I did something bad (part 1)

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“Ah querido, olha o que você me fez fazer, estou dançando com estranhos!”

Na manhã seguinte, mesmo sem conseguir dormir muito bem eu levantei cedo e me encarreguei de deixar Hannah na escolinha, precisava passar mais tempo com ela. Depois fui direto para a agência pensando em todas as coisas que eu teria que resolver naquela manhã, ao menos manteria minha mente ocupada. Eu não havia visto Jared, ele dormira em um dos quartos de hóspedes mas que ótimo, pelo menos meu dia não iria começar pior do que já estava.
Assim que cheguei tentei me enfiar em trabalho mas estava realmente difícil focar, minha mente a todo momento ia até Bradley, nas coisas que eu disse e nas que ele disse, nas coisas que Jared havia dito e no porquê ele sumira o restante da noite.
-E até que a gente a lucrou bem. – Lila disse, estávamos nós quatro em meu escritório.
-A sua prima, Amber, o que você sabe sobre ela? – perguntei desfocando totalmente do assunto central. As três me olharam sem entender nada.
-Como assim? – ela quis entender melhor.
-Assim, ela é uma doce garotinha de vinte e três anos ou ela é... igual você?
Ela juntou as sobrancelhas.
-Você está me chamando de vadia? – Ela perguntou rindo.
-Sim – afirmei, era o que ela era afinal das contas e ela sabia disso tanto que só deu risada
-Ok, uh – ela remexeu o café que estava em sua mão e sentou no sofá – eu não conheço ela, Bradley apareceu com ela, aliás, ele disse que ela era nossa prima, que ele precisava ajuda-la a encontrar um emprego.
Ela disse tão naturalmente, ou eu estava muito paranoica ou ela era ingênua demais.
-Uma prima? – perguntei – mas Bradley odiava sua família, como do nada ele decidiu ajudar?
Ela deu de ombros.
-E eu que sei? Desde quando eu me meto na vida do meu irmão? Você sabe muito bem quando eu deixei de me importar com as merdas que ele faz.
Eu abaixei ao olhos por que sabia exatamente sobre o que ela se referia.
-Eu sei – falei baixo pensando naquilo.
-Desde que ele inventou de deixar de traficar para assaltar bancos, e você o apoiou, eu lavei minhas mãos. Depois esse idiota leva três tiros e aparece dez anos depois, você acha que eu tenho cabeça para isso?
Ela disse como se não se importasse mas eu sabia que ela se importava, e muito. A questão era que Lila apesar de ser minha amiga guardava por todos esses anos esse ressentimento, e se eu aguentava suas provocações e mau humor é porque eu me sentia culpada, culpada por apoiar seu irmão, sua única família, em um esquema que o levou a morte, bom até agora.
Eu não disse mais nada, eu tinha uma enorme parcela em Lila ser tão resmungona mas mesmo assim era minha melhor amiga.
Ouvimos duas batidinhas na porta e em seguida Jared a abriu, para a minha surpresa. O ar se tornou mais denso, e todas nós ficamos caladas por alguns segundos.
-Bom, eu acho que a gente tem muito trabalho a fazer – Disse Marina dando um toque nas meninas, em seguida as três se retiraram.
-Saiu cedo hoje – era a forma dele me cumprimentar?
-Eu tinha muitas coisas para resolver – falei – por quê está aqui?
Eu não conseguia agir normalmente, não depois do que acontecera na noite anterior.
-Eu vim te avisar que surgiu um imprevisto e eu vou para Toronto resolver algumas coisas lá, coisa rápida.
Ergui as mãos e ri, era tudo o que nós precisávamos.
-Quanto tempo? Um ou dois meses? Vai levar sua secretária junto? – disse ríspida provocando-o, e deu certo pois ele revirou os olhos e fechou o punho.
-São dois dias apenas, é coisa rápida e sim Amber vai comigo. – anunciou – e Hannah também.
-Oi? – me levantei, ok, aquilo era novo para mim.
-Ela vai comigo porque da ultima vez que viajei você deixou ela para ir se divertir com seus amiguinhos.
Eu bati na mesa irada.
-Está dizendo que sou incapaz de cuidar da minha filha? – gritei, falar assim sobre Hannah me tirava do sério em questão de segundos.
-Estou dizendo que você precisa de prioridades na sua vida. – falou – mal comecei a falar e você já está gritando.
-É claro que estou gritando, você está insinuando que eu não cuido dela.
Ele respirou fundo.
-Não foi isso que eu disse, você sabe que te acho uma mãe maravilhosa, mas minha mãe também vai e quer ficar um tempo com a Hannah. Você tem estado muito ocupada, cuidando dela, da agencia do clube e de mim, merece um descanso.
Ele sabia muito bem como colocar panos quentes nas coisas, eu olhei para ele quieta e então se aproximou e eu odiava quando ele fazia isso porque quando ele se aproximava eu esquecia o porquê eu estava tão brava.
-São dois dias, tem alguma chance de você ir comigo? – perguntou com aqueles olhos lindos.
Eu me animei para ir mas logo pensei nas milhares de coisas que tinha para fazer.
-Não dá, tenho muitas coisas aqui.
Respondi tentando manter meu orgulho, na verdade eu não estava tão atolada assim de trabalho mas eu precisava descobrir mais coisas sobre Amber. Alguma coisa estava me incomodando sobre ela, talvez ela fosse uma vadia talvez não, talvez fosse algo pior e eu precisava saber e com Jared longe por dois dias com Hannah, eu teria tempo.
Ele ficou chateado de eu não poder ir com ele, mas entendeu perfeitamente e naquele mesmo dias as sete horas eu os deixei no aeroporto com minha filha. Voltei para casa e liguei para Lila.
-O que você quer? – atendeu no ótimo humor dela.
-Aonde está Bradley? Eu tento ligar para ele mas ele não me atende.
-Não é por menos né? – disse ríspida – bom se você não consegue se controlar, lembra aquele bar que a gente ia quando tínhamos dezesseis anos? Ele está lá, você quer companhia?
-Seria ótimo. – falei e em meia hora estávamos dirigindo até o antigo bar. Ela estava animada e eu só estava indo investigar coisas sobre uma possível amante do meu marido, Jesus, eu estava enlouquecendo. Quis desistir umas cinco vezes no meio do caminho mas permaneci com minha decisão. Assim que chegamos reconheci o local, ah anos eu não ia ali mas ele não estava totalmente diferente. As luzes de neon, as Harleys estacionadas em frente, e os motoqueiros que assobiaram assim que passei por eles, nada diferente, nada novo. Assim que entrei somente algumas coisas haviam mudado de lugar mas eram reconhecíveis, especialmente Bradley inclinado sobre a mesa de sinuca para acertar duas bolas de uma vez, mas ele errou e acertou apenas uma.
-Só uma? Você me ensinou fazer melhor. – falei me apoiando na mesa, ele ergueu os olhos surpreso com a minha presença. Ele estava bonito, uma calça jeans rasgada, regata e jaqueta de couro, e aquelas tatuagens, malditas tatuagens onde meu nome se perdia entre elas próximo a clavícula, em uma letra muito bonita.
-Margot, o que está fazendo aqui? – perguntou tentando manter o tom sério na voz.
-Eu vim atrás de você, queria conversar. – disse um tanto tímida e envergonhada. Ele soltou o taco e sorriu de lado. Lila já estava envolvida com alguns motoqueiros, ele olhou e torceu o nariz – ela não é mais uma garotinha.
Ele sorriu e passou o braço em volta de meu ombro.
-É, acho que não, você cuidou bem dela. – rimos juntos – bom, acho que tenho tempo para você
E então com os braços em volta de meu pescoço me conduziu para fora do bar onde havia silêncio para conversarmos. Nós nos afastamos um pouco da galera que estava li para termos privacidade.
-É, Magzinha, deixa eu me desculpar primeiro ta? Eu estava bêbado, chateado e confuso.
-Confuso? – quis saber e ele sorriu de lado.
-É, mas deixa isso de lado. – tentou parecer animado de novo.
-É eu vim aqui porque preciso te perguntar algo... Você conhece a Amber certo? Sua prima?
Ele paralisou um momento e depois como se estivesse tentando recobrar os sentidos falou
-Sim, sim. – respondeu – uma prima distante.
Eu cocei a cabeça.
-Você sabe se ela está tendo um caso com meu marido, porque você disse que ele...
-Hey, hey, hey – ele me interrompeu – você veio aqui para me perguntar sobre seu marido?
Eu balancei a cabeça.
-Nossa, e eu achando que você queria se desculpar
Eu juntei aa sobrancelhas.
-Me desculpar por você me beijar? – perguntei sem entender direito o que ele queria que eu fizesse. Ele engoliu em seco e parou me olhando.
-Por você me mandar embora da sua vida. – disse calmo, apertei os olhos. É eu realmente tinha feito aquilo. E naquele momento eu não sabia se tinha dito porque estava brava ou se realmente o queria fora da minha vida.
-Brad... nós podemos ser amigos – falei tentando me desculpar e ele deu risada.
-Eu não quero ser só seu amigo, Margot! – disse firme me segurando pelos ombros, eu fiquei muda com ele me olhando daquela forma. – Nós nunca fomos amigos, você sabe disso.
E de repente ele estava muito mais próximo.
-Nós fomos felizes juntos, por um momento nós fomos – ele continuou falando e estava cada vez mais perto e eu não conseguia respirar – mas não fomos amigos, eu fui o primeiro a conhecer seu corpo, fui o primeiro a te amar, fui o primeiro e mesmo que você o ame como diz, não pode mudar o que já fomos no passado.
No passado, ele disse bem mas então por que eu estava muda?
-Brad eu... eu fiquei perdida sem você – falei olhando em seus olhos.
-Mas eu estou aqui – Então ele me puxou e me escondeu dentro de seus braços num abraço caloroso, como costumava fazer. Afagou meus cabelos, seus braços eram magros mas fortes em volta do meu corpo, e eu não sei como ou porquê, mas eu ergui meu rosto e ele me beijou. Ele me beijou e eu fiquei incapaz de recusar aquele beijo, era diferente, frio, sexy, eu não sei. Mas eu conhecia perfeitamente os lábios dele, e mesmo que eu soubesse que deveria recusar aquilo, eu me entreguei ao seu beijo que agora era nosso e foi como se o mundo tivesse parado de girar ou voltado ao passado, era como se eu tivesse quinze anos outra vez. Eu me sentia com quinze anos novamente.
-Estou atrapalhando os dois pombinhos? – e então eu fui trazida para a realidade com a voz de Lila, de volta ao presente, de volta aos vinte e cinco anos, de volta a mulher casada e não a garotinha apaixonada. Quando me dei conta do que acabara de fazer levei a mão até a cabeça, perdida. O que eu fiz? Eu olhei para Bradley apavorada querendo de alguma forma mudar aquilo, mas era impossível. Já tinha acontecido, quanto tempo levou?
Eu tinha ido até ele para descobrir se Jared estava realmente me traindo e quem acabara traindo ele foi eu. Que idiota! Burra! Sem dizer uma única palavra me afastei deles e corri de volta ao meu carro eufórica.
-Hey, se você quiser ficar beijando meu irmão ok, só não vai embora assim sem me chamar.
Lila disse parando do meu lado.
-Lila eu... – comecei a falar como se eu devesse alguma explicação para ela.
-Eu sei, Margot – ela mal esperou eu dizer algo – eu não vou te julgar, você nunca deixou de amar o Bradley, ele simplesmente sumiu e você foi obrigada a seguir em frente. Você ama o Jared mas você ainda ama o Bradley, só precisa decidir se você ama ele ou as memorias que tem dele.
Ela disse colocando a mão em meu ombro. Droga, eu era tão estupida!
-Como eu decido isso? – duas lágrimas escorreram.
-Eu não sei, amiga.
Uma das coisas boas de se ter Lila por perto era que dificilmente ela julgava a atitude dos outros, podia não concordar mas mantinha a opinião dela pra ela.
Nós não voltamos para casa, eu tinha uma reunião marcada com um cliente as 20h no clube então mesmo que eu tivesse me sentindo horrível eu ainda tinha minas obrigações.
Lila me acompanhou, como chegamos um tanto cedo fomos beber um pouco no bar.
-Margot, você vai contar pro Jared? – ela perguntou.
-Eu não sei, Ly. – respondi confusa, perdida. O telefone dela tocou e ela saiu para atender, eu sentia minha cabeça pesada como se eu tivesse um pressão enorme dentro dela. Deitei ela em cima do balcão com meus braços em volta.
-Não é muito charmoso uma mulher como você ficar jogada assim – eu levantei a cabeça para ver quem me incomodava.
-Donna? – perguntei surpresa ao encontrar os olhos azuis dela se divertindo sobre mim.
-Você se lembrou de mim, deveria me sentir lisonjeada. – ela tomou um gole de sua bebida. O que uma mulher como ela estava fazendo no meu clube? – Você não parece muito bem, Margot.
Comentou com empatia em sua voz.
-Eu estou cansada – falei mas ela cerrou os olhos firmando o olhar sobre mim.
-Você não pode mentir para alguém que tem quase o dobro da sua idade.
-Você não parece ter cinquenta anos.
Ela deu uma risada alta e gostosa de ouvir.
-Oh, realmente. Ainda falta uns belos anos, mas mesmo assim, eu sei que algo está perturbando você.
Ela parecia muito solicita e disposta a me ouvir mas não era uma boa ideia sair me abrindo para estranhos.
-Bom você é amiga da Constance então acho que não é uma boa ideia – comentei sorrindo, ela juntou as sobrancelhas decepcionada mas antes que dissesse alguma coisa, Lila segurou meu braço com força, me virei para ela e seus olhos estavam lacrimejados, desesperados. Ela estava espantada, nervosa, apavorada, como se alguém tivesse batido nela.
-Lila, o que foi? – segurei sua mão que estava gélida.
-Ele está aqui. – ela disse com a voz trêmula e eu não entendi nada.
-Quem? – perguntei segurando sua mão mas ela começou a chorar, Lila era dura, eu apenas tinha a visto chorar uma vez e isso quando Bradley “morreu", então para ela estar daquele jeito algo muito ruim aconteceu. Eu a abracei, ela tremia apavorada. – Ly, quem está aqui?
Ela me olhou fungando.
-Gary – disse com a voz ainda tremula. Eu paralisei, e tudo ficou em silêncio por alguns segundos. De repente eu só escutava as batidas do meu coração que parecia que ia explodir. Eu olhei em volta procurando por ele, mas não o vi.
-Bom, eu acho que é melhor eu ir – Donna disse – nos vemos depois
E ela sumiu como fumaça, mas eu estava mais preocupada em encontrar ele. Lila ainda segurava minha mão com tanta força. Voltei minha atenção a ela.
-Aonde ele está? – eu perguntei, ela olhou em volta.
-Ele sumiu. – respondeu e meu celular tocou, era meu cliente. Recobrei minha voz atendi.
-Margot? Onde você está? Estou te esperando – ele disse em um tom animado.
-Aonde você está? – perguntei.
-Em uma das mesas do fundo. – respondeu.
-Estou indo aí. – e desliguei em seguida apertei a mão de Lila – venha comigo.
Eu não podia deixar ela sozinha naquele estado então arrastei ela pelo salão olhando em volta mas não encontrava Gary, até... até olhar para o meu cliente que estava sentado do lado dele. Nós duas paralisamos juntas, Lila tremeu dos pés a cabeça, e eu tentei manter o máximo de controle.
Ele sorriu, sorriu adorando nos ver petrificadas, ele sempre adorou nos apavorar, sempre adorou abusar psicologicamente de nós.
-Ora, Margot, venha para a nossa reunião! – ele abriu os braços – estava tão empolgado!
-O que você está fazendo aqui?
-Eu senti saudades, você fugiu de mim e levou a minha gatinha junto. – ele disse parecendo decepcionado.
-Ela não é a porra de seu brinquedo, Gary! – afirmei com ódio. Seus olhos escureceram e ele se levantou ficando um tanto mais alto que eu, e eu agradeci mentalmente por estar usando botas de salto pois assim não ficaria tão pequena diante da sua presença.
-Você sempre gostou disso, não é? Agora é a dona de um clube... Sempre gostou de ser uma vadia. – sussurrou em meu ouvido e se aproximou de Lila que apertava tanto meu braços que suas unhas me furaram. Ele percebeu que ela estremeceu quando se aproximou, e sorriu.
-O que foi, Ly? Não gosta mais de mim? – tentou tocar nela mas eu o empurrei.
-Não ouse tocar nela! – disse – seu verme asqueroso.
Mas ele adorava que eu o xingasse daquela forma, ele não se importava. Eu conheci Gary com quinze anos, quando minha mãe me entregou a ele. O porque dela ter feito isso eu nunca entendi, aliás quem entrega sua própria filha para um traficante gigolô, dono de um bordel que aliciava adolescentes? Rapidamente ele me fez virar uma de suas Stripper, mas Lila, Lila era sua favorita. Ele abusava dela fisicamente e psicologicamente, desde os quinze anos. Como ele dizia, ela era sua garota exclusiva. Quando eu decidi virar uma acompanhante consegui convencer ela e Lizzy a virem comigo, ele jurou que se fossemos embora ele nos mataria. Mas nós vivemos escondidas durante anos, quase intocáveis, inacessíveis, mas ele nos achou.
-Calminha, Carmen – e deu risada – apesar de eu ainda sentir falta, você já está muito velha para mim, Lila.
Meu Deus, eu quis vomitar.
-Eu vim falar de negócios com você, Margot. – seu tom tornou-se sério. – e eu serei breve.
-Fale logo! – rosnei.
Ele me olhou com uma das sobrancelhas erguidas, pegou um envelope marrom que estava em cima da mesa com um de seus homens e me estendeu, com receio eu o peguei, e o abri rapidamente. Havia fotos, fotos recente, muito recente aliás.
Bradley e eu nos beijando.
Eu não me lembrava de tê-lo beijado com tanta vontade assim.
Eu ergui meus olhos para ele me sentindo encurralada.
-Como deve saber, eu não tenho mais o meu clube e me envolvi em dividas – voltou a falar – e como eu sei que você se deu muito bem fodendo com alguns milionários, eu vim pedir uma ajuda da minha antiga amiga.
Ele falou ironicamente e dando risada.
-Eu não vou te dar nada – logo falei antes que ele completasse sua frase.
-Pelos velhos tempos? – disse ironicamente novamente e sua risada estava começando a me irritar, eu o fuzilei com os olhos então, passou os dois dedos na barba como se estivesse pensando – Não? Ok, eu imaginei que você se recusaria a ajudar um velho amigo então imaginei que o seu marido, o grande magnata Leto fosse mais generoso, quem sabe ele não pagaria um bom preço por essas fotos?
Eu petrifiquei diante da chantagem dele, e ele percebeu o quanto eu temi que ele realmente enviasse aquelas fotos para Jared. Mas, Gary já havia me humilhado demais antes, pisado demais em mim, me forçado a fazer coisas que eu repugnava por causa de dinheiro. Eu não era mais a garotinha idiota e medrosa que antigamente ele ameaçava e eu me escondia como uma covarde. Eu era uma rainha e ele estava na porra do meu reino.
-Você pode fazer o que quiser com essas fotos! – falei e o sorriso diabólico sumiu de seus lábios. Ele não estava esperando que eu fosse negar – eu não tenho mais medo de você.
Ele ficou um tempo em silêncio.
-Corajosa, muito corajosa! – comentou – seu pai deveria ficar orgulhoso, não é?
-Eu não conheci aquele desgraçado! Mas isso não é pra ninguém se orgulhar, isso é por mim e minhas amigas, nós não somos mais as porras das suas marionetes!
Ele fechou a mão e deu um soco em cima da mesa.
-Não me subestime, Robbie! – rosnou entredentes.
-Quem me subestimou a vida toda foi você! – Deus como eu odiava aquele homem com todas as minhas forças, como eu nunca odiei ninguém. – Saia agora do meu clube!
Ele me fuzilou com o olhar, e transpirando raiva e fúria pelos poros ele e seus homens saíram de dentro do meu clube mas eu sabia que as coisas não terminariam ali. Parecia que meus fantasmas do passado resolveram voltar para prejudicar a minha vida, eu me sentia encurralada.
-Eu acho que agora você vai ter que contar para o Jared. – Lila comentou já mais calma. Sim, eu deveria contar porque seria menos pior se ele ouvisse aquela merda da minha boca. Por que eu sempre afundava um buraco mais fundo para me enfiar? – Bradley está aqui – ela disse olhando para o celular.
Eu suspirei sem acreditar naquilo tentei fugir para a minha sala mas ele apareceu no meio da multidão e segurou meu braço.
-Bradley, agora não por favor! – pedi psicologicamente cansada.
-Agora não? Agora sim! Primeiro você me manda embora e depois me beija daquela forma? – ele perguntou um tanto indignado. Eu olhei para ele, balançando a cabeça. Quando ele iria entender que não podia mais haver um “nós?”
-Aquele beijo foi um erro e nunca deveria ter acontecido! – afirmei e vi em sua expressão o quanto ele se magoou ouvindo aquilo – isso não vai se repetir.
-Você ainda me ama! – ele também afirmou uma ideia que só existia na cabeça.
-Amo, claro que eu amo, mas eu nunca amei ninguém como Jared, amo tanto que quando ele não está por perto fica até difícil respirar, e se eu perder ele por causa dessa besteira que eu fiz, eu perco a cabeça. – falei e seus olhos saltaram. Mas por que ele insistia naquilo? Por que ele insistia em algo que não poderia acontecer? Eu não deixaria Jared por ele ou por mais ninguém mas estava correndo o risco de perde-lo, por uma estupidez.
-Está certo! Vai atrás dele, só não sei se ele realmente te merece – eu estava odiando aquelas especulações dele.
-Se você tem algo a dizer por que você não fala, porra? – gritei com ele – se você tem algo para dizer, me conta, se não, pare com esse joguinho e de foder minha mente.
Então fiquei olhando para ele esperando alguma coisa, esperando que ele dissesse algo mas não disse, apenas ficou me encarando tão bravo quanto eu.
-Para com essa porra, não é um jogo pra mim – falei quando me dei conta de que ele realmente não tinha nada a dizer, só queria me confundir, me manipular. Virei as costas para ele e fui embora, para a minha casa, eu só queria minha filha.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora