“Existe alguma história com um final feliz?”
Respira, um, dois, três... eu estava exercitando a minha respiração de frente ao espelho do quarto enquanto sentia minhas mãos frias e suadas. Que estranho! Eu já estivesse nisso antes, vestida de branco, andando por um corredor em direção á ele mas por alguma razão parecia que eu iria explodir em ansiedade e nervosismo. Marina estava finalizando meu cabelo, enquanto Lizzy retocava minha maquiagem. Cara entrou no quarto animada usando um vestido longo.
-Você tem vinte minutos – anunciou.
-Não precisa deixar ela mais nervosa ainda – respondeu Marina animada – posso ouvir o coração dela batendo daqui!
As três deram risada e eu me levantei desesperada.
-Calma, Mag! – disse Cara – não é a primeira vez que vocês se casam.
-Não é... mas e se alguma coisa der errado dessa vez? E se, sei lá, estivermos cometendo um erro?
Lizzy segurou meus ombros.
-Não estão! Agora ou você entra lá ou eu vou chutando sua bunda até ele – disse ela com firmeza para me acalmar e até que deu certo, respirei fundo mas antes de sair do quarto olhei a cadeira vazia. Lila estava ali ah alguns anos atrás e eu nunca imaginaria que sentiria falta dos comentários sarcásticos e inconvenientes dela.
Meu vestido era bem diferente do anterior, sem mangas, um “tomara que caia" totalmente branco, que ao chegar na minha cintura se enchia mas se estedia até minhas coxas deixando-as visíveis na frente e uma cauda na parte de trás se arrastava enquanto eu andava. Apesar de parecer simples, duas alças de cristais caiam levemente sobre meus braços. Meu cabelo estava completamente solto e ondulado graças a Marina. Nós nos casamos novamente no jardim, com a presença de todos nossos amigos e familiares e no momento em que o beijei percebi que eu estava sendo uma idiota minutos atrás surtando por estar se casando novamente com o único homem que eu era capaz de amar.
Hannah estava linda de vestido branco, e Nate, Deus como ele estava lindo! Vestia um pequeno terno e Constance não conseguia larga-lo mais, veio me agradecer umas dez vezes por ter dado a ela mais um neto, e era maravilhoso ter meus dois filhos comigo naquele dia
-O Jared está radiante. – Cara me falou – ele já falou umas cinquenta vezes que é o homem mais feliz do mundo.
Eu não pude deixar de sorrir.
-Isso é real? – eu perguntei, ela e Marina olharam para mim.
-Claro que é. – respondeu Mary.
Mas não parecia, nada daquilo parecia real, quando se tratava dele tudo parecia um sonho, um sonho muito bom.
-Você não vai dançar comigo? – Shannon apareceu do nada agarrando-a pela cintura e fazendo-a gargalhar.
-É claro que vou. – e os dois saíram deixando apenas eu e Cara, que tomava um cerveja com os olhos focados em uma única pessoa no salão.
-E você e a Nina? Quando irão se casar? – falei cutucando-a, ela abriu os olhos quase os fazendo pularem para fora.
-O que? – ela disse sem graça me encarando. Eu dei risada.
-Não finja que não faria isso por ela. – falei, ela balançou a cabeça.
-Não sei, Margot – disse dando de ombros mas eu a conhecia muito bem.
-Ah não? – falei provocando-a ainda mais.
-Ela é bonita, engraçada, inteligente, muito gostosa, mas não sei se sou o tipo que casa – ela falou mas eu sabia que na verdade Cara estava com medo de ser renegada por Nina, de acabar recebendo um não.
-Ah meu Deus! – dessa vez eu que arregalei os olhos – você a ama!
Ela se engasgou com a cerveja.
-O que? Margot cala a boca. – respondeu fincando corada, e Cara Delenvigne nunca cora. – Eu... amo, mas não é nada demais.
-Ah não? – falei ironicamente – e se eu a chamasse aqui e dissesse que alguém quer se casar...
-Margot Robbie não se atreva...
-Nina! – antes que ela terminasse a frase eu a chamei, Cara quase me matou com os olhos e eu dei risada, Nina veio no mesmo minuto até mim. – Eu queria saber, aliás eu estava conversando com Cara e nesse clima de casamento sabe, quando vocês vão se casar?
Nina sorriu olhando para a Loira que queria enfiar a cara em um buraco, ela sorriu maliciosa para mim e eu pisquei para ela. Cara parecia que iria explodir, ela que sempre foi acostumada a ter qualquer uma sobre seus pés não sabia se comportar com a autoconfiança de Nina, que parecendo entender a minha linha de pensamento sorriu de lado e piscou para mim.
Ela segurou a mão magra de Cara.
-Casa comigo, Cara. – ela falou fazendo um olhar sexy que quase mexeu comigo também, depois deu uma mordida no lábio inferior quase imperceptível mas que fez Cara paralisar.
-O que? – balbuciou esquecendo como se respirava, Nina sorriu.
-Eu sei que não é a hora certa, o momento certo, nem o jeito certo. Mas casa comigo, garota! Não sei fazer uma grande surpresa romântica para te pedir isso mas, casa comigo!
Eu estava orgulhosa de ser a primeira e única a ver aquela cena incrível, Nina e Cara se encaravam focadas uma na outra. Cara tinha os olhos marejados e Nina um sorriso nos lábios.
-Cl-claro. – respondeu tomando o resto da cerveja numa golada só, se levantou da mesa segurando a mão de Nina as duas se agarraram em um beijo forte e apaixonante. Foi a decisão mais rápida e certa que eu vi alguém tomar na vida, eu as abracei pulando de felicidade por elas, e depois as duas saíram para dançar mas não antes de me pedirem segredo.
E eu estava querendo dançar com meu marido que aparentemente havia sumido do salão junto com o meu filho e Constance. Então fiquei na mesa sozinha por alguns minutos até um dos garçons chegar até mim com um papel na mão, ele simplesmente me entregou e depois sumiu no meio de todo mundo.
“Encontre-se comigo na porta dos fundos do salão, tenho um presente para você.
J.”
Bom, o bilhete era de Jared e alguma coisa ele estava aprontando. Mas o que ele estava pensando em fazer? Extremamente curiosa me levantei rapidamente e segui até a porta dos fundos do salão, onde já não havia ninguém. A porta dava para uma escada que subia para uma espécie de porão onde ficava guardado algumas coisas de limpezas, coisas sem valor algum. Mas por que Jared iria querer me encontrar ali? O local era um tanto grande e parecia que não fazia mais parte do salão já que eu quase não conseguia escutar mais o som da festa.
-Jared? – chamei, mas não obtive resposta. Resolvi dar uma olhada novamente naquele bilhete... que não tinha sido escrito por ele. Ele nunca assinava seus bilhetes para mim com “J”, era sempre com o “Mr. J” mas foi tarde demais perceber aquilo quando ouvi a porta sendo trancada atrás de mim.
Me virei rapidamente e quase senti o coração sair pela boca.
-O que está fazendo aqui? – falei rapidamente dando dois passos para trás.
-Eu precisava falar com você. – Léo disse, ele estava um pouco machucado, e seus olhos me davam medo, muito medo. – Você não devia estar aqui hoje – ele disse se aproximando de mim mas cada passo que ele dava na minha direção eu dava um passo para trás.
-Abra a porta – falei tentando não entrar em pânico.
-Margot, fica calma por favor... você está correndo perigo.
-Mais perigo do que ficar perto de você? – respondi – abra essa porta. – falei já sentindo o desespero tomar conta de mim.
-Mag, precisa se acalmar e me escutar...
-Eu não quero escutar você! Sai daqui! – falei alto. – Eu vou gritar.
-Ninguém vai ouvir vai você... – respondeu mas ele não parecia que iria me ferir, bom, eu nunca pensei antes que ele me feriria algum dia.
-O que você quer? Já não basta ter tirado meu filho de mim? O que mais você quer? – falei e dei meu ultimo passo, senti a parede atrás de mim e foi ai que fiquei mais desesperada.
Ele se aproximou e segurou meus pulsos, e eu simplesmente entrei em pânico, comecei a suar frio, tremer, e me debater para que ele me soltasse.
-Você vai morrer hoje! Você não deveria estar aqui, isso é uma armadilha. – ele falou alto para que eu parasse de me debater, como se aquilo fosse ajudar em algo. – Ela está aqui, Margot, e ela quer machucar você.
-Do que você está falando? – falei olhando para ele finalmente parando de me debater, mas eu estava desesperada. Ele olhou para os lados.
-Vem, precisamos sair daqui. – ele segurou meu pulso e simplesmente me puxou até uma outra porta, eu não sabia que aquele lugar era tão grande, acabamos passando por outra porta e descendo uma escada, descemos e saímos de dentro do salão, atrás, onde não tinha ninguém, estava tudo vazio. Ele simplesmente me puxava, então parei e puxei meu pulso me dando conta que estava deixando ele me arrastar para um lugar qualquer.
-Para onde você quer me levar? – falei parada, ele olhou para mim e voltou segurando meus ombros.
-Ela preparou tudo para matar você hoje. – ele disse desesperado me sacudindo.
-Você é louco! – o empurrei – fique longe de mim.
E assim que me virei ela estava lá, parada, encostada na porta com um sorriso no rosto. Como se ela estivesse atrás de nós o tempo todo e eu não tivesse percebido. Meu coração acelerou, e tudo girou muito rápido na minha cabeça.
-Amber? – falei, ela alargou o sorriso em um maldoso.
-Quanto tempo, Margot. – respondeu.
-Você não vai machucar ela. – disse Léo entrando na minha frente – esse não foi o acordo.
Ela encarou ele com raiva.
-Cala a boca. – falou – e sai da minha frente.
-O que está fazendo, Amber? – perguntei me aproximando, de repente eu não estava mais tão assustada assim.
-Acabando de uma vez por todas com isso, Margot. Você não podia ter simplesmente sumido? – ela gritou.
-E eu fiz. – falei calma – fui para o outro lado do oceano e deixei tudo aqui pra você e quando que vai entrar na sua cabeça que isso nunca vai ser seu? – me aproximei mais dela.
Ela travou a mandíbula.
-Você não podia ter deixado ele me amar? Agora eu não posso nem voltar para casa porque minha mãe me despreza. Minha família me despreza.
Eu não pude deixar de rir com aquilo. Ela não me intimidava, nunca me intimidou pelo contrário, sempre pareceu uma garotinha perdida e com problemas mentais.
-Você está pagando pelas escolhas que fez. – respondi – você não vai ficar com Jared, nunca. – respondi.
-E você também não. – falou me fuzilando com os olhos.
-Margot, é melhor você correr de volta para a festa – Léo disse.
-Cala a boca! Seu inútil! Porque você não foi capaz de matar ela rapidamente como eu mandei. – ela gritou empurrando ele com força.
-O que? – falei – você fez aquilo comigo por causa dela? – foi inevitável as lagrimas nos olhos frente aquela revelação.
Ele começou a chorar.
-Me desculpa Mag, ela disse... disse que eu tinha que fazer isso, tinha que matar você porque você era minha... ela falou tanto, tanto e eu fiquei tão furioso com você e só conseguia enxergar o ódio na minha frente.
Amber deu risada.
-Você é uma vadia psicopata manipuladora, você deveria ser internada em uma clínica psiquiátrica... você tentou ferir meus filhos.
O Semblante dela ficou escuro, as sobrancelhas juntaram-se.
-Por que é tão difícil assim machucar seus filhotinhos? – ela falou brava – mas não importa agora porque se Jared acha que ele venceu, que ele vai ser feliz com você ele está completamente enganado porque não vai! Antes eu mato você, Margot.
E então ela simplesmente veio para cima de mim, segurei seus pulsos com força mas a vantagem dela era estar vestindo roupas simples enquanto eu usava um vestido de noiva, então a gente simplesmente caiu no chão rolando uma em cima da outra. Consegui acertar o rosto dela duas vezes mas ela acertou o meu e acertou minha costela que não parecia estar completamente sarada, senti a dor latejar com tanta força que perdi as minhas, dando a chance dela rolar e ficar em cima de mim prendendo meus braços com os joelhos. Ela retirou uma faca da cintura e apontou diretamente para o meu peito, um medo rapidamente tomou conta de mim, ela poderia ter simplesmente enfiado a faca ali mas Léo a puxou para trás, surpresa, ela deixou a faca cair e eu me levantei a pegando.
Ela se debatia nos braços dele, furiosa, como um animal afim de atacar uma presa. Ela realmente me odiava de uma forma insana, ela parecia insana, bufando e se debatendo nos braços de Léo como se o seu maior objetivo na vida fosse me matar.
-Eu vou chamar os seguranças, consegue segurar ela? – falei ele assentiu com a cabeça. Corri e ah uns poucos metros eu vi dois deles. – Hey, preciso de ajuda aqui! Tem uma mulher louca com uma faca.
E saí correndo de volta para ver como que estavam as coisas. Assim que me aproximei ela simplesmente conseguiu se soltar de Léo e avançou para cima de mim novamente, tentei me defender sem machuca-la com a faca e foi tudo tão rápido, ela puxou meu cabelo e então Léo veio segura-la novamente, em um segundo ela estava entre nós dois, no outro ela trocou de lugar com ele e o empurrou para cima de mim e ai tudo parou, eu senti a faca pesada na minha mão e os olhos dele se arregalarem. Eu não tive coragem alguma de olhar para baixo, mas eu sabia o que tinha acontecido.
Amber parou, ela ouviu os seguranças chegando e deu uma risadinha em seguida saiu correndo no meio da escuridão, se camuflando com as roupas escuras.
A faca entrara bem no peito de Léo, então ele fechou os olhos e tombou para o lado.
-Léo! – gritei me abaixando ao seu lado, mas o corpo estava mole e ele não abria os olhos. – acorda! Acorda! Acorda!
-Saia de perto dele – um dos seguranças gritou apontando a arma para mim.
-Ele precisa de ajuda... ele está sangrando... está morrendo – falava desesperada enquanto tentava estancar aquele sangue que saia de seu peito.
-Saia de perto dele! – o segurança gritou novamente.
-Ele... Ele precisa de ajuda... chamem a ambulância... vão atrás dela... não fiquem parados ai! – eu gritava mas eles estavam parados apontando a arma para mim – vão!
Foi então que me toquei, eles não viram a Amber, tudo que eles viram foi eu com uma faca enfiada no peito de Léo. Uma mulher louca com uma faca.
-Não! Não... não podem pensar que eu fiz isso com ele. – falei me levantado, as mãos sujas de sangue.
-Parada aí! – ele reforçou – chame a polícia.
-Eu não o ataquei! Vocês tem que ir atrás dela! Amber fez isso, a faca era dela.
-Fique longe dele e coloque as mãos para cima, senhora. – ele falou firme – ou serei obrigado a usar a força.
Eu sabia que era inútil tentar falar com ele, explicar aquilo, eu sabia que eu não tinha chance alguma. Enquanto minha cabeça rodava e rodava em minutos ouvi a sirene da polícia e da emergência, e então aquilo virou um inferno, todos os convidados começaram ir para trás do salão afim de saber o que tinha acontecido, então Jared apareceu no meio da multidão eufórico e preocupado, assim que me olhou sua expressão era indescritível, primeiro olhou para mim, o sangue em minhas mãos, depois para Léo que provavelmente já estava morto e então atravessou os policiais para me abraçar, e eu desmoronei.
-Senhor, não pode se aproximar – o policial falou o afastando de mim.
-Eu não fiz nada, eu não matei ele, foi Amber, ela estava aqui, ela tentou me matar. – disparei falando, puxando-o enquanto o policial tentava nos separar.
Ele estava mais surpreso ainda, sem saber o que dizer, nós dois empurrávamos o policial para sair do meio mas mais alguns veio me puxando para longe dele.
-Vai tudo ficar bem, Margot. Eu prometo a você. – ele disse tentando me acalmar mas eu vi em seus olhos o quanto estava perturbado.
-Senhora preciso que me acompanhe – o policial disse, mas eu só conseguia olhar para Jared enquanto o policial me colocava para dentro da viatura. – Você está presa por assassinato.
Eu desmoronei lá. Desmoronei, sem entender o que tinha acontecido. Aconteceu em menos de quarenta minutos. Eu estava feliz, esperando meu marido para dançar e então eu estava em uma viatura sendo levada para a delegacia pela morte de alguém que não foi culpa minha.
Poderia ficar pior?
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A acompanhante (CONCLUÍDA)
Romance(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...