The game is on

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“Alguém me disse para ficar longe de coisas que não são minhas, mas como ele pode ser tão seu se ele me queria tanto? Você não a ama, pare de mentir com essas palavras...”

Acordei na manhã seguinte um pouco eufórica e suando, logo me levantei e fui tomar um banho. Enquanto me banhava me lembrava dos hipnotizantes olhos azuis dos quais sonhei a noite toda. Que inferno! Uma noite foi o bastante para deseja-lo tanto? Parece que sim. Mas aliás, por que não? Já fazia um bom tempo que eu não sentia prazer a não ser pelos meus próprios dedos.
Saí do banheiro e amarrei a toalha em meu corpo. Me joguei na cama bufando, como eu iria fazer para conquista-lo? Eu iria consegui-lo, não importava o que ou quem eu usasse para isso.
Peguei meu celular e procurei pelo número de Natalie. Ela atendeu rápido.
-Magzinha! Finamente ligou, eu estava esperando – falou se exaltando demais, revirei os olhos ao ouvir “Magzinha”.
-Eu sei. – falei, me inclinei para o lado e peguei um cigarro acendendo-o. – estava pensando se não quer ir comigo a um pub esta noite.
-Um o que? – falou.
-Um pub – falei com voz tediosa. Que garota burra.
-Amor o que é um pub? – ela disse com a voz distante, meus lábios se curvaram em um sorriso ao pensar nele. – Ah vamos sim! – ela disse.
-Chame o Jared.
-Ele não gosta dessas coisas, ele é um chato – ela falou, revirei meus olhos novamente era muito boa nisso.
-Tente! – ordenei, então a voz pareceu distante novamente
-Amor, vamos a um pub esta noite? – ela perguntou, não ouvi a resposta – ah vamos, por favor deixa de ser chato... Vamos Jared!
Respirei fundo.
-Diga que eu estou chamando – falei.
-A Margot está chamando. – ela disse, então um minuto de silencio – Ah, ele disse que vai! – ela voltou feliz. Eu sabia, meu radar nunca falhava.
Passei o endereço do pub que eu tinha como favorito e marcamos o horário. Vesti apenas uma calça jeans de cintura alta, um salto e uma blusa decotada. O que já era o bastante para fazer qualquer um cair em cima de mim. Assim que cheguei no pub os avistei sentados no sofá em volta da mesa redonda.
-Boa noite. – cumprimentei-os.
-Ah Magzinha – ela abriu a boca em um sorriso enorme, me sentei em frente a Jared. – como você continua toda classuda mesmo sem aqueles vestidos chiques!
-Vamos tirar a palavra “classuda” das nossas conversas a partir de hoje, ok? – falei, ela apenas disse um ok concordando, era engraçado como por mais que eu fosse estupida ela simplesmente continuava me idolatrando. Chamei o garçom e pedi para ele uma bebida sem muito álcool, Natalie pediu batatas fritas e Jared salada, o que me fiz rir.
-Salada? – indaguei curiosa.
-Jared não come carne ou besteiras gordurosas – ah, está explicado o físico maravilhoso – ele é vigano. – ela disse.
-Se diz Vegano – ele a corrigiu.
-Sim – ela riu de si mesma – eu sou burra. Mas desde que nos conhecemos ele só come as mesmas coisas.
-Sim, faz bastante tempo que eu não como nada diferente. – ele falou, Natalie não entendeu o duplo sentido daquela frase, meus lábios se curvaram em um sorriso maldoso.
-Acho que deveria tentar experimentar uma coisa nova, Mr. J. – falei, passando a língua nos dentes discretamente. Me perguntei como era possível que Natalie não notasse que eu estava dando em cima do seu noivo na frente dela, mas claro, ela estava se acabando nas batatas fritas que acabaram de chegar. Jared se inclinou para frente colocando o cotovelo sobre a mesa e me olhando nos olhos. Seus olhos não eram nada meigos.
-O que você sugere, Ms.? – perguntou acompanhando o movimento da minha língua com os olhos.
-Talvez alguma coisa mais refinada do que o de costume – olhei rapidamente para Natalie ainda se acabando nas batatas fritas, e arqueei a sobrancelha. Ele sorriu de lado capitando a mensagem com precisão. Por debaixo da mesa estiquei minha perna, encontrando com a dele, rocei a ponta do pé sobre sua perna subindo até onde pude. Ele me olhou malicioso, puta merda, que olhar era aquele?
Natalie simplesmente parou de comer as batatas e olhou para a gente.
-Acho que preciso ir ao banheiro – disse lambendo os dedos sujos de Ketchup – já volto.
E saiu praticamente correndo pelo pub como uma doida. Olhei para o centro do pub e vi algumas pessoas dançando ao som de Elvis Presley, how do i live without you, uma das minhas músicas preferidas dele.
-Eu não danço – ele disse – sou péssimo nisso.
-Ah não seja modesto, vamos?! – falei, ele negou eu fiz um biquinho e olhos piedosos, ele riu daquilo.
-Tá bom – disse sendo vencido pela minha cara de cachorro abandonado. Ele se levantou do sofá, estendeu a mão, a segurei e escorreguei para fora do sofá e logo fomos para a pista.
Entrelacei meus braços em seu pescoço e suas mãos foram para a minha cintura. Ele não tinha nada de péssimo dançarino, como havia dito. Nossos rostos estavam próximos demais e eu senti um calor percorrer o meu corpo, até o cheiro de seu perfume me deixou um pouco tonta.
-Você a ama? – perguntei diretamente, ele olhou em meus olhos e sorriu sem graça e um pouco ofendido com a minha ousadia e falta de descrição.
-Por quê acha que eu falaria disso com você? – ele falou.
-É apenas uma pergunta. – falei, mas já tinha recebido a resposta que queria. Era obvio demais que ele não a amava, então havia alguma coisa por trás daquilo. – Eu sei que não... Mas queria saber o que ela fez para amarrar você.
Ele acariciou o meu rosto.
-Você é mais linda perto de mim desse jeito. – disse, sorri e abaixei os olhos por um breve momento. Por que quando ele me elogiava eu ficava tímida? Então ele suspirou – ela é filha da melhor amiga da minha mãe... Minha mãe precisou muito da ajuda dela quando éramos criança...
-Éramos? – perguntei, outro sorriso em seus lábios e eu estava começando a adorar aquele sorriso.
-Tenho mais irmãos, um irmão mais velho e uma irmã mais nova.
-Isso é bom... continue. – ordenei.
-Minha irmã, Cara, havia acabado de nascer e meu pai nos abandonou, sem casa, sem dinheiro, sem absolutamente nada. Então a bondosa Elena, minha sogra nos ajudou com abrigo, comida e necessidades básicas – ele suspirou, parecia ser um pouco difícil para ele lembrar daquele passado – depois Elena se mudou para o Texas com o novo marido, deixando a casa para minha mãe. Anos mais tarde nós todos nos reencontramos e dona Elena estava morrendo, mas não queria deixar a pobre e inocente Natalie sozinha no mundo, pois já havia perdido o pai e as irmãs moravam todas longe... Minha mãe me ofereceu como conforto para a amiga.
Eu não posso negar em dizer como fiquei contente em saber que o noivado deles era apenas uma moeda de troca, não envolvia sentimentos. Bom, pela parte dele pelo menos.
-Acabei aceitando o pedido da minha mãe... era impossível dizer não para uma pessoa que nos ajudou a vida toda.
-E a mulher morreu? – perguntei curiosa.
-Ela se recuperou dois dias após eu ter pedido Natalie em namoro – ele riu.
-Isso soa como manipulação. Adorei a dona Elena. – ele riu novamente. – Por que não terminou com ela depois que a velha se recuperou?
Ele pensou um pouco no assunto.
-Eu não sei ao certo... ela era divertida, bonita... E também não queria ferir os sentimentos da pobre garota.
-Falando assim até parece que se importa com ela, Mr. J. – falei com um sorriso cínico no rosto que ele voltou a acariciar.
-Essa é a minha história e a sua?
Em hipótese alguma eu contaria minha história para ele. Stripper aos quinze anos, vadia de luxo aos vintes, viciada em cocaína, sem parentes, o que eu diria de bom para ele? Desviei nossos olhares por breve segundo e depois voltei a olha-lo.
-Acho que vai ter que esperar para ver.
Ele pareceu bastante intrigado.
-Você é uma mulher muito misteriosa, Ms. – ele disse acariciando meu rosto novamente, mas percebeu que eu não ia falar uma só palavra sobre mim mesma. – E muito má também, usando a pobre garota para me seduzir.
Ele disse com o ego lá em cima, juntei as sobrancelhas.
-Estou sendo uma boa amiga.
-Amigas não roubam o noivo das outras – ele me rodou e me puxou novamente contra o seu corpo.
-E quem disse que eu vou roubar alguma coisa? – ele ficou confuso – você vai se entregar para mim por si próprio.
-Muita segurança para uma pessoa só, não acha?
-Só estou dizendo o que vai acontecer. – ele fitou meus lábios, e eu os dele. Mordi o lábio inferior provocando-o.
-Você tem que parar de fazer isso, não sabe o quanto eu tenho que me controlar para não fazer o que quero quando você faz isso. – sorri.
Mordi novamente e ainda passei a ponta das línguas nos dentes, ele balançou a cabeça e travou a mandíbula, puxou-me para mais perto de seu corpo e deitou a cabeça na curva do meu pescoço.
-Adoro seu cheiro... – disse sussurrando, sua voz rouca me arrepiou – e você é má, Ms. Merece umas palmadas para aprender a se comportar.
Meu sorriso foi de orelha a orelha, senti minha intimidade se contorcer ao imaginar aquilo.
Então ele voltou a me olhar, quase ataquei seus lábios mas fui interrompida pelo celular que tocou. Ele atendeu irritado.
-Sim? – disse ríspido – Ok, já estou indo pra aí. Acho que vamos ter que nos divertir depois.
Falou, fiz um biquinho mas voltamos para a mesa onde encontramos uma Natalie entretida no celular.
-Ah eu vi vocês dançando mas não quis interromper, finalmente alguém conseguiu fazer esse homem dançar porque eu já desisti faz tempo – ela disparou.
-Nat, preciso ir resolver alguns problemas quer que eu te leve para casa ou você fica com a Margot?
Ela olhou para nós dois com a boca formando um “o” sem saber o que decidir.
-Fique, Nat, a gente mal conversou – falei sentando-me a frente dela.
-Então tá.
-Depois eu a levo para a casa, Jared. – tentei soar o mais responsável possível. Ele deu um selinho nela e saiu, me dando apenas um sorriso. Sínico!
-Ele é lindo não é? – ela disse olhando-o enquanto ele se afastava.
-Não é de se jogar fora. – falei dando de ombros.
-Você precisa me ensinar a ser assim – ela riu – eu fico atrás dele, e sei que ele não gosta mas não consigo evitar, você parece ser o tipo de mulher que não move um dedo para fazer os homens caírem em cima.
-Ah, não dá pra reclamar – falei arrogante – claro que tenho sempre os homens que quero mas não exijo muito esforço.
-Você já se apaixonou por alguém?
Meu coração quis gritar um sim e algumas memorias tentaram vir na minha cabeça mas eu não permiti, eu não podia se permitir lembrar daquilo.
-Não... Eu não acredito em amor. – ela pareceu triste.
-Mas como não? Eu amo o Jared, mas as vezes sinto como se não fosse o bastante para ele.
E não é – pensei comigo mesma.
-Ah bobagem, aposto que você deve ser muito boa na cama.
Ela arregalou os olhos e me olhou como se eu tivesse xingado Deus.
-O que foi?
-Quer dizer... Ele é muito bom na verdade mas me assusta as vezes.
Fiquei com medo de acabar me decepcionando, aliás, aquele homem tinha que ter algum defeito.
-Eu não sei se deveria te contar isso...
-Ah somos amigas, é isso o que elas fazem. – ela sorriu contente.
-Ele tem uma caixa com alguns “brinquedinhos”, coisas estranhas como chicotes, e algemas e ele adora usar eles mas me assusta muito... Então sempre acabamos no básico.
Quase revirei os olhos, não podia acreditar que ela podia ser estupida o bastante de se privar de sentir prazer com ele para ficar no “papai e mamãe”, que tédio. Imaginei ele usando aquilo em mim, meu corpo estremeceu com a ideia. Deus, como eu o queria mais ainda.
-Essas coisas te machucam porque você tem medo delas, e o medo te impede de sentir prazer. – falei.
-Mas é errado, não é? – disse quase sussurrando – sexo deve ser feito com amor.
Quase gargalhei com aquilo, ela não tinha ideia do que estava perdendo.
-Você já teve um orgasmo?
-An?
-Um orgasmo? Já teve? – seus lábios tremeram e os olhos tornaram-se confusos. Eu abri minha boca incrédula. – Nós precisamos resolver isso.
Peguei em sua mão, joguei um dinheiro na mesa e saí a puxando até meu carro, dirigi até chegarmos ao shopping mais próximo e caminhamos até a loja de Lingerie.
-Pode me emprestar o seu celular? O meu descarregou.
Lhe entreguei, ela discou o número dele e ligou avisando que chegaria um pouco mais tarde.
Sem que ela percebesse pedi para a vendedora o que tinha em mente e logo ela trouxe. Um corpete com cintas ligas e meia arrastão preto com rendas, entreguei para Natalie que arregalou os olhos e abriu a boca.
-Vista – falei estendendo para ela – vai – insisti.
Então ela pegou e entrou no provador, levou uns quinze minutos para conseguir colocá-lo por completo, abriu a porta e eu entrei. Ela estava muito bonita e muito sexy, tinha um corpo escultural de dar inveja a outras mulheres mas ainda tinha a mesma cara de burra sonsa.
Sorri de lado com a mão na cintura.
-Você acha que ele vai gostar? – ela perguntou olhando para mim através do reflexo do espelho.
-Claro que vai. – falei.
-Mas estou parecendo uma puta! – disse se virando para mim. Não pude controlar minha gargalhada.
-Querida, na cama, puta é tudo o que você deve ser.
-Eu não sei... – a interrompi com um beijo nos lábios que a assustou, mas logo ela retribuiu o beijo, não sabia direito o que fazer, mudava a posição da cabeça toda hora e seus dentes batia contra os meus. Parei de beija-la e segurei sua cabeça com as duas mãos.
-Fique quieta – ordenei, voltei a beijar seus lábios carnudos lentamente, chupei levemente o lábio inferior e o mordi finalizando o beijo. Ela levou as pontas dos dedos até o lábio.
-O que foi isso? – perguntou.
-Te ensinei um truque, não foi bom? – falei, não era novidade alguma para mim beijar garotas.
-Foi... – ela disse meio tímida.
-Então faça nele! – então tive que ensinar ela como beijar e deixar o homem louco com apenas um beijo, ela era uma boa aluna. Não dava para reclamar. Por fim compramos o corpete e eu a deixei em frente ao prédio em que eles moravam, ela me agradeceu.
-Posso te dar um abraço? – disse alegre.
-Não, já fico feliz em ajudar. – falei, abraçar estava entre as coisas que eu raramente fazia.
Assim que ela desceu do meu carro saltitando de felicidade e ao mesmo tempo morrendo de medo de fazer alguma coisa errada, peguei meu celular.

“Espero que você se divirta hoje a noite com meu presente... Essa é uma das poucas coisas que sei fazer.
Ms. Robbie”

Mandei a mensagem para Jared que deve ter chegado em seu celular junto com Natalie. Então liguei o carro e voltei para o meu apartamento vazio.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora