083 - Melodia do Passado

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Tom narração:

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Tom narração:

Subi ao meu antigo quarto carregado pela lembrança da minha adolescência, com cadernos antigos com letras compostas por mim. Pensamento presso a proposta feita pelo meu irmão, eu aceitaria sempre ter ele como um consolo e uma maneira de superar meus obstáculos.

Peguei meu violão antigo dado pela minha mãe no meu aniversário de dez anos, estava ainda com as minhas iniciais e as dela gravada na madeira marrom do instrumento. Desci as escadas pela casa novamente movimentada, mas não como antes, mas era bom ouvir ela cheia mais uma vez.

Sentado no velho banco de madeira no quintal da nossa casa, sinto o calor da brisa da madrugada aquecer minha pele. O violão repousa no meu colo, e os acordes da canção que escrevi para Madison ecoam suavemente ao meu redor. Ninguém sabe que essa música é para ela. Nem mesmo ela. Enquanto meus dedos deslizam pelas cordas, minha mente se perde em um emaranhado de memórias e medos.

Desde que mamãe se foi, esse lugar ficou vazio, cheio de lembranças que preferi deixar adormecidas. Mas agora, estar aqui novamente, com o som do violão preenchendo o ar, traz de volta a presença dela. Lembro-me das tardes ensolaradas, de quando ela se sentava ao meu lado e me ensinava a tocar minhas primeiras notas. Seu sorriso caloroso e sua voz suave, sempre incentivando, sempre cheia de amor. Sinto um aperto no peito. Ela se foi, mas as memórias ainda vivem em cada canto dessa casa.

A música para Madison continua fluindo, e junto com ela, surgem pensamentos sobre o presente. Madison, com seu sorriso que ilumina qualquer lugar e seus olhos que me fazem esquecer do mundo. Ela está confusa, dividida entre mim e meu irmão. A incerteza me assombra. O medo de perdê-la, de vê-la escolher outra pessoa, é um fantasma que me persegue dia e noite. Toco cada nota com um cuidado quase reverente, como se isso pudesse de alguma forma resolver meus dilemas.

E então, há Crystal. A possibilidade de ser pai me assombra. A ideia de que o bebê dela possa ser meu me aterroriza. Como seria meu futuro se tivesse que lidar com essa ligação permanente com alguém que fez parte do meu passado? Crystal foi uma fase, uma aventura. Madison é diferente. Ela é o que eu sempre quis, e quero para o meu futuro. Mas e se o passado me arrastar para uma realidade que eu não desejo?

Minhas mãos continuam a tocar, quase automaticamente, enquanto meus pensamentos se enredam. Vejo a imagem de mamãe, seu olhar carinhoso, quase como se ela estivesse tentando me dar forças para enfrentar o que está por vir. Fecho os olhos por um momento, tentando encontrar clareza. Sei que preciso de coragem, tanto para lidar com o que sinto por Madi quanto para encarar a realidade sobre Crystal.

A música termina, e o silêncio do quintal é preenchido pelo som distante dos carros passando pela rua mais daqui. Deixo o violão de lado e olho para o horizonte, tentando encontrar um caminho no meio dessa confusão. Aqui, nesse lugar cheio de memórias, sinto a presença de mamãe me dando forças. Ela sempre dizia que a música podia curar, que podia dar voz aos nossos sentimentos mais profundos. Espero que ela tenha razão.

De repente, ouço passos atrás de mim. Viro-me e vejo Bill se aproximando. Ele tem uma expressão séria no rosto.

–Tom? – ele chama, a voz carregando uma urgência que me faz endireitar a postura. – Madison quer falar com a gente. Ela está esperando no antigo escritório do papai.

Meu coração dispara. O que será que ela quer? Será que finalmente tomou uma decisão? Sigo Bill em silêncio, o som dos nossos passos ecoando na casa vazia. Cada passo que dou me aproxima mais das respostas que tanto busco, e ao mesmo tempo, aumenta meu medo do desconhecido.

Quando chegamos ao escritório, vejo Madison esperando. Ela está nervosa, mas determinada. Bill e eu trocamos um olhar rápido antes de entrarmos na sala. O que quer que ela tenha para dizer, sei que vai mudar tudo.

Ela nos indica as cadeiras diante da velha escrivaninha do papai. Sentamo-nos em silêncio, o ar carregado de tensão.

– Primeiramente...quero pedir desculpas a vocês dois. – ela começa, a voz trêmula mas firme. – Sinto muito por ter deixado vocês confusos sobre os meus sentimentos. Sei que esse não é o melhor momento, mas preciso ser honesta."

– Madi, talvez devêssemos falar sobre isso depois. – digo, tentando fingir ser racional. – Temos problemas mais urgentes, como seu ex maluco tentando te pegar.

Bill concorda, acenando com a cabeça.

– Sim, precisamos garantir sua segurança primeiro.

Ela balança a cabeça, determinada.

– Eu entendo, mas não consigo seguir em frente sem esclarecer isso. É importante para mim.

Ela respira fundo, olhando para nós com um misto de dor e sinceridade. "A verdade é que não consigo escolher entre vocês dois.

Parou um pouco buscando mais fôlego e coragem para terminar após aquele primeiro embaque, que de fosse um tiro havia ferido gravemente há mim e ao Bill.

– Tom, você me traz adrenalina, amor e romance clichê com uma pitada de loucura que é exatamente como eu sou. – Olho pra mim sorridente, mas se virou pro meu irmão. – Mas Bill, você me causa arrepios e sensações novas que eu só havia experimentado nos livros. Vocês dois são exatamente os caras que passei a vida lendo nos livros sem saber se existiam, mesmo estando sempre ao meu lado.

O silêncio que se segue é esmagador. As palavras dela pairam no ar, pesadas e cheias de significado. Tento processar o que ela acabou de dizer, mas tudo o que sinto é um turbilhão de emoções conflitantes.

Bill é o primeiro a quebrar o silêncio.

– Madison, estamos aqui por você. Vamos resolver isso juntos, mas agora precisamos garantir que você esteja segura. – falou firmemente, me assustando sua postura diante da resposta que ele tanto buscava obter.

– Eu sei. Só queria que vocês soubessem o que sinto. Obrigada por estarem aqui. – Ela assente, com os olhos marejados.

– Vamos proteger você. E depois, resolveremos o resto. – Levanto-me, estendendo a mão e acariciando o rosto dela.

– Eu sei que estou machucando vocês, mas precisava ser sincera sobre o que sinto já que vocês sempre são sinceros sobre a visão de vocês.

– Justo anjinha, mas preciso pensar na melhor maneira de chegarmos num acordo já que te conquistar apenas será esforço jogado fora.

– Agora só se preocupe em de cuidar e cuidar do seu sobrinho ou sobrinha, ok? – a abordo.

– Obrigada meninos...

– Não agradeça, torna isso ainda mais estranho.
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– Não agradeça, torna isso ainda mais estranho

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Nossa Culpa - Tom e Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora