Capítulo 1: A Noite da Despedida

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A formatura do Ensino Médio era um marco que eu aguardava com ansiedade, um portal para a nova fase da minha vida que se abriria com o início da faculdade. Para celebrar, meus amigos e eu havíamos decidido nos encontrar para um jantar na pizzaria do bairro onde crescemos. O encontro era especial não só pela celebração, mas também porque seria uma das últimas oportunidades para nos reunirmos antes que a vida nos separasse, com muitos indo para cidades distantes para continuar seus estudos.

Para a ocasião, escolhi um vestido vermelho vibrante, uma cor que sempre amei por contrastar intensamente com minha pele bronzeada. O vestido, justo ao corpo, realçava minhas curvas de maneira marcante. Enquanto me preparava, penteava meus longos cabelos escuros, que caíam em ondas até a cintura. O sorriso nos meus lábios, pintados com um batom vermelho escarlate, refletia minha empolgação, e eu cantarolava uma música que me ajudava a manter o ritmo. Finalizei o visual com um dos meus perfumes favoritos, um aroma que sempre encantava todos que o sentiam, mesmo a distância. Havia algo de confortante em me arrumar assim, algo que tinha sido deixado de lado durante o intenso período de estudos que precedeu minha formatura.

Meu nome é Isabele Rosie, mas a maioria das pessoas me chama de Isa. Sou irmã gêmea de Léo, e ambos temos 17 anos. Recentemente, nossos pais se divorciaram, e nossa mãe se mudou para uma cidade distante, deixando-nos a opção de continuar morando com nosso pai para que pudéssemos manter o foco nos estudos.

Reconheço que minha personalidade marcante pode ser um desafio para muitos, e isso pode explicar o fracasso de meus relacionamentos afetivos. No entanto, nunca vi isso como um problema significativo, pois sempre valorizei minha independência e a liberdade que ela me proporcionava. A maioridade ainda estava por vir, e com ela, a promessa de uma liberdade ainda mais plena, onde eu poderia viver cada dia de forma intensa e autêntica, sem amarras.

(...)

Na sala de estar, dei os últimos retoques à minha aparência diante do espelho. Quando finalmente me considerei pronta, peguei meu celular e passei pela poltrona onde meu pai estava sentado, absorto em seu trabalho no notebook.

— Vou sair com alguns amigos — avisei, enquanto colocava as chaves de casa na bolsa.

— Não. — respondeu ele, de forma abrupta.

— Como assim, não? — perguntei, intrigada.

— Você não vai sair! — Ele disse, dando de ombros e mantendo o olhar fixo na tela do computador.

— Não estou pedindo permissão, apenas avisando.

— O quê?! — Ele ergueu uma sobrancelha, a surpresa evidente em seu rosto, o que me fez rir involuntariamente.

— É apenas um jantar de despedida com meus amigos do colégio — expliquei, tentando manter a calma.

— Isabele... precisamos conversar — ele ajustou-se na poltrona, o que imediatamente despertou uma sensação de apreensão em mim.

— Sobre o quê?

— Sobre as nossas férias de verão! — disse ele, com um sorriso satisfeito.

— E para onde vamos? — Perguntei, minha curiosidade crescente.

— Suponhamos que seja... digamos, um lugar onde você possa ter que conviver com a natureza.

— Só pode estar brincando! — Exclamei, desanimada com a ideia de me encontrar cercada por insetos que me causavam alergias.

— Mesmo que lá não tenha internet, isso não significa que você não possa gostar. Eu e seu irmão já confirmamos!

— Divirtam-se, porque eu não pretendo ir.

De Repente GrávidaOnde histórias criam vida. Descubra agora