Um ano e dez meses depois
-Margot, você pegou as coisas do Nate? – Léo gritou lá de baixo enquanto eu ainda procurava a mamadeira do Nate
-Estou procurando a mamadeira dele, está aqui em algum lugar. Pode perguntar para Maggie se ela viu ou deixou em algum lugar? – gritei em resposta.
Estávamos atrasados para o casamento da irmã dele, finalmente achei a mamadeira caída debaixo do berço. Como Nate tendo apenas um ano conseguia fazer tanta bagunça assim?
Sua irmã... ela não era tão bagunceira na idade dele. Parei na porta pensando em Hannah, fazia já quatro meses que eu não via ela, ah um ano que Jared a coloca no avião para vim me ver quando não posso ir a América vê-la, Bom não queria ficar pensando nisso ou acabaria perdendo o ânimo para ir a festa.
Léo já estava do outro lado da rua dentro do carro me esperando, quando dei o primeiro passo para atravessar uma caminhonete quase me levou junto com ela
-Babaca, só pode estar querendo deixar meus filhos órfãos. – falei resmungando quando entrei no carro.
-Se você deixasse eu colocar meu nome no do Nate, não teria que deixa-lo órfão. – Léo disse ligando o carro.
-Nós já conversamos sobre isso, não quero mexer no nome dele. Ele ainda é muito pequeno... – olhei para trás e lancei lhe um sorriso, ele estava na cadeira mordendo seu brinquedo.
-Nate, eu já disse para não colocar essas coisas na boca. – falei e como se tivesse me entendido e para me provocar ele riu e voltou colocá-lo. Eu não pude deixar de rir. – Como você pode ser tão teimoso, hein? Quem será que você puxou? – falei brincando, Léo olhou para mim e deu uma risada.
-Só pode ter sido a mãe. – ele falou.
-Ah eu não sou teimosa, o pai dele que é. – falei instantaneamente. Logo em seguida me dei conta que tinha falado besteira e Léo fechou a cara, eu ainda não tinha me acostumado com aquilo, mesmo depois de tanto tempo. Talvez fosse a culpa de esconder de Jared outro filho, e como castigo, Deus me enviou um filho idêntico a ele. Mesmos olhos, cor do cabelo, e pra compensar, personalidade. Eram os mesmos. E aquilo não me deixava esquecer Jared nem por um segundo, eu não chorava mais ao pensar nele mas eu sentia falta, Deus como eu sentia falta dele.
Eu tinha meu filho que me preenchia muito, porém eu ainda sentia falta de Hannah e sonhava em ver os dois juntos. Ela já estava com cinco anos, crescendo mais rápido do que eu esperava e já estava indo para a escolinha. Eu ficava imaginando como seria levar ela até lá, ir as reuniões de pais, ajudar ela com as lições, eu queria tudo isso mas algo dentro de mim dizia que haveria o tempo certo para eu poder voltar. Tudo era diferente agora, eu tinha que me adaptar as mudanças ou acabaria enlouquecendo. Léo e eu fomos em silencio até o casamento, ele já deveria estar acostumado com minha falta de cuidado no que dizer, eu sempre dizia coisas assim que machucava ele, mas eu não conseguia evitar.
-Margot, boa tarde. – a irmã mais nova de Léo, Cleía, veio me cumprimentar. Ela sempre era muito formal, o que me fazia sentir falta de Cara e sua maluquice total. Mas era uma boa pessoa. – Deixa eu levar o Nathaniel para brincar com as outras crianças? – perguntou.
-Não, deixe ele aqui comigo... ele ainda é muito pequeno para ficar com crianças mais velhas, podem machuca-lo.
-Então tudo bem. – ela respondeu fazendo um bico. Eu não sei se era coisas de britânicos, pessoal, ou da família de Léo mas sempre que eu negava alguma coisa eles fechavam a cara para mim, me tratavam indiferente, eram frios e arrogantes e aquilo me estressava por isso na maior parte do tempo eu estava trabalhando ou sozinha em casa com meu pequeno Nate, fora que Londres era muito fria, Nate estava sempre pegando um resfriado, com certeza o sangue californiano corria nas veias dele apesar de ter nascido aqui. A mãe dele conseguia superar a filha, ela era extremamente formal, arrogante e preconceituosa. Léo nunca contara a ela qual era o ramo da minha empresa: sexo. Não se tratava apenas disso mas era o que a maioria dos homens e mulheres queriam contratando-nos.
A festa durou a tarde toda, Léo ficou tomando champanhe com primos e conhecidos da família, enquanto eu conversava com outras mulheres, mães de família, mulheres de empresários e bilionários, que preferiam cuidar da casa e estar sempre bonita para o marido, eram historias um tanto tristes pois a maioria das mulheres que eu conheci ali não tinham mais vida própria, apenas luxuria e decadência, se submetiam a cirurgias plásticas cada vez mais para tentarem ficar mais novas para poderem competir com as amantes jovens de seus maridos, eu quase sempre me sentia mal porque todas as minhas garotas britânicas eram contratadas por mais da metade daqueles homens que estavam ali. Eu sabia dos casos de todos eles mas não podia dizer nada, termo de confidencialidade.
Eu também sentia falta das minhas amigas, elas sim tinham sangue correndo nas veias, bebiam, riam, brincavam, dançavam sem ligar se iam ficar com a maquiagem borrada ou cabelo bagunçado. Eu sentia falta da minha antiga vida.
-Margot, você aceita um champanhe? – Lucile, uma das primas de Léo perguntou.
-Ah, não muito obrigado. – respondi rapidamente.
-Está dirigindo? Não vai ficar bêbada com apenas um champanhe. – ela respondeu.
-Na verdade eu realmente não quero. – falei, ela também torceu o nariz e saiu, respirei fundo. Com eles eu tinha que pisar em ovos, não ser eu mesma. Apenas uma garota formal, que Léo havia conhecido em uma das suas viagens de negócios e aquilo me matava, eu odiava ter que fingir.
O bom disso tudo é que consegui me tratar, ah tempos não usava drogas ou bebia álcool e estava muito bem, mantendo uma ótima alimentação e exercícios físicos. Eu estava mais bonita do que antes. Era essa a minha nova vida.
JARED P.O.V:
Acordei mais cedo para poder levar Hannah até a escola e depois conseguir chegar a tempo da reunião. Ela já estava pronta, primeiro que eu, ela simplesmente adorava a escola.
-Bom dia, Hannah. – a beijei no topo da cabeça.
-Bom dia, papai. – respondeu com a boca cheia de pão.
-Sem falar com a boca cheia. – falei em tom brincalhão, ela deu risada e engoliu o pão.
-Desculpe, papai. – falou – o senhor vai me levar para a escola ou a tia Cara?
-Eu vou te levar, tá bom? – respondi, ela abriu um sorrisão e os olhos azuis brilharam.
Agora que era só eu e ela, Cara e Marina me ajudavam no que podiam, coisas que eu não entendia mas eu já estava pegando o jeito sozinho em como cuidar da minha filha, Nelly também ajudava quando eu tinha que trabalhar mais na maior parte do tempo eu preferia ficar a sós com Hannah, ela era o suficiente para me preencher. Esperta, decidida, engraçada, mimada, dramática, mas focada, e linda, era extremamente linda. Hannah era a cópia perfeita da mãe, então doía, as vezes, olhar para ela doía.
Ela me perguntava diversas vezes quando a mãe ia voltar para casa, mas eu nunca tive uma resposta para ela, e nunca conseguia dizer que ela não iria voltar.
Enquanto levava ela para a escola, ela falava o caminho inteiro. Falava sobre tudo o que vinha na cabeça, até mesmo da mãe.
-Papai, quando a mamãe voltar você acha que ela vai querer participar da festa das mamães na minha escola?
Ouvir aquilo acabava comigo.
Olhei para ela pelo retrovisor
-É claro que vai, meu amor, sua mãe iria adorar.
Aquilo doía, doía porque eu sabia que mais da metade da minha filha ter que passar por isso era culpa minha também. Eu praticamente tirei a minha filha da mãe dela e hoje ela sente tanta falta e eu simplesmente não consigo dizer para ela que não sei se a mãe vai voltar um dia. As coisas haviam mudado, tudo estava diferente. Eu estava com minha terceira namorada, Rachel, depois que Margot foi embora com outro homem parte de mim dizia que eu deveria seguir em frente e eu tentava, eu estava tentando mas Deus era impossível eu simplesmente não via brilho com nenhuma outra mulher, e nunca vai dar certo com outra mulher, não como deu certo com Margot. Mas Rachel era uma mulher legal, incrível, gosta da Hannah, mas está sempre ocupada em seu emprego de fotografa, anda viajando o mundo fotografando modelos e pessoas ricas. Eu gosto dela, mas não a amo. Não consegui nesses dois meses juntos eu não consegui amar ela, eu não consigo esquecer Margot Robbie por algum motivo, por algum maldito motivo!
A minha vida é essa hoje, monótona, parada, o que me faz feliz é minha filha mas todo o resto perdeu o seu brilho.
MARGOT P.O.V:
-A sua irmã é uma idiota, Léo! Eu não tenho que deixar meu filho com os seus sobrinhos que da última vez machucaram ele. – falei em auto defesa.
-Ela só queria ajudar, Margot. Você não precisava ter sido grosa com ela. – ele gritou apontando o dedo na minha cara.
-Eu não fui grossa com a estupida da sua irmã, eu só fui sincera. – respondi. – que saber, foda-se!
E saí do quarto batendo a porta, toda semana um motivo diferente para brigarmos. Entrei no quarto de Nate que tinha acordado por causa da discussão e estava em pé se apoiando na grade do berço.
-Hey, vem cá com a mamãe. – o peguei no colo e acabei dormindo ali na poltrona de balanço com ele. Era assim sempre que brigávamos, eu não ficava triste só sentia falta da minha cama. Acordei no meio da noite com meu celular tocando. Era um numero desconhecido.
-Alo? – perguntei confusa e sussurrando para não acordar meu filho.
-Margot? Tudo bem? – falou uma voz apreensiva.
-Sim... quem é? – perguntei.
-Meu nome é Andrew Wayne, sou médico de uma amiga sua – ele disse parecendo estar tentando manter o tom da voz calmo – Lila Wiston Soileau.
Aquele nome! Ah meses que eu não pensava em Lila, não ouvia falar sobre ela, não queria saber dela. A ultima notícia que tive foi que que ela transferiu todo o meu dinheiro de volta e eu tomei todos os bens que ela mantinha graças a mim! E era as únicas coisas que me importavam mas então porque eu estava recebendo aquela ligação?
-Lila não é minha amiga – falei rapidamente, o sotaque americano e o numero em meu celular provaram que a ligação estaca vindo da Califórnia, então ela ainda estava por lá.
-Bom, você é o contato de emergência dela. – respondeu – de qualquer forma, me senti na obrigação de entrar em contato com você para que saiba que Lila tem câncer, avançado. Estamos tratando mas ela vai precisar de alguém do lado dela, por favor, seja essa pessoa. – ele disse rapidamente – preciso desligar, ligações internacionais são caras.
E antes de eu dizer alguma coisa ele desligou. Aquilo me veio como uma onda forte, eu já não recebia mais notícias ruins como antes, agora eu conseguia parar e pensar antes de fazer alguma besteira mas aquilo me pegou de surpresa, Lila estava doente? Como ele podia simplesmente despejar aquela bomba em mim e desligar daquela forma? O que mais me preocupou foi o gato dele ter me ligado! Ela poderia ter feito isso, e Marina ou Lizzy não me disserem nada só comprova o fato de que nem elas sabiam. Passei a noite toda em uma batalha entre o que fazer e o que não fazer. Mas na manhã seguinte peguei o primeiro voo de volta para Califórnia junto com Maggie depois de uma discussão com Léo sobre se Nate deveria ou não ficar em Londres. Ele acreditava ser o pai dele, mas não era e eu não podia deixar que ele acreditasse naquela ilusão, eu era grata por tudo que tinha feito por mim mas eu não podia colocar outra pessoa assim no meu coração muito menos na vida do meu filho.
Cheguei na Califórnia quase pelo fim da tarde, arrumei um hotel para ficarmos por enquanto mas eu queria mesmo era poder comprar uma casa por ali porque algo me dizia que aquilo não seria uma breve visita. Tentei inúmeras vezes ligar para ela mas ela não me atendia o que ne causava um certo pavor e depois de descobrir aonde era a clínica que o Doutor Andrews trabalhava, fui atrás dele no dia seguinte deixando Maggie com Nate.
-Eu pensei que fosse algum tipo de brincadeira – falei enquanto o seguia pelo corredor branco e triste daquele hospital.
-Todos nós queríamos – respondeu
-Mas eu não entendo, como ela pode estar com câncer? – disse confusa então ele suspirou.
-É genético, câncer de fígado e normalmente ele leva um tempo, uma certa idade para aparecer mas o histórico dela com o uso abusivo de álcool e drogas apenas antecipou o aparecimento do câncer, estamos nessa luta ah quase um ano e ela estava melhorando até que novas metástases surgiram, ela vai precisar se cirurgias e um transplante.
Minha respiração pesou enquanto eu tentava digerir aquilo tudo de uma só vez, e ao mesmo tempo me preparar para vê-la sem saber o que esperar, então ele abriu a porta do quarto e eu quase deixei que meus passos falhassem. Não era ela, não podia ser. A cabeça totalmente careca, além da pele que um dia fora como porcelana, estava amarelada junto com os olhos, além de amarelos, perdidos dentro de um vazio que só ela conhecia. Estava em uma cadeira de rodas de frente a janela com soro nos braços finos e ossudos, seus ossos estavam bem expostos mesmo por debaixo da pele amarelada, a magreza denunciava o quanto aquela batalha estava sendo difícil e naquele momento eu não consegui mais ver a amiga que me roubou mas a amiga que precisava de mim.
Adentrei o quarto e me abaixei a sua frente, ela abriu os olhos e tremeu os lábios surpresa.
-Lila eu tive a liberdade de chamar a Srta. Robbie para nos fazer companhia – o dr. Andrew disse e ela ergueu os olhos cansados para ele.
-Porque você fez isso? – Céus, até sua fala estava fraca, desgastada.
-Ele fez certo – disse e segurando em sua mão, ela visualizou bem aquele gesto e pela primeira vez em doze anos eu vi algo em seus olhos que nunca tinha visto antes: culpa. Pela primeira vez ela estava se sentindo culpada pelas coisas que me causara, pois apesar de tudo eu estava ali por ela. Não dava para encarar ela naquela situação e não fazer nadam
-Eu vou morrer, Mag – lamentou-se contorcendo o rosto em angústia.
-Não, não vai! – respondi firme – e eu vou estar aqui.
Fiquei o restante da tarde com ela, conversamos sobre tudo. A doença realmente havia transformado ela em um outro tipo de ser humano, mas ainda mantinha um at de deboche e raiva sobre tudo e todos. Levei ela Ate o jardim para tomar um pouco de ar na cadeira, não tinha força suficiente para ficar de pé.
-O que está fazendo? – tirei o cigarro de sua mão antes que ela acendesse – Você vai se matar.
-O Câncer vai me matar, o cigarro só vai acelerar o processo – respondeu enquanto eu apagava o cigarro que acabara de ascender.
-Não diga isso – falei – eu já lhe disse que vamos lutar.
Ela bateu os cílios tentando não deixar os olhos encherem de lagrimas mas consegui capturar aquele momento raro em que ela chorava.
No final da tarde eu fui para o hotel com a cabeça cheia. Lila estava péssima, eu não tinha imaginado o quão avançado o câncer estava e o quão sozinha ela também estava. Eu precisava ficar ali com ela e a ajudar vencer aquela luta, me senti obrigada como amiga e também sabia que Bradley iria querer alguém ao lado da irmã mesmo que ela fosse o ser humano mais difícil de lidar. Léo ficou enfurecido, disse que eu estava arrumando motivos para voltar para Califórnia para ficar com ele.
Mas ah três semanas que eu estava em solo americano, tão próxima a ele e eu não tinha ido vê-lo, nem que seja de longe, e nem minha filha confesso que a tentação era grande mas eu tinha que manter as coisas em anonimato por enquanto pois agora eu tinha outra vida para esconder.
No final do mês eu já havia me mudado para minha casa nova e mobilhada, Mark estava cuidando da agência em Londres, e eu estava cuidando da minha amiga que estava passando por cirurgias horríveis para a retirada dos novas metástases que surgiram. E quando tudo parecia estar nos conformes, era a hora de poder retomar o que era meu, eu precisava voltar ao trabalho foi quando apareci de surpresa na casa de Marina.
-Ah meu Deus do céu! O que você está fazendo aqui? – ela gritou me puxando e me abraçando. – Margot! Você não disse que tinha voltado.
Ela parecia nervosa mas contente em me ver, eu também estava. Ela estava diferente, aliás qualquer mulher grávida fica diferente. Ah quase nove meses atrás ela me contou por telefone que ela e Shannon iam ter um bebê.
-Oh meu Deus olha só essa barriga – falei ela riu.
-E olha só esse corpo, Margot, o que aconteceu? Léo não deu conta e você quer gastar todas as suas energias na academia?
Eu dei risada, a gente ficou conversando e conversando até finalmente eu conseguir entrar no assunto que eu queria tratar com ela, eu precisava da ajuda dela e de Lizzy porque a cada cirurgia sentia que Lila estava piorando e a sensação era de que ela não queria mais lutar.
-Você tem ouvido sobre Lila? – perguntei afim de saber se ela já tinha alguma notícia sobre ela mas a expressão confusa me confirmou que não. – ah um mês e meio recebi uma ligação, era o médico dela.
-Médico?
-Lila tem câncer, avançando, está passando por inúmeras cirurgias mas a situação não é boa – falei e ela deixou as sobrancelhas caírem e fez aqueles olhos de bambi de sempre.
-Você é tão boa, depois de tudo o que ela fez com você ainda se importa.
Respirei fundo.
-Eu não posso condena-la, uma vida de culpa e dor já foi o suficiente além do mais não é sobre mim, mas sobre ela, ela precisa de nós – continuei – eu vou retomar meu cargo na agência aqui, você tem sido ótima e nas suas mãos nossos números subiram mas eu preciso ficar aqui na Califórnia.
Eu pensei que ela fosse ficar magoada com o que eu disse mas acabou dando um suspiro longo e profundo.
-Ai graças a Deus. – falou e eu fiquei sem entender – não estava dando para trabalhar e estar grávida ao mesmo tempo, eu tenho muito enjoo, passo muito mal e Shannon fica no meu pé dizendo que eu tenho que desacelerar um pouco então por favor é um prazer devolver o seu cargo para você.
Nós duas rimos. Quando ela falou de Shannon eu me lembrei de uma detalhe importante que havia esquecido.
-Falando nele... onde ele está? – perguntei.
-Ah ele saiu com Jared pra algum lugar – respondeu – por que?
-Ele não pode saber que estou aqui. – respondi, ela juntou as sobrancelhas – ninguém pode, entendeu?
-Mas por que, Margot? Está fugida da polícia? – ela falou e deu risada.
-Não. – respondi.
-Ah meu Deus, eu sei que você ainda ama o Jared as não tem que se preocupar ele está solteiro.
Olhei para ela confusa, eu nem mesmo tinha mencionado ele.
-Eu conheço você – respondeu com um sorrisinho irritante no rosto
-E minha filha?
-Ah, como eu tinha te prometido eu ajudo ele em tudo que posso em relação a ela e Cara também. Mas ele é um pai excelente Margot, eu vou ter muita sorte se Shannon for cinco por cento do que ele é.
Dei um leve sorriso, é claro que ele era um bom pai, Jared sempre deu seu melhor para cuidar da Hannah, ela arregalou os olhos de repente
-Ai meu Deus, eu esqueci o café no fogo – falou se levantando rapidamente e quase correndo para a cozinha.
-Marina, tente não fazer esforço assim – falei alto enquanto ia atrás dela, quando cheguei na cozinha ela estava com os olhos arregalados e a boca aberta olhando para o chão. – O que houv... Ah meu Deus!
Mesmo surpresa nós duas estávamos com um sorriso no rosto.
-A bolsa estourou, o que eu faço? – ela perguntou. Respirei fundo e me aproximei dela.
-Vamos agora para o hospital – falei. – onde estão as coisas do bebê?
-No quarto – ela falou – no quarto.
Eu saí em disparada no quarto dela e procurei pelas coisas a bolsa estava em cima de uma penteadeira, depois voltei correndo e descemos pelo elevador ela já estava começando a sentir as contrações. Devia estar sentindo antes mas não me contara. Chegamos ao hospital mais próximo em menos de meia hora, ela já estava sentindo bastante contrações. Entramos como duas desesperadas dentro do hospital e rapidamente ela foi atendida.
-Margot, liga para Shannon – ela pediu assim que foi internada. Eu tentei ligar para ele mas ele não atendia de jeito nenhum, ela ficou por duas horas tomando soro até que houve espaço suficiente para o bebê sair. Vê-la sofrendo assim fazia lembrar de mim ao ter Nate. Eu estava sozinha, Léo estava e alguma reunião e eu não tinha amigos ou parentes por lá e por isso eu estava feliz em estar com ela ali.
Quando finalmente Marina começou a entrar em trabalho de parto ela implorou para que eu ficasse com ela, eu fiquei, obviamente e então seu filho nasceu. Era uma criança linda, grande, saudável, e idêntico ao Nate.
-Meu Henry. – ela falou pegando ele no colo – meu filho. Ele é lindo, não é Margot?
Ela estava radiante.
-Ele é lindo demais. – inevitavelmente eu comecei a chorar, não por causa dele ou dela, mas por que eu lembrei dos meus filhos. Nathaniel estava no hotel com Maggie, e Hannah, ah Hannah onde você estava? Marina notou na hora o motivo da minha tristeza, mas ela não sabia de Nate ainda, ninguém sabia.
-Margot, você vai reconquistar sua filha. – falou.
-Eu sei, eu sei... Não vou estragar esse momento chorando. – falei para ela, por não querer que ela se preocupasse com isso.
-Cadê o Shannon, aquele idiota! Era para estar aqui, nada pessoal Margot, mas o pai dele deveria estar aqui. – falou nervosa.
Henry começou a chorar.
-Ta vendo o que você fez? – briguei com ela pegando-o no colo e balançando-o, era incrível como ele era idêntico ao primo dele. Ela pegou o telefone e finalmente conseguiu falar com Shannon, o xingando horrores. Ele avisara a ela que estaria ali em alguns minutos.
-Ele está vindo, estava preso em uma auditoria em uma das academias dele. – falou revirando os olhos – ele é lindo, não é Margot?
-Ele é. – falei ainda balançando ele. Depois de alguns minutos ele dormiu novamente e eu o coloquei no bercinho do hospital. Ate que finalmente Shannon chegou entrando em disparada no quarto.
-Cadê ele? – perguntou tão entusiasmado que mal me notou ali.
-Ele está aqui – peguei ele novamente no bercinho e entreguei para Shannon que tinha os olhos marejados.
-Ele é grande... igual o pai. – falou alegre o pegando e encantado. – ele é lindo Margot.
Eu só conseguia responder com um sorriso. Então ele levou Henry até Marina na cama e os dois ficaram admirando o bebê.
-Bom vou deixar vocês dois a sós. – falei pegando minha bolsa e indo me retirar do quarto até que parei, paralisei, eu sei lá o que aconteceu, mas Jared estava parado na porta do quarto me olhando com a boca aberta. Aliás, nós dois ficamos nos encarando com a boca aberta por alguns segundos.
Um silencio tomou conta do local até eu recobrar os meus sentidos. Meu Deus, ver ele doía mas me fazia imensamente feliz.
-Bom... eu já volto Marina. – falei para ela passando por ele e indo até a cafeteria ao outro lado da rua tomar um café. Eu tremia. Meu corpo todo tremia. Toda aquela situação era terrível para mim. Ter um filho dele e esconder dele era doloroso mas eu não podia correr o risco dele tira-lo de mim apesar que ele não teria como fazer isso, eu estava sóbria a mais de um ano, eu estava bem e cuidava muito bem do meu filho.
-Um café por favor. – pedi. O garçom acenou com a cabeça.
-Um suco de Laranja natural – ouvi a voz dele atrás de mim, fechei os olhos, novamente meu corpo estremeceu. Puta merda Jared.
Eu achei que ele iria me ignorar, eu poderia ficar ali de costas para ele e fingir que não o tinha visto. Então ele iria embora e eu também. Mas é claro que não foi assim que aconteceu.
-Olha quem está de volta a Los Angeles. – ele se sentou na minha mesa com um sorriso simpático, havia alguma coisa de diferente nele. Ele estava extremamente lindo.
-Temporariamente, vim resolver alguns assuntos pessoais. – respondi.
Ele sorriu de lado e o garçom trouxe nossas bebidas.
-Café? – perguntou, é claro, ele queria saber porque eu não tinha pedido uma cerveja.
-Estou sóbria a mais de um ano Jared, nem uma gosta de álcool. – falei, ele abriu um sorriso.
-Isso é ótimo, Margot, fico extremamente feliz que esteja bem. – falou olhando nos meus olhos, e ficamos assim alguns segundos, olhando um nos olhos do outro sem dizer nada. Era nesses momentos que eu ainda tinha completa e total certeza de que ainda o amava, e o amaria para sempre.
-Bom, e você? – perguntei para quebrar aquele clima – como tem ido as coisas?
Ele suspirou.
-Normais, por enquanto.
-E minha filha? – falei rapidamente, ele sorriu retirando o celular do bolso e mexendo nele. Depois o me entregou.
-Está enorme, inteligente, falante, e incrivelmente linda. – falou rapidamente e me mostrou uma foto atual dela que fez meus olhos ficarem marejados rapidamente. Ela estava realmente grande e linda. Ela parecia comigo?
-Ela está idêntica a você. – ele falou como se tivesse lido meus pensamentos.
-Ela está linda, Jared. – falei ainda olhando para o celular e sorrindo como boba.
-Quer vê-la? – ele perguntou, olhei para ele e quase deixei o queixo cair.
-O que... que? – gaguejei.
-Você está bem, Margot, quer vê-la?
-Cla...Claro! – falei gaguejando de tanta felicidade. – quando?
-Agora! – ele falou juntando as sobrancelhas – ué.
Eu abri um sorriso de orelha a orelha. É claro que eu queria vê-la, abraça-la, beija-la, é claro que eu queria minha filha de volta.
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A acompanhante (CONCLUÍDA)
Romance(+18) "Margot era uma acompanhante de luxo, mas não qualquer acompanhante. Era a garota mais requisitada e mais cara da agência. Após ter sido deixada pela mãe aos quinze anos para trabalhar como striper em uma boate qualquer na Califórnia e na busc...