DN
Tô me sentindo mal pra caralho em relação a Mariane, odeio mentira e odeio sustentar mentira pras pessoas que eu amo, mas já que esse é o único jeito de fazer dar certo, se é a minha única saída... vamo tentar. Eu só espero que ela entenda depois que a poeira abaixar e que não seja tarde demais pra nós.
— Bom dia! — disse baixo próximo ao seu ouvido, depois de dar alguns beijos em sua bochecha e pescoço. — Vamo tomar café, preta. Já tá dando a minha hora.
— Tô indo... — dei mais um beijo em sua bochecha e levantei.
Na moral, sei que é impossível, mas queria acordar e dar de cara com esse vista todos os dias, tá maluco! Que lugar lindo. E eu tinha esquecido como era vir aqui... Sem dúvida alguma esse foi o melhor presente que os meus pais puderam me dar. Esse momento com a Mari, essa paz.
Esse Hotel Boutique é de um dos melhores amigos do meu pai, e quando eu era mais novo, vinha em algumas festas por aqui, enfim... Essa era a minha primeira vida. Agora estou me despedindo da segunda.
— Bom dia! — ela chegou do nada, e como eu estava sentado, me deu um beijo na testa. — Não queria que essa hora chegasse... — falou enquanto se servia.
— Nem eu. — afastei um pouco a cadeira da mesa, batendo em minha perna. — Senta aqui, vamo aproveitar mais essa horinha que a gente tem, sem safadeza, prometo. — ela riu. — Vou ser fofo.
Ficamos conversando e eu tentava não contar pra ela sobre tudo o que meus pais tinham planejado e tudo que eu pretendia fazer, caso desse certo, mas não, ninguém podia saber, era melhor.
Olhei no relógio e já estava quase na hora, então, começamos a nos despedir e como eu odeio esses momentos e ela também, não ficávamos de muita história.
— Você promete que vai arrumar um jeito de me ligar quando chegar lá? — falou firme, na ponta do pé, depois de me dar o décimo primeiro selinho.
— Prometo, po. Te amo! Se cuida... Faz merda não que eu vou saber.
— Assim é fácil... Espero que você não esteja fazendo merda. Também te amo! — demos mais um selinho e cada um saiu pro seu lado.
Assim que entrei no carro, meu estômago embrulhou, minhas mãos começaram a suar, eu estava nervoso demais.
— Deus, sei que não sou digno, mas eu te peço, pela última vez, por favor, abençoa esses planos e que isso dê certo. — fiz o sinal da cruz e fui ao encontro do Frank, da sua família e do Martinho.
Chegamos no ponto de encontro, cada um em seu carro, trocamos algumas informações e seguimos viagem. Do Rio até São Francisco de Itabapoana, eram mais ou menos 4h30, 5h de viagem e eu só pensava em uma coisa: que não tenha nenhuma blitz.
É claro que os nossos já tinham entrado em contato com os gambé que fecha, mas nessa vida, não dá pra confiar em ninguém. Nunca! Então a vida é sempre assim, um olho no padre e o outro na missa.
Chegamos no sítio com tranquilidade e mais uma vez, Deus honrou. O clima era tenso, todos estávamos com medo, afinal, o que faríamos dali pra frente teria que ser perfeito, não poderíamos deixar uma falha sequer, pois mais uma vez, nossos rostos estariam nas televisões, em horário nobre.
— Cês tão pronto pra isso? — Frank perguntou.
— Nasci pronto, patrão. — respondi na mesma hora. — Única coisa que eu queria, como meu último pedido, antes de morrer... — segurei o riso. — Era pode falar com a Mariane.
— DN, vai falar e vai queimar. Já é? — riu. — Não posso te negar esse último pedido, tu tá salvando a nossa pele.
— Tá não, patrão. Ele tá matando, po... — Martinho riu e eu neguei com a cabeça, saindo da sala, enquanto digitava o número da Mariane.
📲 LIGAÇÃO 📱
"Oi, minha preta. Cheguei."
"Ai Dan, como é bom ouvir tua voz."
"Não posso marcar muito aqui, tá? Mas se liga, te amo demais, desculpa por tudo e não desiste da gente não."
"Como assim, Danilo?"
"Não dá pra explicar, Mari. Só confia, te amo pra caralho." — ia dizer mais alguma coisa, mas o Frank chamou e eu desliguei.📱 FIM DA LIGAÇÃO 📱