“Talvez eu esteja muito ocupada sendo sua para me apaixonar por outra pessoa"
Os barulhos dos pássaros cantando em minha varanda me acordaram, mas eu queria continuar dormindo. Todo o meu corpo estava dolorido, meu cabelo estava embaraçado e quando me olhei no espelho quase tive um surto, a maquiagem borrada, olhos inchados e... chupões. Diversos deles espalhados pelo meu corpo, sem falar em alguns hematomas pelas minhas coxas e glúteos, não era muito difícil saber da onde vieram essas marcas olhando para o cenário atual do meu quarto, havia lençóis pelo chão, penteadeira estava uma bagunça total assim como eu.
Liguei a água da banheira e tomei um banho relaxante. Minha cabeça estava explodindo e eu estava exausta, a noite anterior tinha sido uma loucura.
Bebidas, danças, as meninas, muita tequila, sexo, socos e Bradley!
Jesus!
Era como se eu tivesse acordado de um sonho terrível. Me lembrei que Bradley havia voltado, tentara me beijar e que Jared o acertara com um soco. Tudo veio a tona de uma só vez fazendo a minha cabeça parecer um carrossel desenrolando, acabei me afundando dentro da água para tentar dispersar aquelas imagens.
Que belo aniversário! Em uma noite aconteceu tantas coisas que eu mal estava conseguindo processar direito, mas ainda o fato de Bradley ter aparecido era um choque para mim, ele tinha morrido.
Era sábado, eu só queria poder ficar em casa curtindo minha filha e marido então coloquei um pijama confortável (calça de moletom e um top) sequei meus longos cabelos loiros e o amarrei em um coque solto, e desci até a cozinha afim de comer algo.
-Ah, Sra. Robbie, seu marido pediu para você encontrar com ele no jardim – Rebeca disse assim que eu entrei na cozinha, peguei uma maçã e depois fui atrás de Jared que estava sentado lendo algo enquanto Hannah brincava. O abracei por trás e beijei seu rosto.
-Bom dia – falei sorrindo.
-Bom dia, aniversariante. – ele disse se virando e me beijando. Abracei Hannah que reclamou pois eu estava “atrapalhando" sua brincadeira e depois me sentei ao lado de Jared. Estava uma manhã muito bonita.
-O que está lendo? – perguntei, ele suspirou fundo e fechou o livro.
-Nada demais. – respondeu. – estava apenas me distraindo.
Ele disse calmo mas tinha algo errado no tom de sua voz e na maneira como ele me olhava.
-Aconteceu alguma coisa? – perguntei sem delongas, eu não tinha muita prática nesse negócio de ficar escondendo as coisas. Ele suspirou e acariciou meu rosto.
-Eu bati em um homem ontem – ele falou – porque ele estava tocando em você.
A frase soava romântica para qualquer entusiasta de leitura de romance obsessivo. Mas quando saiu de seus lábios pareceu algo muito errado.
-Eu sei. – respondi abaixando os olhos e depois erguendo-os novamente – Você não pode sair batendo nas pessoas só porque está com ciúmes, não pode bater no Bradley! Ele é meu amigo.
Jared juntou as sobrancelhas e uma ruga mal humorada apareceu entre elas. Os olhos saltaram para fora irritados com o fato de eu estar defendendo Bradley.
-O que? – ele disse
-É. Bradley é meu amigo, Jared. – falei repreendendo-o pela sua atitude grotesca e infantil na noite anterior.
-Se ele não colocasse as mãos em você toda hora que eu me viro de costas talvez eu não quebre a cara daquele idiota – ele disse com o tom da voz normal mas os olhos denunciava sua raiva.
-Ele é apenas meu amigo – falei novamente justificando e então ele deu uma risada engasgada.
-Amigo? – falou com desdém – então você deixa qualquer amigo roçar em você e tentar te beijar? Eu sou a porra de um amigo para você, Margot? Porque pelo que eu saiba só eu tenho o direito de fazer isso!
Ele falou já extremamente irritado especialmente porque eu estava defendendo Bradley, mas ele mantinha o tom de voz baixo por conta de Hannah que estava próximo brincando. Contudo, eu também comecei a ficar puta com ele porque ele era incapaz de entender que estávamos bêbados e eu estava feliz por Bradley estar de volta.
-Você tá agindo como uma criança ciumenta – falei – eu não sou sua bonequinha para você decidir com ou com quem eu posso falar.
Ele balançou a cabeça.
-Eu não estou te impedindo de nada, Margot. Mas se você acha que é legal se esfregar em outro cara enquanto está casada comigo, nós temos aqui um ponto de vista bem diferente sobre o que é fidelidade.
Eu abri a boca em um perfeito ‘o’ ao ouvir ele dizer aquilo.
-Você é livre para fazer o que quiser, mas não espere que eu concorde com isso. Você acha que eu sou a porra de uma criança? Quem estava ontem alegre feito uma adolescente na puberdade por causa de um moleque, era você. Não esqueça disso! Além do mais, ele não estava morto? Por que mentiu para você?
-Ele deve ter seus motivos. – respondi com a voz entrecortada.
-Seus motivos? – ele riu mal humorado – ninguém honesto tem motivo para esconder seu passado.
Ele disse todas aquelas coisas me desmontando, senti suas palavras baterem em mim me diminuindo em seguida. Não era sua forma dura de falar porque eu já havia me acostumado com isso, mas como ele tinha razão que realmente me feria. Sobre eu parecer uma adolescente, sobre Bradley estar escondendo algo... Mas a vergonha de parecer uma criança alegre era real, de repente foi como se dez anos tivessem sido nada e eu voltasse a ser quem eu era. Boba, inocente, eu fazia tudo e qualquer coisa pelo Bradley e ele se aproveitava da minha burrice mas como eu o amava naquela época, Céus, e se eu me apaixonasse por ele novamente? Isso é possível? Amar alguém e se apaixonar por outra pessoa?
-Sra. Robbie, Marina está lá na sala esperando por você com uns amigos. – Rebeca apareceu atrás de Jared um pouco tímida, com certeza ouvira o final de nossa “conversa". Jared me fuzilou com o olhar, mas eu já estava tão puta com ele que só me levantei e fui, o que Marina estava fazendo aquela hora na minha casa?
Quando adentrei a sala me deparei com Marina, Lila, Bradley e um homem alto que eu desconhecia.
-O que estão fazendo aqui? – perguntei curiosa.
Elas olharam em volta.
-Ué, hoje é seu aniversário! Jared combinou isso com a gente ah alguns dias, disse que estava “ok” a gente fazer um churrasco para comemorar. – Lila explicou dando de ombros, foi então que eu percebi os fardos de cerveja e carvão do lado de fora, atrás da porta de vidro.
-Churrasco? – eu não tinha ideia se eu realmente queria um churrasco até porque estava me sentindo péssima após nossa conversa e eu só queria ficar em casa com minha família. Jared apareceu na sala com os olhos azuis rapidamente passando por todos nós e parando em Bradley por alguns segundos.
-Você concordou com isso? – aproveitei sua presença para questionar. Ele tirou os olhos de cima de Bradley e os pousou em mim
-Achei que seria interessante. – ele disse frio e distante – mas agora é uma péssima ideia. Bom, eu vou sair, voltarei logo.
Ele me puxou e me deu um beijo rápido, tão rápido quanto ele sumindo da sala sem falar com mais ninguém e ignorando a presença de todos. Especialmente Bradley, ele estava tentando bancar o cara maduro que ele era.
-Que mal humor hein – Lila disse me fazendo rolar os olhos.
-Eu não tô afim de churrasco ou festas, ok? – falei irritada voltando minha atenção para eles. – eu tive diversão pela noite toda agora quero apenas descansar.
Elas fizeram um bico, tentaram me convencer, mas eu não queria de forma alguma minha casa cheia naquele dia, especialmente com Jared. Então elas finalmente se foram com o cara alto e forte e Bradley ficou, eu me sentei na poltrona grande e respirei fundo tentando processar as coisas até ali.
-Uau, isso que é uma bela casa – ele disse passando os olhos em toda sala – melhor do que aquele trailer imundo que nós moramos. Pelo menos alguém se deu muito bem.
-A casa não é minha, Jared a comprou – respondi me levantando e pegando de sua mão um pequeno jarro de quase cinquenta mil dólares que Jared comprou em um leilão e recolocando no lugar. Depois voltei-me para ele. – as coisas aqui pertencem a ele.
Ele passou os olhos em mim por uns segundos.
-Isso inclui você? – perguntou com um sorriso no rosto como se fosse um piada mas eu mantive o semblante sério.
-Isso inclui tudo. – respondi ainda seria, mas ele manteve o sorriso nos lábios
-Bom, de qualquer forma é uma bela casa – comentou um pouco sem graça pelo fato de eu ter dado a resposta que ele não queria ouvir. O minuto de silêncio que se seguiu foi quebrado com Hannah entrando correndo na sala e pulando no meu colo.
-Mamãe eu quebrei minha boneca – Ela disse com a boneca em uma mão e a perna na outra.
-Ah, não quebrou não só soltou – respondi tomando para mim.
Os olhos de Bradley saltaram ao vê-la, seus olhos fixos na minha filha me assustaram um pouco
-Você... você tem uma filha? – ele disse como se fosse a melhor ou pior coisa do mundo
Hannah olhou para ele com descaso, era extremamente incrível como até nisso se parecia com o pai.
-Sim – falei – Hannah. Ela tem três anos. – falei sorrindo porque eu só conseguia falar dela sorrindo.
Depois que arrumei a boneca ela voltou correndo para o jardim para continuar brincando. Olhar para a minha filha me trouxe um choque de realidade.
Olhei para Bradley e cruzei os braços.
-Brad, eu não estou bêbada, nem extasiada de felicidade por te ver... podemos falar sobre o fato de você ter sumido durante dez anos?
Eu esperei uma resposta, eu queria uma maldita resposta que sanasse aquela dúvida que insistia em minha cabeça mas ao invés disso, eu recebi um belo sorriso.
-Eu senti saudades. – em falou de forma descontraída como se estivesse respondendo uma pergunta idiota.
-Isso não é o suficiente. – falei já ficando irritada com aquele joguinho idiota dele – são dez anos! Eu chorei por você, nós fizemos um funeral e enterramos um caixão vazio!
Enquanto falava algumas memórias que eu achava que já estavam mortas em mim foram voltando lentamente me pegando de surpresa. Fechei os olhos por alguns minutos.
-Lila mudou depois do que aconteceu, se ela era difícil de lidar antes com a sua suposta morte então era quase impossível. Mas eu fiquei ao lado dela porque éramos o que nos tínhamos. Então você não pode simplesmente depois de dez anos reaparecer sem nenhuma explicação. – eu disparei me aproximando dele, irritada, confusa, desconfiada. A verdade era que Bradley estava ali parado a minha frente, mas o que me garantia que ele era realmente o homem que eu conheci? Seus olhos azuis acinzentados focaram nos meus por alguns segundos enquanto ele permaneceu sério. Seus lábios tremeram a um sinal de que ele iria dizer alguma coisa.
-Eu não quis voltar, Mag – ele falou como se tivesse tirando um peso de seu coração – olha essa casa, olha você e seu marido e filha. Você acha que se eu tivesse permanecido na sua vida você estaria aqui hoje? Não – ele respondeu a própria pergunta – provavelmente você estaria presa ou morta! Nunca fui uma boa influência para você, Magzinha.
De repente meu coração encheu-se de lastima e empatia por ele, a raiva foi embora dando lugar a compaixão. Lembrando do cenário em que vivíamos naquela época, uma stripper e um traficante, ele tinha razão. Nós não terminaríamos bem.
Eu fiquei calada diante daquelas palavras porque nós sabíamos que aquilo era verdade. Eu achava que ele tinha sido egoísta por fugir mas na verdade eu estava sendo egoísta por cobrar algo dele quando ele tentou apenas me proteger de si mesmo.
-Oh, Brad... – falei me aproximando e segurando suas mãos quando vi tristeza tomar conta de seus olhos.
-Vocês estão bem, Margot. Você não é mais uma Stripper e graças a Deus minha Irmã também não mas eu só queria poupar vocês das merdas que eu fazia. – ele disse tentando manter o tom alegre na voz mas as palavras saiam tão pesadas, cheias de arrependimentos e confusões. Bradley ainda era um garoto despedaçado. Ele ainda era o garoto que tinha perdido os pais cedo e fugido com sua irmã do reformatório aos quatorze anos, tendo que cuidar de Lila que tinha apenas doze, depois teve que ver a irmã virar Stripper aos quinze enquanto ele traficava para que pudessem sobreviver. Foi assim que nos conhecemos, em um bar sujo e decaído.
Eu o puxei para um abraço afim de tentar juntar todos os cacos dele. Eu não era mais apaixonada por ele, mas amava ele. Amava como uma irmã talvez, eu não sei, eu era incapaz de decifrar os meus sentimentos a única coisa que eu sabia era que eu queria juntar seus pedaços e vê-lo feliz, como eu estava. Ele também me retribuiu o abraço forte.
-Não sabe o quanto senti saudades disso – ele falou em meu ouvido.
-Eu também – respondi apertando-o mais. Ah como meu coração estava cheio de compaixão por aquele homem que mais parecia um garoto perdido e ferido, eu já estivesse assim mas Jared juntou todos os meus pedacinhos e eu só queria que Bradley tivesse a mesma sorte de encontrar alguém que o ajudasse a fazer isso.
Enquanto estávamos perdidos em nosso abraço, ouvi um pigarreio, Bradley e eu nos soltamos para encarar os belos e furiosos olhos azuis de meu marido no centro da sala
-Jar... Eu e Bradley... – falei afim de tentar justificar a cena que ele acabara de ver.
-Vocês querem mais privacidade? – ele perguntou sarcástico, me interrompendo.
-Calma, cara – Bradley disse se afastando um pouco preocupado com que Jared pensasse besteira. Mas Jared o olhou com desdém e raiva.
-Cai fora daqui antes que eu mesmo te obrigue – Jared disse, como se estivesse dando uma ordem simples e objetiva. Eu não iria contestar meu marido, não naquela hora em que ele estava tão puto a ponto de ter que ficar de braços cruzados para não acabar perdendo o controle e batendo em Bradley novamente mas a atitude era grotesca, e muito mal educada.
Bradley sorriu, como tinha mania de fazer em qualquer situação, me deu uma piscadela que dizia “a gente se vê" e saiu, humilhado, expulso. Ele já estava mal o bastante para ainda ter que passar por isso por causa dos ciúmes de Jared.
Assim que Bradley saiu eu apenas fuzilei Jared com o olhar. Ele estava sendo tão idiota!
-Vai começar a expulsar meus amigos agora? – perguntei irritada, ele ia dizer algo mas pensou antes de falar e me dando as costas subiu as escadas – Agora me dá as costas!
Gritei da ponta da escada mas o que obtive como resposta foi o barulho da porta do quarto se fechando com força. Que merda!
Ótimo aniversário, ótimo dia, meu celular não parava de vibrar com notificações de amigos me parabenizando, e eu só queria ficar escondida em casa. Estava na sala assistindo uns desenhos com Hannah enquanto Jared ainda estava trancado no quarto.
-Filha, a mamãe já vem, ok? – falei me levantando e deixando-a ali assistindo, passei na cozinha e pedi para Nelly ficar de olho nela e depois fui para o meu quarto. Jared estava na varanda mexendo no notebook, trabalhando! Revireios olhos e fui até ele me apoiando no parapeito e o encarando mas ele nem se dignou a levantar seus olhos para mim, então com raiva fechei seu notebook quase prendendo seus dedos.
-Eu estou aqui! – falei irritada.
-O que você quer? – ele falou calmo e distante. Nem eu mesma sabia o que eu queria – estou resolvendo um assunto importante.
-Mais importante do que sua família? – perguntei. Ele suspirou fundo e passou a mão na cabeça jogando o cabelo para trás, Deus, eu odiava que brigássemos. Eu sabia que eu estava errada, se eu tivesse visto ele abraçando outra mulher ficaria louca, que droga, ele estava certo sem dizer uma única palavra. Me abaixei a sua frente me apoiando em seus joelhos.
-Aquilo não foi nada do que você está pensando, ele só está mal e eu quis ajudar – falei justificando o meu ato afim de resolver as coisas.
-Eu não estou pensando nada – ele falou me olhando – eu não confio nele e eu não quero perder minha confiança em você.
Pisquei rapidamente suspirando. Jared era um homem de negócios, ele era treinado para desconfiar das pessoas e também para saber quando confiar nelas e quando ele não confiava era porque tinha razão mas talvez eu pudesse fazer ele enxergar que estava errado em relação ao Bradley.
Como eu odiava ficar mal com ele, meu coração apertado permitiu que uma lágrima teimosa escorresse pela minha bochecha, o qual quebrou o coração dele. Não foi proposital, muito pelo contrário.
-Mag, você é linda, inteligente, esperta, mas você deixa as pessoas erradas se aproximarem de você. – ele falou mais calmo segurando minhas mãos e em seguida se inclinando mais para frente.
-Você acha que não pode confiar em mim? – perguntei.
-Eu tive três mulheres na minha vida. A primeira me deixou para ficar rica, a segunda me manipulava com uma troca de favores e a terceira, a terceira largou tudo por mim e me deu uma filha maravilhosa – ele segurou meu rosto com as palmas das mãos em formato de concha – só que você se perde nos seus próprios sentimentos, Margot, e quando isso acontece eu não sei como te trazer revolta.
Eu me lembrei das inúmeras vezes eu que fugi dele por estar perdidas em meus sentimentos.
Ergui os olhos para ele.
-Eu não vou a lugar nenhum – falei.
-Que bom, não suportaria te perder.
Ah lá estava o meu doce e perfeito marido, que não tinha medo de se abrir comigo nunca e todos os dias fazia questão de me lembrar que me amava mais do que tudo. Como eu poderia não ser dele? Cada centímetro de mim era dele, porque ele era meu, nós nos pertencíamos.
Eu era refém dele, mesmo brava, chateada, triste, Eu nunca conseguia fugir de seus toques. Fugir de seus carinhos e das suas palavras que me amarravam a ele. Mesmo que eu estivesse brava com ele, meu corpo continuaria amando-o e o desejo cada vez mais e eu sei que seria assim a vida toda.
Nós nos levantamos e fomos ficar com Hannah na sala e assim se seguiu nosso final de semana. Passamos todo o domingo na piscina com Hannah e depois quando o mal tempo de repente tomou os céus da Califórnia, nós colocamos Hannah para dormir e ficamos o restante da tarde em nossa cama. Aproveitamos para falar sobre Amber, ele estava um pouco relutante em aceita-la pela pouca idade e falta de experiência mas continuei insistindo até que por fim ele cedeu, eu gostei dela e se ela quisesse ser uma acompanhante eu iria adorar. O que? A clientela adora carne nova e Amber Heard era extremamente bonita.
Na segunda a tarde Jared me avisou de ter que ir para uma viagem urgente para China pois tinha assunto pendentes com umas empresas chinesas que não poderia mais aguardar, a coitada da Amber quase não conseguia direito acompanhar as ordens de meu marido mandão.
-Você precisa ligar nesse número e avisar ao Henry que chego na terça a tarde, o número está dentro da pasta, é o Sr. Lavey e não ligue se ele fizer alguma piada, ele é um idiota. Preciso também de três ternos, dois pretos e um azul, gravatas que combinem, você é boa com isso, não é? Se precisar de ajuda peça a Cristina. Também peça a ela que ligue agora para Ian, meu advogado que me encontre no aeroporto e ligue também para Johnny e peça a mesma coisa, quero os dois dentro de duas horas no aeroporto porque o jato vai sair no horário certo, se eles se atrasarem que vá de avião comercial.
Ele disparou entregando pastas e ordens para a menina que inutilmente tentava manter a pose de quem sabia exatamente o que estava fazendo, mas a coitada estava perdida tentando captar as mensagens e anotar tudo o que ele queria. Ela ficou parada a nossa frente olhando para ele esperando por mais alguma ordem.
-Precisa de alguma coisa? – ele perguntou
-Uh... eu tenho que fazer tudo isso dentro de duas horas? – sua voz saiu quase inaudível.
-Não, na verdade em uma porque em uma hora nós vamos estar saindo daqui e indo para o aeroporto
O queixo dela caiu! O queixo dela caiu e eu sabia o quanto Jared odiava funcionários reclamões e chorões e se ele visse ele iria dizer que eu o obrigara a contratar uma criança. Balancei a cabeça em forma negativa para ela entender e desfazer aquela cara antes que eles fizessem contato visual novamente, e até que ela não era burra porque rapidamente tomou a pose novamente de quem sabia o que estava fazendo.
-Amber você tem agora cinquenta e oito minutos – ele a apressou olhando no relógio e então rapidamente ela saiu da sala quase tropeçando nos próprios saltos. Assim que a porta se fechou eu me aproximei dele fazendo uma massagem em seus ombros.
-Ah amor, não seja tão duro com ela. Hoje é o primeiro dia e você fala de coisas que ela desconhece. – Falei e ele levou os dedos a temporã.
-Não acredito que vou ter que ficar quase duas semanas fora, Mag. – disse irritado. Eu o abracei.
-Nem acredito que vou ficar duas semanas longe de você. – respondi me sentando em seu colo e o beijando.
Essas viagens longas não eram frequentes mas necessárias. Normalmente quando o caso era menos sério ele mandava Johnny ou Ian em seu lugar mas como a situação estava crítica ele teria que assumir o posto. É óbvio que eu odiava me despedir dele mas o que eu podia fazer? Era suas obrigações. Hannah e eu fomos com ele até o aeroporto, Amber foi calada no banco de trás enquanto eu dirigia e ele passava algumas informações para ela. Ele falava tão rápido, até mesmo quando ela falava com ele parecia que existia uma indiferença muito grande sobre sua beleza. As palavras de Marina começaram a fazer menos sentido, Jared poucas vezes fazia algum tipo de contato visual com ela, tudo era sobre trabalho e trabalho e confesso que me senti melhor com aquilo, não é fácil ver seu marido indo para o outro lado do mundo com uma mulher tão linda se você não confia nele.
Nós chegamos cedo no aeroporto faltando quase quarenta e cinco minutos para a aeronave decolar, então aproveitamos para comer na lanchonete do aeroporto e em poucos minutos Ian e Johnny também apareceram. Ian Somerhalder era um homem extremamente bonito e elegante, alto, magro e definido e olhos de um azul intenso era de fazer qualquer mulher cair em seus pés, confesso que em meus tempos “antes Jared" se eu o tivesse conhecido com certeza teríamos tido algo, até mesmo porque diversas vezes ele tentou disfarçar seus olhares sobre mim, mas agora, eu realmente não tinha nenhum tipo de atração por ele. Ele era lindo e solteiro, mas meu Jared era mais.
-Amber pode ir pegar uma café para mim, sem cafeína – Jared pediu e a menina obediente se levantou e fui em busca de seu café.
Ian e Johnny ficaram olhando enquanto ela se afastava e Jared aproveitou o momento para brincar com Hannah em seu colo.
-Uau ela é muito gostosa – Divulgou Johnny olhando para a bunda da Amber enquanto ela se afastava e pedia um café no balcão.
-Ela parece você, Margot. – Ian comentou.
-Está chamando minha mulher de gostosa indiretamente? – Jared perguntou, Ian ficou tenso por um segundo mas Johnny começou a rir.
-Não, quer dizer, você é linda Mag, com todo respeito... É que a Amber e você se parecem tipo muito e ela é gostosa e você... – quanto mais ele falava mais enrolado ficava enquanto nós três ficávamos encarando ele.
-Ian, pode guardar seu brinquedinho. – Jared disse rindo do desespero do amigo.
Eu dei risada. Por que homens são tão idiotas?
-Parem com isso, a garota tem vinte e três anos. Ela é um feto. – eu falei em defesa da menina.
-Você tinha vinte e dois anos quando conheceu ele – Johnny disse.
-É diferente. – me defendi pensando em como minha vida e a dela eram totalmente diferente. Amber tinha uma mãe e um pai, foi criada como uma criança deve ser, mimada e com toda proteção. Eu por outro lado... – deixem a menina em paz, vocês dois são dois tarados.
-Shh – Johnny fez sinal para nós calarmos pois ela estava voltando, entregou o café para Jared e se sentou.
Ele deu um gole e depois achei que fosse vomitar pela sua expressão.
-Amber eu pedi sem cafeína – falou ele tentando manter a voz em tom sereno para não assusta-la pois as bochechas brancas ficaram vermelhas rapidamente mostrando o quanto estava tensa. É, ela teria que ter muita paciência.
-É... – ela se pôs a desculpar-se.
-Eu pego o seu café – falei me levantando poupando a menina de mais um constrangimento.
Depois ele partiu, levando parte de mim junto com ele. Ah como seria difícil ficar longe dele por duas longas semanas. Duas longas semanas! Quantas coisas podem acontecer? Mas eu não podia pedir para que ficasse já que eu como chefe, sabia muito bem como era viver nessa correria, ócios do ofício. Mas era horrível, eu queria poder ir com ele mas havia tanta coisa para resolver na agência e no clube.
-Bom, agora somos eu e você – falei para Hannah.
-Podemos comprar um presente pro papai quando ele voltar? – ela pediu de forma meiga.
-É claro, meu amor!
Então eu dei partida no carro e voltamos para casa juntas.
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A acompanhante (CONCLUÍDA)
Roman d'amour(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...