DIAS DEPOIS
Enquanto arrumo as minhas coisas, um filme passa na minha mente. Passei tantas coisas por aqui, quantos perrengues, quanta dor... Mas também, foi aqui que eu cresci, foi aqui que conheci o homem que eu amo, não posso deixar de lembrei desses momentos. Criei laços que vão me acompanhar por toda a vida, laços que me fortaleceram e foram a minha base.
Sem eles, eu não chegaria até aqui.
Nessas últimas semanas, eu desisti de ir umas mil vezes, mas só na minha cabeça, porque pro mundo, sempre estive muito decidida.
A minha cabeça não para um minuto sequer, pois essa mudança não é qualquer mudança, sabe? É uma vida nova, é começar do zero, é esquecer e deixar tudo pra trás. Afinal, o Danilo morreu, não é mesmo? E pra viver com ele, o Alexandre, eu vou precisar seguir todas a regras dessa nova vida.
E nessas regras, inclui não falar sobre nada que o envolva. Como vou ficar longe da minha melhor amiga, sem falar sobre isso? Enfim...
Tomei a decisão e tenho que arcar com as consequências.
Todos os dias, eu arrumo um pouco das coisas. Alguns móveis eu dei pra Jessica, outros pro Marcelo. Também doei um monte de roupas, enfim... Vou levar só o básico.
Viajo daqui dois dias, hoje vou sair pra almoçar com a minha madrinha e depois, vou encontrar com o pessoal do banco, vamos tomar umas cervejas de despedida.
Depois do dia corrido, de muitas lágrimas e muitas emoções, pois o pessoal do banco fez uma surpresa maravilhosa pra mim. Cheguei em casa...
Tomei um banho demorado, aproveitando os últimos dias de paz na minha casinha. Saí, me sequei e deitei só de calcinha.
Meu telefone tocou.
📲 ALEXANDRE📱
"E aí, preta?"
"Oi meu amor."
"Como é que ta ai? Tá suave?"
"Nervosa, ansiosa... E você?"
"Sei lá como é que eu to, parece que eu to vivendo só por isso..." — deu risada. "Tua voz que tá meio triste."
"Impressão sua..." — falei tentando enganá-lo.
"Te conheço melhor do que tu pensa, filha..."
"É só o medo..."
"De que?"
"De falhar."
"Tu é maluca, tu." — ficamos alguns segundos em silêncio. — "Tô te esperando pra gente casar e realizar tudo que planejávamos enquanto nos escondíamos pelos motéis do RJ."
"Você confia realmente que isso tudo vai dar certo?"
"É, claro. Vem ser feliz comigo, vem."