11/09/2001 - Terça-Feira

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Acordamos com meu pai batendo na porta do nosso quarto, com a forma que batia, achei que o hotel estivesse pegando fogo, Clemence me seguiu até a porta, abri e dei de cara com ele em pé e ofegante.

_ Dois aviões se chocaram com o prédio do Wold Trade Center.

Nós dois olhamos para Clemence e só tive tempo de segurá-la nos braços, seu pai tinha mudado a uma semana de escritório e estava no 13º andar da torre norte, a coloquei deitada na cama, mamãe entrou ainda usando a camisola e seu penhoar rosa claro, passamos álcool em seus braços e nariz até recobrar as forças, foi uma manhã bem tumultuada, as linhas de Nova York estavam congestionadas, até que as 13h consegui falar com Joe, graças a Deus todos estavam bem, mas todos estavam procurando informações de Esma, que tinha ido muito cedo para lá, pedi para que me mantivesse informado, no fim, todos estavam a salvos, os funcionários conseguiram sair a tempo e os que chegavam eram impedidos de prosseguir, eu estava de mãos atadas, eu precisava ficar no hotel pelo menos mais dois dias para terminar a reforma de uma parte da cozinha que estava desativada, e pelo tanto de clientes que iríamos receber na próxima segunda, eu precisava por a cozinha a todo o vapor para funcionar, e ainda tinha as entrevistas, mandei Clemence na frente para ficar com os pais, pelo susto que tomou, era natural que quisesse ficar com eles.

No terceiro dia, tudo deu errado para a minha volta, meus pais iriam voltar comigo, eu teria que ficar até o fim de semana por não terem entregue os eletros domésticos industriais que esperava, precisava saber o que estava acontecendo e ligar para fornecedores, resolvi leva-los até o aeroporto e trocar minha passagem para o Domingo.

O celular de papai começou a tocar quando estavamos caminhando para o embarque.

_ É seu tio George. _ Disse meu pai estranhando e atendeu, meu coração deu um sobressalto. _ Boa tarde George... _ Meu pai parou de andar e me olhou. _ Quando foi isso?

Mamãe parou em frente ao meu pai esperando que contasse a nós, já comecei a achar que tinha algo de errado com Victória, meu corpo se agitou.

_ Estamos indo para casa George, não se preocupe, logo nos vemos e tudo vai dar certo.

_ O que foi! _ Perguntou minha mãe assustada.

_ Ah... Nada demais... _ Continuamos a andar. _ A maquina de corte quebrou de novo... Eu disse para George que a lamina tinha que ser trocada.

Papai estava mentindo, mas não percebi na hora, pois o voo deles começou a ser chamado e corremos para não perderem, pois era a ultima chamada.

12/10/2001

E por um mês eu fui enganado, mamãe não atendia minhas ligações e não me dizia onde estava, minha vida estava uma correria enorme, agora eu tinha muitos funcionários para lidar, interno e externo, Joe também estava tão atarefado que se separou e já estava com outra mulher, e mau tínhamos tempo para falar de nossas vidas.

Cheguei em casa exausto e louco por um banho, Clemence veio a traz de mim, agora vivia no meu apartamento.

_ Eu preciso saber se quer champanhe ou espumante para o nosso casamento... E no sábado vamos ao D"Frut doces e salgados escolher os doces e o bolo.

_ Você quer mesmo o bolo de frutas? _ A olhei do banheiro tirando a camisa e tirando os sapatos dos pés com o pé para ganhar tempo.

_ Nigel? Eu já disse que não é bolo de fruta _ Ela riu gostosamente. _ É um bolo normal, só que com recheios de fruta.

Clemence entrou no banheiro jogando sua prancheta no chão, passou os braços pelo meu pescoço e me beijou, eu a agarrei e a beijei, não ia negar aquele corpo que me desejava, meu celular começou a tocar, CLemence parou de me beijar.

_ Não atenda... por favor? _ Pediu ela colada na mina boca.

_ Tenho que atender Clemence. _ Disse enfiando a mão no bolso e puxando o celular. _ É o Joe.

Clemence bufou e me largou, puxando a prancheta do chão e saindo do quarto.

_ Oi Joe _ Disse atendendo e fechando a porta.

_ Nigel, está sentado? _ Disse ele ofegante e parecendo preocupado.

_ Joe... Odeio quando faz isso comigo, desembucha, o que esta acontecendo com a mamãe?

_ Nigel, não é com a mamãe.

Desabei no chão, minhas pernas ficaram fracas e a única pessoa que veio na minha mente foi ela.

_ O que aconteceu com Victória?

_ O marido dela morreu. _ Joe puxou o ar pela boca. _ No acidente das torres gêmeas, ela perdeu o bebê e a mamãe está cuidando dela, ela não fala, não come, ela está muito mal, o tio George não sabe mais o que fazer.

Desabei a chorar ali mesmo no chão, ela perdeu o bebê e algo me dizia que podia ser meu e eu estava noivo agora, prometendo a Clemence que nunca mais correria para ver Victória ou meteria o nariz onde não era chamado, e o que me restou foi isso, chorar e muito, me sentindo impotente.

_ Nigel? Você está aí?

Foi a ultima coisa que ouvi de meu irmão, desliguei sem dizer mais nada e me acabei de chorar abraçado em mim mesmo encolhido no chão do banheiro.


Por Você (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora