Million Dollar girl

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"Um para o dinheiro, dois para o show, amo você querido e estou pronta para ir. Como você se tornou isso? Eu não sei, você é fodido, você é brilhante. Você parece um homem de um milhão de dólares então por que meu coração está quebrado?”

Eu assinei o contrato que não era tão complicado, na verdade era bem simples. Deixava claro sobre os quarenta por centro da Agencia, sobre o que eu podia e não podia fazer e outras coisas básicas. Angelina disse que eu teria que passar por um processo de “aprendizagem”, ela me moldaria da forma que ela queria e eu saberia quando estivesse pronta. Eventualmente Lizzy e Lila também acabaram assinando um contrato com eles e passaram pela aprendizagem junto comigo, aprendizagem que levou um mês mas foi como se tivesse levado uma eternidade.
Tivemos que aprender a falar formalmente, a andar elegantemente, a comer, a nos vestir e até mesmo nos maquiar. Fizemos books de fotos, e passamos por tratamentos de Beleza, acabei clareando mais meus cabelos, deixando-os um tom mais loiro. Lizzy quase não se reconhecia, os cabelos encaracolados outrora castanho escuro, encontravam-se lisos e cor caramelo, a garota aprendeu rápido como se portar como uma Acompanhante, até mesmo Lila com seu jeito rebelde aprendeu, eu ainda estava tendo certas dificuldades.
-Margot, queixo para cima como se você fosse a mulher mais importante do salão – Angelina disse levantando meu rosto com uma régua enorme que carregava. – Sem rebolar.
Revirei os olhos.
-E sem revirar os olhos para mim – disse me repreendendo. – De novo.
Respirei fundo e desfilei na frente dela novamente, com o queixo erguido, barriga para dentro e exalando auto confiança. Era assim que ela nos queria, autoconfiantes!
Mas quando aquele mês acabou eu mesma não me reconhecia, a antiga Carmen parecia uma memória distante na minha cabeça, uma garota fraca, inocente, estupida que eu fiz favor de enterrar junto com o passado degradante no qual eu vivia. Agora eu era Margot Robbie e poderia custar qualquer coisa, eu me tornaria a melhor garota naquela Agencia.

Dois longos anos se passaram, eu já estava com vinte e dois anos e já tinha me tornado a garota mais cara e mais bonita da Agencia. Ficava atrás apenas de Angelina, que ainda continuava sendo a nossa suprema. Estava olhando para a janela do hotel enquanto o homem dormia ao meu lado, roncando como um porco. Revirei os olhos e peguei meu celular, aproximei de seu ouvido e coloquei um toque qualquer, o homem acordou num susto.
-Ah! Desculpe te acordei? – perguntei fazendo cara de boba, ele olhou em volta e depois olhou para mim, esfregou os olhos.
-Ah, Margot! Não, tudo bem. – falou, eu sorri sem mostrar os dentes. Me levantei da cama e comecei a vestir minhas roupas. – Nossa, e se eu te disser que eu não lembro de nada?
Ele riu. Revirei os olhos e depois me virei para ele.
-Você bebeu muito mas foi tudo maravilhoso. – falei, claro que ele não lembraria. Duas gotas de noctal e ele capotou, dormiu como um bebê a noite toda enquanto eu desfrutei daquele hotel maravilhoso.
Era o que eu fazia, mesmo que a agencia não oferecesse sexo e sim acompanhantes, todos os nossos clientes nos queriam mas eu me julgava boa demais para transar com qualquer um daqueles caras. O que me importava mesmo era o dinheiro que eu recebia, que não era pouco. Cinco mil uma noite, dez mil um final de semana inteiro. Vinte mil mensal para ser exclusiva. Dependendo da garota os valores poderiam mudar mais, no meu caso, era dez mil apenas por uma noite que era totalmente desperdiçada pois eu os drogava completamente, o que era perigoso pois se descobrissem coisas ruins poderiam acontecer. Apesar de ser exclusiva ter seu lado bom, também tinha seu lado ruim. Ser exclusiva de algum cliente era como se casar, em um determinado período a garota teria que ser unicamente daquele cliente, sem poder ter relações até mesmo fora do trabalho. Se vestiria como ele quisesse, iria aonde ele quisesse e etc. O que era meio sufocante, no meu caso, não conseguiria seguir isso, sou movida pela liberdade do meu próprio ser, faço o que eu quero, quando quero e com quem quero. Eu não pertenço a ninguém e não trocaria essa liberdade por todo o dinheiro do mundo.
-Então você poderia me recordar – ele disse sorrindo.
-Adoraria mas infelizmente meu voo para Los Angeles sai e uma hora e eu preciso estar no aeroporto.
Sua expressão tornou-se tristonha, já vestida peguei minha bolsa.
-Podemos?
-Ah claro, só vou me vestir. – Ah, eu também tinha que despi-los mesmo dormindo, mas era melhor do que transar com eles.
Finamente cheguei em Los Angeles. Assim que cheguei no meu apartamento me joguei em cima do sofá, Lizzy não estava em casa então corri até o meu quarto e peguei minha caixinha de veludo. Abri com um sorriso no rosto, ah como estava com saudades. Fui até o banheiro e na pia da cozinha fiz duas carreirinhas de coca e cheirei, a droga entrou no meu nariz quase desapercebida. Me olhei no espelho e sorri.
Meu telefone tocou.
-Alô? – falei.
-Margot, Mark quer que você vá com ele hoje a um evento – Daniel disse.
-Mas eu acabei de chegar – falei revirando os olhos. – e hoje é sábado, eu estava pensando em ir me divertir.
-Se divirta com ele – ele disse rindo.
-Idiota – o xinguei – que horas ele vem?
-Pelas oito. Esteja pronta, o dinheiro já foi depositado vou passar seu cache para sua conta.
-Ok. – falei desligando.
Mark era um dos meus clientes favoritos, e eu era sua garota favorita. Já tínhamos uma grande intimidade, talvez pelo fato dele ter sido o primeiro em tudo isso. Acredito que eu já tenha feito ele gastar milhares de dólares comigo, mas não era problema para ele que era uma grande milionário. Vasculhei meu closet em busca de algum vestido elegante, acabei escolhendo um prateado, longo de seda. Mark não demorou muito para chegar.
-Você está encantadora – ele disse sorrindo. Sussurrei um obrigado e me escorreguei para dentro do carro. Logo ele começou a dirigir pelas ruas rapidamente, sabia como eu adorava a velocidade. Assim que chegamos ele me deu uma máscara preta, que brilhava.
-Esqueci de avisar que é um baile de máscaras. – falou, peguei minha máscara e a coloquei. Me olhei no espelho do carro e gostei do que vi, era como se ela ressaltasse o azul dos meus olhos. Mark também colocou a sua e descemos do carro, entramos dentro do salão. Não havia nada de novo, muitas pessoas, champanhe, luxo. Mark e eu nos direcionamos até uma mesa que continha o nossos nomes.
-É um leilão e depois o baile – ele falou. Não demorou muito para o leilão começar, a mulher que apresentava o leilão era muito carismática e bonita. Era muito difícil dizer não para ela. Duas horas se passaram e Mark já havia gastado cem mil em coisas idiotas que ele chamava de arte.
-Agora vamos sortear esse quadro que foi pintado pelo rei Henrique viii após a execução da rainha Ana Bolena, dizem que ele ficou muito perturbado pela morte e traição da esposa. Vamos começar com os lances
O quadro exalava solidão e tristeza, eu não tinha um bom gosto para artes mas se pudesse aconselhar o rei Henrique, diria para parar de pintar quadros.
-Vinte mil! – Mark falou levantando a mão. Olhei para ele incrédula, ele realmente iria querer aquilo?
-Quarenta mil. – uma outra voz masculina soou no salão, me perguntei quem seria estupido o bastante para dar mais que dez mil naquilo. Olhei em volta procurando pelo dono de uma voz tão gostosa de ouvir, mas não consegui visualiza-lo muito bem, ele estava sentado em outra mesa um tanto afastada de nós e estava escuro.
-Cinquenta mil – Mark disse, olhei para ele com a boca aberta.
-Você vai dar cinquenta mil nisso?
-Sessenta e cinco mil – todos ficaram realmente chocados, olhei para Mark e balancei a cabeça quando ele abriu a boca para fazer um lance maior.
-Você não pode dar mais que isso por um quadro idiota, por que não deixa que ele leve essa coisa horrorosa embora?
Mark me olhou e umedeceu os lábios. Então entendi que não se tratava do quadro idiota mas era uma rixa entre os dois.
-Algum lance maior? – a mulher disse alegre – Dole uma... Dole duas... E vendido!
O salão foi invadido pelo som de todas as pessoas batendo palma, menos Mark que parecia irritado com aquilo. Assim que o leilão acabou o baile começou, ele me arrastou para uma rodinha de empresários e começaram a falar de negócios, entediada fui até a mesa pegar algum aperitivo para disfarçar a fome.
Estiquei minha mão para pegar um doce quando alguém soltou um grito agudo perto da minha orelha.
-É uma Bulgari? – perguntou a garota morena de cabelos longos e baixinha apontando para minhas joias em meu pulso. Olhei para ela juntando as sobrancelhas.
-São. – falei soando arrogante.
-Ah são tão lindas! Sabe, eu acabei de noivar mas meu noivo ainda não comprou a aliança mas tenho certeza que ele vai comprar alguma joia dessas caras que essas mulheres classudas como você usam. – a menina disparou, eu entreabri minha boca olhando para ela, um tanto confusa.
-Aliás, sou Natalie. – ela estendeu a mão, a máscara dela estava torta.
-Margot Robbie. – falei olhando para sua mão e depois medindo-a de cima a baixo – germofóbica.
-O que é isso? – ela indagou – é que eu sou meio burra – e começou a rir. – Você é tão bonita, eu tô começando agora nesse negócio de gente rica, sabe? Então não tenho amigas ainda, só amigas na cidade onde eu cresci que é no Texas pode perceber pelo meu sotaque, e você é muito bonita, toda chique, você não queria me ensinar a ser assim? – disparou novamente, foi difícil acompanhar tudo o que ela estava dizendo.
Abri a boca para dizer alguma coisa do tipo “se liga”, mas fui interrompida por um homem alto, de terno e cabelos longos preso em um coque, sua barba estava grande o que o deixava mais charmoso.
-Não some desse jeito – ele disse gentilmente segurando o cotovelo dela. Ela olhou para ele e sorriu.
-Amor! Essa é minha nova amiga! – disse radiante, ele olhou para mim e eu quase me senti invadida por aqueles olhos. Deus, que olhos! Eram grandes com um azul intenso. Fiquei com a boca entreaberta alguns segundos olhando para ele, eu não costumava ficar assim por qualquer um.
Ele não usava máscara, seus olhos pareceram percorrer todo o meu rosto rapidamente e depois o meu corpo.
-Jared Leto. – ele estendeu a mão, sorri sem mostrar os dentes olhando diretamente em seus olhos, tirei a máscara e ele abriu a boca de leve.
-Margot Robbie. – falei apertando sua mão – você foi o insano que deu sessenta mil naquele quadro horrível?
Ele riu soltando minha mão.
-Não tem gosto pela arte?
-Não tenho muita afinidade. – respondi.
-Amor, a Margot não é linda? Ela disse que vai me ensinar a ser como ela. – ela riu novamente, Jared me olhou com dúvida.
-Ela é realmente linda. – eu corei e virei meu rosto para que ele não percebesse. Seu olhar em cima de mim além de ser hipnotizantes eram cheios de segundas intenções, ele umedeceu os lábios e ficou me olhando alguns segundos. Seu olhar suscitou em mim milhares de sensações gostosas, se apenas com o olhar ele fazia isso imagina usando outras coisas – Pensei.
-Ela é toda classuda – Natalie voltou a falar, Deus, será que ela não sabia ficar com a boca fechada?
-É, ela não passa despercebido. – ele completou ainda olhando fundo em meus olhos.
-Devo concordar, Sr. Leto, ela realmente não passa despercebido – Mark apareceu passando sua mão pela minha cintura e parando ao meu lado – é como uma lâmpada, ilumina todo o local onde está.
Era estranho como os elogios de Mark não me deixava tímida, só aumentava mais meu ego que já era muito cheio.
-Sr. Leto vejo que não temos o mesmo gosto apenas para arte – completou Mark, Jared sorriu de lado. – Apesar de que eu não faria as mesmas escolhas que você em algumas ocasiões.
Nós três olhamos para a pobre Natalie que não entendeu uma palavra do que Mark disse, ela ficou olhando para nós com os olhos castanhos confusos, sorri para ela com o nariz empinado e balancei a cabeça.
-Às vezes é necessário fazer algumas escolhas... – Jared disse – mas isso ainda não me impede de ainda manter um gosto impecável.
Ele olhou diretamente para mim, e então eu soube que o que eu queria era reciproco. Mark bufou e juntou as sobrancelhas.
-Espero que você encontre alguma cópia barata. – ele falou.
Jared riu arrogantemente.
-Não duvide da minha capacidade de conquistar o original.
Eu deveria me incomodar ao ouvi-los falarem de mim daquela maneira, mas era ótimo se sentir desejada por dois dos maiores milionários ali naquele salão.
-Nós ainda estamos falando de quadros? – Natalie indagou olhando para nós três, olhei para Jared e sorri, pobre garota inocente. Ela não deveria estar ao lado dele. Mark não encontrou nenhuma resposta a nível de Jared, então apenas fechou a cara.
-Bom, boa sorte, Sr. Leto. Foi um prazer encontra-lo aqui. Vamos, Margot.
-Ah espera! Anota meu número – Natalie agarrou meu pulso e me puxou, eu olhei para ela indignada, como ela ousava? Respirei fundo e lhe entreguei meu celular.
-Anote aí – falei. Ela anotou e me devolveu, ainda guardou seu número como “Nat new bff” revirei os olhos e guardei meu celular.
-Me mande uma mensagem tá? – ela disse, balancei a cabeça concordando.
-Tchau, Mr. J. – falei me virando, vi um sorriso de lado aparecer.
-Ms. Robbie – e fez um leve aceno de cabeça.
Voltei para a minha rodinha chata de amigos de Mark, como aqueles assuntos eram chatos e desinteressantes. Me peguei percorrendo o olhar por todo o salão para olha-lo mais uma vez, era tão lindo que sentia prazer em aprecia-lo. Acabei me surpreendendo quando os olhos dele estavam sobre mim também, foi uma noite longa com trocas de olhares e sorrisos disfarçados, ele estava flertando comigo ao lado da noiva que não percebeu nada. Que maldade! Como se eu me importasse com aquilo.
Logo o baile finalmente acabou, agradeci ao céus mentalmente. Mark dirigia quieto e nervoso. Sua postura me demonstrou isso. E então ele finalmente parou o carro em frente ao meu prédio.
-O que foi aquilo? – questionou.
-Aquilo? – indaguei confusa.
-Com o Leto. Fazendo clientes comigo ao seu lado?
Abri a boca indignada e abri a porta com raiva.
-Se eu estiver qual o problema? Eu não pertenço a você! – falei e bati a porta de seu carro, saí andando.
-Margot! – ele gritou, eu apenas dei de ombro e entrei no prédio. Eu tolerava os jantares chatos, as conversas chatas, as piadas machistas de seus amigos mas não tolerava ser tratada como propriedade exclusiva de ninguém.
Subi para o meu apartamento e tirei aquela roupa pesada, estava tarde e eu estava exaustada então acabei dormindo rápido.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora