CÉSAR
A cada dia que passa, me sinto pior e isso faz com que eu só pense em coisas ruins, tá ligado? Eu tenho certeza que tudo que fazemos nessa vida, pagamos nela e eu sou prova viva disso aí.
Na moral, saudade da minha liberdade. Saudade de poder ir e vir, não depender de ninguém nessa porra e saudade maior ainda da minha mãe. Eu sei que eu sou um fardo pros meus irmãos, sei que eles não tem obrigação nenhuma comigo e meus monstros só pioram quando penso nisso tudo.
Não basta ter que depender, agora vou ter que encarar o Marcelo com a Mariane. Não adianta mentir pra mim, meu parceiro. Um homem conhece o outro e eu não nasci ontem, tá ligado? Qualquer um que tenha a minha de noção das paradas sabe que ele tem maldade nela e que ela também tem nele.
Semana passada no nosso aniversário, ela nem botou a cara aqui em cima. Meus irmãos fizeram um negocinho, mas eu tenho certeza que não foi pra mim, a intenção era dela. Bem feito também, po.
Sei que não to certo, e também já to pagando tudo que fiz pra ela. Tá bom não? Ela quer mais o que? Tô cansado também. Qualquer ideia que eu tente trocar com ela, vem cheia de pedra na mão, po. Sem necessidade!
Não tenho mais os amigos de antes, mas ainda tenho um conceito com os de cria. Noite passada, pedi um deles pra trazer um ouro branco pra mim, tava precisando, tá ligado? Mó cota sem.
Passei a noite toda cheirando, quero saber de nada não. E foi isso que me deu coragem pra enfrentar o Marcelo, tá ligado? Ele acha que vai levar minha mulher igual aquele Zé Cu do DN? Vai não.
Aqui em casa, eles não vão ter paz. Vou infernizar, vou ficar em cima e se bobear, ainda pego contato com os cria que tão já pista ai pra não deixarem eles em paz, nunca.
Depois da discussão, entrei pro quarto e foi foda pra conseguir passar da cadeira pra cama. Que inferno!
— Quer saber? Vou entrar em contato com o Wallace, preciso voltar à ativa. E vou fazer essa merda de fisioterapia... — falei sozinho enquanto me ajeitava não cama.