Naked

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“Porque eu nunca me senti assim antes, estou nua perto de você, dá para perceber? Você vê através de mim e eu não posso me esconder, estou nua perto de você e isso parece tão certo...”

Na manhã seguinte tomamos café todos juntos ao redor da mesa, estava sentada entre os Letos, enquanto Natalie estava sentada de frente para Jared e sua mãe de frente para mim. Constance estava na ponta da mesa.
Estava uma manhã tranquila, eu estava me sentindo bem talvez porque fui dormir me sentindo bem, eu não sei, mas Elena tinha que abrir a boca com aquela dentadura para começar a perturbar nossa paciência, ou a minha para ser exata.
-Eu preciso contar a história de uma garota que eu conheci um tempo atrás... Era uma garota tão infeliz e invejosa que não conseguia conquistar nada por si só, ela tinha que tomar o que era dos outros. Não é triste?
Constance e Natalie ficaram sem entender aquela história sem pé e sem cabeça, mas Jared a olhou com raiva, como se aquilo que era para me atingir tivesse atingido mais a ele.
-Eu conheci uma mulher assim também – falei – ela não era infeliz, só egoísta demais! – ri, ela me olhou com raiva.
-Ou ela seja gostosa pra caramba! – Shannon disse, fazendo todos rirem.
-Ou o marido não amava realmente a esposa, estava com ela apenas por obrigação e finalmente achou alguém que o faz se sentir vivo! – Jared disse deixando um clima estranho na cozinha, olhei para ele espantada, era isso que eu fazia com ele? Meu coração acelerou um pouquinho, aquilo me deixou um pouco assustada.
-Continuo achando ela uma vagabunda infeliz. – disse Elena para finalizar o assunto, Jared levou a mão até minha perna e a apertou.
-É uma pena que pense assim – ele disse educado. Constance provavelmente percebendo o clima estranho que estava no local começou uma conversa amigável envolvendo a todos. Ela parecia ser uma mulher doce, mas era mais do que isso. Depois de criar três filhos sozinha, se virar, comer o pão que o diabo amaçou você não espera que uma mulher seja apenas doce e gentil, se for mais além vai conhecer uma mulher forte, independente, com suas opiniões e pensamentos formados, e eu sabia que se ela descobrisse o que eu fazia não iria me querer por perto de seus filhos.
A tarde as mulheres resolveram ir ao shopping fazer compras, ir ao cabelereiro e tratar de assuntos de mulheres. Disse que queria ficar, mas Natalie insistiu que eu fosse. Não queria ir, não havia razões para ir, nossos assuntos não eram os mesmos, meu lugar não era ali com aquelas mulheres. Elas começaram um assunto de família e eu voltei a me sentir deslocada, me fizeram perguntas sobre minha mãe e meu pai mas preferi não comentar muito sobre. Não é uma história agradável. No final da tarde as três decidiram assistir um filme, então acabamos chegando em casa um pouco tarde, todos então voltaram com assuntos de família, parecia ser a coisa mais importante a ser falada.
-Quantos filhos vamos ter, querido? – perguntou Natalie com sua mão no rosto dele, ele pareceu dar de ombros como se não quisesse falar sobre aquilo.
-Não sei se é a hora de pensarmos em filhos – ele disse olhando discretamente para mim, que estava sentada no sofá alheia a conversa deles, pensando em como seria se fosse a minha família ali. Se eu estivesse no lugar de Natalie... Mas logo espantei esses pensamentos, quem iria querer ser tão burra e tão inocente?
-Ah eu quero netos Jared! Não acha que já está na idade de me dar uns? – Constance choramingou, Jared olhou para mim discretamente novamente e eu sorri erguendo as sobrancelhas.
-Dê a ela uns cinco, assim ela não vai me pedir nenhum. – disse Shannon fazendo todos rirem
-Você como filho mais velho já deveria estar casado e ter me dado netos! – disse ela – quando você vai achar uma boa garota, Shannon?
-Acho que nenhuma é boa o suficiente para mim – ele disse arrogante fazendo todos rirem novamente.
-Ah eu mal posso esperar para estar casada, ter meus filhos, e minha vida – Natalie começou a falar suspirando, como se fosse uma criança sonhando com uma história da Disney. Aqueles mesmos pensamentos voltaram, será que eu teria aquilo algum dia? A resposta mais clara era não. Me levantei dizendo que ia a cozinha beber água mas acabei saindo e fui andar na praia, estava de noite, era umas nove horas e ela estava vazia do jeito que eu gostava. A maré alta, não se ouvia nada além do barulho das ondas e o vento sobre meus cabelos me fazia se sentir infinita. Comecei a pensar nas coisas que eu podia ter e nas que eu nunca teria, era uma boba por ficar me torturando assim mas gostava de pensar nessas coisas, era um encarar dos fatos, encarar as consequências das minhas escolhas.
Voltei para casa no começo da madrugada, entrei pelo portão da frente todos já estavam dormindo, pensei em ir até a cozinha comer alguma coisa. Me deparei com Jared comendo sorvete, sentado à mesa.
-Pensei que você não comia essas besteiras – falei, ele se assustou rapidamente comigo. Me inclinei na mesa a sua frente. – Posso?
Ele me deu a colher e peguei um pouco, levando a colher a boca, enquanto ele me fitava.
-Será que posso ao menos comer um sorvete sem que você pense em sexo? – brinquei, ele riu.
-Vou tentar. – ele tinha o canto da boca sujo de sorvete, passei o indicador limpando e depois levei o dedo até boca, me inclinei mais e beijei seus lábios gelados pelo sorvete. Ele se levantou, deu a volta na mesa e me pegou no colo, levando-me até o balcão da cozinha.
Então ele parou de me beijar e simplesmente me abraçou, como se soubesse que era o que eu precisava. De um simples abraço. Mas parecia que não era de qualquer abraço, de qualquer pessoa, era dele. Nos afastamos um pouco, passei meus dedos pelo seu cabelo, olhando em seus olhos.
-Saia comigo! – falou rápido demais para eu processar.
-Você quer dizer... tipo um encontro?
-Sim. Nosso primeiro encontro.
-Hum, vou pensar no seu caso – falei brincando, ele riu erguendo meu queixo com o dedão.
-Saia comigo, Margot! – repetiu.
-Você vai me levar para um restaurante chique, vai me pagar um bom vinho, e depois me levar para casa para fazermos muito sexo? – disse animada, ele riu.
-Não, eu vou te levar para um bar simples, vamos beber cerveja barata, vamos conversar, você vai querer saber mais de mim e eu sobre você, vamos nos conhecer melhor, depois vou te deixar em casa, roubar um beijo seu e você vai passar a noite esperando para me ver no dia seguinte, enquanto eu vou estar fazendo o mesmo. – ele falou gentilmente, meu coração palpitou mais rápido com aquilo.
-Então... Nada de sexo?
-Não, Margot.
-Isso soa chato!
-Isso soa romântico! – falou.
-Mas eu quero sexo! – fiz um biquinho que o fez rir.
-Acho que podemos incluir isso na lista – falou.
-Eba!!! – bati palminhas fazendo-o rir mais. – Quando?
-Amanhã.
-Amanha? – falei surpresa – amanhã estaremos aqui.
-Não se preocupe.
No dia seguinte “Coincidentemente” Natalie e Shannon tiveram a ideia de levarem Elena e Constance para sair, dizendo que queriam passar um tempo mais com elas. Jared disse que ia ter que resolver alguns negócios, e eu disse que passaria o dia na praia, aproveitando o sol. Achei que ele sabia como armar situações muito bem.
Coloquei apenas um short jeans, uma camiseta do the doors um pouco curta e botinhas marrom, não parecia nada como uma mulher elegante como ele sempre me vira, apenas uma garota normal de vinte e dois anos. Desci as escadas, enquanto ele me esperava sentado no sofá, também vestindo Jeans e camiseta, o que o deixava bem mais jovem.
-Você está bonita – ele disse se aproximando, mas o mantive afastado.
-O que aconteceu com o beijo roubado só no final do nosso encontro, Mr. J? – falei, ele riu provavelmente se arrependendo da própria regra que impôs.
-Você está certa, Ms. – falou – posso ao menos segurar sua mão?
Olhei para ele fazendo charminho mas a ergui, ele a segurou com força e me conduziu até frente a casa, onde me deparei com o Impala. Ele realmente sabia como agradar uma garota.
Ele dirigiu até um parque de diversões.
-O que aconteceu com o bar? – falei.
-Muito clichê.
-Achei que essa noite seria clichê. – respondi. Ele pensou um pouco.
-Isso também é clichê. – ri, descemos do carro e ele segurou minha mão, como se fossemos realmente namorados, foi uma tarde muito agradável, não fomos em muitos brinquedos radicais, mas ele insistiu que eu fosse na montanha russa, eu estava apavorada, Jared passou a tarde inteira me zoando porque gritei como uma louca, achei que realmente iria morrer. Ele ganhou – lê se comprou – um urso enorme para mim no jogo de tiro ao alvo, comemos maça do amor, e até tiramos fotos com um palhaço. Até que me dei conta de que eu nunca havia feito isso antes, nunca havia ido a um parque de diversões, nunca cheguei perto de um palhaço ou ganhei um presente tão simples quanto um urso. Eu poderia querer tudo dele, um diamante, um vestido caro, mas acredito que nenhum dos outros presentes me fariam tão bem quanto o urso grande e marrom que fiquei carregando.
No final da tarde sentamos em um banco, ele passou a mão por trás dos meus ombros e eu deitei minha cabeça em seu peito, lambendo o meu sorvete e olhando o sol se pôr, era uma boa vista da onde estávamos.
No outro banco estava uma mulher que não parava de olhar para Jared, ele parecia não reparar nela.
-É engraçado como você ignora as outras pessoas – falei terminando o meu sorvete e comendo a casquinha. Ele juntou as sobrancelhas e me olhou confuso – aquela garota não para de olhar para você desde a hora que chegamos e você finge que não vê.
Ele olhou para os lados procurando a garota, quando a viu apenas arqueou uma sobrancelha.
-Eu realmente não a vi. – ele disse normalmente mordendo um pedaço da minha casquinha.
-Uma mulher bonita como ela. – fingi estar enciumada, ele riu.
-Com uma mulher bonita como você, como eu poderia olhar para os lados? – disse jogando o resto da minha casquinha fora.
-Oh, eu ia terminar de comer. – reclamei, ele apenas lambeu os dedos sujo e me abraçou.
-Moça! – chamou a mulher que olhou em nossa direção rapidamente.
-O que você vai fazer? – perguntei.
-Você está deixando a minha namorada um pouco desconfortável. – a mulher abriu a boca e corou, obviamente ficando sem graça e se levantou se retirando do local, outras pessoas olharam em nossa direção.
-Jared! – dei um tapa nele rindo, ele me abraçou mais forte contra seu corpo. – você é besta.
-Ah você está com vergonha? – ele disse levantando o meu rosto – e está corada! Fica tão linda quando cora.
-Não estou corada! – disse.
-Está sim – e apertou meu nariz.
-Para – bati em sua mão fazendo-o rir. – é isso que se faz em primeiros encontros?
-Basicamente... Me fale sobre você.
-O que quer saber?
-Cor preferida?
-Vermelho... apesar de ter descoberto que tenho uma leve queda por azul. – olhei para seus olhos e sorri, dessa vez ele corou.
-Vermelho é a cor da paixão.
-Ou da morte! Sabe sangue e etc... – ele franziu o cenho e me olhou estranho.
-Acho que você tem um lado sombrio, Ms. – comentou me fazendo rir.
-Todos nós temos. – falei me defendendo.
-Eu não. – disse exibido – sou um bom homem.
-Ora! Tenho meus motivos para ser sombria – disse despertando mais a curiosidade dele que se virou para mim com as sobrancelhas juntas.
-Me conta.
Respirei fundo pensando no que contar, e no que deixar em segredo. Minha vida não era um conto de fadas, estava bem longe disso, e eu tinha medo de falar daquilo porque apesar de ser a mulher que eu era ainda havia rachaduras que se fossem provocadas poderia abrir se transformando em um abismo, um abismo em mim mesma. Mexer no meu passado era como mexer em um castelo de cartas, qualquer sopro, ou simples movimentos tudo poderia desmoronar e se eu me deixasse desmoronar não aguentaria mas me senti confortável em poder contar algumas coisas para ele.
-Bom, eu nasci em Charming, uma cidade afastada da Califórnia. É uma cidade pequena, mas antes que eu completasse dois anos minha mãe se mudou para Los Angeles comigo... – respirei fundo – ela não era a melhor mãe que se pode imaginar, devia ter engravidado com dezoito anos e depois que se mudou comigo começou a trabalhar em uma lanchonete qualquer, então fui crescendo, quase como uma criança normal. Mas minha mãe estava sempre bêbada e me batendo, quando completei treze anos ela arranjou um namorado que tentou passar a mão em mim e quando lhe contei me mandou de volta para Charming para morar com minha vó, dizendo que eu estava tentando roubar o marido dela. – ri lembrando daquela estupidez – mas na verdade era muito bom morar com minha vó, ela sempre foi uma ótima vó e mãe ao mesmo tempo, vivi com ela por dois anos até minha mãe aparecer grávida novamente de seu namorado e me levar de volta para Los Angeles a força.
-Nossa Margot... isso é um tanto perturbador, você era apenas uma criança – ele disse com olhos piedosos e me acariciando.
-A pior parte vem agora... – era muito difícil falar sobre aquilo, muito mesmo mas eu senti que precisava colocar aquilo para fora de uma vez – ela não queria que eu morasse com ela, simplesmente me entregou para um traficante de drogas para poder pagar suas dívidas.
Jared arregalou os olhos e pareceu mais surpreso com aquilo.
-Ele me mantinha em um quarto escuro, mal me alimentava e seus homens tentavam passar as mãos em mim mas ao menos nunca fui violentada – pelo menos não ali – mas apanhava bastante e eles gostavam de me deixar bêbada – e drogada – e me faziam dançar para eles. Então um dia eu consegui fugir, não me lembro direito, algum deles devem ter deixado a porta aberta por descuido e passei a me virar sozinha desde então... Ah por favor, não me olhe assim. Todo mundo passa por muita merda na vida.
-Mas isso já é demais. Por que não procurou a polícia?
-Eu não sei ao certo, acho que estava tentando não me lembrar daquilo.
-Desculpe por fazer você falar sobre isso – ele disse.
-Está tudo bem... é bom colocar isso para fora, nunca disse isso a ninguém.
-Nunca? – ele pareceu surpreso – e porque resolveu me contar?
-É um primeiro encontro, não é? Temos que nos conhecer – brinquei arrancando um sorriso dele, aquele sorriso que eu já gostava de olhar – e você, o que foi aquilo sobre eu te fazer se sentir vivo?
-É o que você faz.
Merda.
-Jared não faz isso... – falei abaixando os olhos – não se apaixone por mim.
-Por que não?
Olhei para ele novamente, estava com o cenho franzido e um pouco confuso.
-Porque sou uma ancora, só levo todos para baixo junto comigo...
Ele umedeceu os lábios e respirou fundo.
-Não acha que ficaríamos bem juntos?
-Não. – posso garantir que ele se sentiu magoado com minha resposta rápida e fria.
-Por que?
-Porque eu vou partir o seu coração. – ele sorriu de lado.
-Talvez eu parta o seu.
-Ninguém parte o meu coração. – falei, ele ficou quieto alguns segundos com aquele sorriso no rosto mas sem saber o que dizer, ou até mesmo o que pensar. Eu não sabia o que dizer ou o que pensar, porque acabei me pegando não querendo dizer aquelas coisas para ele.
-E você vai se casar e terá filhos e vai viver o sonho americano. Não era isso o que você queria?
Ele balançou a cabeça.
-Mas você me faz questionar tudo, Margot!
Oh! Então era isso. Por isso eu andava triste, por isso eu andava chorando pelos cantos igual uma boba, desde que ele apareceu na minha vida passei a questionar as coisas que realmente queria, as coisas que me fazia sentir-se viva. Ele estava causando todo aquele transtorno na minha cabeça. Meus lábios tremeram, eu não sabia o que responder para ele pois não poderia dizer o mesmo, não poderia confessar que ele fazia o mesmo comigo.
-Vamos sair daqui – ele pegou na minha mão se levantando.
-Nosso encontro já acabou?
Sorriu de lado.
-Mal começou.
Me levantei e fomos de volta para o carro, ele dirigiu mais alguns km até chegarmos a praia. Chegamos por volta das oito horas das noite, batia um vento gélido, a maré estava alta e não havia tantas pessoas na areia. Descemos do carro e caminhamos até que nossos pés pisaram na areia.
-Sei que gosta do mar a noite, mas acho que a água está um gelo essa hora – ele disse.
Olhei para ele.
-Eu te desafio!
-O quê? – ele olhou para a agua e depois para mim rapidamente – só se você for comigo.
-No três então... um... dois... e três! – disparamos como dois bobos em direção ao mar, ele corria bastante e esse era o meu plano, quando cheguei na margem da água parei enquanto ele passou direto entrando com tudo na água.
Comecei a gargalhar enquanto ele me xingava, e xingava a água por estar tão gelada.
-Ah Margot Robbie, você me paga! – então ele veio na minha direção, assim que percebi o quão próximo ele já estava disparei para o outro lado correndo como louca pela margem da água enquanto ele corria atrás de mim, ambos rindo como loucos. Finalmente ele me alcançou segurando-me pela cintura me tirou do chão e entrou na água junto comigo, soltei um grito sentindo a água gelada de encontro com a minha pele, não satisfeito em molhar apenas minhas pernas ele me jogou e uma onda forte veio por cima de mim.
-Ah seu filho da mãe! – gritei cuspindo água e limpando meus olhos que ardiam por causa do sal. Ele ria de mim, então o puxei pela blusa fazendo-o cair também, outra onda veio por cima de nós dois nos afogando. Eu não sabia se ria ou se nadava. Quando finalmente ele conseguiu se levantar também me ajudou a ficar de pé.
-Você me fez molhar a minha camiseta favorita – ele disse enquanto saíamos da água.
-Eu não gostei muito dela mesmo – zombei.
-Ainda bem que sou quem está usando – ele disse com um sorrisinho idiota, parei olhando para ele com a boca aberta, um pouco ofendida com a grosseria dele. Rapidamente coloquei as mãos na gola de sua camiseta e a rasguei até seu peito.
-Usa agora! – disse rindo da cara que ele fez, como se não tivesse acreditado naquilo.
Ele balançou a cabeça soltando outra risada.
-Você está me devendo uma camiseta
-Quem disse que vou pagar? – cantarolei.
Ele me puxou para perto de si, nossos corpos molhados se encontrando.
-Ah vai sim – e me beijou, os lábios dele pareciam mais saborosos molhados daquela forma, deitamos na margem da água, onde a onda chegava e voltava para o mar, ele se debruçou sobre mim, seu cabelo pendia sobre sua cabeça, molhado o que o deixava bem mais sexy do que era.
-O que aconteceu com o beijo no final do encontro? – brinquei.
-Foda-se! Quero você agora. – disse em seguida me beijando lentamente, sua mão passou pelo meu corpo me arrepiando toda, estava batendo um ventinho gelado mas o corpo quente dele contra o meu me esquentava. Beijar ele ali me fez se sentir nas estrelas, como se eu estivesse dentro de um conto, será que era assim todos os primeiros encontros? Se fosse, eu queria ter outros milhares de primeiros encontros com ele.
-Ainda bem que deixamos os celulares no carro – falei interrompendo nosso beijo.
-Eu estou te beijando e você está preocupada com celular? – fingiu estar triste, ri acariciando seu rosto.
-Posso passar a noite toda aqui com você. – falei
-Posso passar toda a minha vida aqui com você – ele respondeu, e meu estomago congelou. O puxei beijando-o novamente.
Fomos chegar em casa pelas 2h da manhã, estava um silencio, entrei primeiro para que ninguém percebesse nada, e não sei ao certo o porquê mas com medo de ser pega. Felizmente aparentemente estavam todos dormindo, subi as escadas para ir para o meu quarto mas me deparei com uma Elena de robe e braços cruzados parada frente a minha porta.
-Onde você estava?
Olhei para os lados para ter certeza de que ela estava falando comigo.
-Ah desculpe, esqueci o nosso grau de parentesco.
Ela descruzou os braços e ergueu um dedo na minha cara.
-Natalie desconfiou de que vocês estivessem juntos! Eu tive que tirar essa ideia da cabeça dela, por que vocês não são mais discretos?
Peguei a ponta do meu dedo tocando no dela, tirando-o do meu nariz. Ela estava realmente desesperada e preocupada com o término do relacionamento dos dois. Me diverti com a cara que ela fez.
-Pode deixar – pisquei para ela e a empurrei para sair da minha frente. Entrei dentro do quarto, retirei minhas roupas molhadas e fui tomar um banho, fechei os olhos deixando a água quente percorrer o meu corpo.
-O que você está fazendo sua idiota? – falei para mim mesma – não se atreva a amolecer diante daquele belo par de olhos azuis! Não se atreva a se apaixonar por ele.
Foi uma noite maravilhosa se o medo e o receio de me apaixonar não tivessem me pegado no final dela, eu não queria, aliás, eu não podia me apaixonar por ele. Mas todas as vezes que eu fechava os olhos, era os dele que eu via. Toda vez que ouvia sua voz meu estomago congelava, era muito confuso nunca senti tudo isso, nunca quis ser outra pessoa perto de alguém nunca quis não ser eu antes. Não podia cogitar a ideia de contar para ele quem eu realmente era, não podia correr o risco dele me odiar para sempre, isso me deixou apavorada.
Sempre fui uma garota ambiciosa, antes da minha ambição virar ganancia. Sempre querendo mais, sempre querendo o melhor não importava o que precisasse ser feito para conseguir, e era assim que eu queria continuar seguindo até chegar no topo, fodi todo o meu caminho até o topo para que ele aparecesse assim na minha vida fazendo-me questionar tudo e todos, não podia permitir um sentimento idiota acabar com tudo o que eu passei anos querendo, ser a garota pelo qual os homens morreriam por, a mulher mais poderosa, única, mas com ele eu não poderia ser isso. Com ele não exista a “Carmen”, com ele eu era a Margot antes de tudo e eu não queria voltar a ser aquela garota.
Saí do chuveiro e me sequei, coloquei um robe e uma toalha no cabelo estava me preparando para dormir quando ouvi um grito agudo fora do quarto.
-Onde você estava? – gritou Natalie, mas não consegui ouvir a resposta – Me diz! Por que está com a camiseta rasgada? E todo molhado? – a voz aguda também era chorosa, o que a deixava mais irritante. Abri uma brecha da porta e dei de cara com Shannon passando só de samba canção e um pote de sorvete.
-O que está acontecendo? – perguntei, ele passou a língua nos lábios limpando o sorvete.
-Parece que eles estão tendo uma DR. – ele disse rindo.
-DR?
-Discutindo o relacionamento.
Ergui as sobrancelhas entendendo.
-Seu mentiroso você estava com outra! – ela voltou a gritar e logo em seguida ouvimos o barulho de algo se quebrando. Shannon e eu nos entreolhamos e rimos. – Eu sei que estava! Não minta para mim!
Elena e Constance apareceram no corredor perguntando o que estava acontecendo. Até que ouviram os gritos dela novamente.
-Para de gritar ou eu vou embora agora! – Jared gritou, foi estranho ouvir ele gritando. Eu nunca tinha o ouvido desse jeito, a voz grave e forte. Elena abriu a boca, preocupada que ele fizesse realmente isso e chamou Constance para intervir na discussão dos dois. Queria ficar para saber o final da história mas voltei para dentro do meu quarto para poder dormir.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora