“Por favor, me diga que sou sua única, ou minta ao menos esta noite. Tenho uma nova cura para solidão e se você me der o que quero, então, te darei o que você gosta.”
Coloquei minha mão em seu peito e aproximei nossos rostos.
-A obsessão leva a loucura, Mr. J. – respondi.
-Eu posso fazer você mudar – falou levando sua mão até a minha cintura e me puxando para mais perto de si, coloquei minha mão em seu ombro. – e posso fazer você confessar – continuou um tanto arrogante, o sorriso divertido sumiu de meus lábios dando lugar a uma expressão sedutora, deixando-o um pouco intimidado.
-Não tenho que confessar nada, querido.
-Ah claro que tem.
Passou o indicador em meu lábio. Eu sorri.
-Que convencido, achando que sabe algo sobre mim. – fiz um biquinho aproximando mais ainda nossos rostos. Ficar perto dele deixava o local quente, me deixava quente.
-Confesse que você sente algo por mim.
-Você é tão quente. – sussurrei, ele odiava quando eu me esquivava de suas palavras.
-Jared? – Lilian falou um tanto perplexa por nos ver tão pertos um do outro, olhamos juntos para ela com a mesma expressão. – Natalie está atrás de você. – disse pausadamente, sem saber direito para qual de nós dois olhar diretamente.
-Margot? Você está aqui! – Natalie apareceu atrás de Lilian e se jogou em meus braços, quase fazendo-me perder o equilíbrio e cair dos saltos.
-Da para se controlar um pouco? – falei afastando ela – nos vimos a semana toda.
-Ah mas estava com saudades!
-Vocês não iam assistir um filme hoje? – perguntei para quebrar o gelo.
-Sim, mas decidimos, aliás, Jared voltou de viagem e aí decidimos sair, que coincidência encontrar você.
Lilian não era nem um pouco burra, pela sua voz já pude notar que ela tinha entendido exatamente o que estava acontecendo entre mim e Jared, mas ele não pareceu se importar muito com isso.
-Margot vamos ao banheiro comigo? – ela pediu, concordei pegando em sua mão e fomos. A fila estava um pouquinho cheia então ficamos esperando alguns minutos.
-Tem conversado com Jared sobre as coisas do casamento? – indaguei.
Sua expressão tornou-se um tanto triste.
-Mag... sabe quando parece que a pessoa está sendo forçada a fazer uma coisa que não quer fazer na verdade?
Ela disse coçando a cabeça.
-Como assim? – me fiz de desentendida. Ela suspirou
-Acho que Jared está me traindo. – Ergui as duas sobrancelhas e abri a boca fingindo estar surpresa com aquilo, até que ela não era tão burra. Levou um tempo para começar a desconfiar.
-Por que pensa isso?
-Ele não está animado para o casamento... Vive no celular mandando mensagens e de vez em quando aparece com umas marcas no pescoço que eu sei que não foi eu, não sou tão violenta assim – ela riu de si mesma. – e eu não acho que Jared me ama.
Me controlei para não dar a famosa revirada de olhos, coloquei minha mão em seu ombro.
-Se Jared não te amasse ele não estaria com você.
-Ele está comigo por causa da mãe dele, somo muito amigas. Mas eu o amo tanto, Mag. Eu o amo tanto que chega a doer.
Fiquei me perguntando como era sentir aquele tipo de amor. Esse de te consumir por inteiro, te fazer querer a pessoa a todo momento, era saudável isso? Quem iria querer ser tão dependente de um sentimento desses? Eu não conseguia me ver assim, tão vulnerável, tão necessitada de uma pessoa.
-Ele te ama, só é mais reservado. – falei tentando acalma-la, aliás, ela e Jared deveriam se casar.
Finalmente conseguimos chegar ao banheiro, ela usou-o rapidamente e depois voltamos a procura de Lilian e Jared, eles estavam sentados de costas conversando.
-Nat por que você não vai até o bar pegar uma bebida para a gente? – falei, ela apenas balançou a cabeça e saiu, me aproximei um pouco da mesa para poder ouvir o que eles estavam dizendo, foi um esforço pois o som do local não me permitia ouvir as frases perfeitamente.
-...Você não pode fazer isso com ela. – ouvi Lilian dizer, Jared passou a mão no queixo e suspirou fundo. – você a ama?
-O que? Claro que não. – ele respondeu, então ele estava admitindo para ela que não amava Natalie? Juntei as sobrancelhas e me aproximei mais para ouvir melhor.
-Então por que está com ela? Por que está mentindo para minha irmã?
Senti meu coração se apertando como se alguém o tivesse em suas mãos. Não era sobre Natalie, era sobre mim.
-Só estou me divertindo antes do casamento. – falou com um sorriso de lado, Lilian balançou a cabeça jogando o cabelo para trás – prometa que não vai dizer nada a sua irmã.
-Prometa que vai parar de mentir para ela, não pode ficar traindo ela com qualquer vadia.
Tá, quem aquela vadia estava chamando de vadia? Esperei para ouvir o que ele tinha para responder.
-Margot é apenas um passatempo para mim, não é o tipo de mulher com quem me casaria. Você sabe o quanto o casamento é importante para nossas mães, não sabe? Então você tem que me prometer que vai guardar esse segredo.
Jared parecia um pouco desesperado, Lilian pensou um pouco mas acabou cedendo ao pedido dele e prometendo, mas não antes de fazê-lo prometer também.
-Prometa que ficará longe da Robbie.
Ele arregalou os olhos rapidamente um tanto perplexo com aquilo, seus lábios tremeram e meu coração palpitou ansioso para saber a resposta.
-Eu prometo.
Foi como se ele tivesse pegado meu orgulho e sambado em cima dele. Respirei fundo e voltei para perto de Mark.
-Quero ir embora. – falei, ele me olhou surpreso aliás ainda era 3h da manhã, soltou a fumaça do charuto. – Quero ir agora, Mark.
-Ok. – ele se levantou se despediu de seus amigos e fomos embora, fui o caminho toda quieta e pensativa. Como ele poderia ser tão hipócrita? Do jeito que ele falou era como se eu o tivesse obrigado a fazer parte disso, como se eu fosse a malvada na história. Ele era um grande idiota, isso que ele era, um idiota covarde, e eu uma idiota iludida porque cheguei a acreditar que ele realmente gostava de mim mas era só um passatempo, como ele mesmo disse, como todos os outros homens na minha vida.
Recupere seu orgulho, Margot – falei para mim mesma. Aliás, era isso que ele era, não é? Um brinquedo.
-Não quero ir para minha casa – falei, Mark olhou-me rapidamente. – leve-me para a sua casa.
Ele deve ter percebido que eu estava um pouco alterada, mas não fez indagações apenas mudou a rota e dirigiu até sua mansão. Assim que entramos me sentei no sofá já conhecido, Mark foi até a cozinha e voltou com duas taças de champanhe e se sentou ao meu lado. Ele também estava um pouco bêbado.
Peguei seu braço embriagado e coloquei em volta de mim, eu o deixaria me chamar de sua apenas por aquela noite, porque essa leve mágoa era o que eu precisava. Ele deu um leve beijo na minha boca e depois subimos para o quarto, tentou acender a luz mas não deixei. O puxei para outro beijo enquanto caminhávamos para a cama, deitei por cima dele ainda o beijando.
-Por favor me diga que sou a única – falei sentindo meus olhos encherem de lágrimas mas ele não percebeu – ou apenas minta por essa noite.
Acariciou meu rosto.
-Você vai ser sempre a única, Margot – sussurrou em meus ouvidos, e juro que não foi a voz dele que ouvi.
Com as luzes apagadas, e o sentindo em mim eu via estrelas. Não porque era ele, mas porque eu pensava nele. Era amor? Talvez algum dia, mas ao menos eu havia achado uma cura para a solidão, Mark ficava feliz comigo ao seu lado, nossas relações eram um tanto mais românticas. Depois de tudo eu estava deitada ao seu lado coberta com lençóis brancos enquanto pela primeira vez o vi fumar um cigarro. Emoções não eram tão difíceis de fingir quando amor é uma palavra que você nunca conheceu, e em um lugar repleto por coisas vazias eu me sentia como um buraco negro. Eu tinha aquela cena na minha cabeça, tudo o que estava acontecendo, Jared, ele, emprego, Natalie, não sabia como tudo iria terminar.
Peguei um cigarro de Mark dando-o uma outra chance de me abraçar, e foi assim que dormimos, bom ele dormiu, passei a noite acordada pensando e decidindo coisas e quando a manhã nasceu, eu já tinha dado o que ele queria, e tudo o que eu queria era poder esquecer.
-Margot? – ele acordou e me viu sentada na ponta da cama, já vestida. Olhei para ele assustada.
-Eu vou assinar. – falei rapidamente.
-O que? – perguntou perplexo e estarrecido coçando os olhos.
-O contrato! Eu vou assinar.
Disse com firmeza, como se sabia o que realmente queria. Se Jared não iria e não queria mais me ver, pois bem, eu não iria ficar me rastejando atrás dele e teria Mark para não ficar sozinha. Foi isso que me fez ficar acordada da noite inteira pensando.
Os lábios dele se curvaram em um sorriso enorme, de orelha a orelha, não posso imaginar o quão vitorioso ele estava se sentindo sobre Jared, porque aquilo não era sobre mim, era sobre a rixa que os dois tinham. Era sobre quem teria mais posse sobre mim, mas não me importei de parecer um objeto por alguns instantes era só que eu não queria mais me sentir sozinha.
De tarde fomos até a agencia e assinamos todo o contrato, seria “sua” por um ano, obrigada a ceder todas as suas vontades. O contrato tinhas muitas exigências quanto minhas roupas, informações que eu deveria falar para ele, era obrigada a acompanhar ele em todos os lugares que quisesse, bem, aquilo parecia mais um casamento dos séculos passados quando o pai trocava as filhas por ovelhas, era isso que eu estava me sentindo, uma filha que foi trocada por uma ovelha. Nesse casamento eu seria apenas um tipo de troféu que Mark iria exibir por aí, principalmente para Jared e me apavorei ao imaginar o que ele pensaria quando soubesse. De início não quis que ele soubesse, quis manter um segredo mas depois uma raiva apareceu no meu coração e uma vontade de esfregar isso na cara dele, esfregar que eu não iria ficar sozinha.
-Margot quero te pedir uma coisa – ele disse calmo assim que saímos da Agencia com cópias do contrato nas mãos.
-Sim.
-Quero que use isso enquanto estivermos com esse contrato – ele pegou uma caixa pequena preta e a abriu, revelando um anel, uma aliança para ser exata, dourada e cintilante. Era uma aliança de noivado, fina, com as bordas cheias de diamantes e a inicial dele gravada. Fiquei olhando para a Aliança por alguns instantes sem saber se deveria.
-Tá – a peguei rapidamente e coloquei em meu dedo.
-E tenho mais alguma coisa a te pedir. Não quero que veja o Sr. Leto novamente.
Meu coração parou por alguns miseráveis segundos, quase descordei mas não foi por causa dele que eu havia assinado o contrato?
-Deveria ter colocado isso naquele contrato – comentei, ele riu.
-Acredito na sua palavra. Apenas prometa.
-Posso prometer manter uma distância considerável, mas como estou ajudando sua noiva em seu casamento vai ser um pouco difícil.
Ele abriu e fechou a boca rapidamente, coçou o queixo.
-Para ser mais direto, prometa que não terá mais relações com ele.
-Prometo. – respondi sem olhar diretamente para ele, como se eu não fosse capaz de dizer aquilo olhando em seus olhos, minha voz soou tão fraca que até mesmo eu duvidei daquela promessa.
Não me parecia uma tarefa tão difícil já que estava acostumada com ele, conhecia seus gostos, suas vontades, e tudo, depois fui para a minha casa ainda tentando processar o que eu havia feito.
Abri a porta e Lila, Lizzy e Marina estavam lá conversando. Entrei quieta e fui até a cozinha tomar um copo d’agua, depois me sentei na mesa encarando aquele copo vazio. Eu me sentia um copo vazio.
-Mag? – Lizzy me chamou, as três entraram na cozinha. Continuei encarando o copo.
-Margot? – Marina me chamou mas não respondi, não queria falar com elas.
-Será que ela tá bem? – Lizzy questionou.
-Vamos jogar agua na cara dela. – Lila sugeriu, virei-me para elas.
-Joga na sua mãe. – falei rapidamente. Elas riram.
-Nossa pensei que você estava em um transe, o que aconteceu? – Lizzy perguntou sentando-se a minha frente.
-Eu assinei o contrato com o Mark. – elas abriram as bocas surpresas.
-E isso é bom, não é? – Marina disse sentando-se ao meu lado – quer dizer, vocês dois se conhecem a bastante tempo.
-É, claro – respondi olhando para o copo.
-Mas o que está acontecendo? – Lizzy indagou.
-Jared Leto está acontecendo. – respondeu Lila por mim, levantei meus olhos para ela – estou errada? Ela não quer deixar de ver o Leto.
-Que o Leto vá para o inferno – respondi, ela riu.
-Está ai a sua prova de amor. Sua raiva é proveniente de paixão.
-Cala a boca – disse.
-Admite, Margot. Você se apaixonou pelo “Senhor olhos azuis estou vendo sua alma” – ela fez uma voz engraçada, abaixei os olhos.
-Talvez eu goste dele. – falei baixo. As três se entreolharam e não ousaram fazer mais nenhum tipo de piadinhas sem graça. Queria ficar sozinha, queria ficar no meu quarto sozinha mas infelizmente aquilo não foi possível pois Natalie apareceu no meu apartamento com suas irmãs dizendo que deveríamos continuar com a preparação do casamento. Os olhares de Lilian já estavam me deixando irritada, e estava pronta para confronta-la quando Natalie sugeriu que fossemos todas dormir em sua casa.
-Jared está vindo nos buscar – ela anunciou guardando o telefone – passei o dia todo provando vestidos e mais vestidos e não consegui escolher nenhum
Lamentou-se. Suspirei fundo.
-Voltaremos outros dias – comentei, ela apenas sorriu.
-Vou continuar provando alguns enquanto meu noivo não chega. Meu ajude Lara. – falou voltando-se para os vestidos em cabides, também tínhamos que escolher os vestidos das madrinhas e também teríamos que arrumar um padrinho para me fazer companhia. Tantas coisas insignificantes para resolver. Lilian saiu de perto de mim e foi ajudar a irmã, enquanto eu saí de dentro daquele ateliê que parecia me sufocar e me sentei nas escadas, acedendo um cigarro.
Olhei para o lado e avistei uma formiga caminhar pelo degrau mais alto, parecendo tonta e confusa, andando sem rumo.
-Bem, parece que você e eu temos muito em comum, Sra. Formiga.
Protegi meus olhos do sol e olhei para o céu azul, dando outra tragada em meu cigarro. Céu azul idiota, transbordando de felicidade, mesmo cobrindo os olhos o céu azul os faziam arder. Abaixei a cabeça enquanto estudava os degraus de cimento, circulando a ponta de meus saltos. Não tinha certeza disso, mas estava começando a achar que a solidão era uma doença. Uma doença infecciosa, suja, nojenta, que demorava a entrar em seu corpo e então te dominava, mesmo que você tentasse combate-la ao máximo.
-Estou te interrompendo? – perguntou uma voz aparecendo subitamente ao meu lado. A voz de Jared, não levantei minha cabeça para falar com ele, apenas dei outra tragada em meu cigarro o jogando longe em seguida. Percebendo que eu não iria responder, sentou-se ao meu lado. – Suas alterações de humor me intrigam, Ms. – ele comentou. Revirei os olhos e suspirei fundo. Era sério?
-Não devo falar com você.
Ele pareceu um pouco chocado com a minha declaração.
-Isso faz parte do seu joguinho de conquista? – perguntou divertido, como se aquilo fosse uma piada.
-Não. Isso faz parte de “estou em um relacionamento e não devo falar com você.” – falei finalmente virando-me para ele. – O que deveria servir para você também.
Pousei minha mão em meu joelho e a luz do sol rapidamente refletiu em minha aliança dourada, Jared olhou para a Aliança desacreditando que eu estivesse falando sério.
-Não é verdade. – falou.
-Claro que não, comprei uma aliança só para te fazer ciúmes. Aliás, isso importa mesmo? Não estamos juntos.
Disse ríspida, ele franziu o cenho sem saber direito o que dizer, virei-me novamente procurando minha formiga tonta e confusa, mas ela havia sumido. Pude ouvir a respiração dele, e sentir seu olhar sobre mim, como se estivesse pensando coisas demais para uma só cabeça. Natalie apareceu atrás de nós dois, o abraçando por trás e beijando seu rosto, ele acariciou rapidamente suas mãos.
-Ainda bem que chegou – comentou, suas irmãs vieram logo em seguida. – Vamos? Vamos ter uma noite de meninas lá em casa, então você pode ir para a casa do seu irmão.
Ele pareceu um pouco surpreso.
-Na verdade Shannon vai passar a noite lá em casa hoje – disse rapidamente.
-Oh, isso é ótimo. Ainda acredito que ele e Mag tem muito o que conversar. Vamos? – Ele se levantou mas continuei sentada tentando ignora-los.
-Acho que não vou poder ir com vocês. – anunciei, Natalie fez um biquinho.
-Ah vamos Mag. Vai se divertido... Vamos fazer as unhas, e conversar, e assistir filmes. Como se fossemos adolescentes.
Aquilo não me pareceu muito excitante, mas acabei concordando em ir. Afinal, não teria muitas coisas para fazer em casa mesmo. Mandei mensagens para Mark anunciando onde estava, ele relutou um pouco dizendo “não” umas cinco vezes mas fui mais insistente. Passei em casa para poder pegar algumas coisas, como roupa de dormir, escova de dentes e etc e depois fui para o apartamento deles, Shannon já havia chegado quando entrei.
-Ah, Ms. Robbie, como é bom te ver novamente – ele disse me abraçando fortemente.
-Está mais musculoso ou é impressão minha? – perguntei brincando, ele riu.
-Passo bastante tempo na academia, aliás, sou dono dela.
-Cuidado, ouvi dizer que homens muito fortes não dão conta. – ele riu novamente como se aquilo fosse impossível acontecer com ele.
-Quer saber se dou conta?
-Não seja tão atirado
E ele me abraçou de novo, Shannon tinha isso de conquistar sua amizade nos primeiros trinta minutos de conversa. Era muito engraçado e carismático. Ao contrário do irmão.
A noite não foi tão animada quanto o prometido, pelo menos não para mim que tentava evitar os olhos azuis a todo instante, mas que insistiam em ficar sobre mim de forma discreta. Natalie estava realmente animada perto das irmãs o que a deixava mais faladeira.
-Margot... estou para te perguntar isso o dia todo. O que é essa aliança no seu dedo?
E todos voltaram a sua atenção para mim, olhei rapidamente para minha mão e depois olhei para ela, sem ter certeza se deveria falar.
-Eu vou me casar também – falei sem muita vontade de dizer aquilo, não era verdade. Não haveria um casamento, houve um casamento. Cheio de regras, de submissão, de dinheiro, nada de igreja, padre, ou cartório, ou muito menos amor mas era considerado um casamento. Ela arregalou os olhos e me abraçou com força.
-Parabéns! – disse – quando vai ser? Podemos nos preparar juntas! Posso ser sua madrinha também? Quem é o sortudo? Ah você merece ser tão feliz.
Disparou, Jared apenas me olhava um pouco confuso do outro sofá, com a mão no rosto e o cotovelo apoiado sobre o braço do sofá.
-Você o conhece... Viu a gente discutindo. É o Mark. – Os olhos dele quase saltaram para fora como se tivesse levado um soco no estomago, quase soltei uma risadinha com sua reação. Não queria provoca-lo, ou talvez queria, mas eu não me senti bem ao dizer aquilo, não me senti bem em lembrar que era uma submissa de Mark.
-Ah! Vocês dois ficam tão bem juntos. Claro, quando ele não está gritando com você.
-Vai casar com alguém que grita com você na frente de todo mundo? – Jared perguntou debochado.
-Ao menos ele é fiel. – ele fechou a cara, meus lábios se curvaram em um sorriso. Natalie olhou para nós dois e depois rapidamente para sua irmã. A sala foi tomada por um silencio estranho do qual eu não me importei as únicas que pareciam estar por fora era Lara e Natalie, que fez o favor de voltar com uma conversa sobre meu “casamento”, me fez muitas perguntas sobre Mark, como havíamos nos conhecidos e etc, fiquei muito feliz em falar sobre nós na frente de Jared.
Acabamos todos dormindo na sala, eles dormiram na verdade. Minha insônia havia me pegado de jeito naquela noite, levantei para beber água.
-Margot – Jared disse o meu nome mas não me virei para ele, apenas apertei meus olhos pedindo mentalmente para que ele ficasse afastado de mim. – Não acredito que vá se casar.
-Isso não é problema seu.
-Você não o ama.
Virei para ele perplexa e irritada.
-Não seja hipócrita. Você a ama? Você ao menos gosta dela? – eu acabei me aproximando dele.
-Você sabe que sim! – falou, senti os nervos a flor da pele e o acertei com um tapa no rosto, quase não acreditei no que fiz, ele virou o rosto rápido para o lado por causa do tapa e depois levou sua mão até ele, apertou os olhos e voltou a olhar para mim controlando sua raiva.
É difícil pensar que outra mulher já tinha feito isso com ele, já o tinha acertado com um tapa porque na maioria das vezes elas estavam ocupadas demais querendo abrir as pernas para ele.
-Não minta para mim. – ele travou a mandíbula e segurou meu pulso me puxando para mais perto – eu não sei o que você quer, eu não sei o que se passa na sua cabeça. Mas sei que sou apenas um passatempo para você. – continuei, sussurrando para não acordar os outros.
Ele juntou as sobrancelhas.
-Da onde você tirou isso?
-Da sua boca!
Ele balançou a cabeça e abriu a boca entendendo tudo.
-Eu estava apenas fingindo para ela, não é verdade. Você sabe que não é.
Fiquei olhando para ele sem saber o que dizer, sem saber o que pensar. De alguma forma ficar tão próxima a ele mexia com meus instintos, com a minha cabeça.
-Então porque disse aquelas coisas para ela?
-Porque eu não posso abrir mão de tudo sem saber o que você quer, Margot. – meus lábios tremeram.
-Eu não quero nada. – disse tentando me soltar mas ele apertou mais meu pulso.
-Quer sim. Só não quer confessar.
Balancei a cabeça ainda sem saber o que responder para ele. De repente me vi em conflito comigo mesma.
-Temos um problema geográfico aqui, Ms. Você quer abraçar o mundo e eu ficaria contente em abraçar apenas você. – ele continuou.
Meu queixo só não foi ao chão por estar grudado. Caramba! Como ele ousava me dizer aquelas coisas? Será que ele não entendia que eu não podia me deixar se apaixonar por ele e por mais ninguém? Engoli em seco, se antes eu não sabia o que dizer, pior agora.
-Eu sou difícil, Jared. – falei
-E eu sou persistente.
-Não quero cansar você.
-Você vale a pena qualquer cansaço.
Engoli em seco novamente.
-Você precisa se casar e me deixar viver minha vida. Nos divertimos, mas acabou! – puxei meu pulso e finalmente ele soltou, me afastei dele reunindo todo o orgulho que perdia diante daqueles olhos azuis.
-Não acabou – persistiu.
-Acabou! – falei um pouco alto me arrependendo logo em seguida, ficamos calados por alguns segundos – acabou a brincadeira, nos divertimos, agora vá viver sua vida e me esqueça! – sussurrei se aproximando novamente dele. Ele permaneceu sério.
-Não acabou e você sabe disso.
Revirei os olhos.
-Boa noite, Jared. – e saí da cozinha voltando para a sala respirando fundo e sentindo o coração bater na garganta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A acompanhante (CONCLUÍDA)
Lãng mạn(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...