The Plan

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“Eu fico tão sistemática nesse tipo de situação, eu preciso disso, tenho que ter o domínio. Costumava ser tão simples, nunca querendo, nunca desejando. Agora estou viciada de novo mas sou uma garota em uma missão.”

Eu estava andando de um lado para o outro arrastando a cauda do meu vestido dentro daquela sala pequena e confinada, tentando recapitular, tentando entender tudo o que tinha acontecido e parecia que minha mente estava pregando algum tipo de peça de mal gosto.
A porta se abriu me assustando e Nina entrou com aquela expressão assustada que ela tinha toda vez que algo estava errado. A abracei com força antes que ela dissesse alguma coisa.
-Você perdeu o juízo?? – ela disse segurando minhas mãos e eu balancei a cabeça – como pôde?
-O que? – balbuciei assustada.
-Léo está morto! Você... – ela mal conseguia pronunciar aquela frase e eu me sentei na cadeira de ferro na sala com a mão no peito, Léo estava morto! Eu não soube exatamente como deveria digerir aquela informação. Que dizer, eu senti a faca presa em seu corpo, olhei nos olhos dele antes de ficarem vazios mas por alguma razão minha mente queria acreditar que ele ainda estava vivo, que estava bem. Nina continuou me olhando de braços cruzados, ela era a única que podia me ver por ser minha advogada.
-Eu não matei ele se é isso que está pensando – levantei os olhos para ela – eu não fiz isso!
-Margot só estavam vocês dois lá – ela justificou e eu me levantei irritada.
-Não estava só nós dois lá! – falei – Amber estava lá, ela fez isso.
Nina ficou boquiaberta notavelmente mais confusa
-Amber? Não é aquela garota...
-Exatamente! Por semanas eu tenho dito que ela está tentando me machucar e vocês disseram que eu estou louca. Enfim, o que vai acontecer agora?
Ela se sentou na cadeira de ferro e passou a mão no cabelo curto.
-Bom, então temos que provar sua inocência, mas preciso que você me conte exatamente tudo o que aconteceu. – Respirei fundo e me sentei a frente dela, recapitulando cada momento, desde a entrega daquele bilhete, daquele maldito bilhete até a hora que a faca estava atravessando o peito dele.
Ela me ouviu tudo como uma ótima ouvinte e compreendeu, nenhum momento duvidou de mim porém em menos de uma hora um policial me chamou dizendo tinha acabado nosso tempo juntas.
-Eu vou mesmo passar a noite aqui? – perguntei, ela franziu os lábios. Que droga. – eu queria ver Jared – falei.
-Ele veio comigo mas não o deixaram entrar, Mag. – ela respondeu, ok, eu não podia protestar contra aquilo. Fui levada até um banheiro para presos, uma espécie de jaula e tive que entregar tudo o que era meu, colares, brincos, celular, até meu vestido de noiva, retirei toda maquiagem e vesti uma roupa cinza, horrível, ganhei um cobertor fino e um travesseiro. Um travesseiro! Como se isso fizesse alguma diferença. O Pior era ouvir todas as piadas de todas as outras presas. Riam, faziam piada, ouvi me chamarem de “patricinha”, bando de vagabunda, nem sabem da onde eu vim. Foi horrível atravessar aquele pavilhão escuro com grades para todos os lados, eu quis chorar mas sabia que seria pior se fizesse.
-Seu quarto cinco estrelas, madame. – brincou a carcereira ao pararmos em frente a uma das celas, olhei para aquela cena e senti o estomago enrijecer, havia duas beliches, e três presas. As três me encararam, uma era branca, baixa, com um belo corpo e cabelos longos e escuros. Ela apenas me olhou, e depois voltou os olhos claros para um livro que estava em sua mão, a outra era magra, cabelos ruivos mas não muito, olhos claros e extremamente branca. E outra, talvez a que mais ficou me encarando, tinha olhos claros e cabelo castanho longo, sua feição mostrava simpatia.
-Não temos os dia todo, donzela. – a carcereira voltou a fazer piada me cutucando com o cassetete. Engoli em seco e entrei na cela com aqueles olhares sobre mim, eu deveria dizer alguma coisa? – Amiga nova para vocês.
A cama vaga, era a beliche em cima da morena que estava lendo o livro. Eu não disse nada mas as três me olhavam, curiosas, interessadas.
-Eu sou Jennifer, essa é a Kristen e essa é a Lauren. – a mais simpática disse, apontando para a ruiva Kristen e a morena, Lauren.
-Margot. – respondi.
Ela sorriu.
-O que fez para acabar aqui, Margot? – perguntou.
-Nada, eu nem deveria estar aqui. – respondi estendendo o lençol na minha cama.
Elas riram.
-Nenhuma de nós. – Kristen disse ironicamente.
Bom, eu não queria papo com ninguém. Estava triste com tudo o que aconteceu mas não permiti cair uma lágrima, apenas queria dormir logo talvez eu acordasse, talvez aquilo fosse um pesadelo.
Na manhã seguinte, a minha esperança de pesadelo foi por agua abaixo, acordei com as carcereiras nos chamando para a hora do banho fui caminhando como um zumbi, e eu nem prefiro comentar sobre aquilo. Era humilhante. Eu estava ali ah menos de 24 horas e sentia meu peito querer explodir de angustia, de raiva, um nó na garganta, queria fugir daquele lugar o mais rápido que eu pudesse mas aparentemente era impossível, eu tinha que lidar com as piadas, a “novata”, era assim que elas me chamavam. Mexiam no meu cabelo, apertavam minha bochecha, e pegavam minhas coisas e eu simplesmente deixava, como me tornei tão fraca? Eu não conseguia dizer nada, apenas deixava elas abusarem de mim como um adolescente novata no ensino médio. Na hora do almoço (se é que podemos chamar aquilo de almoço) eu me sentei sozinha, enquanto todas me olhavam e riam comentando coisas.
-É só no começo, depois elas param de encher o saco. – Jennifer disse se sentando a minha frente. – Você não é de falar muito, não é Margot?
-Eu não quero falar. – respondi ainda comendo minha “comida”. Ela riu.
-Eu matei meu ex marido. – ela falou rapidamente, eu apenas ergui os olhos para ela sem entender o porquê dela estar me dizendo aquilo, as bochechas gordinhas ficaram maiores em um sorriso que ela estendeu.
-Por que? – perguntei interessada esperando que ela dissesse que estava zombando da minha cara.
-Ele me agredia, me estuprava, era um bêbado idiota. Um dia eu dei três tiros na testa dele, e não me arrependo. – ela falou rapidamente enquanto mastigava a comida.
-Cada um faz o que pode para sobreviver – respondi.
-E você, o que fez para sobreviver e parar aqui? – quis saber. Respirei fundo.
-Na verdade, eu realmente não deveria estar aqui. Alguém armou para mim. – falei sentindo a raiva arder no peito, na cabeça, no corpo todo.
-Uma amiga? – perguntou, era muito enxerida.
-A amante do meu marido, é uma história longa e complicada.
-É sempre essas vagabundas. – ela respondeu com um sorrisinho.
-Robbe, tem visita. – a carcereira gritou, revirei os olhos mas me levantei ansiosa. Joguei a comida fora, não sentiria muita falta.
-É Robbie. – respondi passando por ela.
-Tanto faz, ande logo – falou me pegando pelo braço e me levando até a sala de visitas, assim que a porta se fechou atrás de mim me joguei nos braços de Jared que me apertou com tanta força que quase não consegui respirar, e não queria que ele me soltasse nunca mais. Inevitavelmente comecei a chorar, despenquei em lagrimas. Ele me beijou, beijou meu rosto, me apertou com força.
-O que aconteceu? – segurou meu rosto com as duas mãos e olhou fundo em meus olhos – Nina me disse mas... como é possível, Margot? Como Amber conseguiria armar para cima de você?
-Acho que eu baixei a guarda. – respondi tentando dar uma risadinha mas continuei chorando – me tira daqui, por favor. Eu não posso viver aqui, é um inferno, um pesadelo. Eu não mereço estar aqui, Jared.
-Eu sei, eu sei – me agarrou de novo – nós vamos fazer tudo o possível para te tirar daqui, ok? Nina já deu entrada com as papeladas, estamos colocando toda a nossa força nisso, Margot, e vamos provar sua inocência.
-Como? – falei – ninguém viu a Amber, ah meses que vocês insistem em dizer que ela é fruto da minha imaginação. E se for? E seu fiquei louca? Tive algum surto psicótico e matei ele acreditando que ela estava lá?
Ele ficou me olhando como se eu realmente fosse louca, mas eu estava quase acreditando nessa teoria, eu não me sentia bem da cabeça desde que meu filho morreu dentro de mim.
-Margot, esquece isso. Amber vai pagar pelo o que fez mesmo que eu tenha que procurar ela no inferno. – ele disse com ódio, os olhos azuis estavam realmente furiosos.
-E meus filhos? Como estão? – perguntei.
-Bem, estão bem, Mag. Estamos cuidando de Nate e Hannah acredita que você foi viajar.
-Ótimo, é melhor assim – falei – apenas cuide deles, Jared, eles vão precisar do pai deles com eles.
Implorei, então ele voltou a me abraçar e eu a desmoronar em seus braços, a visita durou uma hora contada no relógio quando ele foi embora eu quase senti meu coração parar de bater dentro do peito. Ele tinha mesmo que ir e me deixar ali?
Depois que foi embora voltei para a minha cela, um lugar horrível e escuro muito diferente do que eu estava acostumada na minha vida. Ao menos as meninas na minha cela não me provocavam, muito pelo contrário elas eram muito hospitaleiras. Apenas Jennifer que era a mais curiosa mas isso não me incomodava tanto ao menos eu me sentia um pouco mais confortável conversando com ela. Kristen era a mais mal humorada do grupo e Lauren a mais quieta.
-Ai Jennifer, cala essa boca. – falou Kristen assim que cheguei as três estavam rindo de alguma coisa mas logo pararam com a minha presença.
-Em cinco minutos a gente vai poder ir tomar no sol no pátio, é melhor ficar perto de nós – disse Jennifer.
-Ok – respondi e em cinco minutos a carcereira veio buscar a gente para podermos ir para o pátio tomar sol, podia-se ver claramente que o local tinha suas panelinhas, Jennifer e Kristen eram as que mais falavam, Lauren ficava quieta fumando um cigarro e sempre parecia estar com a mente distante dali, seus olhos eram um dos mais lindos que eu já havia visto.
-Jennifer falou que armaram para você. – ela falou me surpreendendo assim que Kristen e Jennifer saíram de perto para se exercitar um pouco, olhei para ela.
-Foi. – falei.
Ela deu uma risadinha de lado.
-Você também não foi a única. Me meti na maior confusão com uma mulher que me prometeu riqueza, luxo... e todas essas coisas sabe? – ela tinha uma voz muito bonita. – Eu nasci em Miami mas me mudei para Los Angeles com vinte anos, ferrada. Ai conheci essa mulher.
-Quantos anos tem agora? – perguntei. Então ela não era mexicana como presumi.
-Vinte e três, estou aqui ah dois anos e meio meu maior consolo foi a vagabunda também ter parado aqui. – ela riu ironicamente.
-Ela está aqui? – perguntei também tentando controlar a risada, todos fazíamos parte da piada cósmica.
-Está... E é a “rainha” dessa merda toda, todo mundo faz a vontade dela. – bufou e revirou os olhos então ela olhou para o lado onde havia muitas mulheres mal encaradas juntas fumando. – Ela está ali.
Assim que acompanhei seu dedo indicador quase caí da cadeira, é realmente fazíamos todos parte da piada cósmica mas era de se esperar, estávamos no presidio feminino da Califórnia como eu não pensei nisso antes? Angelina estava bem no meio das mulheres, rindo de alguma coisa. Ela parecia se dar bem ali dentro com todas aquelas mulheres, instantaneamente comecei a rir também, puta merda.
-O que foi? – perguntou Lauren jogando o longo cabelo escuro para trás.
-E não é que ela é uma vagabunda mesmo? – falei – eu trabalhei com essa vadia.
Lauren arregalou os olhos para mim surpresa e pela primeira vez eu vi ela sorrir, tinha belos dentes de coelho.
-É, acho que ela te viu, está olhando diretamente para você. – ela falou colocando a mão sobre os olhos para evitar a luz do sol. Olhei para Angelina que me encarava do outro lado do pátio, surpresa, mas ainda mantinha a pose de rainha. Ela logo se levantou e caminhou até a minha direção como era de se esperar, eu dei risada mas não tinha humor algum, era só o que faltava para completar a minha desgraça.
-Eu vou sair fora – Lauren disse se levantando e caminhando em direção a Kristen e Jennifer.
-Ora, ora! A rainha da Califórnia presa – ela falou com ironia cruzando os braços.
-Pode ficar tranquila, Angelina, não vim tomar seu trono aqui dentro. – respondi, ela torceu o nariz. – A encarei bem observando cada detalhe de seu rosto, ela parecia ter envelhecido uns dez anos ali dentro, estava mais magra e com os olhos fundos além de algumas rugas que apareciam ao redor deles.
-Sempre quis ser eu... Até na cadeia veio acompanhar os meus passos. – continuou falando – o que mais vai querer, Margot?
Eu dei risada daquilo que ela havia falado, como se ela ainda fosse a minha inspiração. Qual é, qualquer um sabia que eu superava ela em todos os quesitos.
-Eu não vim atrás de você. – respondi – e nem pretendo ser uma rainha caída, minha coroa ainda está na minha cabeça.
Ela torceu o nariz novamente com a minha resposta, ofendida.
-E como está a pequena Hannah? Acredito que ela já tenha crescido bastante. – falou para me provocar, instantaneamente a fuzilei com os olhos e ela riu – calma, estou só brincando, eu não vou mais tocar na sua bonequinha... Mas e o Jared – ela tocou o lábio inferior com a unha como sempre costumou fazer – ouvi dizer que vocês se separaram...
-Como se eu fosse falar da minha vida com você. – respondi a fazendo rir novamente.
-Qual é, Margot, alguns desentendimentos no passado mas ainda somos amigas – falou sentando-se ao meu lado animada. Meu Deus!
-Agora eu sei em quem Lila sempre se inspirou, vocês duas eram iguais. – respondi, ela revirou os olhos. – levou muito tempo para perceber que você ferrou com a gente.
-Eu gosto dela sempre teve fibra, igual a você até se apaixonar pelo Leto. – falou – você já pensou que não estaríamos aqui hoje se você tivesse me ouvido naquela época? Eu não ferrei com vocês, você que foi burra o suficiente e fez tudo errado.
Falar sobre aquilo me lembrava Lila e lembrar que Angelina não fazia ideia do que tinha acontecido.
-Lila está morta! – exclamei rápido encarando-a, ela congelou a expressão surpresa em seu rosto alguns instantes e depois suspirou. – Câncer.
-Uau – disse – isso sim é uma notícia.
Nós ficamos quietas alguns instantes.
-As coisas realmente mudaram, não é?
Ela falava como se eu realmente quisesse conversar com ela.
-Vai embora, Angelina, eu não tenho nada para falar com você. – falei olhando para ela, que ficou séria alguns instantes mas depois deu risada. Ela parecia uma maluca.
-Qual é, Margot sem ressentimentos. – falou e eu revirei os olhos – aliás, acho que vamos precisar uma da outra aqui!
-O que quer dizer? – perguntei.
Ela sorriu sugestiva, os olhos sugestivos.
-Eu sou a rainha aqui por algum motivo... porque eu penso. Metade dessas mulheres não tem um neurônio que presta na cabeça então é muito fácil manipular elas... Mas você, eu te conheço, tem muitos neurônios...
-Você não é rainha, está mais para uma ditadora maluca. – ela voltou dar risada.
-Tanto faz, o que importa é que posso tirar a gente daqui. – falou – eu tenho um plano.
Eu bufei, não acreditei que além de estar presa ali tinha que ouvir aquela maluca falar sobre fugir da cadeia como se fosse algo tão simples assim. E depois de fugirmos? Eu passaria a minha vida toda escondida? E minha liberdade? Tudo o que eu queria era provar minha inocência mas eu sabia que levaria tempo para isso, até mesmo anos. Balancei a cabeça e cruzei os braços depois olhando para o outro lado tentando não agarrar aquele pescoço magricela de Angelina e descontar toda a minha raiva em cima dele.
-Pense sobre isso, Margot. Mas tome uma decisão coerente, não como quando Mark te ofereceu aquele contrato e você quebrou porque estava apaixonada pelo Leto.
Angelina continuou falando e falando enquanto em tudo o que eu pensava era em uma maneira de provar a minha inocência.
-Ok, Angelina, me conta o seu plano. – falei rapidamente, ela arregalou os olhos e alargou os lábios em um sorriso.
-Minhas garotas ali são as únicas que topam... a gente quer sair daqui pelos fundos da prisão. Tudo o que precisamos é de uma carcereira que a gente consiga comprar... é a única coisa que falta.
Eu cerrei os olhos... e olhei para Lauren que se espreguiçava.
-Eu sei qual... qual o nome dela... – tentava lembrar o nome da carcereira que havia me acompanhado até minha cela – Margaret..
-Marta – falou – esquece, eu já tentei, ofereci cinco mil para ela em dinheiro e ela negou a não ser que você ofereça mais.
-Eu sei exatamente o que ela quer e não é dinheiro. – Olhei diretamente para Lauren e sorri, ela franziu as sobrancelhas e estranhou Angelina e eu estarmos olhando para ela. Angelina, que sempre era muito inteligente, entendeu exatamente o que eu estava querendo dizer e sorriu.
-Você é muito inteligente mas eu duvido Lauren topar, ela me odeia.
-Eu também, e acabei topando – respondi. – eu cuido disso apenas saiba Angelina, que se você tentar me ferrar eu vou ferrar com você primeiro.
Ela bateu no meu ombro
-Relaxa, Margot, estamos no mesmo barco aqui. Como eu disse, eu preciso de alguém que tenha um cérebro.
-Eu também vou precisar de alguém que tenha um. – ela torceu o nariz novamente ofendida. – Você conversa novamente com a carcereira e eu convenço a Lauren.
-Ótimo! – falou e saiu rebolando de volta para a sua mesa. Duas semanas se passaram e meu mundo parecia um deserto, eu estava morrendo de saudades dos meus filhos, do meu marido, da minha vida mas a única coisa que sustentava a minha sanidade naquele lugar era a ideia maluca de Angelina de fugir, aliás, o plano de fugir era dela, eu tinha o meu próprio plano. Eu sempre soube que ter dinheiro e contatos era bom mas nunca imaginei que isso dentro se uma cadeia acabava facilitando as coisas ali dentro, quando a notícia de quem eu era começou a se espalhar pelo presídio, a história de que fui quem colocou Angelina ali dentro se espalhou eu passei a ser mais respeitada.
Com os policiais eu tinha que jogar um pouco mais sujo, nada que uma piscada e um decote não resolvesse. Coitadinhos! Eram tão burrinhos.
Na semana seguinte enquanto estávamos no pátio Angelina veio novamente falar comigo.
-Eu conversei com a Marta, ela quer vinte mil em nota, mais a morena de olhos verdes. Eu não tenho vinte mil reais e muito menos pontos com a Lauren. – e revirou os olhos.
-Eu tenho – falei – diga a ela que ela terá o que ela quer.
Ela sorriu feliz com a ideia de sair dali logo mas ainda me faltava convencer Lauren a topar. Voltamos para a cela dentro de trinta minutos e ela se jogou na cama, lendo seu livro enquanto eu a encarava.
Ela me olhou de canto de olho.
-O que foi, Margot? – quis saber. Eu suspirei.
-Vocês querem dar o fora daqui? – perguntei as três me olharam como se eu fosse maluca.
-O que você quer dizer? – Perguntou Jennifer – vai pagar nossa fiança?
-Claro que não, vocês três foram estupidas demais cometendo crimes que é impossível pagar fiança... Mas eu tenho plano.
-Seu plano envolve a Angelina, não é? – falou Lauren eu não respondi – então, minha resposta é não!
-Qual é, Lauren, você nem me deixou falar. – falei.
-Eu não confio nela, Margot, e se você está fazendo planos com ela, eu também não confio em você. – ela explodiu.
-Eu sei, mas eu também não confio nela! Porém se você quer sair daqui antes de completar cinquenta anos é melhor você confiar em mim Lauren.
Ela fechou mais o rosto porém não me respondeu.
-Tá, chega dessa discussão idiota, qual é o plano? – Kristen perguntou interessada, ela topava tudo.
-Existe um corredor antigo, na ala leste da prisão, ele leva até um portão onde normalmente era retirado todo lixo acumulado aqui, porém com uma explosão de gás em 1998 eles fecharam o local e estão utilizando outra passagem. Quem tem acesso a esse corredor é a nossa linda carcereira Marta, que quer vinte mil em notas para nos ajudar a sair. – falei rapidamente e um pouco baixo, enquanto as três me ouviam atenta.
-Nós não temos vinte mil. – Kristen disse desanimada – eu nem tenho onde cair morta quando sair daqui.
-Sorte a sua que eu tenho. – respondi tirando um sorriso dela e de Jennifer, menos de Lauren que apesar de estar interessada no plano ainda tinha o pé atrás.
-E é isso, você paga e a gente caí fora? – ela perguntou.
-Não! Primeiro que eu não vou fugir, vocês vão. – falei – eu não posso sair daqui enquanto não provar minha inocência.
As três arregalaram os olhos me chamando de idiota por tomar aquela decisão.
-Você é estupida. – Jennifer disse.
-E é aí que entra os meus vinte mil dólares, eu pago a saída de vocês desse lugar, mas vocês vão ter que fazer um favor para mim – sorri tendenciosa – e tem outra coisinha que a nossa carcereira quer... – falei.
-O que? – Jennifer e Kristen perguntaram juntas, olhei para Lauren que estava encostada na parede com as mãos no bolso, então as duas me acompanharam.
-O que? – ela perguntou até se tocar – nunca! Ela é nojenta, ela não vai enfiar aqueles dedos em mim. – falou rapidamente fazendo Kristen revirar os olhos.
-Ai Lauren, sua buceta é de ouro? – Brigou Kristen – você já deixou gente pior passar por ai – falou dando uma risadinha mas eu não quis saber do que se tratava, me levantei me aproximando dela.
-Você é nossa moeda de troca, Lauren, é você que deixa a carcereira toda molhada, mas se você não topar, eu posso oferecer cinquenta mil ao invés dos vinte e você continua aqui, até os cinquenta aninhos assim ninguém vai nunca mais chegar perto da sua bonequinha. A decisão é sua, Lauren, eu não tenho tempo de ficar implorando para você, eu tenho que sair daqui.
Ela ficou calada por uns segundos me fuzilando com o olhar.
-Ok, eu topo, com uma condição, quando sairmos daqui você vai me contratar na sua agencia e vou precisar de uma nova identidade – falou tentando fazer um rosto simpático.
-As três serão bem vindas. – respondi sorrindo.
Informei a Angelina que Lauren havia topado, a mesma cuidaria de informar a carcereira eu só precisava que meu marido fosse me visitar na manhã seguinte, e como ele sempre fazia apareceu cedo, quando entrei na salinha ele já estava lá sentando me esperando, mal vi o vi e já ataquei seus lábios sentando em seu colo com uma perna em cada lado de sua cintura, como eu estava com saudades e com tesão.
Fui beijando seus lábios, em seguida seu pescoço, passando a mão pelo seu abdome... até ele me interromper.
-Hey, Mag, calma – deu uma risadinha – estamos sendo vigiados. – e olhou para a câmera no canto da parede, revirei os olhos.
-Eu já cuidei disso, privacidade total, a câmera está desligada. – respondi.
-Como você fez isso? – quis saber.
-Tenho meus contatos aqui. – falei sorrindo, ele franziu o cenho mas sorriu também.
-Você sempre sabe manipular as pessoas, não importa onde vá, sempre é a rainha. – falou de uma forma tão sexy que me deixou mais maluca ainda, voltei a beija-lo, e a excita-lo, rapidamente ele se levantou e me pegou pela cintura colocando-me em cima da mesa sentada ainda com as pernas de cada lado de sua cintura, entrelaçou seus dedos em meus cabelos me beijando com força, com agilidade retirei o cinto de sua calça e passei a mão no seu membro apertando-o de leve, então abaixei minha caça de presidiaria e dei um pulo da mesa, rapidamente me virando de costas e me debruçando sobre ela, ele não demorou nenhum um segundo para me penetrar com força, não queria nada de leve, queria ele me comendo com força naquela mesinha gelada e assim ele fez. Quando finalmente chegou ao final me abraçou com força e com um sorriso maravilhoso.
-Agora, como estão os meus bebês? – perguntei me sentando novamente em seu colo.
-Eles estão bem, estão com saudades mas bem. – ele falou, fazia de tudo para não me preocupar.
-Jared eu preciso que você faça um favor para mim... – falei rapidamente – eu preciso que você saque da minha conta o valor total de vinte mil dólares.
Ele franziu os olhos e me encarou, preocupado e curioso. Aliás, o que eu queria com vinte mil dólares dentro de uma prisão?
-O que você vai fazer? – perguntou curioso.
-Eu não posso te contar. – respondi, me doía ter que falar assim com ele porque me fazia sentir como se estivéssemos voltando a época em que não podíamos mais confiar um no outro.
-Então eu não vou retirar nada, Margot. – Afirmou, eu bufei revirando os olhos.
-Eu não posso te contar ou vou ter que enfiar você em um crime estadual.
Ele arregalou os olhos.
-Agora que eu quero saber, Margot! – respondeu com aquela voz preocupada e deliciosa mas mesmo que eu quisesse muito contar a ele, não podia até mesmo porque com todos os valores e princípios dele, ele tentaria me impedir.
-Tudo bem, Jared, não pegue a merda do dinheiro, eu peço para Nina fazer – falei saindo de cima do seu colo – eu não posso ficar esperando o julgamento, não posso ficar esperando provarem a minha inocência, ninguém acredita em mim quando digo que Amber estava lá mas eu preciso provar que estava, a família dele está querendo a minha cabeça em uma bandeja de prata, Jared, você tem que me ajudar.
Ele suspirou e balançou a cabeça.
-Como vou saber que você não está se metendo em uma confusão? Eu me preocupo com você, Margot, eu quero te tirar daqui mas não posso deixar nada acontecer com você.
-Jar, eu já estou em uma confusão e já aconteceu comigo, mas eu preciso sair daqui. – respondi ficando chorosa.
-Ok, Margot, eu retiro o dinheiro mas não vão me deixar entrar aqui com vinte mil dólares.
-Por isso você vai levar o dinheiro nesse endereço – estendi o papel para ele – e vai entregar o dinheiro na mão de uma mulher chamada Wanda, somente na mão dela! E por favor, tome muito cuidado.
Era pedir demais? Pelo seu olhar vi o quanto ficou desapontado.
-Ótimo, Margot! Ótimo! Mas você vai me contar o que está acontecendo ou não? – se levantou irritado.
-Eu vou provar minha inocência, é tudo o que você precisa saber.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora