Conversei mais um tempo com a Raquel, falamos bastante sobre a Sarah e quando já estávamos fazendo menção pra ir embora, o celular dela tocou e era quem? Isso mesmo, nossa sogra.
Enquanto Raquel falava com ela, Victor e eu conversávamos sobre a escola dele, o futebol, natação enfim. E mais uma vez, ele pediu pra levá-lo em São Januário pra ver o Vasco, já que o pai dele vivia dizendo que nós iríamos juntos um dia, mesmo que eu sendo flamenguista.
Estava bem distraída com meu gorrinho, que já não é mais tão gorrinho assim, quando ouvi meu nome na ligação e parei pra prestar atenção.
— É, ela tá aqui comigo. — a Raquel disse, fazendo sinal com a mão para que eu olhasse pra ela. — Sim, já conversei com ela, claro. No começo do mês que vem? Claro que dá pra gente. — eu fazia sinal que não com a cabeça pra ela, mas ela insistia em falar. — Sim, vamos todos. Eu te mando o meu e-mail pra você enviar as passagens. Ta bom, Sarah... Victor, sua avó quer falar com você. — entregou o telefone pra ela, que levantou do meu lado e foi andar pra falar ao telefone, igual a um homem de negócios.
— Você é maluca. Eu não tenho nada pra fazer na Bolívia, Raquel.
— Mari, vamos passear, cara. Ela vai pagar tudo mesmo... — deu de ombros. — Se não der bom, você volta no dia seguinte, ué. Não é você que vive me dizendo que a gente tem que ver pra crer? — deu risada.
— Não vale usar minhas palavras contra mim. — revirei os olhos. — Não sei se quero ir.
— Até lá, você pensa. Vê se consegue esses dias, pelo menos uma semaninha... Eu sei que você tem hora e moral a beça naquele banco, então, isso não é desculpa.
— Você é muito teimosa, cara. — neguei mais uma vez com a cabeça. — Eu tenho certeza que vou me estressar com ela.
— Não vai não. Vamos pelo Victor.
— Ai Raquel, você pega muito pesado. — riu como se estivesse nem aí e tomou o restinho do milkshake dela, fazendo aquele barulho ridículo de copo vazio.
Saímos do shopping e eu vim direto pra casa, tomei um banho, terminei umas aulas do curso e dormi, nem jantei.
A semana passou voando e em todos os dias, a Sarah tentou contato. Eu a respondi, pra não ser mal educada, tentei render assunto, mas as coisas não fluem. E a Raquel também tocava no assunto da viagem todos os dias, perguntava se eu já tinha pedido os dias, enfim...
E não, eu ainda não pedi os dias e nem sei se vou pedir. Não sei se quero ir, não sei como vou reagir ao vê-los, enfim...
Hoje é sexta e tem evento no restaurante, então, bora subir pro meu lugar, sem hora pra acabar.
Os nossos pagodes tem dado o que falar, positivamente, graças a Deus. O espaço lota, os grupos são bons, o gelo é infinito, enfim... Tudo do jeitinho que tem que ser.
Depois de tudo limpo e arrumado, o dia já estava clareando quando fomos pra casa. Jessica subiu com o Helton e eu e o Marcelo ficamos na casa de baixo.
Tomei meu banho, e enquanto isso, o Marcelo preparava um mexidão pra gente.
— Como nos velhos tempos, depois dos bailes. — ele disse.
— Éramos crianças, né? Só nós dois não bebíamos. — eu ri.
— Vou jogar uma água no corpo, Mari.
— Tá bem, vou te esperar lá na sala.