Everything is embarrassing.

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Fuckin’ up your life in every possible way”

-Você não pode dizer que atirou em Gary – Golan estava me perturbando, falando e falando.
-Eu sei! – respondi pela décima vez.
-É sério, Margot. – ele disse – se você for presa...
-Eu sei droga! – reafirmei puta da vida, estávamos sentados nas cadeiras da recepção do hospital esperando notícias enquanto Jared estava em uma cirurgia que durava horas e ninguém aparecia para me dizer se ele estava bem ou não. Nina estava sentada ao meu lado e Bradley em pé, encostado na parede, extremamente pensativo. Eu só conseguia pensar em Jared e em Hannah, nada mais. Logo todos apareceram e aquele lugar estava pior, Constance não parava de chorar, estava sendo acalentada por Cara e Shannon, Marina, Lizzy e Lila sentavam ao meu lado dizendo que tudo ia ficar bem, que tudo iria melhorar, que as coisas iriam dar certo mas eu não estava muito afim de ficar ouvindo todas essas frases positivas porque tudo parecia estar desmoronando, Nelly também estava lá, tentava o tempo todo me fazer comer, me fazer beber agua. Que inferno! Eu só queria saber onde minha filha estava e levar meu marido para casa.
Estava me sentindo sufocada com todos eles ali, então me levantei com a desculpa de ir ao banheiro, e no outro corredor eu vi a última pessoa que queria ver.
Caminhei até ela que estava sentada em uma das cadeiras do corredor, e assim que parei em sua frente ela ergueu os olhos avermelhados de quem esteve chorando.
-O que você está fazendo aqui? – perguntei a Amber.
-Eu... eu fiquei sabendo e... – ela balbuciou dando um soluço ridículo.
-Ele vai ficar bem, eu não quero você aqui! – afirmei pegando em seu braço e a levantando da cadeira – vai embora!
Disse e saí andando novamente sentindo os nervos a flor da pele.
-Eu amo ele! – ela falou alto, tão alto que meus passos pararam em meio caminho e eu tive que retornar até ela – eu o amo! Você pode pensar que eu tirei proveito da situação mas eu amo ele e só quero saber se ele está bem.
Meus ouvidos poderiam ter sangrado ao ouvir ela dizendo aquilo, eu poderia ter vomitado na cara dela. Ela o amava? Ela nem sabia o que porra era amar alguém, não como eu amava ele.
Mas eu respirei fundo antes de abrir a boca.
-Eu não vou ser hipócrita com você, eu tinha a sua idade quando o conheci e ele tinha uma outra pessoa. Mas Jared realmente me ama, e eu o amo, não seja iludida achando que ele vai me deixar para estar com você, não vai! Faça um favor a si mesma, você é jovem, bonita e inteligente, encontre alguém que realmente goste de você – falei tentando soar o mais calma possível.
Eu me virei mas ela segurou meu punho me puxando.
-Você não entende, eu amo ele! – insistiu acabando com a paciência minha que já estava escassa, apenas me virei e acertei seu rosto com um tapa forte, tão forte que ecoou pelo corredor.
-Eu disse para você ir embora! – Segurei seu cabelo fazendo-a me encarar – eu não sou mulher de joguinhos, Amber, vai embora da minha vida! – falei e percebi o quão ameaçadora a minha voz estava soando e o quanto ela tremeu de medo enquanto eu apertava e puxava seu cabelo com força.
-Hey, hey, hey, vamos manter a calma, ok? – Brad segurou meu braço com leveza, me fazendo solta-la – vá para casa Amber.
E ela finalmente saiu as presas.
-Está bem? Quer um pouco de ar puro? – ele perguntou preocupado, eu apenas balancei a cabeça confirmando. Brad me acompanhou até a porta do hospital, respirei fundo puxando todo o ar para dentro dos pulmões tentando ao máximo me manter calma. – ele vai sair dessa, Jared é um cara durão, meu rosto que o diga.
Era a forma dele dizer que tudo ia ficar bem
-Eu sei, só não consigo parar de pensar que eu posso estar perdendo ele e minha filha ao mesmo tempo. Onde ela está Brad? Cada dia parece que ela está mais distante de mim. – falei me sentindo péssima mãe, incapaz.
Ele respirou fundo.
-Mag... eu acho que posso ter uma ideia de onde ela possa estar. – ele disse como se não tivesse certeza em sua voz, mas como se não tivesse certeza de me falar aquilo. Cruzei os braços pronta para ouvir, Nina, Cara e Marina vieram correndo.
-A médica disse que ainda pode levar algumas horas, mas que está tudo bem. Conseguiram encontrar o foco da hemorragia e ele não corre mais perigo de vida, isso é ótimo Mag! – Cara disparou me abraçando, e eu fiz de volta como se um peso estivesse saindo das minhas costas.
-Oh meu Deus! – falei chorando em seu ombro.
-É eu sei, não sei o que seria de mim sem ele também – ela disse, e de repente nada mais importava, as brigas, as traições, tudo tinha sido apenas um draminha comparado ao risco real de perder ele para sempre.
Ele estava bem, agora para tudo ficar bem realmente era trazer Hannah para casa então me soltei de Cara olhando novamente para Bradley afim de ouvir sua história.
-Me conta – pedi esperançosa, eu acreditava que ele poderia me ajudar.
-Bom, ah uns dois anos eu fui preso traficando coisa pesada nas ruas, mas uma mulher pagou minha fiança e estava mais do que disposta a me ajudar – ele começou – na verdade, nunca rolou aquele papo de ser modelo, sabe? Ela era bonita, tinha muita grana, e nós dois nos dávamos muito bem – ele disse com um sorrisinho como se estivesse revivendo as memorias – logo nós dois começamos a sair com pessoas ricas e dar golpes, cartão de credito, joias, e todas essas merdas.
A história que ele estava me dizendo começou a me parecer um tanto familiar.
-Mas a gente começou a ficar quebrado, foi então que eu pensei em você... e ela concordou.
Aquela frase não fez o menor sentido para mim.
-Como assim? – perguntei me aproximando, ele passou a mão no rosto, estava suando, nervoso.
-Eu não voltei porque estava com saudades, Mag, eu precisava de grana e Jane, Jane me incentivou a voltar e... fazer com você a mesma coisa que eu fiz com outras. Primeiro você deixava seu marido, depois ficávamos juntos e aí depois tudo que era seu, era meu. Mas foi uma surpresa voltar e ver que você tinha uma filha.
As palavras dele me atravessaram como navalhas, me cortando em mil pedaços. Em um minuto, ele não era o Bradley que eu conheci. Em um minuto ele era um golpista desconhecido, que queria tirar tudo que era meu para aproveitar a vida com uma vagabunda chamada Jane.
-Seu desgraçado – o ódio que eu senti de Gary não se comparava ao que eu estava sentindo dele, ao menos eu sempre soube que Gary era um filho da puta.
-Eu estava disposto Mag, mas foi só olhar para você e tudo se tornou ruínas, eu não podia fazer isso com a mulher que eu amo! – ele soou desesperado tentando se aproximar de mim mais cada passo que ele dava em minha direção, eu me afastava.
-Me ama? Você nunca amou ninguém além de si mesmo Bradley! Então você estava conseguindo o que queria? Porque eu fodi com você e quase perdi meu casamento, seu filho da puta! – gritei.
-Não! – ele gritou de volta – eu tinha desistido de fazer isso com você porquê de repente tudo que eu sentia por você veio a tona novamente, e quando eu disse a Jane que não ia mais fazer isso com você, quando eu tentei terminar com ela, ela jurou que iria se vingar de mim! Ela disse que eu tinha que destruir você, Margot!
Ele começou a falar e gesticular muito, notavelmente desesperado para que eu o compreendesse, mas era incapaz de fazer uma coisa dessas com alguém que quase destruiu minha vida.
-Foi quando Hannah sumiu – ele concluiu, eu paralisei dos pés a cabeça depois o empurrei para longe de mim
-O que? Você ta dizendo que essa vadia sequestrou minha filha? – rosnei e ele me confirmou com um olhar – seu desgraçado, seu maldito, eu te odeio, Bradley! Te odeio! Maldito o dia que eu te conheci, maldito o dia que eu amei você, volta para essa vadia e fala para ela que quando eu encontrar ela eu vou explodir a cabeça dela igual eu fiz com Gary! – eu falava enquanto dava socos em seu peito, chorando como se fosse explodir em lagrimas de ódio.
-Por favor, Mag...- ele começou a chorar também.
-Vai! – gritei – Vai atrás dessa puta porque eu vou procurar ela até o inferno e eu não quero olhar para você nunca mais, Bradley! Você destruiu a minha vida!
Eu o empurrei com tanta força e em seguida saí em disparada para dentro do hospital, porque eu não estava conseguindo encarar ele, não estava conseguindo olhar na cara dele. Entrei como uma maluca no banheiro me apoiando na pia, sentia como se todas as minhas vias aéreas estivessem obstruídas. Encarei meu reflexo no espelho, os olhos vermelhos, as bochechas também. Tudo que eu podia sentir me olhando ali era nojo, vergonha, raiva. As memorias começaram vir devagar eu e ele num sofá, enquanto eu achava estar me vingando do meu marido na verdade estava entregando a ele o que ele queria: destruir meu casamento. Por isso toda aquela obsessão, por isso toda aquela raiva, não era amor ele só queria a droga do meu dinheiro.
Os cacos de vidro caíram sobre a pia enquanto alguns chegaram aos meus pés, assim que soquei o espelho a minha frente. A porta se abriu e Mary entrou.
Ela ficou calada por algum tempo me encarando pelas costas, enquanto eu tentava respirar.
-Você estava certa, em todo momento esteve certa! – falei me sentindo envergonhada depois de muito silencio, só ouvi o suspiro dela – eu sou uma idiota, confiei nele como se ainda nos conhecêssemos.
Eu não estava olhando para ela mas pude imaginar sua expressão.
-Não é culpa sua se ele é babaca. – ela disse amigavelmente – você não tinha como saber.
-Eu transei com ele. – falei e me virei para ela para encarar aqueles olhos e expressão espantada, surpresa. – Jared transou com a Amber então eu fiquei tão puta e transei com Bradley achando que eu estava por cima, que eu tinha certeza que era a coisa certa se fazer, depois me enchi de droga e agora eu to aqui sentindo minhas veias implorarem...
Eu disparei para ela sem conseguir encara-la diretamente como se ela fosse uma mãe, achei que ela fosse brigar comigo, me dá um sermão, achei que fosse me matar mas com alguns passos ela simplesmente se aproximou e me abraçou.
-Você é doidinha – ela sussurrou em meu ouvido – mas eu amo você.
Nós nos soltamos.
-Jared está mal, minha filha desaparecida, como as coisas ficaram tão complicadas? – perguntei enquanto ela sorria calmamente.
-Nós vamos resolver isso, Mag, agora você precisa ir ver o Jared porque ele está na UTI mas o médico disse que já podemos ver ele, aliás, que você pode.
Minhas pernas tremeram, eu não sabia se estava feliz ou se estava com medo mas segurando a mão de Marina como uma criança indefesa nós subimos até a UTI.
-Margot, nós conseguimos reparar o dano causado, mas por enquanto prefiro que ele fique sedado para que o corpo possa se recuperar melhor. – O médico disse – mas em poucos dias ele logo estará em casa.
Aquilo parecia reconfortante.
O medico abriu a porta e todos estavam lá com ele, achei que era para ser um lugar tranquilo. Quando olhei para ele naquela cama, não consegui dar mais nenhum passo, ele estava ligado á maquinas e respirando por um tubo, pálido e frágil, não parecia o homem com quem eu me casara, não parecia meu Jared estava mais parecido com alguém que estava prestes a me deixar.
-Vem, Mag – Constance disse segurando minha mão – ele precisa saber que está aqui.
E segurando minha mão ela me guiou para mais próximo da cama, Deus, como eu temi perde-lo, como eu temi viver sem ele. Como eu pude algum dia pensar em trair ele? Eu mal conseguia respirar só de pensar em viver sem ele, e no meio desse pavor caí de joelhos próximo a sua cama segurando sua mão gélida.
-Acho melhor deixar ela a sós com ele – Cara pediu e todos se retiraram.
Acariciei a pele de sua bochecha, os pelos de sua barba por fazer me pinicando.
-Meu amor, você precisa ficar bem. – falei acariciando-o – precisa estar bem quando Hannah voltar para casa. Não pode me deixar Jar, não agora, nem nunca. Eu sei que fui uma idiota com você, sei que fiz coisas erradas mas estava tão chateada... – beijei sua mão – só não me faça viver sem você, sou capaz de perdoar você por tudo menos por isso.
E foi com essas palavras que eu adormeci ali, debruçada em sua cama segurando sua mão, ouvindo a respiração lenta e cansada dele.
-Mag, meu amor, você precisa ir descansar – alguém acariciou minhas costas, ergui os olhos para me deparar com Nelly sorrindo gentilmente. – passou a noite toda aqui, precisa comer alguma coisa.
Me remexi e todo o meu corpo doeu, tinha dormido em um posição péssima, meus ombros e nuca doíam miseravelmente, olhei para Jared que ainda estava sedado. Como eu queria ouvir a voz dele. A enfermeira entrara no quarto durante a madrugada algumas vezes, ela insistia para que eu me deitasse ao menos no sofá mas eu não podia soltar sua mão.
-Prefiro ficar aqui – murmurei e ela suspirou – não posso deixa-lo.
Ela afagou meus cabelos.
-Ele precisa que você fique bem, Hannah precisa, Mag. – disse ela – você é a única agora que pode trazer ela de volta, então por favor vá se alimentar e descansar direito.
Mesmo que eu não quisesse sair as palavras dela me convenceram, eram oito da manhã e eu dirigi de volta para a solidão em minha casa, minha casa que costumava estar sempre cheia e alegre agora estava vazia e triste. Tomei um banho e deitei por alguns minutos em minha cama, mas acordei horas depois com meu telefone tocando.
-Alô? – falei ou murmurei.
-Mag, você precisa vir aqui no hospital! Urgente! – Cara disse em tom apreensivo, meu coração disparou já imaginando o pior.
-O que? O que aconteceu? – pulei da cama calçando os sapatos tentando arrancar dela.
-Apenas venha! – disse e desligou me deixando daquele jeito, coloquei uma blusa qualquer e desci as escadas como uma louca, mas fui parada ao ver Bradley entrando em minha sala acompanhado de uma das empregadas.
-O que você está fazendo aqui?
Ele coçou o queixo.
-Eu sei que você não quer me ver mas eu passei a noite toda pensando, eu não posso mudar o que aconteceu mas posso te ajudar a consertar.
-Como assim? – me aproximei mais dele que tinha a expressão séria
-Eu posso te ajudar a resgatar Hannah, se estiver mesmo com Jane, eu sei onde estão – ele concluiu me fazendo sentir uma porção de coisas, felicidade e raiva, eu queria odia-lo, odia-lo de verdade mas simplesmente não conseguia o que não significava que eu o queria de volta em minha vida. Cruzei os braços, um tanto desconfiada e descrente daquilo.
-Você precisa confiar em mim, Mag – ele disse apreensivo.
-Eu nunca mais vou confiar em você, mas se você é a minha única opção agora acho que não tenho muito o que fazer!
Ele sorriu mas eu permaneci séria o que o deixou um tanto sem graça.
-Bom, então vamos, agora. – ele disse me fazendo pular os olhos para fora.
-Agora?
-Sim, se chegarmos de surpresa nossa chance de resgatar ela é maior, além do mais, Jane precisa saber que eu gosto de surpresas.
-Tá! – respondi tentando não me empolgar muito pois não sabia o que me esperava – mas eu preciso fazer uma coisa antes.
Nós entramos no carro e dirigimos como doidos até o hospital, euprecisva saber o que tinha acontecido e tudo o que estava na minha cabeça era que meu marido estava morto. Larguei o carro de qualquer jeito no estacionamento e disparei até o andar da UTI mas quando cheguei ao quarto de Jared, ele já não estava mais lá.
-O que? – perguntei – para onde o levaram?
Olhei em volta assustada, apavorada, ah meu Deus!
-Calma – Brad disse
-Hey, onde está meu marido? – segurei uma enfermeira pelos ombros que se assustou – onde ele está?
Acabei me alterando demais, os olhinhos pequenos dela se lacrimejaram.
-Margot, venha comigo – o médico apareceu e eu o acompanhei – ele teve uma melhora considerável então, achei melhor tirarmos os sedativos.
Disse ele enquanto descíamos pelo elevador, viramos em um corredor um pouco mais alegre e logo chegamos ao quarto dele. Ele estava diferente da noite anterior, mais vivo! Sentado, com as costas encostada na parede conversando e sorrindo, parei na porta e devo ter feito a pior ou melhor expressão do mundo pois assim que me viu ele sorriu de volta, corri adentro do quarto me jogando em seus braços, o abraçando com tanta força.
-Ah meu Deus, achei que tivesse perdido você também! – falei agarrada ao seu pescoço.
-Você nunca vai me perder – ele disse me abraçando mais forte enquanto eu me derramava em lágrimas, todos estavam ali, contentes. Soltei seu pescoço e segurei sua mão, com a outra ele acariciou meu rosto com o polegar. – Você matou um cara, por mim?
As lembranças vieram rapidamente.
-Você sabe que eu faria qualquer coisa por você. – respondi tirando outro sorriso dele mas que logo foi substituído por medo.
-Mas e se você for...
-Presa? Não. – Golan interveio e eu nem tinha reparado na sua presença – a arma que ela usou era minha, na verdade a história contada no gabinete foi que eu dei o tiro, assim que ele atirou em você. – ele disse – ninguém pode me prender por eu fazer o meu trabalho, não é?
Todos deram uma risadinha, apesar de tudo ele não era tão filho da mãe assim.
-Jared, eu te amo – falei interrompendo as risadinhas de todos deixando um clima sério no quarto – e eu estou indo buscar Hannah, vou trazer ela para casa.
-O que? Como? Não pode ir sozinha! – ele ficou alterado apertando meus pulsos.
-Eu não estou sozinha – respondi e ele olhou para Brad por cima de meu ombro, eles tentaram me impedir mas sabiam que ia ser inútil. – preciso que confie em mim.
Ele suspirou.
-Eu confio. – respondeu.
-Espera pela gente – tentei meu melhor sorriso – Golan preciso falar com você antes
Puxei ele para um canto e expliquei-lhe tudo, pedi que ele seguisse tudo a risca e que ele trabalhasse em conjunto com Nina, era nossa única chance de conseguirmos trazer minha filha de volta para casa. Ele assentiu concordando com cada passo e acrescentando mais algumas coisas e antes de sair, ouvi Jared conversar com Bradley e depois apenas dizer um “cuide dela”.
E assim que terminei de conversar com Golan, dei um breve beijo em Jared e segui Bradley até o carro, ele mesmo fez questão de dirigir.
Fomos o caminho todo em silencio, eu ainda estava tremendamente magoada com ele, com o que ele tinha feito comigo, e ele aparentava estar decepcionado consigo mesmo mas quem sabe? Bradley sempre fez mestre em manipular pessoas. Quem sabe se ele mesmo não estava me levando para alguma armadilha? É o que dizem por aí, quando a confiança é quebrada, tudo fica diferente.
Ele dirigiu por quase uma hora e meia quando finalmente chegamos a uma casinha um pouco afastada da cidade, era bonita, pequena mas bonita.
-Agora você vai agir como eu mandar, ok? – ele disse – nada de agir por impulso, precisamos ser cautelosos.
Eu assenti com um aceno de cabeça tentando controlar minha ansiedade e o segui em direção a porta da casa, passando pela cera branca que mantinha um belo jardim por volta da casa.
Ele deu duas batidinhas na porta, que logo foi aberta.
-Roy? Cara! É você? – ele disse em um tom alegre para um careca tatuado, carrancudo. – Você ainda está por aqui.
O careca, Roy, rosnou.
-Jane não quer você aqui – ele falou mal humorado – não depois do que você fez.
Bradley deu um sorriso de lado e eu já estava ficando irritada de estar ali como telespectadora.
-Pega sua bonequinha aqui e vão embora – rosnou novamente, eu me senti fracassada mas Bradley tinha outro planos e mente.
Ele se aproximou de Roy colocando o braço em volta de seu pescoço, o homem era um pouco mais alto e mais forte do que ele, mas não parecia ser tão inteligente assim.
-Vem cá, cara, ah quanto tempo nos conhecêssemos? Eu só preciso fazer uma surpresa pra Jay, sabe... mulher gosta desses agrados, dessas merdas.
Ele falava e estava até soando convincente, tanto que Roy coçou o queixo pensando no que ele estava falando.
-Tá vendo aquele carro ali? Um Aston vermelho, você sabe que a Jane gosta dessas merdas.
Os olhos de Roy brilharam ao ver meu carro estacionado do outro lado da rua, ele deu um sorriso largo para Bradley que já estava começando a me irritar. Nós estávamos ali de papinho com aquele guarda roupa, perdendo tempo mas então enquanto Roy deu um passo a frente para admirar o Aston, Bradley rapidamente e com agilidade retirou a arma da cintura acertando sua cabeça por trás o que o fez cair logo em seguida, desacordado. Ele disse um “vamos” quase inaudível me puxando para dentro da casa, era uma casa comum, dessas em que a gente pode crescer e ter uma boa família, mas tudo para mim era muito suspeito.
-Você olha lá em cima, eu olho aqui em baixo. – ele ordenou e eu subi as escadas rapidamente em uma busca, dei de cara com um corredor longo com algumas portas, das quais eu comecei abrir uma por uma até chegar a ultima, e eu nãos sei porque mais minha respiração parou quando parei em frente a ela, segurei a maçaneta com a mão tremula.
-Esteja aqui! – eu pedi de olhos fechados rodando a maçaneta e a porta se abriu levemente, soltando um ruído pelas dobradiças já enferrujadas me provando mais uma vez que aquela casinha padrão família americana não era nada mais do que um disfarce para um sequestro, e eu estava certa, a porta se abriu, um quarto rosa foi me apresentado e no canto a sequestradora sentada em um sofá rosa com minha filha dormindo em seus braços, enquanto ela apontava uma arma na cabeça dela.
Eu petrifiquei entre o vão da porta, ela sorriu para mim, aquele sorriso maldito que eu conhecia, mas nada fez sentido para mim.
-Margot, que bom que chegou! – ela disse balançando a cadeira – Hannah estava começando a ficar com saudades.
-Você? – foi a única coisa que consegui dizer com uma voz falhada, que saiu como um sussurro.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora