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Mesmo tentando ficar acordados, os 3 irmãos cederam ao sono profundo após falarem sobre a gravidez de Azriel.

Se não fosse pelo sono, teriam notado a fêmea descendo as escadas nas primeiras horas da manhã leve como uma pluma, seus passos não faziam barulho, seus cabelos antes amarrados agora estavam soltos e bagunçados e ela parecia ter urgência em se encontrar na sala.

E então ela chegou ao pé da escada com lágrimas do pesadelo recente e com medo de que seu único filho não estivesse mais em casa.

Mas ele estava lá e muito bem acompanhado, a fêmea tentou se acalmar sozinha ao ver os três machos dormindo profundamente no chão.

Por hábito, ela foi até a janela da sala, leve como uma pena, como poeira voadora, como algo que vai desaparecer amanhã.

Quando encontrou o vidro, olhou para fora e viu que a chuva ainda caía forte, mas seus olhos se esforçavam para ver através das gotas.

Ela olhou para tudo que seus olhos podiam ver e teve certeza de que poderia dizer se um único fio de grama do jardim havia sido arrancado.

Sabia quantas árvores dava para ver da janela, os pontinhos pretos que eram os pregos da cerca e do portãozinho da frente, sabia de quem eram as pegadas que quase desapareciam nas poças de água devido ao seu tamanho.

Nada escapou de seus olhos e ouvidos, então ela tentou se convencer de que estava segura, apesar de nunca acreditar

Lucien... Quem era esse garoto?

As palavras “ele nunca me machucaria” não comseguiam alojar-se na cabeça ou no coração daquela fêmea inquieta.

Ela podia ver o filme passando em sua mente enquanto suas lágrimas caíam como chuva do outro lado da janela.

Sabia que a conversa continuaria quando o sol atingisse o céu anunciando a nova manhã e ela precisava se acostumar com a ideia.

A segurança não existia lá fora, mas não conseguiria manter Azriel dentro.

Os Flashbacks eram cruéis, eram tão realistas, mas Azriel não passaria pelo que ela passou, ele não poderia passar!

Ela ficou ali revezando o olhar entre o Jardim e Azriel, não dormiu, ela não saiu daquela posição e evitou piscar os olhos.

Toda a madrugada e parte da manhã vendo a chuva inundar seu jardim e diminuir até parar

Foi quando ela ouviu uma voz familiar lhe revelando que ele acordou.

_Bom-dia, mãe! - Azriel disse bocejando, achando estranho sua mãe já estar na janela - Você dormiu bem?

Ela acenou sem se virar para ele e Azriel suspirou sabendo que seria uma longa manhã.

Ele a viu caminhar até a cozinha e se levantou, eles precisavam conversar.

Ficou surpreso ao perceber que sua mãe parecia receptiva, puxando uma cadeira da cozinha, mas não se sentando. Ela parecia pretender preparar café, mas deixou um local designado para si.

Azriel sentou-se e suspirou antes de começar.

_Mãe, você se sente confortável agora?

Ela indicou o próprio ouvido, demonstrando que ouviria e Azriel preferia ser direto.

_Quero apresentá-lo o mais rápido possível! - disse ele, vendo a fêmea parar o que estava fazendo e se virar. - Mãe, apesar de minha amizade com Cassian e Rhysand ser de séculos, você não confiava neles até conhecê-los, lembra? Você só viu o Grão-Senhor e o General e agora eles estão dormindo abraçados na sua sala!

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