— Claro que pode, meu filho. Mas vai conseguir ficar longe da sua mãe?

— Consigo, já fiquei um tempão com ela, né?

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