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MARIANE

Eu nunca andei de avião na minha vida e também nunca foi meu sonho, sabe? Eu tenho pavor. Ou melhor, tinha. Agora, estou me encaminhando pro embarque e será que dá tempo de desistir?

Já tem uns 3 dias que a Raquel foi, mas eu não consegui ir junto com eles, trocamos a passagem e eu só consegui minha liberação do trabalho hoje, em plena terça-feira, mas tudo bem.

Tomei um remédio acreditando na ideia de que dormiria com facilidade no voo, mas não foi o que aconteceu. Custei a dormir, vi filme, ouvi músicas, enfim... Tirei alguns cochilos sim, mas não do jeito que eu queria.

Saí do Rio 22h15 e cheguei à Bolívia às 13h. Desembarquei e fui em direção ao corredor, logo vi uma placa com o meu nome, igual em filme, sabe? Essa gente é realmente muito rica, mais do que eu pensava.

O rapaz que me esperava pegou minha mala de rodinha, enquanto levei a de mão. E em seguida fomos direto até o carro, que estava num estacionamento imenso.

Enquanto ele dirigia, eu ficava observando ao redor. Eu nunca tinha saído do Brasil, aliás, nunca tinha saído do estado do Rio de Janeiro, sempre fiz tudo lá e eu nunca tive vontade de sair, pra nada. Mas enfim, né? Nunca imaginei viver metade do que vivo e hoje, estou aqui. Achei que fosse um lugar completamente diferente, sabe? Mas não...

Depois de um tempinho, chegamos à uma rua um pouco diferentes das demais, parecia um condomínio, não sei explicar. Comecei a ficar com medo, porque ninguém tinha me avisado que era num cantão assim, mas logo paramos no portão, onde o motorista abriu com o controle.

O lugar parecia aquelas fazendas de novela das 6, muito mato, bicho, um puta espaço e quanto mais eu andava, mais apreensiva ficava. Eu tenho medo do que pode estar me esperando.

— Chegamos! — o motorista falou, pela primeira vez, depois de um trajeto de 1h30.

— Ah, sim. — respondi meio sem jeito e ele buzinou.

Assim que o fez, eu saí do carro e em seguida, ouvi uma voz super familiar gritar o meu nome. Era o Victor, que vinha correndo em minha direção, virei pra ele, que me veio me abraçando e eu quase caí.

— Tia, eu tenho um negócio pra te mostrar. — falou de forma rápida e me soltou, o que fez com que eu olhasse pras outras pessoas que haviam chegado na garagem.

— Oi Mari. — ele sorriu e a minha vista embaçou.

Em questão de segundos, a minha cabeça fez um 360º interno. Eu olhava fixamente, mas não enxergava nada. Aliás, eu não fazia ideia do que eu estava vendo ali, pra mim, isso só pode ser um delírio.

Tudo a minha volta ficou quieto, nada mais existia ali. A sensação é de que eu estava passando por aqueles sonhos onde tudo que está nele parece real. Eu não sabia o que fazer.

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