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Pov Rowan

É claro que eu faria merda. Sempre estrago tudo. Por que não podia manter a boca fechada?

Senti minha garganta fechar, meus olhos permaneceram baixos, e minha coragem se dissipou assim que as palavras saíram da minha boca.

_Rowan, vá para o seu quarto. Se não tiver terminado de comer, pedirei para as servas levarem seu prato.

A voz de Eris era fria e séria ao se dirigir a mim. Fechei os olhos e respirei fundo.

Sabia que ele só estava cuidando de mim. Se Andras abrisse a boca, Atlas seria o primeiro a se levantar, já parecia estar irritado, querendo causar confusão.

Levantei-me, mas isso acabou chamando a atenção de outro par de olhos azuis.

_Tio bunito! - Lykos soltou um gritinho animado ao me ver.

Ah, não... agora não, não com seu pai aqui.

Mas meu pedido não foi atendido, pois ele se jogou da mesa, e eu jurava que Azriel iria parir naquele momento, por causa de sua palidez e expressão facial.

Lykos veio correndo em minha direção, e me afastei com o rosnado baixo de Andras, seguido dos meus irmãos em minha defesa.

Senti vontade de rir, já imaginando o longo discurso da minha mãe sobre os rosnados mais tarde.

Lykos parecia hipnotizado olhando para mim. Sabia que meu cabelo e meus olhos haviam mudado; minha mãe me alertou quando terminamos aquela conversa.

Ele esticou os braços, pedindo colo, mas eu sabia que minhas mãos estavam quentes demais para pegá-lo.

_Parvus (Pequeno), eu não posso te pegar agora  - disse, levando as mãos atrás das costas e dirigindo um olhar suplicante a Azriel, que imediatamente veio pegá-lo.

_Mamã deu banho, Lykos tá limpinho! - Lykos insistiu, tirando risos de algumas pessoas.

_Eu te pegaria no colo mesmo se você tivesse passado o dia brincando com porquinhos na lama, mas o tio tá doente e não quer passar pra você, tudo bem?

_Dodói juntos? - ofereceu, com os olhos brilhando, sem querer ceder.

_Por que você tinha que ser tão irresistível? - lamentei, quase caindo nos encantos daqueles olhos azuis.

Vi ele rir. Lykos não era bobo, sabia que eu era fraco por ele.

O filhote mexeu nos seus cabelos negros e piscou para mim de forma charmosa antes de estender os braços, me dirigindo aquele sorriso.

_Colo?

Por que você tinha que ser tão parecido com o cachorro do seu pai?

_Azriel, por favor, me ajuda! - implorei, e o mestre espião riu, afastando-se com Lykos, dizendo que ele precisava comer.

Lykos resmungou um pouco, mas não desobedeceria Azriel. Essa foi minha deixa.

Comecei a caminhar em direção à saída, evitando olhar para qualquer um, mas sabia que existiam vários olhos pregados em mim, um olhar em específico.

Foi quando senti meu corpo ferver e minha visão embaçar. A última coisa que ouvi foi um xingamento de Atlas e o barulho de cadeiras caindo.

Pov Azriel

Não sei como expressar o quão bizarros foram os momentos que se seguiram.

Rowan se afastou e parecia bem enquanto caminhava até a porta, mas, de repente, caiu e todas as chamas do salão começaram a se apagar.

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