Hurricane

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“Me diga, você mataria para salvar uma vida? Me diga, você mataria para provar que está certo? Quebre, queime, deixe isso tudo queimar, esse furacão está nos perseguindo por debaixo da terra”

Eu fui atrás de Golan na delegacia para lhe contar sobre Gary, não eram meras suspeitas eu tinha certeza de que aquele desgraçado estava com minha filha e queria me ver enlouquecer antes de dar o golpe mas eu não ligava, pagaria uma fortuna, eu daria tudo somente para ter ela de volta. Bradley estava comigo, e Golan me olhava, escutava e suspirava.
-Eu já te contei tudo a única coisa que eu não estou entendendo é porque não vejo ninguém anotar nada do que estou falando! – rosnei e ele cruzou os braços à frente de seu peito se ajeitando na cadeira.
-Isso são suposições ou você tem alguma prova? – ele perguntou. Eu odiava aquele idiota de terninho bancando ser o maior mas na verdade não tinha porra nenhuma.
-E você está tão desinteressado porque sou eu e não Jared que está falando? – bati em sua mesa com força e ele observou aquilo com desdém.
-Eu vou investigar, qualquer coisa agora já ajuda muito mas peço que você fique em casa e aguarde enquanto estamos trabalhando nisso, Margot. – ele disse fitando-me sério como se eu fosse uma ameaça à toda aquela “investigação” de merda dele. Eu apenas balancei a cabeça me sentindo uma idiota ali e voltei para o meu carro com Brad.
-E agora? – ele perguntou. Já estava quase escurecendo.
-E agora eu tenho que esperar para ver se ele vai realmente fazer algo. – respondi desesperançoso, realmente por enquanto era o que eu tinha a fazer mas a minha vontade era ir até Gary, ir até ele e pegar minha filha por mim mesma. Mas eu tinha que ser inteligente e saber jogar.
Deixei Brad e dirigi de volta para a minha casa, eu estava cansada e até tinha esquecido do que acontecera mais cedo porém foi somente eu olhar pela janela do carro para a sala a minha frente que tudo veio à tona. E pela primeira vez eu não quis chorar, eu não quis gritar, não quis nada disso, eu apenas queria me sentar e ficar quieta deixando o mundo acontecer a minha volta como se eu não existisse. Reunindo forças eu desci do carro, caminhando em passos curto até dentro de casa, a janta já estava feita, todos os familiares e amigos estavam ali como nas noites anteriores, preocupados e solícitos. Mary e Cara me receberam em um abraço e fiquei feliz em ver Nina ali já que eu havia ligado para ela dizendo que precisava lhe contar sobre minhas suspeitas. Ela era inteligente e intuitiva, além de ser muito bonita o que também dava a ela o brazão de mulherzona da porra.
E enquanto jantávamos lhe falei sobre tudo a respeito de Gary, lhe contei desde meus quinze anos até aquele dia e ela me ouvia pacientemente.
-Mas você acha que ele já não teria pedido dinheiro? – Cara perguntou.
-Não, Gary é um jogador. – eu respondi e nossa conversa foi interrompida quando a porta se abriu e Jared passou por ela recebendo a atenção de todos. Doía olhar na cara dele, doía ver ele. Constance o recebeu com um beijo no rosto, ela estava acabada. Nelly logo lhe ofereceu comidas mas ele não parecia muito a vontade e apenas trocamos olhares, e todo mundo percebeu que alguma coisa tinha acontecido.
Querendo evitar qualquer indagação eu me levantei e fui para o meu quarto, olhei para aquela cama, para aquelas paredes, tudo parecia ter pedido o sentindo pra mim. Peguei umas roupas de dormir e enfiei dentro de uma pequena maleta.
-O que está fazendo? – ele apareceu na porta do quarto olhando para mim e para a pequena mala.
-Eu vou dormir em outro lugar – respondi sem encara-lo porque se eu o fizesse, talvez desistiria. Mas eu sabia que ele estava com aquele olhar de perplexidade no rosto.
-Bom, Golan me ligou hoje e me falou sobre o que vocês dois conversaram – disse ele calmo adentrando o quarto e parando ao meu lado, e então eu finalmente o encarei enquanto dobrava a última peça de roupa e fechava a mala.
-Era sobre isso que eu tinha ido te falar quando percebi que você estava mais interessado em outras coisas – falei levantando uma sobrancelha o deixando totalmente sem graça. Então uma de suas mãos seguraram a mala em cima da cama e ele me fitou.
-Você não precisa ir – ele disse calmo – eu... eu cometi um erro...
-Parece que isso tem acontecido bastante – o interrompi – eu só não entendo como você teve coragem com a sua filha desaparecida.
Então ele juntou as duas sobrancelhas e enfiou a mão no bolso, logo sacou um vidro pequeno dele oxicodona
-Enquanto você usa drogas para fugir da realidade, eu usei sexo!
Ele respondeu friamente e era verdade, nos últimos dias eu já tinha ingerido uma boa quantidade de droga tudo porque achava que se não o fizesse talvez surtaria.
-Nós brigamos, você disse que a culpa era minha e eu realmente achei que era, estava de cabeça cheia Margot! Precisava relaxar, precisava de alguma coisa, mas eu não podia pedir isso para você...
Meus olhos lacrimejaram
-Não queria que você achasse que eu não estou sentindo dor também.
-E você opta por buscar consolo em outra? – perguntei já não segurando as lágrimas – você acha que gozar em outra é consolo?
Ele segurou meu rosto com a palma da mão e eu apertei os olhos.
-Não, nós deveríamos nos consolar, é a nossa filha que está desaparecida.
Eu pensei em compreendê-lo e perdoa-lo novamente mas não consegui, a ferida não somente estava aberta como jorrava sangue aos montes. Me afastei de sua mão e puxei minha malinha.
-Eu vou dormir em outro lugar hoje, preciso disso.
Ele pensou em tentar me impedir mas não o fez, talvez tenha entendido que eu precisava de um lugar para mim naquela noite, eu estava exausta e não era aquele cansaço físico, aquele cansaço que vai embora no dia seguinte, eu realmente estava exausta como se o mundo estivesse pesando sobre meus ombros e aquilo estava me matando, tentando me fazer andar de joelhos para poder me sentir pequena em meio a todos aqueles conflitos e problemas mas de uma coisa eu tinha a certeza: eu iria encontrar Hannah e não importava o que eu tivesse que fazer para isso acontecer!
Eu acabei dormindo no clube, era um pouco difícil por conta de toda aquela música tocando mas fechei a porta e logo caí em um sono profundo, eu precisava estar bem pra quando fosse buscar Hannah. Na manhã seguinte eu acordei com Jared me ligando, me pedindo urgentemente que fosse até a empresa pois ele tinha notícias e rapidamente me arrumei, saí do clube e as meninas ainda estavam limpando o local.
-O que aconteceu? – perguntei assim que cheguei e dei de cara com ele e Golan. Não consegui nem dizer um bom dia. Os olhos dos dois pairaram sobre mim.
-Eu fui atrás de Gary como você havia dito – ele respondeu – mas eu não o encontrei
Meu mundo parou um pouco.
-Mas eu recebi uma ligação – Jared completou – Você estava certa, Gary está com Hannah e pediu uma quantia considerável de dinheiro.
Meu coração disparou, talvez eu estivesse um pouco aliviada por ter descoberto quem estava com ela mas em seguida eu temi, temi muito porque conhecia aquele desgraçado e então eu só queria dar um tiro na testa dele para ele nunca mais tocar nela.
-Quanto? – perguntei.
-Cem mil dólares – Jared falou despreocupado porque sabíamos que dinheiro não era problema para nós dois. Mas eu não ia fazer isso, eu não ia dar dinheiro para aquele desgraçado que destruiu a minha adolescência e em seguida mandou aquelas fotos para Jared, ele não ia vencer.
-E qual o plano? – perguntei para eles
-Nós marcamos o local e hoje eu vou levar o dinheiro e trago Hannah para casa – ele disse calmamente como se aquilo fosse simples.
-Não, qual o plano para prender aquele filho da mae? – eu perguntei me aproximando deles dois, e eu toquei na mesa de Jared, na mesa em que ele estava comendo Amber e rapidamente não sei se por instinto ou raiva eu me afastei e ele percebeu.
-Não vamos fazer nada que coloque a vida dela em risco – Golan respondeu arrumando aquele terno ridículo dele. Eu dei um soco na mesa, como ele podia ser tão covarde?
-Isso é ridículo! Eu não vou ficar parada enquanto vocês fazem a vontade desse psicopata. – esbravejei e ameacei sair da sala mas a voz de Golan me prendeu ali.
-Se você fizer alguma coisa que interfira nisso, eu a manterei presa! – ele afirmou e eu o fuzilei com o olhar, como ele se atrevia? Busquei ajuda em Jared mas ele parecia concordar com aquele idiota.
E sem dizer mais nada saí dali me sentindo derrotada. Eu não tinha nada em mãos, eu não tinha nada, nada! Dei alguns socos no volante do meu carro antes de atender meu celular que tocava insistentemente.
-Sim? – atendi mal humorada.
-Carmen!!!! – soou aquela voz ridícula que eu odiava do outro lado da linha, era Gary. – soube das novidades? Achei que iria demorar mais para você perceber que eu estou com a pequena Hannah mas até que você é inteligente, eu tenho certeza que puxou seu pai.
-Fala o que você quer, seu desgraçado! – praticamente berrei no telefone o que o fez dar risada.
-De você eu quero cem mil dólares... e você. É a sua vida pela de Hannah! – eu paralisei ouvindo aquilo, sem ter uma reação, sem saber o que pensar, mas não tinha o que pensar eu daria tudo pela minha filha – venha na antiga fábrica na rota 88 até as quatro horas se não a linda Hannah vai crescer igual a mãe dela, uma vadia viciada!
E desligou, as palavras dele ecoavam na minha cabeça e eu fiquei mais confusa. Se ele já havia falado com Jared por que também me ligara? Qual era exatamente o jogo dele? Mas eu não tinha muito tempo para tentar descobrir o que ele queria, eu só podia jogar com as cartas que me eram apresentadas. Eu pensei em voltar e dizer a Jared, mas ele e aquele idiota estavam de acordo em me deixar por fora só tinha uma pessoa com a qual eu podia contar, a única pessoa que seria louco o suficiente para correr o risco comigo.
Eu contei a Bradley o que tinha acontecido, e ele não pensou duas vezes antes de concordar com meu plano suicida é assim que chegamos em minha casa eu dei de cara com Nina.
-O que você está fazendo aqui? – perguntei as pressas.
-Preciso te contar algo que talvez seja um choque – ela respondeu se colocando de pé, estava antes sentada ao lado de Cara. Eu olhei para ela impaciente e ela hesitou antes de voltar a falar – eu sei que ainda sou uma desconhecida e nas circunstâncias atuais você não deveria confiar em mim... mas eu estive pesquisando sobre Gary, sobre as coisas que você me contou, é quase um vicio pra mim investigações e...
-Desenrola, Nina, eu não tenho tempo – falei de forma grossa mas eu realmente não tinha tempo. Ela mordeu o lábio inferior e pensou muito antes de abrir a boca novamente.
-Gerard “Gary” Oldman Robbie é seu pai. – ela falou tão rápido como se tivesse medo de desistir daquela frase. Um frio atravessou meu peito e eu só percebi que quase caí quando Bradley me segurou. Não, não podia ser. Pais são aqueles seres superprotetores e muita das vezes machistas com as filhas, aqueles que nos protegem, que nos apoiam, Jared era um pai maravilhoso, mas Gary? Ele me vendia a troco de dinheiro, abusava da minha melhor amiga e me batia quando eu não o obedecia e eu nunca tive um talento para obedecer. Ele não era a droga do meu pai!
-Aparentemente sua mãe te deixou com ele porque bem, isso só ela poderia dizer. – e a cada palavra dela tudo ficava pior, minha respiração estava pesada, o ar estava denso, e tudo foi aos poucos escurecendo ao meu redor.

Saltei da cama olhando em volta, eram apenas duas horas. Espera, eu apaguei por duas horas inteiras? Passei a mão na minha cabeça que doía como se eu tivesse levado uma pancada. Pela janela do meu quarto o céu da Califórnia estava radiante, mas alguma coisa estava errada... as palavras vieram como uma onda forte arrebatando tudo que tinha pela frente. Gary era meu pai, aquele filho da puta era meu pai e desgraçou a minha vida, mas nada disso mudava o que estava acontecendo, ele estava com Hannah. Alguém havia trocado minhas roupas, eu vestia um shortinho simples e camiseta, rapidamente as troquei descendo a escada como um foguete.
-Aonde você pensa que vai? – Lila se colocou à minha frente assim que fui passar pela porta
-Não te interessa – respondi tentando passar mas ela me atrapalhou.
-Seu maridinho e aquele idiota do Golan me ordenaram que eu fizesse você ficar em casa onde é seguro! Eles foram atrás de Hannah, você precisa esperar aqui.
-Ficar esperando como se eles fossem chegar com um pedaço de pizza? Isso é ridículo Lila! É minha filha. – eu gritei e ela relaxou os braços.
-Eu sei Mag, mas infelizmente não tem muito o que fazer
Eu encarei ela estupefata.
Tinha muito o que fazer.
-Bradley está com eles – uau, me sentia muito mais aliviada agora, todos podiam participar do resgate de Hannah menos eu! Eu cruzei os braços e ela voltou a falar como se fosse realmente preocupada daquela forma, mas eu só esperei que ela baixasse a guarda e a empurrei para o lado correndo em direção ao meu carro o qual eu dirigi como uma maluca até chegar à antiga fábrica. De longe tudo estava quieto, a antiga fábrica tinha cercas em volta e era silenciosa. Entrei por um dos buracos da cerca olhando em volta e aparentemente não havia ninguém por ali, até eu reparar dois carros pretos parados atrás da fábrica, e o carro de Golan. Respirando fundo entrei na fábrica, era escuro porém raios de luzes estravam por algumas brechas me dando pouca visibilidade. Me assustei com um rato que correu de baixo de meus pés e quase soltei um gritinho. Fui andando no corredor principal, que me levava a umas escadas das quais eu subi parando em outro corredor, tudo ficou escuro, não havia brechas de luz então apenas liguei o flash do meu celular. Fui andando, ouvindo o som de meus passos e do meu coração bater tão alto e acabei saindo em uma porta grande e vermelha, toda enferrujada. Ela me levou até uma grade de ferro, parei de respirar, ouvi vozes de longe e as segui silenciosamente, segui por trás da grade até uma porta de onde as vozes vinham é assim que a abri ouvi palmas.
-Finalmente você chegou para participar da festa! – Gary bateu palmas, ele estava do outro lado da grade, um piso abaixo do meu. Jared, Golan, Bradley e Nina estavam presos em duas barra forte de ferro, engoli em seco me sentindo em desvantagem. Olhei em volta atrás de Hannah mas nenhum sinal. Todos me olhavam me deixando nervosa então desci as escadas ao meu lado e assim que parei perto de Gary um idiota colocou a ponta da arma na minha cabeça.
Gary sorriu.
-Eu estava esperando por você – ele disse – minha linda Carmen!
-O que você quer? – balbuciei tentando encontrar minha voz.
-O que eu quero? – ele se virou pra mim – acho que você não sabe muito bem ainda a realidade das coisas.
-Não, acho que não, por que você não me explica, papai? – falei sarcástica, o olhar dele parou sobre mim furioso, e surpreso mas com um passo rápido ele se aproximou e eu recebi um tapa. Ele segurou meu cabelo atrás da minha cabeça e segurou meu rosto
-Quem disse que eu sou pai de vadias? – ele balançou minha cabeça antes de me soltar aos empurrões. – Bom mas acho que alguma coisa você descobriu sozinha! Quer saber a história toda? Vamos, Mag, eu sei que você quer...
E eu não podia negar que realmente queria.
-Vamos lá, a sua mãe era uma vagabunda de família rica que adorava dar para caras ruins, você deve ter puxado um pouco disso dela – ele olhou para Bradley e sorriu – eu comia aquela vaca sempre que queria, até um dia ela vir me falar que estava grávida, imagina a minha felicidade em saber que eu ia herdar a fortuna dos seus vovozinha ricos, era só mamãe e eu nos casarmos, a vovó e o vovô morrerem depois a linda Margareth falecer tão jovem, tudo seria meu – ele fez uma voz de pena como se tudo aquilo fosse uma tragédia mas não, ele tinha assasinado meu avô, eu lembrava da minha avó falar dele e talvez por isso ela e mamãe nunca tenham se dado bem – mas a vaca de sua mãe descobriu tudo e fugiu antes, quinze anos depois ela me aparece com uma criatura magricela de olhos grandes, o que eu podia tirar de você? Ao menos você fazia alguns caras gozar e tirava uma boa grana, não posso negar, você e sua mãe sempre foram umas ótimas vadias.
Todo aquele papo estava revirando meu estômago, eu dei um passo para frente o empurrei
-Cadê a minha filha, seu desgraçado? – gritei o que o fez rir novamente.
E ele ria como se aquilo fosse realmente uma piada.
-Você não entende, não é? Eu não estou com Hannah, eu não faço ideia de onde ela esteja mas consegui uma boa quantia de dinheiro – ele apontou para a maleta preta – e consegui você, as duas coisas que eu queria.
Meu corpo estremeceu da cabeça aos pés, a minha voz se prendeu em um amontoado de lágrimas que escorreram pelo meu rosto. Ele não estava com ela, ELE NÃO ESTAVA COM ELA! E tinha a mim e Jared sobre suas mãos, se ele fizesse alguma coisa com nós...
-Ah não chore, minha lindinha – ele se aproximou de mim e eu quis vomitar – eu só pretendo matar você e seu marido, e depois ficar com sua fortuna.
Eu o encarei com ódio.
E então em um segundo eu ouvi um disparo passar a centímetros de mim e olhei para o lado, Jared havia se soltado e saltado sobre o homem que mirava a arma na minha cabeça a todo momento, com o susto ele atirou mas a bala passara por mim, sua arma caiu a centímetros de meus pés e por impulso e instinto eu a peguei, eu sabia exatamente em quem mirar
-Eu juro por Deus se você der um passo eu atiro – eu falei com a arma na direção de Gary, ele paralisou erguendo as mãos e sorrindo
-Não me machuque, eu vou ser seu amigo – disse em tom brincalhão, o restante deles se soltaram também e a primeira reação de Bradley foi dar um chute no queixo do homem que estava com ele, Nina e Golan recuperaram suas armas que estavam com Gary e ficaram do meu lado.
-Está tudo bem, Mag, você pode abaixar a arma – ela sussurrou em meu ouvido mas eu não o fiz, eu queria matar ele, sentia a adrenalina correndo por todo o meu corpo e simplesmente não conseguia abaixar a arma. – Mag?
Foi então que o sorriso idiota de Gary sumiu.
-Onde ela está? – perguntei fixada nele
-Não está comigo! – ele disse tentando me convencer.
-Eu não acredito em você – respondi
Jared se aproximara tocando em meus ombros
-Está tudo sobre controle, Mag, por favor abaixa a arma – ele pediu mas ignorando-o me aproximei mais de Gary tocando o cano da arma em sua testa
-Onde ela está? – gritei e ele relaxou os braços mas ainda estava tenso.
-Não está comigo
-Então eu posso finalmente matar você, e me sentir vingada por todas as merdas que você me fez passar, cada homem nojento que me tocou, cada tapa que já levei, posso finalmente estourar a porra dos seus miolos seu filho da puta já que você não pode me dar nada! – enquanto falava apertava mais a arma contra sua cabeça e quando ele riu, aquele desgraçado riu, virei a arma e acertei sua cabeça com força o que o fez cambalear e sangrar, eu não estava brincando.
-Tá bom, tá bom – ele disse passando a mão no sangue começando ficar apavorado – não sou eu que está com Hannah, mas sei quem. É uma mulher, eu não sei o nome dela mas ela é jovem, cabelos escuros, ela sequestrou Hannah na promessa de destruir você e ah uns meses ela veio atrás de mim pedir minha ajuda, foi assim que eu encontrei você
-Qual o nome dela? – perguntei
-Ela nunca me disse – ele respondeu.
Uma mulher? Droga! Tudo ficara tão mais confuso e perdido na minha cabeça, quem poderia levar minha filha? Quem? Será que ele realmente estava dizendo a verdade? Era tudo tão incerto mas a dor de perder Hannah bateu forte em meu peito.
-Uma mulher? – Bradley perguntou ele parecia espantado, pálido e nervoso, muito nervoso – Droga!
Desviamos nossa atenção para ele.
-O que foi? – Jared perguntou – O que é?
-Ela disse que não ia fazer isso! Ela disse! – ele deu um soco na parede. Depois olhou para mim com os olhos marejados – Mag, me perdoa, eu te imploro, eu-eu nunca quis que as coisas chegassem nesse ponto... era só...
-O que foi? – perguntei encarando-o totalmente perdida.
-Eu acho que é agora que você tem que saber a verdade. A única maneira de Hannah voltar é essa. – Ele se ajeitou e eu temi quando esperando ele dizer alguma coisa sobre Hannah, sentindo todo pavor tomar conta de mim de uma única vez e assim que ele abriu a boca Gary segurou meu punho me empurrando para baixo, tentando arrancar a arma de minha mão, e entramos nessa luta quando a arma se soltou e caiu sobre os pés dele.
-Nina, atira! – Esbravejou Jared.
-Se eu fizer isso, posso acertar ela – ouvi ela dizer enquanto corria tentando recuperar a arma, e então ele a pegou e mirou em mim, por instinto me desviei achando que tinha escapado do tiro que ele havia me dado, ouvi o barulho, me desviei com os olhos fechados, procurei em mim algum pequeno buraquinho sangrando mas eu estava bem, a bala passara diretamente, por sorte Gary não tinha tirado a minha vida e naquele minuto de silencio eu achei que realmente estava bem.
Até olhar para trás.
-Ah meu Deus! – ele tinha acertado Jared, bem no peito. Ele caiu levando a mão até o local de onde escorria sangue, eu apenas tive duas reações enquanto todos eles me olhavam apavorados, um tanto perdidos. Gary não parecia apavorado, mas surpreso, de certa forma ele tinha me atingido e quando ele intencionou dar aquela risadinha asquerosa eu me aproximei de Golan arrancando a arma de sua mão e sem pensar duas vezes atirei contra aquele filho da puta, apenas uma vez, diretamente na sua cabeça. Eu nunca tinha feito isso antes, eu nunca imaginei tirar a vida de uma outra pessoa mas eu estava com tanto ódio que se eu não tivesse feito, eu nunca teria me perdoado. O corpo dele caiu sobre meus pés, logo fazendo uma poça de sangue ao redor de sua cabeça, soltei a arma que caiu sobre toda aquela nojeira e corri para Jared, apoiando-o em meus joelhos. Ele estava pálido, desorientado, ele estava morrendo.
-Jared! – dei dois tapinhas leves em seu rosto – você não pode morrer! Você não pode morrer! Por favor, Jared, fica acordado, eu não posso viver sem você.
Seu rosto foi molhado pelas minhas lagrimas que caíam aos montes, ele estava morrendo em meus braços e eu não sabia o que fazer, eu não podia perder ele. Coloquei a mão tentando estancar o sangramento.
-O que vocês estão fazendo? Por que não ligam para a ambulância? – gritei com os três que estavam estáticos me olhando, como se eu fosse louca, mas é claro que eu estava louca meu homem, o amor da minha vida, estava morrendo e eles estavam parados! – Liguem! – gritei e então Nina saiu de seu transe e discou os números. Jared gemeu sobre meus braços, eu pressionei mais minha mão contra seu ferimento, sua camisa já estava encharcada de sangue.
-Mag... – ele tentou falar mas saia sangue de sua boca – Mag...
-Shhh – disse enquanto olhava desesperada para Nina, enquanto ela falava com o hospital.
-Me... perdoa... – ele falou entre todo aquele sangue que saia de seu peito e boca.
Eu olhei para ele novamente.
-O que? Shiu, não fala – disse querendo que ele não se esforçasse tanto.
-Me perdoa – ele falou com muita dificuldade partindo meu coração ao meio, ele estava morrendo e a única preocupação era que eu o perdoasse.
-A ambulância está vindo. – Nina disse se ajoelhando ao nossos lado e colocando sua blusa de frio no peito dele.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora