“Eu não vou sentir nada quando nós explodirmos em pó para sempre e nenhum anjo irá nos ajudar porque todos eles foram embora... Você diz que eu não me importo com o que penso mas estou pensando em você agora...”
-Sr. Leto? – Cristina bateu na porta mas logo entrou um pouco tímida, Jared me colocou novamente no chão e ajeitou seu paletó. – O Sr. Precisa assinar essas entregas.
-Bom, você tem muito trabalho a fazer... acho que devo ir – falei também ajeitando meu vestido, ele segurou meu punho e me beijou rapidamente.
-Te pego hoje as 18h em frente ao seu prédio. – falou.
-Vou ficar te esperando – falei, pisquei para ele e passei por Cristina saindo dali.
No restante da tarde fui para a academia treinar um pouco, e depois fui para um spa. Ah quanto tempo eu não fazia isso? Tinha até esquecido como é bom passar o dia inteiro só relaxando. Tratei da minha pele, do meu stress, fiz as unhas, o cabelo, sobrancelhas, depilação, tudo o que uma mulher merece por um dia inteiro.
Depois que saí do spa fui para o shopping comprar um belo vestido e um par de sapatos, mas acabei saindo de lá com mais sacolas do que podia carregar. Acabei escolhendo um vestido justo vermelho, elegante para usar aquela noite e acabei chegando em casa um pouco antes das cinco e meia, mas consegui me arrumar antes das seis. Passei um esfumado preto em meus olhos realçando a cor azul deles, um batom nude e bochechas rosadas.
Me olhei no espelho e gostei do que vi, parecia até que iria acompanhar algum cliente mas não, iria ir para um lugar legal com alguém com quem realmente gostava de estar. As seis horas esperei que meu celular vibrasse com ele me avisando que já estava me esperando, porém obtive o nada como resposta. Então esperei, esperei, e esperei jogada no sofá já irritada.
As seis e meia meu celular vibrou, ele finalmente havia chegado.
Desci o caminho todo pensando em como mata-lo por me fazer esperar igual uma idiota. Caminhei até ele com passos firmes, ele estava encostado na sua Mercedes prateada.
-Meia hora de atraso! É assim que se começa um segundo encontro? – falei irritada fazendo bico, ele sorriu abaixando a cabeça.
-Desculpe, tive que resolver um negócio de última hora.
Empinei o nariz e cerrei os olhos.
-Não se coloca um coisa na minha frente, lembre-se disso, Mr. J.
Ele arqueou a sobrancelha e sorriu novamente.
-Ms... O motivo pelo qual me atrasei é você.
-O quê?
Ele se afastou do carro parando em minha frente, retirou a mão do bolso.
-Trouxe isso para você – e abriu uma caixinha vermelha de veludo, assim que abriu o colar brilhou. Lembrava o coração do oceano, do titanic, mas era pequeno e a pedra era uma esmeralda reluzente. Engoli em seco olhando para o colar em sua mão. – Eu nunca te dei nada tão luxuoso antes mas sei o quanto você gosta de joias.
Meus lábios se curvaram em um sorriso enorme e eu logo me joguei em seus braços o abraçando.
-Isso é uma ótima forma de se desculpar por um atraso – falei, ele sorriu.
-Vire-se – me virei e ele colocou o colar em mim, depois me olhou suspirando. – já que não posso te dar uma aliança como essa – apontou para o meu dedo – ficarei feliz se usar o colar por mim.
-Se eu não for sequestrada andando com um colar desses por aí, por mim tudo bem.
Ele deu um leve sorriso virando a cabeça para o lado.
-Vamos? – abriu a porta e eu escorreguei para dentro do carro.
Chegamos no restaurante rápido, o garçom nos conduziu até a nossa mesa reservada. Jared como um cavalheiro, puxou a cadeira para mim e me sentei, logo ele fez o mesmo. Fizemos nossos pedidos e o garçom se retirou.
Ele começou a fazer alguns comentários sobre o local, estava divertido, descontraído e feliz.
-Jared, posso te fazer uma pergunta? – falei
-Claro.
-Hoje mais cedo você não pareceu se importar quando as pessoas nos viram juntos em sua empresa...
Ele passou a mão no queixo e se arrumou na cadeira.
-Eu não pareci, eu realmente não me importo que as pessoas me vejam com você. – parou um pouco para pensar em algo – honestamente se mantenho isso em segredo ainda simplesmente porque prezo pela sua reputação.
Fiquei com os lábios entreabertos.
-Meus colaboradores sabem que sou noivo, mas não conhecem Natalie.
-Por que não?
Ele limpou a garganta comendo um pedaço de seu taco vegetariano.
-Porque ela é chata e tem que ficar fora do meu trabalho – disse assim que engoliu.
-Quanto machismo – ele riu.
-Não é machismo, não sou contra as mulheres no mercado de trabalho mas Natalie confunde liderança com um ditador tirano. Expliquei a ela que as coisas não funcionam assim, ser um líder não significa estar a frente mas sim junto, mas alguém, posso supor que seja sua mãe, coloca na cabeça dela que pode tratar as pessoas lá dentro da forma que quiser e isso eu não admito.
-Que vaca! – falei também indignada com aquilo.
Ele riu.
-Por isso a mantenho longe dos meus negócios, não tenho muita paciência para explicar algumas coisas.
-Mas se eu estivesse no lugar de Natalie iria te perturbar até mandar aquela recepcionista embora!
-Quem? – ele juntou as sobrancelhas.
-Ana... Alguma coisa assim. – ele pareceu um pouco perdido – fica no térreo!
Ele abriu a boca se lembrando.
-Ana é um pouco ríspida mas é uma ótima funcionaria.
-Que seja, ainda é uma vadia!
Ele riu novamente.
-Como você consegue ganhar a antipatia da maioria das mulheres a sua volta tão rápido?
Cocei a sobrancelha
-Porque na maioria das vezes seus homens estão preocupados em olhar para minhas pernas e isso as deixam irritadas. – soei como uma vaca arrogante, ele riu novamente.
-Se você usasse roupas mais comportadas... – abri a boca indignada com o que ele disse. E ainda dizia que não era machista! – eu sugeria uma turca mas com um véu que cobre até mesmo seus olhos
Joguei um pano de prato nele que começou a rir.
-Não seja ridículo. Vocês olham para as minhas pernas porque vocês não prestam!
Ele ria de mim como besta, me deixando corada, sempre ficava corada quando ele ria do meu temperamento.
-Eu estou brincando com você... Respeito as decisões e escolhas das vestimentas femininas. E adoro te ver usando um short curto.
-Não se importa que outros homens olhem para mim? – falei, ele balançou a cabeça.
-Eles não podem te tocar. – ele me fazia se sentir tão desejada, tão amada, tão exclusiva dele que era difícil não ficar sem graça diante dessas palavras.
-Queria poder dizer o mesmo sobre você. – falei, logo sua expressão mudou. Sei que não deveria falar aquilo fazendo nosso assunto mudar de divertido para tenso, mas não conseguia evitar mais a forma como sentia mal ao saber que era ela que dormia com ele todos os dias e o via pela manhã.
-Sobre isso, eu sei o que quero fazer mas não sei como fazer, Margot.
Sua voz soou um pouco apreensiva.
-O que você quer dizer? – juntei as sobrancelhas.
Ele deu um longo suspiro e depois voltou a olhar para mim, segurando minhas mãos pelo o outro lado da mesa.
-Posso acabar com toda essa farsa se você quiser ficar comigo.
Senti aquelas palavras me bombardearem, suspirei fundo com os lábios tremendo. O meu coração foi parar na garganta quase me sufocando, Jared olhava fixamente para mim que provavelmente estava pálida. As palmas das minhas mãos logo suaram, droga eu o queria tanto. Queria tanto estar com ele. Toda aquela ideia de transar e cair fora parecia mais um pensamento distante agora na minha cabeça.
-Você faria isso? – minha voz soou mais esperançosa do que eu queria, mas logo fiquei com medo da sua resposta. Ele mordeu o lábio rapidamente e apertou minhas mãos.
Ele apenas balançou a cabeça rapidamente confirmando, desviei de seus olhos rapidamente sem saber o que responder, ele sempre me deixava sem palavras o que era algo inédito para mim ficar intimidada por alguém. Mas ele me fazia se sentir uma adolescente boba tímida e de certa forma eu odiava aquilo, odiava perder o controle dos meus sentimentos, odiava perder o controle de mim mesma.
Engoli em seco e meus lábios se curvaram em um sorriso mas o clima ficou meio tenso como se ele estivesse esperando uma resposta do tipo “então cancele agora mesmo”, mas não disse, pelo contrário alguém interrompeu nossa conversa nos salvando daquela terrível situação.
-Vão querer sobremesa? – o garçom usando um chapéu mexicano perguntou retirando nossos pratos.
-Sim – respondi me virando para ele e depois pegando o cardápio escolhendo.
-Lo que la señorita quiere? – Jared disse me fazendo rir provavelmente querendo também quebrar o clima estranho que ficou entre a gente.
-Tequila! – falei rápido e animada, arrancando um riso dele.
-Uma tequila para la chica – falou se virando para o garçom que anotou.
-Como assim uma? Você vai beber comigo. – falei, ele arqueou a sobrancelha.
-Não gosto de bebidas tão fortes e estou dirigindo, Margot.
Fiz um bico enrugando a testa.
-Não seja tão certinho! – e o garçom saiu. – vamos, vai ser divertido nós dois bêbados!
Outro riso.
-Hoje, não, Margot! – falou ficando sério. – não vou dirigir bêbado.
-Então tá! Seu chato! – respondi cruzando os braços, ele sorriu e se inclinou para frente apertando minha bochecha.
-Já te disse como fica linda quando está com raiva? – fingi uma risadinha para ele e o garçom voltou com a tequila na mão, dois copos e limões na outra. Assim que os encheu as peguei rapidamente e virei, tomando tudo em um gole rápido. Fiz uma careta sentindo o gosto amargo da bebida na boca, e depois descendo queimando pelo meu esôfago.
Não levou muitos minutos para a bebida forte começar a fazer o efeito que deveria. Uma banda mexicana começou a tocar ao vivo, animada e bêbada chamei Jared para dançar mas ele recusou dizendo que não pagaria esse mico mas me levantei e fui dançar com algumas latinas que estavam ali ensinando os passos latinos para umas americanas que não sabiam direito como rebolar a bunda e mexer a cintura, me envolvi entre elas aprendendo rapidamente os passos mexicanos. Fui tomando mais tequila e ficando cada vez mais animada e desinibida.
Jared ria das minhas palhaçadas como se eu fosse uma criança boba e feliz.
-Palmas para la chica más animada de hoy – o vocalista da banda disse se referindo a mim e todos bateram palmas, inclusive eu, morrendo de vergonha, Jared apareceu por trás me abraçando e colocando um chapéu mexicano na minha cabeça.
-Acho que você tem um pouco de sangue latino correndo nas veias.
-Talvez. – brinquei.
-Onde aprendeu a falar espanhol? – questionou curioso.
-Um ex namorado. – respondi me lembrando dele. Jared finalmente dançou uma música comigo mas era uma noite realmente animada para mim, aliás, a bebida me deixava mais extrovertida do que já era.
-Você não deveria ter bebido tanto – ele disse assim que estávamos saindo do restaurante.
-Eu não estou bêbada, se é isso que quer dizer – respondi falando enrolado.
-Exatamente o que um bêbado diria – respondeu rindo, quando dei mais um passo tropecei nos meus próprios pés e quase caí porém ele me segurou – ainda é uma bêbada desastrada.
Ele estava zombando de mim, gargalhamos juntos.
-Jared! – a nossa risada foi interrompida por um homem que apareceu de braços abertos com uma loira alta e muito bonita.
Jared olhou para ele e sorriu, contente por ver o homem.
-Robert! – ele me soltou alguns minutos abraçando o homem dando alguns tapinhas em suas costas, eu estava mexendo com o chapéu mexicano na minha cabeça, deveria estar engraçada – O que está fazendo aqui? Robert essa é Margot, Margot esse é Robert advogado da empresa.
Levantei os olhos para cumprimentar o homem, meu sorriso congelou na minha cara e meu estomago também. Novamente meu coração foi parar na garganta! Puta merda!
-Carmen? – ele piscou algumas vezes me olhando bem, olhei para ele e depois para Jared rapidamente que parecia confuso.
Já havia acompanhado Robert antes de conhecer Jared, uma vez apenas. Alguns clientes menos íntimos ou nada íntimos me conheciam apenas como “Carmen” e era melhor assim, ninguém nunca entendeu porque eu gostava de manter meu nome em segredo em algumas ocasiões, bom, ali estava um ótimo motivo para isso. Eles ainda me olhavam confusos e curiosos, engoli em seco fazendo meu coração “voltar” para o lugar.
-Desculpe, acho que você está me confundindo com outra pessoa – respondi.
Ele balançou a cabeça. Robert era um homem alegre, inteligente e muito rico. Mas também era um pervertido e casado, na noite em que saímos me levou para uma reunião chata e depois para um motel mas o droguei para que deixasse suas mãos bem longe de mim, e resolveu. Mas na época eu não podia imaginar que futuramente eu estaria tão aliviada por isso.
-Não, você é a Carmen! – ele afirmou, respirei fundo balançando a cabeça retomando minha pose de cínica mentirosa.
-Não, meu nome é Margot e nunca nos vimos antes, Sr.
-Nós saímos, apesar de não lembrar direito daquela noite, nós saímos juntos!
-Desculpe.... Realmente você está me confundindo. – meu coração batia rápido e as palmas das minhas mãos suavam.
-Bom, se não era você, você tem uma irmã gêmea por ai – riu levando as mãos a barriga, Jared acompanhou sua risada parecendo mais relaxado. – Mas você não tem um rosto comum, seria difícil me confundir.
-Você mesmo diz que não se lembra direito “daquela noite” – disse, a minha psicologia reversa sempre funcionava pois ele parou para pensar e riu novamente.
-Você tem razão. Vocês já estão indo? – mudou rápido de assunto.
-Sim, Margot está quase se mudando para o México – Jared zombou, dei um tapa nele.
-Só estava me divertindo...
-E está bêbada! – riu pelo nariz – foi bom te ver, Robert. Te vejo amanhã.
Jared passou a mão pela minha cintura e saímos andando, o homem disse um “até amanhã” animado e Jared e eu finalmente saímos da presença dele e da loira que se mantinha alheia a nossa conversa.
Deus, que saia justa passei! Quase quis sair correndo mas até que me saí bem, apesar de estar bêbada consegui fingir bem e Jared não parecia desconfiar de nada, mas assim que entramos no carro perguntei para ter certeza.
-Não achou estranho isso? – perguntei com um sorriso amarelado, ele ligou o carro olhou para mim e puxou os lábios para o lado, dando um sorriso.
-Robert sai com tantas mulheres que acredita já ter estado com todas nos estados unidos. – riu – na maioria das vezes, loiras de olhos azuis, são sua fraqueza. Não me surpreendo que tenha te confundido com alguém.
Sorri concordando, soltei o ar de meus pulmões aliviada mas mesmo que tenha conseguido escapar daquilo fui pega por outra coisa. Uma melancolia.
Estar com Jared me fazia esquecer quem eu era, o que eu fazia, as mentiras, as drogas, tudo isso. Ele me fazia se sentir normal, fazia-me querer coisas normais e simples da vida, ele resgatava em mim uma garota que eu deveria ter sido se a vida não tivesse me feito escolher ser essa mulher e sufocado a garota doce de quinze anos que sonhava em ser atriz. E ele nem tinha ideia disso, não era só o sexo que era bom com ele, era exatamente tudo. E quando eu estava com ele minha máscara caia, e eu era simplesmente eu.
Deitei a cabeça no vidro da janela quieta, e eu acabei adormecendo enquanto ele dirigia de volta para o meu prédio.
-Margot, chegamos! – anunciou me acordando com a mão em meu rosto, antes de abrir os olhos sorri com o toque dele. – você está bem? Me pareceu um pouco triste.
Respirei fundo me ajeitando no banco e olhando para ele.
-Como eu não estaria bem ao seu lado? – disse, outro sorriso em seu rosto.
-Te vejo amanhã? – perguntou esperançoso, olhei para o prédio e depois olhei para ele.
-Jar... – engoli em seco – sabe, Natalie me disse que você não iria para casa hoje e sabe, não tem ninguém em casa.
Acho que nunca falei algo tão envergonhada. Não tinha motivos para estar envergonhada, mas não queria que ele pensasse que eu estava carente e desesperada por companhia, pela a sua companhia, apesar de estar.
-E eu não queria ficar sozinha hoje a noite. – disse, mordendo o lábio.
-Você não precisa. – respondeu ligando o carro novamente e dando a volta no prédio entrando na garagem.
Enquanto subíamos pelo elevador agradeci mentalmente por morar no oitavo andar, pois foi ótimo me pegar com ele dentro do elevador espelhado. Ele me agarrou assim que a porta se fechou e me encostou na parede atacando meu pescoço, com experiência me ergueu em seu colo e cruzei minhas pernas em volta da sua cintura.
Ele ia abaixando as alças do meu vestido.
-Hey, tem câmera aqui! – falei olhando para a câmera, olhou também rindo safado.
-Droga – murmurou. Ataquei seus lábios atrativos até que a porta se abriu no quinto andar.
-Urum Urum – uma senhora limpou a garganta chamando nossa atenção, ela entrou no elevador e nos olhou por trás dos óculos, fazendo uma careta. Posso até imaginar o que ela estava pensando: “Esses jovens de hoje em dia...”
Jared e eu nos soltamos e ficamos um ao lado do outro tentando segurar o riso. A senhora desceu no sétimo andar, e Jared eu voltamos a nos agarrar.
Abri a porta do meu apartamento com muito esforço, ele parecia um adolescente recém desvirginado!
-Para! – reclamei rindo assim que entramos, ele me jogou no sofá branco e veio por cima de mim. – Deus, como você é insaciável! – falava rindo sentindo meu corpo estremecer ao toque de seus lábios por ele.
Ele parou olhando-me sorrindo. Levei minhas mãos ao seu rosto.
-Acho que agora você pode beber comigo. – respondi, ele fez uma careta.
-Nada de bebidas ruins! – respondeu.
-Fresco! – saiu de cima de mim e me levantei do sofá indo até a cozinha pegar uma garrafa de Bourbon e dois copos. Assim que voltei ele estava parado ao lado da mesinha segurando uma fotografia nas mãos.
Me aproximei e sorri ao ver a fotografia.
-Quem são? – questionou, olhei para ele franzindo o cenho.
-Ora! Eu, Lizzy, Lila e... Bradley. – respondi apontando o dedo para cada um.
-Estão diferentes. – comentou.
Olhei bem para a foto, ela ficava ali na sala como decoração mas raramente uma de nós parávamos para olhar para ela. Fazia quanto tempo? Cinco anos?
Lila tinha a cara fechada olhando para a foto, os cabelos curtos e escuros. Lembro-me que ela havia acabado de corta-los, dava a ela um ar mais velho. Lizzy ainda tinha os cabelos escuros, longos e encaracolados, segurava uma garrafa de cerveja nas mãos e sorria docemente, aquele sorriso que dizia “você não me conhece e nunca vai”. E tinha eu, vestida como uma bela stripper olhando apaixonada pra Bradley, com um sorriso nos lábios enquanto seu braço estava em volta do meu pescoço e ele sorria alegre para a câmera. Suspirei lembrando daqueles dias.
Erámos um belo grupo, o grupo dos quatro. Apesar das dificuldades do dia a dia, das milhões de mentiras, e tudo o que se pode imaginar, mas quando estávamos juntos erámos felizes, e em certo momento eu só queria que aquilo durasse.
-Não consigo te imaginar assim – Jared disse olhando para minhas roupas e salto de stripper. Olhei para ele piscando rápido.
-Preciso pegar uma coisa lá no quarto, você espera aqui rapidinho? – falei estendi para ele a garrafa de Bourbon e dois copos, ele apenas balançou a cabeça afirmando e colocou a fotografia no lugar.
Entrei no meu quarto um pouco trêmula sem ter certeza se deveria fazer aquilo. Que se foda. Ainda bem que a bebida ainda estava fazendo efeito no organismo me dando mais coragem e ousadia para fazer aquilo. Abri a porta do meu guarda roupa e comecei a vasculhar as roupas que estavam no fundo, quase mofadas. Encontrei meu espartilho favorito, que guardei por todos esses anos, só teria que ver se ainda servia pois engordei alguns quilinhos nos últimos anos.
Era de couro sintético preto, com pregas na frente. Peguei uma cinta liga e coloquei e depois procurei pelos meus saltos de stripper que eu tinha guardado em algum lugar, eu deveria ter jogado fora aliás me traziam memorias de uma época decadente mas também me trazia a memória de outras coisas boas e não me deixava esquecer de onde vim. O salto era transparente, com abertura para notas. Me olhei no espelho e baguncei um pouco o cabelo surpresa olhando a mulher que me tornei. Estava realmente sexy e linda.
Olhei para a sala e ele estava sentado no sofá tomando um pouco de Bourbon e mexendo no celular, apaguei a luz da sala assustando-o, e deixei a do quarto acessa para que iluminasse um pouco a sala, de forma que ele pudesse me ver. Ia ser um pouco diferente sem uma barra de pole, mas tudo bem, sabia como fazer aquilo, só desejei não ter perdido o jeito com a coisa.
Limpei a garganta parando em sua frente com as mãos na cintura. Seu queixo só não foi ao chão por estar grudado, com os olhos arregalados e a boca aberta ele piscava rapidamente como se estivesse em frente a uma miragem. Mordi o lábio inferior passando a ponta da língua nos dentes, depois sorrindo maliciosa.
-São cinquenta dólares uma dança particular. – falei estendendo a palma da mão, ele estava estático ainda com a boca aberta, sorri passando a ponta do dedo debaixo do seu queixo – não deixe a baba cair, querido.
Então finalmente ele pareceu recobrar os movimentos do corpo. Olhou rapidamente para minha mão estendida e entendendo o que eu queria dizer retirou cinquenta dólares do paletó colocando no centro da minha mão. Sussurrei um “obrigada” colocando a nota em meus seios.
Me afastei dele respirando fundo, apertando os olhos com força. Seja profissional! – disse para mim mesma imaginando que ele fosse só mais um cliente, mas não era. Conectei meu Ipod ao meu som e o liguei, coloquei a minha música favorita para aquilo. Night time, My time.
De costas para ele, fechei os olhos me envolvendo com a música. Tombei a cabeça para trás movendo meu corpo sensualmente enquanto imaginava os olhos dele em cima de mim. Me abaixei e me levantei virando para ele, olhando-o nos olhos. Ele estava me olhando a vontade no sofá, seus olhos em cima de mim da maneira que eu tinha imaginado. Visualizando cada movimento que eu fazia com o meu corpo como se não pudesse perder nenhum detalhe, nenhum movimento sequer, afastei minhas pernas um pouco levando minhas mãos até meus seios subindo até meu pescoço mordendo o lábio inferior, movendo a cintura calmamente.
Fechei os olhos para poder me envolver mais ao ritmo da música, tentando lembrar como era fazer aquilo, tentando não fazer nada errado. Descia, subia, jogava o cabelo para o lado mordendo o lábio inferior.
Na segunda parte da música, me aproximei dele sentando em seu colo, tentou me tocar mas não deixei afastando suas mãos e balançando a cabeça devagar sibilando as palavras das músicas. Empurrei meu quadril contra seu sexo o fazendo morder o lábio ainda olhando fixamente para mim. Prendi meus dedos em seu cabelo puxando sua cabeça para trás, lambendo seu pescoço de baixo para cima chegando até o canto de sua boca. Ele estremeceu e soltou um grunhido gostoso de ouvir. Sorri me deliciando com aquilo.
Me estiquei um pouco para o lado pegando a garrafa de Bourbon, levei até meus lábios depositando uma dose na boca. Puxei sua cabeça de volta para mim e beijei seus lábios, passando a bebida para a sua boca, ela escorreu um pouco pelos cantos de nossos lábios mas quem se importa com um pouco de sujeira? Aquilo ali estava realmente bom.
Finalmente suas mãos apertaram minha cintura, e continuei empurrando meu quadril contra ele.
-Você é sempre tão gentil comigo – falei choramingando, ele franziu o cenho acariciando meu rosto – mas hoje a noite dispenso a sua gentileza.
Ele me olhou sem entender direito o que eu estava querendo dizer.
-Me faça sua Jared... – sussurrei em seu ouvido segurando a frente de seu paletó – como se não fossemos apaixonados, como se eu fosse uma vadia que você quer muito foder.
Olhei para ele sorrindo maliciosa e excitada, e ele um pouco assustado com meu pedido.
Acho que não é sempre que uma garota faz um pedido desses.
-Margot... – pareceu um pouco preocupado.
-Faz isso! Só por essa noite. – ele cerrou os dentes mas rapidamente entrelaçou os dedos atrás da minha cabeça e me puxou para um beijo forte, desesperado e intenso. Nossas línguas se encontravam desesperadas, enquanto eu rebolava em cima dele excitando-o mais ainda. Fui tirando todo o seu paletó e o joguei longe, abri os botões de sua camisa com rapidez e comecei a beijar seu peitoral arranhando-o. Sua respiração era forte.
Me empurrou de cima dele levemente e pegando-me pelo braço com força me arrastou até o quarto me jogando em cima da cama com força, cai de costas sobre ela. Rapidamente e urgentemente ele veio sobre mim atacando novamente meu pescoço e abrindo meu espartilho, assim que abriu olhou para os meus seios com desejo e tesão, com uma mão apertou um e com a boca começou a chupar outro. Eu não estava esperando mas ele me acertou com um tapa que fez meu rosto virar e em seguida ele segurou meu rosto me beijando forte, eu nunca iria imaginar que eu gostaria daquilo, de levar um tapa e mesmo assim querer ele dentro de mim com força.
Mas ele parecia saber perfeitamente do que eu gostava.
Trocamos nossas posições, o empurrei subindo em cima dele com rapidez, sentei em cima do seu sexo apertando minhas unhas contra seu peito, ele pareceu sentir um pouco de dor porque fez uma careta, sorri com aquilo não me importando. Então ele sentou agarrando-me e puxando mais para junto de si, beijando-me com força. Pressionei nossas cinturas enquanto ele passava uma das mãos na minha perna e com a outra apertava minhas costas para estar mais junto a si.
Ele voltou para o meu pescoço, parecia adorar me deixar marcada. Tombei minha cabeça para trás enquanto finalmente ele decidia levar sua mão até minha intimidade por cima da calcinha.
A partir daí rolamos na cama fazendo muito barulho e muita bagunça.
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A acompanhante (CONCLUÍDA)
Romance(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...