“É tarde demais para me desculpar? Porque eu sinto falta mais do que apenas do seu corpo”
Na quinta no final na tarde após eu ter pego Hannah na escola, dado banho nela, e café da tarde, ouvi meu telefone tocar, animada e ansiosa para falar com Jared corri até ele mas me deparei com outro nome no chamador. Confesso que meu ânimo diminuiu um pouco.
-Brad, oi! – falei tentando parecer mais animada mas a verdade era que eu estava morrendo de saudades de Jared e por mais que tenhamos nos falado a tarde, e também falávamos por mensagens, era horrível estar longe dele e não fazia nenhuma semana ainda, o tempo estava mais que decidido a ser cruel comigo.
-Oi, Magzinha – a voz dele soou alegre do outro lado da linha, bom, ao menos ele não teria que ver minha cara de decepção. – Você está ocupada? Eu queria chamar você para jantar aqui em casa hoje.
Sua voz continuava com o mesmo tom alegre.
-Jantar? – perguntei desconfiada.
-Claro – a voz soou contente novamente. Balancei a cabeça tentando espantar os pensamentos ruins, éramos amigos, estávamos matando a saudade. Que mal teria um jantar amigável? E Bradley sempre foi um ótimo cozinheiro.
Ele me passou o endereço, não achei conveniente levar Hannah já que ela deveria dormir cedo então deixei ela com Nelly e saí, o endereço que me passou não era tão distante da minha casa, mas assim que me vi parada em frente a porta de seu apartamento, depois olhando para os meus saltos nervosa, pensei no que eu estava fazendo. Por um momento eu estava imensamente alegre dele ter reaparecido mas aquela sensação incômoda, ou a pulga atrás da orelha, aquilo continuava apesar de eu tentar me convencer que éramos apenas amigos. Reunindo a coragem que eu tinha dei duas batidas leves em sua porta e logo ela foi aberta, foi impossível não reparar nele. Ele estava bonito, uma calça jeans e camiseta preta colada ao corpo, dos quais as suas tatuagens estavam escondidas por debaixo mas mesmo assim escapavam os detalhes delas pelo pescoço e braços. Os olhos acinzentados ficaram alegres em me ver no meu vestido azul solto.
-Magzinha! Você chegou – ele disse como se fosse uma surpresa e me abraçou me rodando no ar, me tirando uma gargalhada. – entre.
-Uau – disse assim que adentrei seu apartamento observando os detalhes, não que eu ligasse muito para isso mas... como ele conseguiu isso? – quantos kilos de cocaína você teve que vender para comprar? – perguntei descontraída mas no fundo curiosa para saber a verdade.
Ele também riu descontraído acompanhando minha risada.
-Sou um homem honesto agora – ele disse e depois divagou um pouco como se estivesse buscando alguma coisa em sua cabeça – eu trabalhei como modelo durante um tempo, uma mulher me ajudou.
-Uma mulher? – perguntei descrente daquela história sem pé e nem cabeça. Ele coçou o queixo.
-Eu fiquei um tempo na prisão, Margot – as palavras saíram da sua boca pesadas assim como as lembranças – um bom tempo, na verdade. Uma mulher um dia pagou minha fiança, e me ajudou com alguns trabalhos como modelo pela Europa.
-E o que aconteceu com a mulher? – perguntei curiosa querendo que ele falasse mais.
-Ela morreu – ele disse rápido e seco. – parada cardíaca, uma merda né?! Venha, a comida está quase pronta.
Ele disse de uma forma distante e indiferente. Eu não sabia se ele estava tentando evitar falar de algo doloroso ou se ele realmente não se importava com o que tina acontecido, bom, baseando-se no que eu conheci dele ah dez anos atrás, Bradley nunca foi de ser muito sentimental. Mas eu realmente não estava conseguindo decifrar esse Bradley, ele estava sempre muito animado.
De qualquer forma, eu estava feliz em saber que ele não estava mais envolvido com coisas erradas, e eu queria entrar mais no assunto mas ele estava se esquivando então optei por deixar para outra hora. O segui até a cozinha e então logo a macarronada estava pronta, e uma delícia por sinal, nós comemos e conversamos, enquanto bebíamos vinho e eu acabei lhe contando toda a minha história com Jared e ele era um ótimo ouvinte.
-Você sempre lava a louça, ou está tentando me impressionar? – perguntei me apoiando na pia, ele riu enquanto ensaboava uma panela.
-Se você gosta de ver alguém lavando panelas... – ele falou rindo e arqueando as sobrancelhas.
-Ah, sim. Pago meus empregados para os verem limpando a casa – respondi sarcástica tirando outro riso dele. Então reparei que seu rosto ainda estava machucado por conta do soco que Jared o acertara. – Uh, Brad, queria me desculpar por Jared, ele é um pouco sabe ciumento e você também não ajudou muito naquela noite.
Ele me olhou de lado.
-Tudo bem, Magzinha – disse – eu no lugar dele teria feito a mesma coisa sem dúvidas. Só não o achei muito legal quanto Lizzy disse.
-Jared não é mais um garoto, então o que você acha legal para ele é perca de tempo como pegar diversas garotas em uma noite – falei
-Você está me chamando de garoto? – falou ele fingindo estar incomodado.
-Não – respondi – só que vocês dois são completamente diferentes.
E eram! Bradley e Jared eram totalmente o inverso um do outro, enquanto o primeiro era descuidado e impulsivo, o segundo era cuidadoso e calculista, enquanto Brad não ligava por sua saúde bebendo e fumando a noite toda, Jared se preocupava demais. E eu já fui apaixonada pelos dois, obviamente que meu amor por Jared ia muito mais além do que o que eu já senti por Brad mas se eu já cheguei ama-los significava que parte de mim se identificava com Brad e a outra parte com Jared e eu fiquei me perguntando como isso era possível.
-Hey, terra te chamando – ele falou estalando os dedos molhados na minha frente – Você não deixa de ser avoada, não é? E além do mais, seu vestido está sujo.
-Aonde? – perguntei olhado para baixo procurando a sujeira até que ele pegou um copo cheio de água e o jogou em mim me molhando. Eu ergui os olhos para ele descrente e irritada, enquanto ele ria descontrolado.
-Não está mais – falou gargalhando e dando dois passos para longe da pia, que continha uma panela cheia de água.
-Quer saber, muito inteligente essa sua brincadeira... aliás, você também está todo sujo.
-O que? – ele mal terminou de perguntar e eu peguei a panela de água e joguei sobre ele o molhando-o quase por completo.
-Margot Robbie! – ele falou o meu nome pausadamente e depois me olhando, e foi impossível não rir dele encharcado de água com sabão, a camiseta preta e a calça jeans estavam completamente molhadas na frente. E então no minuto seguinte ele me pegou no colo me colocando sobre seu ombro direito e me carregou pelo corredor do apartamento até chegarmos no banheiro enquanto eu ria e gritava para ele me soltar e ele me soltou, mas na banheira ligando o chuveirinho e me molhando por inteira o que resultou em uma guerra de água que nos deixou completamente encharcados.
Assim que desligamos o chuveirinho caímos derrotados e encharcados na banheira. Ele retirou um cigarro encharcado do bolso e tentou acender, mas não conseguiu. Com um balanço de cabeça ele jogou uma mexa de seu cabelo que caia sobre seu rosto para trás e sorriu ainda com o cigarro molhado entre os lábios. Eu me perdi por alguns segundos admirando-o na minha frente, lutando contra um cigarro que notavelmente não acenderia. Ele era tão bonito, seu jeito gangster com aquelas tatuagens e olhos claros. Ele reparou que eu estava encarando-o e retirou o cigarro dos lábios sorrindo.
-O que está pensando, Magzinha? – ele quis saber jogando o cigarro longe. Pisquei rapidamente os olhos jogando longe também meus pensamentos.
-Nada – disfarcei – nossa eu estou toda molhada – tentei quebrar o clima que nos rodeou.
-Ah, pode pegar uma de minhas roupas – ofereceu ele e eu peguei, uma camiseta e uma calça de moletom que me deixava em um estilo meio skatista. Meu telefone tocou e eu me surpreendi com Lila me ligando.
-Onde você está? Está com o idiota do meu irmão? – ela mal me deixou dizer alguma coisa e basicamente gritou no telefone, era dez e meia da noite e ela estava notavelmente alterada.
-Sim, Lila – respondi – por que?
-Preciso que vocês venham aqui para casa agora! Eu estou dando uma festa e vocês dois tem que vir participar. – era estranho como ela conseguia misturar o bom humor a sua voz mandona e grosseira. Não era uma boa ideia ir, eu deveria voltar para casa e ficar com minha filha e então neguei mas fui xingada por uma longa lista de adjetivos pela minha amiga bêbada. E Bradley foi ameaçado de ser castrado, ok, quem resistiria ao doce e meigo jeito de ser de Lila?
Mas antes de irmos, passei na minha casa para poder trocar de roupa e depois seguimos para a casa de Lila que ficava à poucos quarteirões da minha, mas da esquina já podia-se ouvir o som alto e o grito de comemorações vindo da casa. Ao passar pela piscina vimos inúmeras pessoas dentro e fora dela, a sala apesar de ser grande, quase não podia-se mexer porque estava parecendo uma pista de dança de balada.
-Ah, finalmente você chegou – ela apareceu contente e tropeçando nos saltos me puxando por entre a multidão até sua cozinha.
-Por que está dando uma festa? – Bradley perguntou já com uma garrafa de cerveja na mão.
Ela olhou para ele e retirou os olhos.
-Porque eu quis, dã – foi sua resposta e tratando-se dela, fazia todo sentido. – Margot, esse é o Tom.
Ela me puxou até um homem alto que eu reconheci no mesmo instante, era o mesmo homem que esteve com eles no dia do meu aniversário em minha casa. Ele não parecia tão estranho agora, ele era muito bonito na verdade.
-É seu novo namorado?
-Não! – me respondeu rindo – é apenas um amigo – senti no tom da sua voz uma certa diferença, um clima estranho nos rodeou e então que eu notei que o braço de Bradley estava em volta do meu pescoço, e as íris azuis de Lila pareceram não gostar muito do que viu, se eu fosse um pouco mais paranoica poderia jurar que ela na verdade nunca gostou de nos ver juntos.
-Aonde está o Jared, Margot?
-Trabalhando – respondi.
-Oh, então você aproveita o seu tempo “livre" para ficar com seu ex namorado? – disse erguendo as sobrancelhas e tomando um copo de Whisky. Ela foi muito sugestiva.
-O que? Não. Nós só estávamos conversando e jantando. – o jeito que ela estava me olhando estava me incomodando demais.
-Hm – ela ainda mantinha o tom irônico em sua voz –Bradley, vem me ajudar em um negócio enquanto isso, Tom pode fazer companhia para Margot!
Ela falou retirando Bradley de meu pescoço e me jogando para perto do tal Tom que mediu meu corpo como se eu fosse a porra de uma boneca de vitrine, e logo ela sumiu arrastando Bradley atrás de si me deixando sozinha com aquele idiota.
Ele ficava me olhando e sorrindo, como se quisesse algo.
-Desculpe, mas você está com algum problema? – perguntei incomodada.
-Como assim?
-Você está me incomodando. – falei como se fosse óbvio.
-É que eu te achei muito gata, muito mesmo – sua voz saiu mais nojenta do que eu imaginei que poderia ser.
-Obrigado mas eu sou casada – falei irritada querendo que ele se tocasse mas o idiota ainda permaneceu sorrindo e me olhando.
-Eu sei. – foi a resposta dele. Que cara nojento! Com certeza era uns dos peguetes de Lila que ela tentava jogar para cima de mim e das meninas. Sem estomago para continuar ali perto dele fui para os fundos da casa onde me disseram que Bradley e Lila estavam, e realmente estavam. Eles cochichavam sobre alguma coisa que estava deixando Lila muito irritada mas cortaram o assunto assim que me viram.
-O que aconteceu? – quis saber me aproximando deles dois.
-Mostre para ela, Ly. – Bradley ordenou nervoso para a irmã que estava mais alterada ainda.
-Mostrar o que? – eu insisti me aproximando mais deles, ela suspirou e me estendeu seu celular.
-Você sabe que eu e o Ian se pega as vezes, né? Então ele me mandou essas fotos ontem e se você der um zoom vai notar uma coisa...
Ela nem precisou terminar de falar para eu entender perfeitamente, eram três fotos que Ian tinha mandando, selfies comum, pelos olhos avermelhados ele estava alterado mas meu foco não era nele. Ele estava em uma balada, escura, a qualidade da foto não era as das melhores mas mesmo assim eu reconheceria o rosto de Jared em qualquer multidão, no fundo, um pouco atrás de Ian Jared estava sentado em um banco alto do balcão e Amber estava em sua frente, na primeira foto ela estava virada para ele sorrindo, dentro de um vestido que poderia ter sido roubado do meu guarda roupa de tão curto, na segunda a mão dele estava sobre sua cintura e a terceira, a terceira fez crescer em mim um ódio cego, um ciúmes que me consumiu até a espinha. Ela estava inclinada no balcão com a bunda empinada, a mão dele estava pouco acima de sua cintura enquanto ela sorria olhando para ele, e ele para ela.
Como ele pode ser tão filho da puta? Como ele pôde me dizer que ia para o outro lado do mundo a trabalho e ficava de papo com aquela versão mais nova de mim, em uma balada?
-Não precisa quebrar meu telefone – Lila disse tirando minha concentração daquelas fotos malditas. Meu estômago embrulhou de ver as mãos dele tão íntimas no corpo de uma outra mulher, eu não iria chorar, com certeza não mas queria matar ele com minhas próprias mãos.
-Que filho da puta! – eu rosnei entregando o celular para ela novamente.
-Margot, as vezes pode ser um mal entendido – Bradley disse tentando me acalmar o que era claramente impossível.
-Mal entendido, é isso que eu vou falar para polícia quando eu MATAR ele! – eu praticamente gritei assustando os dois, a minha vontade era pegar um avião e ir atrás dele mas não podia fazer isso e também com certeza não iria.
-Como ele pode ser tão canalha? Você está aqui ainda sendo a mulher perfeita para ele e ele faz esse tipo de coisa? – Lila disse jogando mais lenha na fogueira, mas a fogueira já tinha perdido o controle e se tornado um incêndio em mim. – Bom, se eu fosse você pararia um pouco de se importar e iria me divertir também.
-Você acha que ele...
-Ah não seja tão sonsa – ela respondeu antes que eu concluísse a frase. Mas eu neguei aquilo para mim mesma repetidas vezes, as fotos estavam ali e a imagem dele com outra mulher me fazia querer vomitar. Todo o meu lado racional começou a me dizer que o Jared que eu conhecia não faria aquilo comigo, ele não me trairia com a primeira loira que aparecesse na frente dele, criei milhares de desculpas possíveis para mim mesma, aquelas fotos poderiam ter sido de um momento errado... poderia...poderia... poderia e tinha que ser qualquer coisa menos aquilo que Lila estava supondo.
Notando que eu estava divagando perdida em meus próprios pensamentos, ela sugeriu que eu ligasse para ele. As fotos tinham sido da noite anterior portanto ele estaria “bem" para me atender.
-Deve ser cedo lá – disse como desculpa mas na verdade estava com medo de confronta-lo.
-Cala a boca e liga logo – ela insistiu. Tomei o celular de sua mão novamente e disquei seu número, pela distância levou um tempo para que finalmente começasse a chamar e no segundo toque atendeu.
-Celular do Sr. Leto, quem é? – a voz feminina foi reconhecida na primeira sílaba. Meu coração pareceu ter petrificado dentro de mim.
-Onde ele está, Amber? – perguntei tentando manter a voz calma diferente de como eu estava me sentindo.
-Ah... Margot! – ela pareceu extremamente surpresa por ouvir minha voz, depois ficou quieta por alguns segundos. – ele está ocupado agora.
Não com as mãos em você, eu espero! Eu pensei comigo mesma.
-Ah é?! – eu perguntei curiosa. – Passa o celular para ele!
-Ele...
-Você escutou garota? Passa essa porra de celular para ele – eu rosnei já pouco ligando para calma. Ela ficou quieta e depois de ruídos ele atendeu.
-Oi, sou eu. – ele disse quase sussurrando – aconteceu alguma coisa? – ele pareceu preocupado.
-Por que aquela vadia estava com seu celular, Jared? – eu gritei novamente provavelmente o assustando pois sua voz era mansa.
Ouvi um suspiro antes dele falar.
-Eu estou em reunião e pedi para ela ficar com meu celular – justificou ele. Seria verdade? Porque era algo tão clichê. Mas eu balancei a cabeça e minha garganta deu um nó, era cedo lá, talvez umas sete ou oito horas, diversas coisas passaram pela minha cabeça em um único minuto e eu só queria espantar elas para longe mas não conseguia. Eu estava tremendo das cabeças aos pés de tanta raiva, mas era insuportável pensar nele com outra mulher. Quanta insegurança, Margot Robbie!
-Ah, achei que você estava em alguma balada passando a mão nela. – eu falei ríspida e sarcástica.
-O que? – sua voz confusa soou rapidamente.
-Quando você me falou que precisava de uma assistente eu imaginei que seria para trabalho, e não para ficar passando a mão nela! – gritei descontrolada. Como era difícil se controlar depois daquelas fotos.
-Olha só, eu não estou entendendo nada do que você está falando. – ele falou e realmente parecia não entender só faltava ter enchido a cara e não se lembrar de nada.
-Quem faz isso é você, não é? – ele respondeu e eu percebi que tinha pensado em voz alta, alta demais inclusive. – Olha, Mag, Eu preciso voltar depois eu te ligo e a gente conversa, ok?
-Tudo bem. – eu respondi abaixando o tom de minha voz. Eu estava me precipitando, eu sei disso mas nossa parecia que meu peito iria explodir. – Eu amo você.
-Eu te amo muito mais. – ele respondeu calmo e sereno me tirando um suspiro e fazendo meus olhos lacrimejarem, e então eu desliguei o telefone e lembrei da minha plateia de duas pessoas que pareciam muito interessados em saber o que eu tinha ouvido dele.
-Ah, você não vai ficar chorando por causa dele, não – disse Lila.
-Você precisa de divertir, dê o troco nele. – aconselhou Bradley. E por que não? Se ele podia se divertir, eu também tinha esse direito.
Então nós voltamos para o interior da casa e voltamos a aproveitar a festa, porque quando se falava em festejar Lila e eu éramos as mestres nisso. E para tentar esquecer a raiva e o ciúmes acabei bebendo mais do que deveria, nem mesmo me lembrava como acabei chegando em casa apenas acordei na manhã seguinte jogada no sofá descabelada, com a maquiagem acabada e uma garrafa de vodca jogada ao meu lado. Puta merda! O desespero tomou conta do meu corpo quando abri os olhos e em um breve movimento de cabeça tudo me veio a tona na noite anterior. Passei a mão no cabelo jogando-o todo para trás e procurei meu celular que estava caído no chão. Já era quase duas horas da tarde, e havia tantas mensagens! Algumas insignificantes e umas mil de Jared, como ligações perdidas.
Olhei as mensagens de Lila no nosso grupo de mensagens e me deparei com as fotos mais humilhantes da minha vida, nunca me senti tão envergonhada daquela forma pois eu estava parecendo uma adolescente em uma festa do ensino médio, Jesus, eu passara grande parte da noite dançando com Tom, que se aproveitou para se esfregar em mim, ele tentara me beijar mas eu sabia que isso eu não tinha feito, eu morreria antes de trair meu marido. Bradley e Lila também apareciam nas fotos, talvez a mais vergonhosa era Bradley derramando vodca pura minha boca não é atoa que eu não me lembrava de como cheguei em casa.
-Você é uma idiota, Robbie! – murmurei para mim mesma. Então eu me lembrei das milhares mensagens de Jared e resolvi ligar para ele, depois me lembrei do porque eu acabei extrapolando na bebida. Chamou e chamou mas ninguém atendeu, depois da terceira ligação finalmente.
-Eu estou ocupado, tem como você esperar? – foi assim que ele me atendeu, ignorante e ríspido.
-Achei que Amber estivesse aí para atender – falei tão irritada quanto ele e sarcástica.
-Foi um mal entendido...
-Ter ido para a balada com ela e passado a mão nela também foi? – perguntei furiosa. Ele ficou calado alguns segundos parecendo um pouco alheio a minha provocação. – me responde!
-E você acha que eu não sei da sua noitada, também? Belas fotos, Margot! – respondeu irônico.
-Não, você não vai virar isso contra mim. A única razão pela qual eu bebi ontem era para tentar esquecer da imagem das suas mãos no corpo de outra mulher – eu voltei a gritar, meu Deus, Eu estava totalmente descontrolada.
-Tem certeza? Será que o Bradley pensa a mesma coisa? – ele falou mas não me deu a chance de responder – preciso ir, nós conversaremos mais tarde.
Mais tarde? Ele iria me deixar ansiosa, agoniada, triste? Não mesmo.
-Vai se foder! Por que você não me conta logo a verdade? – rosnei furiosa se eu pudesse bater nele com certeza teria feito.
-Não era para você estar agindo assim, como uma adolescente. Era para você estar com Hannah mas eu ligo em casa e descubro que minha mulher está festejando.
-Mas eu estou aqui com ela, esperando pelo pai dela que está mais preocupado em se divertir com outra! – acusei e então houve um breve momento de silêncio.
-O que você está querendo dizer, Margot? – ele perguntou com a voz um pouco alterada assim como a minha. A imagem dele me traindo passou pela minha cabeça com uma onda de dor e desespero, as mãos deles em outra, os lábios dele que eram tão meus beijando outra mulher... isso era quase insuportável. Fechei os olhos tentando mandar a imagem para longe, eu estava sendo injusta com ele por causa de uma foto, uma simples foto e eu já estava acusando-o de traição, estava chamando o pai da minha filha de traidor por causa de uma foto que veio das mãos de Lila. Quando foi que a voz dela passou a ter mais credibilidade do que a dele?
As fotos que eu acabara de ver minhas também aparentava muitas coisas, ele poderia estar me acusando de algo mas ele só estava bravo.
Eu engoli em seco arrependida do que disse antes.
-Eu só estou magoada, Jar – falei suspirando.
-Então se acalme, eu estou no meio de uma reunião, depois eu te ligo. – ele disse rapidamente e então desligou me deixando ali no mar de confusões que eu mesma tinha me jogado por causa de uma foto. Eu era uma grande imbecil, claro que eu queria que ele me explicasse o que era aquela foto mas como pude acusa-lo sem lhe dar o benefício da dúvida?
Bom, apesar disso eu não poderia ficar em casa o dia todo chorando ou me martirizando, Nelly já havia levado Hannah para a escolinha então tomei um banho e fui para a agência e assim que cheguei na minha sala fui rodeada por Marina, Lila e a Jane.
-Margot preciso que você assine, são as dívidas desse mês somando o clube e a agência – Lila disparou na frente delas.
-E Margot, temos um problema sério aqui, sabe a Audrea? – Lizzy disse e eu olhei para ela buscando a informação na minha cabeça –Alta, magra, cabelos longos e escuros
-Sei – falei não me recordando muito.
-Ela levou drogas pro quarto do hotel que estava com o Sr. Licon e a polícia acabou pegando e todo aquele alvoroço, ele está inconformado...
-Que Vadia – respondi, mas essa agora?
-E ele quer urgentemente um reembolso – ela concluiu com aquele olhar de “nos ferramos".
-O Sr. Newton ligou hoje para confirmar a reunião no clube segunda as dezoito. Posso confirmar? – falou Jane. Eu suspirei e revirei os olhos sentindo as consequências da noite anterior latejar na minha cabeça. Será que ninguém sabia se virar sem mim? Onde estava Marina aliás? Por isso que ela era minha vice, para ter que se preocupar por mim.
Peguei os documentos da mão de Lila e meus olhos saltaram.
-O que é isso? – falei observando os valores absurdos, quase meio milhão de dólares? – isso está totalmente errado, Lila. Não é possível que tenhamos gastado tanto assim e lucrado tão pouco, refaça e eu quero detalhe por detalhe do que foi gastado e do que lucramos, eu vou checar tudo depois, diga para Marina não assinar nada antes que eu cheque. – ordenei e ela pareceu um pouco insatisfeita com a minha resposta, mas sem tempo para ficar encarando ela entreguei o documento e a mandei sair. – Lizzy, diga para Audrea vir a minha sala daqui a pouco e Jane por favor ligue para o Sr. Licon e diga que quero conversar com ele se possível pessoalmente.
E confirma a reunião – concluí a lista de ordens que estava apenas começando, eu tinha ainda tantas coisas para resolver, assim que elas saíram eu me joguei em minha cadeira levando os dedos as têmporas massageando levemente ali. Duas horas depois, Audrea bateu em minha porta me retirando de meus documentos e problemas, tive uma longa conversa de uma hora com ela e então fomos também interrompidas por Marina, Lila e Lizzy.
-Eai, mandou ela embora? – perguntou Lila entusiasmada.
-Não – respondi indiferente me divertindo com a cara que ela fez.
-Como não? – ela perguntou.
-Audrea vai ficar internada na clínica onde eu fiquei por um tempo, benefício nosso. – respondi – ela é uma boa mulher, só precisa de ajuda. Pode erguer esse queixo, ok?
Falei dando dois tapinhas embaixo de seu queixo me divertindo da indignação dela, para Lila a punição era a solução mas eu não compartilhava dessa opinião.
-E agora nós estamos fazendo caridade? – ela falou me tirando do meu sério, mas a ignorei, então logo começamos nossa reunião para tratar sobre os problemas da agência especialmente sobre o valor absurdo que Lila havia me mostrado antes, acabou que foi apenas um erro de cálculo e nós não estávamos devendo nem a metade daquilo, o que significava: meio milhão de dólares para minha conta esse mês, eba! Mas ao longo da reunião minha cabeça começou a divagar indo para outro lugar, ou melhor para ele. Era quase final de tarde e ele não tinha me mandando nem mesmo uma massagem o que fazia meu dia ficar péssimo em questão de segundos.
-Margot! – Marina bateu na mesa me chamando.
-Desculpe, eu estava distraída. O que vocês disseram? – perguntei entre os olhares das três.
-Aconteceu alguma coisa?
-Ela brigou com Jared e está enlouquecendo – Lila tomou a frente e respondeu por mim.
Mas logo pedi para mudarmos de assunto porque desde quando minha vida virou pauta para elas? Acabamos a reunião cedo, e então Lizzy queria ir para algum lugar já que era sexta feira a princípio eu não gostei muito da ideia mas só de pensar em ficar sozinha no meu quarto sofrendo por ele decidi acompanha-las, seria por só algumas horas. Então fomos para um pub perto da agência e acabamos encontrando Tom e Bradley lá, tomando cerveja.
Bom todos se divertiam, eu não conseguia tirar minha cabeça dele. Apesar da briga, eu estava com saudades e queria poder fazer as pazes, queria poder beija-lo e abraça-lo, dizer que estava tudo bem, que eu era uma completa idiota e não deveria me comportar daquele jeito mas ele também não deveria me provocar saindo com outras por aí. Meus olhos encaravam a tela preta do meu celular a cada dez minutos em busca de alguma mensagem mas sempre era uma decepção nova.
-Está tudo bem? – Bradley perguntou.
-Sim – respondi sem muito ânimo.
-Um Whisky para animar essa loira triste aqui – ele pediu para o garçom que se prontificou imediatamente. Olhei para ele com olhos de cachorro abandonado.
-Foi tão feia a briga assim? – ele quis saber.
-Péssima – joguei o cabelo para trás – pior que não consigo nem ligar para me desculpar.
-E a culpa foi sua? Acho que você está certa em confronta-lo.
-Eu não confrontei, eu o acusei. É completamente diferente. – respondi dando uma golada em meu Whisky. – e eu odeio ficar assim com ele.
Bradley também deu uma golada em meu Whisky e sorriu.
-Ele não tem ideia do que tem nas mãos, Margot. Se ele soubesse a mulher maravilhosa que você é...
-Hey, pode parar – falei – Jared e eu podemos brigar mas nós nos amamos e isso nenhuma briga irá mudar. Você não o conhece, Bradley, ele não tenta me fazer sua boneca perfeita como vocês acham, mas eu quero ser perfeita para ele porque ele é para mim.
Seus olhos ficaram fixos em mim.
-Uau, acho que fiquei com ciúmes – falou amimado me fazendo rir.
-Ele sabe muito bem me fazer feliz. – respondi pensando em todas as vezes que ele me fez sorrir, me fez feliz, me amou. É, eu realmente era uma idiota.
-Tudo bem, Magzinha. – Bradley falou – só não quero que ele te machuque.
-Não vai. – afirmei e logo em seguida meu humor desceu mais ainda. Ah como eu era uma idiota brigando com meu homem por conta do que Lila e Bradley sugeriram. Eu olhei para o celular, por que eu estava esperando uma mensagem? Eu tinha o acusado, eu tinha festejado a noite toda como uma adolescente, eu deveria tentar me redimir com ele e fazer as coisas melhorarem.
-Eu já volto – falei para Bradley e peguei meu celular saindo do pub, rapidamente disquei no número dele e aguardei completar a ligação.
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A acompanhante (CONCLUÍDA)
Romansa(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...