Morri e me tornei uma protagonista apelona em outro mundo

CAPÍTULO 69

Olhei com curiosidade para Medea que por algum motivo decidiu falar algo sobre ela, pensei que ela iria apenas ignorar minha pergunta novamente.

— Então você não era loucamente apaixonada pelo príncipe e tentou matar a princesa?

— HAHAHAHAHA!

Apesar de ser uma risada cheia de zombaria, foi a primeira vez que a vi rindo, já que ela sempre é séria e fria. 

— Amar aquele idiota? por que eu teria sentimentos por um inútil como ele.

— Bom é o que a lenda diz.

— Uma lenda totalmente idiota.

— Nunca amei aquele cara.

Não estou surpresa com essa revelação, como eu havia dito, lendas tendem a serem exageradas. Nesse tempo voltamos a caminhar em direção a praça, mas isso não me impediu de fazer mais perguntas.

— Se você não o amava, então qual era sua relação com ele?

— Casamento arranjado, por sermos de famílias importantes, nosso compromisso foi decidido desde que éramos crianças.

— …

— Não o amava mas estava disposta a cumprir meu dever como nobre, foi assim que eu fui educada, mas o príncipe ignorou a vontade de nossas famílias e assumiu um relacionamento com a filha de um nobre de baixo status. 

— Então ele te traiu, que cafajeste!

Me pergunto que inventou uma lenda tão distorcida, a suposta vilã era noiva do suposto príncipe gentil e ela foi traída publicamente, que humilhação. 

Por algum motivo ela me olhou com estranheza, será que falei algo que ela não gostou? mas pude ver o canto de sua boca de curvar um pouco para cima, não parece que ela ficou brava.

— Você é a primeira que diz isso, talvez seja porque você é criança.

— Que? Não importa como eu veja a situação, ele claramente te traiu, ele é o errado da história.

— Mas esse não foi o caso na época, todos ficaram contra mim já que tinham inveja do meu status.

— Fiquei com fama de vilã e quando o príncipe se tornou rei, acusou minha família de traição e nos sentenciou a morte.

Uau esse príncipe é mais lixo do que eu pensava, isso explica por que ela me deu aquele conselho.

— É irônico como uma pessoa que sempre seguiu as regras e manteve uma conduta considerada exemplar por muitos foi acusada de traição. Medea sorria amargamente enquanto parecia se lembrar do passado.

— Foi por isso que você se tornou uma bruxa?

— Depois que mataram meu pai na minha frente e eu perdi tudo o que tinha, minha raiva e desejo de vingança tomaram conta de mim e quando percebi eu havia me tornado uma bruxa e destruído o reino.

— Você se arrepende?

— Não, mesmo que pessoas inocentes tenham morrido, a maioria me julgava como vilã, quando eu estava caminhando até a plataforma de execução, pessoas que eu nunca vi na vida estavam lá me insultando e jogando pedras em mim.

E assim como havia dito seu rosto não mostrava nem um pingo de culpa ou remorso, deve ter sido muito humilhante e doloroso para ela, tantas pessoas acusando-a de crimes que nunca cometeu e ficando a favor de um crápula que a traiu.

— Deve ter sido difícil para você suportar tudo aquilo.

— Um pouco…

Antes de falar algo mais, Medea parecia surpresa com algo, estávamos quase chegando à praça e não havia mais quase nenhum empecilho em nosso caminho.