089 - Orgulho e Obsessão

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Gabriel narração:

Estava jogado no sofá da sala, assistindo a TV em uma casa de chalé isolada, um refúgio perfeito que meu pai havia providenciado. Cada vez que olhava para a porta trancada do quarto onde Madison estava presa, sentia um orgulho quase intoxicante. Eu havia conseguido. Ela estava sob meu controle, e ninguém podia tirá-la de mim.

O noticiário na TV estava fervilhando com reportagens sobre seu desaparecimento. Todos aqueles rostos desesperados e preocupados só aumentavam minha sensação de poder. Eles não tinham ideia de onde ela estava, e isso me dava uma satisfação sádica.

Estava tão imerso no meu triunfalismo que quase não ouvi o telefone tocar, olho a tela daquele celular descartável e um chip idiota o nome de Crystal.

– O que será que essa puta quer agora? – resmungo antes de atender. – O que é?

Calma querido, é assim que você atende uma gravida?  – ironizou a loira.

– Não era pra você está infernizando o outro lá não? Vai lá consolar o seu amado.

Só vou conseguir fazer isso quando eu tiver certeza que essa vagabunda não está mais nesse país. – reclama.

– Olha como você fala da minha noiva, mas fica tranquila que ela já está só aguardando as coisas ficarem prontas pra fugir comigo. – respondo.

Aqui, já agendei o exame pra descobrir o sexo do bebê.

– Inútil, já te disse que vai vir menino, os Jenner's só sabem fazer homem ... Se é pra colocar um novo ser no mundo, que ao menos seja um homem.

Como pode ter tanta certeza assim Gabriel?

– Porquê foi eu que meti aí dentro, agora vou lá que tenho coisas pra fazer do que tolerar você. – desligo o celular.

Desligo a celular e retorno a atenção a TV a minha frente, não aguentava mais Crystal dando atualizações sobre uma criança que só ajudei ela a gerar mas que o pai graças a Deus não será eu.

– Gabriel? – escuto a voz dele, a voz carregada de autoridade e um toque de desdém.

A porta da frente se abriu com força. Meu pai entrou, sem nem bater, como sempre fazia. Seu rosto austero e olhos avaliadores pousaram em mim.

– Como estão indo os cuidados com a pequena Latina? – se jogou na poltrona com o cigarro entre os dedos.

– Tudo sob controle, pai. Ela está segura e bem trancada. – Levantei-me do sofá, tentando esconder qualquer traço de nervosismo.

Ele se levantou e caminhou lentamente pela sala, observando cada detalhe a sua volta.

– Espero que você esteja certo. Isso não é um joguinho de vídeo game, Gabriel. Há muito mais que isso aqui, há sua honra.

– Eu sei disso, pai. E estou cuidando de tudo. Madison não vai a lugar nenhum. – Assenti, embora a raiva começasse a crescer dentro de mim.

Meu pai parou na frente da porta trancada, colocando uma mão na maçaneta, mas não a girando.

– Você sabe o que deve fazer, filho? Não quero que isso se torne mais um dos seus fracassos. – resmungo.

Aquelas palavras me atingiram como um golpe, mas me recusei a mostrar fraqueza.

– Sim, eu sei o que estou fazendo. Madison precisa entender que é comigo que ela deve estar, que sou eu quem ela deve escolher a final.

– Ela está aqui a uma semana e você não conseguiu fazer ele ser sua de novo, e acha que me fará ter confiança em você? – Meu pai se virou para mim, seus olhos perfurantes.  – Ela é uma mera mulher, você tem direito sobre ela, Gabriel. Não confunda sua paixão com poder. Se não domar direito, isso tudo vai explodir na sua cara e vai ser considerado também uma mulherzinha aos meus olhos.

Nossa Culpa - Tom e Bill KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora