Look what made me do

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“Eu não confio em ninguém e ninguém confia em mim, oh baby, eu serei seu pesadelo”

Léo estava radiante diante da minha decisão,  decisão estúpida! Impulsiva! Idiota! Mas eu não voltaria atrás de forma alguma. De certa forma sentia como se eu precisasse daquilo, passei a manhã toda com ele mas por volta das onze horas Lizzy me ligou com urgência pedindo que eu fosse até a agência e pelo tom de sua voz alguma coisa estava errada. Jane assim que me viu arregalou os olhos e se levantou.
-Eu tentei ligar para a sra – disse de prontidão.
-O que aconteceu? – perguntei com aquele clima estranho no ar mas não esperei ela responder para abrir a porta da minha sala e me deparar com Jax, Opie na minha sala e Tigger sentado na minha cadeira com as pernas para cima e eu poderia ter dito alguma coisa se a visão de Lila com as mãos amarradas atrás das costas e o olho direito machucado não tivesse me deixado estática.
-Lizzy??? – perguntei e ele simplesmente se levantou pegando Lila pelo antebraço com raiva e a trazendo bem diante de mim, as unhas enormes de Lizzy se fecharam em volta do queixo pálido de Lila apertando a pele frágil.
-Conta para ela, Lila quais são as suas atividades extracurriculares – falou Lizzy extremamente nervosa.
-Me solta sua vagabunda! – Lila rosnou como um cão raivoso e Lizzy sorriu chutando-a atrás das pernas a fazendo se ajoelhar na minha frente, eu abri a boca perdida e Lila gemeu.
-Sua rata traiçoeira! Nós confiamos em você – Lizzy disse com nojo na voz e eu a encarei buscando alguma explicação para aquilo.
-Você quer saber porque os lucros estão tão baixos, Margot? Porque essa vagabunda está roubando a gente! Eu entrei em contato com banco, eu puxei todas as informações e...
A porta foi aberta com brutalidade e Juice entrou com Nadia sobre seu domínio e ela caiu ao lado de Lila, fazendo Lizzy sorrir novamente.
-E aqui está a segunda rata! Nadia estava cobrando mais dos clientes e passando todo o lucro para a conta pessoal de Lila, não foi uma surpresa para mim quando descobri que Nadia estava com mais de sessenta e cinco por cento dos clientes.
-Isso não é verdade – Nadia lamentou-se – eu não fiz nada disso.
E o que ela recebeu por abrir a boca foi um tapa forte de Lizzy, mas não me importei eu estava ocupada demais encarando Lila com espanto. Ela não dizia nada apenas me encarava de volta. Como ela pode me trair depois de tudo que fiz por ela? Por isso todas aquelas joias, carros, festas, ela estava vivendo como um milionária roubando o que era meu! Aquela onda súbita de ódio e traição subiu pelo meu peito e eu agarrei a frente de sua blusa a erguendo-o.
-Me diz que é mentira – falei mas ela ainda se manteve calada com os olhos azuis furiosos. – me diz que é mentira!
Gritei empurrando para longe e ela caiu. Passei a mão na cabeça, como uma das minhas melhores amigas pode fazer aquilo comigo? Eu estava esperando ela dizer alguma coisa mas ao invés disso ela gargalhou 
-Meus parabéns para Lizzy e a equipe de motoqueiros fora da lei – zombou – eu não estava roubando, apenas pegando o que era meu!
A encarei furiosa 
-Seu? – falei com raiva – Você não tem nada aqui, tudo isso eu construí você não passa de uma parasita nojenta que eu deveria ter expulsado da minha vida ah anos mas não fiz porque eu estava com dó.
Ela fechou novamente o rosto e eu sabia que ela teria me acertado se pudesse.
-Conte a ela a verdade – Lizzy disse e seus olhos voltaram-se para ela.
-Eu disse sua cretina!
-Eu não estou falando somente do dinheiro! – gritou Lizzy e eu nunca a tinha visto irada daquela maneira. Eu sabia que ela estava furiosa pelo dinheiro mas não era somente isso, lealdade e fidelidade era as coisas que Lizzy mais valorizava e quando aquilo tipo de merda acontecia ela se tornava uma mulher cruel, até eu mesma tive dó do que ela fez com as garotas que tentaram ferrar com a gente – sobre Jared.
Eu virei o rosto para ela confusa e ela piscou rapidamente, Lila sorriu parecendo se divertir.
-Ah o doce Jared! – ela falou com desdém.
-O que? – quis saber de imediato.
-Lila é apaixonada por ele e por isso nunca esteve em um relacionamento sério com ninguém durante esses três anos. – Lizzy disse rapidamente – além de ter tentado dar para ele mais vezes do que eu posso contar.
Eu encarei Lila incrédula naquelas palavras mas então ela estendeu os lábios em um sorriso malvado.
-E quem disse que eu não consegui?
-O que? – a pergunta saiu mais como um sussurro, aquilo entrou em mim como uma facada nas costas. Não somente o fato dela estar me roubando mas o fato de que ela e ele mentiram para mim.
-Ah alguns anos, quando vocês se conheceram. Foi um trabalho que Angelina me mandou fazer, encontrar o homem que estava tirando o seu foco da agência e transar com ele, foi a coisa mais difícil que eu já fiz na minha vida.
-Porque você era minha amiga! – afirmei mas ela riu.
-Não! Porque ele era um idiota certinho! – ela gritou – então eu fiz o que a gente fazia naquela época com todos os caras, droguei ele não a ponto de capotar como um bêbado ridículo mas a ponto dele achar que eu era você. 
E ela gargalhou de novo da minha expressão, as palavras dela eram facadas que estavam me cortando, me dilacerando ao meio. Minhas pernas enfraqueceram com a dor súbita dentro do meu peito de ouvir que alguém que por anos considerei minha melhor amiga havia transado com o homem que eu amava. Apertei meus olhos a soltando e me virando de costas enquanto ela ainda sorria, sorria da minha dor.
Eu ergui os olhos para o alto, todos mentiam! Todos estavam o tempo todo mentindo para mim, agindo pelas minhas costas, roubando meu dinheiro, pegando o que era meu e isso iria acabar! Todos eles iriam pagar pelo que estavam me causando e começava por ali.
Com um único soco que a acertei ela caiu.
-Sua vadia traiçoeira! – rosnei.
-Não finja que está magoada! Você nunca se importou comigo! – gritou de volta – só me manteve perto porque prometeu a Bradley que cuidaria de mim como se eu precisasse. Mal consegue cuidar de si mesma. – cuspiu aquelas palavras me deixando mais alterada.
-Cala essa maldita boca – vociferei – não ouse falar do Bradley! Diferente de você ele tinha um coração.
-Que também te traiu – sorriu me olhando de baixo me levando ao ápice do meu ódio, chutei seu rosto a fazendo cair por inteira no chão e gemer de dor, finalmente aquele sorriso ridículo deixou seu rosto e ela começou a chorar.
-Eu fiz você rica! Eu tirei você daquele inferno, te dei tudo, tudo o que você sempre quis! Pra que? Pra que?
A chutei novamente e de novo, cega de raiva, de ódio e de dor. Dor de ser traída pelas pessoas que eu mais amei e fiz tudo por eles. Esse é preço que se paga por ser boa.
-Chega Margot! – disse Lizzy me segurando – Você tem uma filha, não suje suas mãos assim eu posso cuidar disso.
Ela sorriu para Jax e eu soube o que aquilo significava.
-Ela não – falei – não vai ser suficiente para mim.
Lila olhou para nós com os olhos avermelhados.
-O que isso significa? – quis saber sobre seu destino, dessa vez eu sorri me abaixando a sua altura.
-Significa que você vai me devolver todo o meu dinheiro e com juros, docinho. Eu quero tudo que está na sua conta hoje! Além de todos os carros, joias, tudo.
O medo tomou seus olhos claros deixando-os escuros e ela se rebatou ainda com as mãos atadas e tornou a chorar mas de raiva por estar impossibilitada de me tocar.
-Você vai ser boazinha e me devolver, não é?
-Sua vaca! – e cuspiu no meu rosto, eu fechei os olhos novamente tentando me conter mas acertei seu rosto novamente e ela tornou a gemer de dor.
-Isso significa um sim – afirmei e me levantei limpando meu rosto.
-E essa aqui? – perguntou Lizzy e olhei para Nadia que chorava desesperada e assustada e se alterou mais ainda quando me aproximei
-Por favor, Mag... – implorou segurando minhas pernas mas eu a chutei.
-Essa fica por sua conta – respondi indiferente e foi então que os olhos dela se arregalaram ainda mais porque todo mundo sabia o quão ruim Lizzy ficara depois de começar a namorar um criminoso, e ela adorava ser uma gângster.
-Por favor, Margot, eu te pago tudo, ela vai me matar! – implorou e eu me abaixei acariciando seu belo rosto.
-Então eu acho que a gente se vê no inferno. – sorri e ela desatou em choro de desespero e medo sendo arrastada por uns dos rapazes. Tigger ergueu Lila.
-E depois que ela devolver todo o dinheiro? – perguntou
-Larga ela na rua – falei – sem nada.
Lila começou a implorar desesperada, mas eu apenas ignorei.
-E o que eu ganho com isso?
-Tudo o que você quiser é claro – respondi, de certa forma estava sentindo saudades de ser a vilã.
-Quantas garotas eu quiser?
-Quantas você quiser... – respondi, como era fácil manipular qualquer homem e isso nunca se tornava entediante. Ele a arrastou aos gritos porta a fora mas antes de Lizzy sair eu lembrei de outra coisa.
-Lizzy, espera, tem outros – falei.
-Acho que você decidiu se vingar de todos hoje – Jax disse rindo tragando o cigarro em seus dedos.
-O nome dela é Babsy, faça ela se lembrar que não deve me desobedecer e o outro... – a raiva subiu pelas pontas de meus dedos causando um tremor pelo meu corpo – Doutor Owen Hunt! Eu quero aquele desgraçado longe da Califórnia – pedi, a ideia seria fazer ele perder a licença após um processo mas eu teria que revelar a minha gravidez e isso eu não queria. Minha amiga saiu com sangue nos olhos ansiosa para um pouco de diversão. Quando finalmente fiquei sozinha na minha sala me lancei em minha cadeira levando os dedos a temporã, parecia que toda aquela adrenalina estava me matando. Eu estava satisfeita por não só sentir dor e me sentar e chorar, mas porque eu iria fazer todos eles se lembrarem de quem eu era. Uma das faxineiras veio limpar minha sala e me concentrei no meu trabalho o restante do dia, precisava deixar todas as minhas coisas extremamente organizadas além de tomar decisões importantíssimas.
A hora passou e eu não percebi, estava com os pés em cima da mesa com a cadeira reclinada pensando no que eu faria, acariciei minha barriga levemente.
-Como eu não percebi que você estava aí dentro? – disse – Você ficou quietinho por tanto tempo.
Eu falava de forma calma tentando permanecer calma. Era muito difícil para mim saber que eu tinha outro filho mais ainda saber que eu estava com tanta raiva do pai dele que mal conseguia pensar em vê-lo novamente e como ele soubesse disso entrou no meu escritório escancarando a porta com força.
Permaneci na mesma posição enquanto ele me encarava furioso.
-O que você fez? – questionou com as mãos na cintura.
Reclinei novamente a cadeira e o encarei como se não tivesse ideia do que ele estava falando.
-Babsy está com duas pernas quebradas – disse espantado, uau, Lizzy estava com muita raiva. Eu arregalei os olhos fingindo surpresa.
-Significa que ela não vai esfregar as pernas em você por alguns dias, que pena – zombei mas ele ficou mais furioso ainda batendo as duas mãos na minha mesa com força.
-Isso não tem graça, Margot! Você não pode ferir os outros só porque está se sentindo mal – rosnou quase me assustando, revirei os olhos e me levantei caminhando até ele me encostando na mesa, olhando-o de lado. Ele ficou quieto alguns segundos e eu também.
-Você fodeu com Lila – falei e ele congelou me decepcionando, ah Jared! Não era esse olhar que eu estava esperando receber, mas a culpa foi captada ali e eu quase, quase ouvi meu coração quebrar só não aconteceu porque eu enterrei ele com aquele monte de merda que vem junto para nos fazer se sentir culpados e tristes por acreditar em pessoas que sempre vão nos ferir.
-Isso faz muito tempo – respondeu – nós não estávamos juntos.
De repente a voz dele abaixou, é engraçado o que a culpa faz com a gente.
-E você acha que eu não tinha o direito de saber? – perguntei ainda parecendo calma, ele me olhou nos olhos e depois balançou a cabeça se afastando.
-Você tinha ido para México, havia sumido durante uma semana eu estava com tanta raiva que acabei dando certa liberdade que ela estava buscando alguns dias, certa manhã eu acordei com ela do meu lado e foi tarde demais quando percebi o que eu tinha feito.
Engoli em seco, travando a mandíbula furiosa.
-Mentirosos – falei e ele se aproximou – todos vocês, mentirosos, traiçoeiros! Tiraram tudo de mim.
-Margot eu não achei necessário trazer o passado a tona, estávamos tão bem, tão felizes. – começou a gesticular de forma um tanto apreensiva, apenas ergui os olhos para ele.
-É? Vamos ver o que você vai achar quando Lila aparecer com duas pernas quebradas! – disse ele segurou meus ombros.
-Não pode machucar as pessoas assim – afirmou e eu ergui as duas sobrancelhas sem me importar.
-Eu posso fazer o que eu quiser – respondi – não foi você que disse que eu era impulsiva?
Ele engoliu em seco e ficou calado me tirando uma gargalhada, me soltei de seus braços e o empurrei me virando de costas, não tinha preparado aquele momento para aquilo mas a hora pareceu conveniente.
-Estou indo embora. – falei sem encara-lo mas pude imaginar sua expressão, surpreso, chocado, espantado, nervoso.
-O que?
Me virei para ele.
-Com Léo, estou indo embora para Londres – anunciei – na próxima semana.
-Não pode virar sua vida de cabeça para baixo por causa de um homem que você não conhece – ele gritou suscitando em mim toda raiva que eu estava sentindo.
-Eu fiz o mesmo por você! – gritei – por todos vocês! E o que eu ganhei em troca? Nada! Eu to cansada de bancar a boazinha, eu tentei muito mas cansei!
-Então você decidiu ir para Londres? – perguntou com desdém, respirei fundo.
-Era sobre isso que eu queria falar com você mas você estava tão ocupado com sua nova namoradinha. – falei me aproximando.
-Que você quer ir para Londres com aquele engomadinho? – falou parecendo um adolescente.
-Não seja ridículo, por favor. – falei me aproximando mais – vai além disso.
Ele travou a mandíbula.
-Você perdeu a noção das coisas, não é possível, Margot! – falou alterando a voz e em tom irônico.
Eu abri a boca sem saber o que dizer, sem saber o que começar a dizer.
-Jared... – tentei mas ele não me escutava.
-Você não pode ir, você não vai embora! – falou autoritário me irritando.
-E você quer o que? Que eu fique aqui? Vivendo uma droga de vida enquanto você está lá com outra? É isso que você quer, Jared? Porque eu não vou me submeter a isso.
-É claro que não é isso... Mas... Mas e Hannah? Se você ficar poderá ver ela sempre que quiser e ela precisa da mãe dela aqui e não do outro lado do oceano.
Eu dei uma risada sem acreditar naquilo.
-Eu não posso acreditar que está usando minha filha para me chantagear. – falei – não dá para acreditar nisso! Isso me dá nojo, Jared.
-Amor, amor, não diz isso. – ele se aproximou de mim e começou a acariciar meu rosto de uma forma meio violenta, afagando meu cabelo. Meus olhos se encheram de lagrimas, fazia tempo que ele não me chamava assim, que ódio.
-Não, não coloque suas mãos em mim – eu o empurrei para longe – vai embora! – ele continuou parado a minha frente. – Eu disse para ir embora! – Eu estava realmente magoada com ele.
-Então é isso o que quer? – disse afastando-se e indo em direção a porta. – Mas quando você voltar não precisa anunciar que voltou. Você quer ir embora com outro homem, vá. A partir de hoje você morreu para mim – abriu a porta e saiu, pisando firme. Pensei, ou achei que tivesse pensado rápido mas na verdade meu coração pesou com o encarar do que ele não estava simplesmente saindo do meu escritório mas também da minha vida e aquilo me apavorou.
-Jared, as coisas não precisam ser assim – eu gritei, ele continuou andando. Corri e desci as escadas correndo atrás dele, e olha eu, mais uma vez correndo atrás dele.
-Por que você ainda está aqui? – ele parou em um dos degraus. – Você quer que eu diga que está certa? Você me ama mas quer fugir com outro!
Desci dois degraus e fiquei na altura dele.
-Eu te amo, eu te amo, eu te amo porra! Mas eu não queria te amar mais. É cansativo, desgastante. Mas eu te amo! Mas eu vou, eu preciso ficar longe, preciso me apaixonar por outra pessoa caso ao contrário, eu vou precisar ficar chapada o tempo todo para esquecer que sinto a sua falta. Você não me deu outras opções droga! Olha pra mim, eu to morrendo e você só enxerga a droga do seu umbigo. Mas isso não importa para você, já que eu morri a partir de hoje.
-Desceu todas essas escadas para me dizer isso? Eu não me importo. Vai, Margot, corre para o seu milionário. Se esconde, você não está fugindo de mim, está fugindo de si mesma. Por que você não admite logo que é fraca e não consegue superar problemas do passado? Percas, falhas, erros, por que você simplesmente não supera? Por que você é fraca, e se você é fraca aqui na américa, vai ser fraca no caribe, na palestina, na Europa, em qualquer lugar você continuará sendo Fraca, vai continuar se entupindo com esse monte de veneno por que acha que as pessoas fizeram isso com você, mas quem está se destruindo, é você.
Ele estava certo. Eu era fraca, fraca para admitir tudo aquilo o que ele disse.
-Você não sabe de nada sobre minha vida – respondi, secando algumas lagrimas.
-Sei que quando eu te conheci você era uma mulher egoísta, calculista, que brincava e controlava as pessoas por diversão. E Agora você se lamenta pelo o que as pessoas fazem com você, você chora por que as pessoas te abandonam mas você escolheu isso.
Sem deixar ele concluir, dei um tapa em sua face. Ele respirou fundo, mas seus olhos me fuzilaram.
-Quando você me conheceu eu só era a vadia que fui obrigada a aprender ser. – disse – mais uma vez, você não sabe de nada da minha vida!
-Mais uma vez se lamentando – respondeu. – Vai logo! Já era para você ter ido. Eu não quero mais olhar para você, nunca mais. E sai da minha frente antes que eu perca o controle. – Ele falou me olhando, aliás me fuzilando com os olhos azuis.
-Você pensa que vai tirar minha filha de mim assim tão facilmente, não é? Acha que eu vou desistir dela assim.
Ele deu uma risada irônica.
-Quem quer ir para o outro lado do oceano por causa de outro homem é você, mas a minha filha fica aqui! – falou mais autoritário.
-Que porra que você está falando Jared? – gritei – Não é por causa dele, é por sua causa.
-Minha causa, Margot? – disse indignado apontando para si mesmo. Ele era inacreditavelmente arrogante e prepotente.
-Sim! Porque você me abandonou, você me deixou por causa daquela vagabunda e eu não vou ficar aqui vendo você se esfregar com qualquer vagabunda por aí e quando você sentir saudades – fiz aspas com os dedos – vai vim me procurar pra ser sua transa egocêntrica.
-Transa egocêntrica? Você está se escutando? – ele falou balançando a cabeça. – você é patética! Você tirou o filho daquela menina, quebrou as pernas de Babsy, ameaça qualquer garota que se aproxima de mim, como eu posso pensar em ter outra?
Eu não aguentava mais ouvir aquela acusação, não aguentava mesmo.
-É! Porque é isso que você é: egoísta, egocêntrico, prepotente e arrogante. E quer saber o que é pior de tudo isso? Eu nunca tinha enxergado isso antes Jared. Nunca enxerguei isso antes mas hoje eu percebo, e se você realmente acreditasse que ela estava grávida você não estaria aqui hoje, ou tentando transar comigo mesmo depois de termos terminado, não é?
Falei, na verdade vomitei o que estava entalado dentro de mim ah dias. Ele colocou a mão na cintura e balançou a cabeça sem nenhuma resposta ou argumento que valesse a pena. Só ficou me olhando irado, mas irado porque eu estava indo embora. Naquele momento eu decidi, decidi que ele não merecia mais nada de mim muito menos mais um filho. Jared Leto tinha arrancado tudo de mim no último ano, minha vida, minha filha, minha auto confiança, a mulher que eu era e eu não tinha muito para tirar dele, apenas um filho um filho que ele nunca ia saber que existia. Durante todo esse tempo, todas as discussões, todas brigas, choros, em nenhum momento eu senti ódio dele mas ali eu senti, como se me corroesse.
E estava prestes a aumentar.
-Se você for embora, você nunca mais vai ver sua filha. – disse em tom ameaçador.
-É? – falei – você acha que vou implorar? Você acha que isso vai me fazer ficar? Sabe o que vai acontecer, Jared? Ela vai crescer, e se a vagabunda da minha mãe que me largou apareceu pode ter certeza que eu vou aparecer na vida da minha filha e vou dizer a ela, que você privou ela de ter uma mãe preferiu colocar uma vagabunda no meu lugar, e ela vai te odiar Jared! E eu não vou ter dó de contar a ela todas as coisas que você me fez passar, e ainda usou ela para me chantagear!
Ele ficou calado me olhando, ele não estava mais nervoso, estava com medo. Ele sabia que isso iria acontecer que era inevitável. Sabia que eu voltaria pela minha filha, Jared Leto me conhecia muito bem e sabia que eu jamais abriria mão dela assim tão facilmente. Mas ele era orgulhoso, muito orgulhoso e isso acabou com a gente.
-Pode ir, Margot. Porque quando ela me perguntar eu vou dizer a ela que você preferiu ir para outro país ao ficar aqui por ela. – falou.
-Você não quer que eu fique por ela, você quer que eu fique por você.
Ele engoliu em seco.
-Tanto faz, de qualquer forma você ficará longe dela. – balancei a cabeça, era a coisa mais dolorida que eu teria que passar na minha vida por conta dele, porque ele não tinha piedade.
-Você tem certeza, Jared? – perguntei.
-Você tem? – falou olhando nos meus olhos.
Desviei o olhar.
-Eu sei que não – ele continuou. – Sei que quer ficar.
-Por ela, sim. – falei – se não houvesse ela eu já teria ido embora. – falei rapidamente – eu não suporto mais sua presença na minha vida, eu não quero mais você na minha vida. E eu vou me curar de você e quando isso acontecer eu vou voltar pela Hannah, e você vai se arrepender de cada lágrima que me fez derramar, Jared. – nem eu mesma entendia o que estava sentindo, ao mesmo tempo que o amava eu ainda sentia uma ira contra ele naquele momento.
-Tudo que eu quis para você é que ficasse limpa, parasse com as Drogas e as bebidas, você ouviu todos Margot, preferiu ouvir que eu estava tentando fazer de você uma outra mulher, uma dona de casa quando você sabia que não era verdade. – ele falou com a voz mais baixa – tentei te ajudar no que pude, era minha esposa e eu como seu marido queria você bem! Você começou a se comportar como uma adolescente, uma menininha rebelde e eu tinha que ficar dando broncas em você para que você voltasse a ser a mulher que conheci, ou até a uma versão melhor. Você, e exclusivamente você decidiu outro caminho por sentimentos e pessoas da sua vida que qualquer um via de longe que só te levaria para o buraco. Não consegue enxergar porque acha que a razão de ter feito tudo isso foi por causa da Amber, mas não foi.
Ele estava fazendo uma recapitulação de tudo o que tinha acontecido na nossa vida e deixando sem palavras, sem argumentos. Eu não queria ser orgulhosa o bastante para dizer que não foi aquilo porque dentro de mim eu sabia que sim, eu devia ter parado com as bebidas e com as drogas, as festas exageradas, as noitadas, eu deveria.
-Depois apareceu com aquele Bradley, dizia para mim que era apenas amigos mas o que você estava esperando? Era seu marido, eu te amava e tinha ciúmes de você, Margot, era insuportável ver você com outro.
-Mas eu não traí você. – falei em auto defesa – eu não traí, Jared, não ate você fazer isso. E toda vez que você ia viajar, que não foram poucas eu ficava sozinha e perdida! O que você esperava? E aí você diz na minha cara que me traiu e que nunca mais iria acontecer, eu te perdoei, uma, duas e vezes, mas você não parou! Não quis parar, e para esquecer a dor dessa humilhação eu bebia, eu usava drogas porque se era dolorido para você me ver com outro homem imagina para mim que tinha a certeza que havia outra pessoa. Então não me diga que fui a culpada, que eu só vejo a Amber, eu vi tudo, eu engoli muito, e lutei muito mas você quis ela e não acreditou em mim quando eu te disse que ela não estava grávida, você confiou nela! – tentava não alterar a voz mas era difícil.
-Confiei porque fiquei louco quando vi você com outro!
-Pelo amor de Deus, você sabe que eu voltaria pra você num piscar de olhos! – aquela frase pulou da minha boca surpreendendo a nós dois, ficamos calados por alguns segundos pensando naquilo e eu queria saber o que ele pensou exatamente. – Mas acabou, chega! Eu não quero mais, e não posso mais! Eu vou embora, vou sofrer como um cão de rua se minha filha mas eu vou voltar, Jared, eu juro pra você que eu vou voltar e você vai se arrepender.
-Você não foi a única que sofreu com essa história, Margot, não foi. – falou – você me pinta como o monstro mas sabe muito bem que nós dois erramos. Nós nos submetemos a isso. Mas concordo com você, acabou. E quando você voltar se eu ainda estiver por aqui com ela, vou deixar ela o critério de escolher com quem ela vai querer ficar.
-Vai embora. – falei – agora.
Ele ficou me olhando.
-Vai, Jared. Adeus! – que palavra dura de dizer olhando para ele, seus olhos ficaram vermelhos instantaneamente, travou a mandíbula depois de dois minutos ele passou por mim e saiu, quando não pude mais ver ele, sentei-me em um dos degraus pois estava me sentindo zonza, muito zonza, queria chorar mas as lagrimas não vinham, queria vomitar, queria desmaiar, queria morrer. Ele estava certo, passei grande parte da minha vida lamentando pelo o que as pessoas haviam feito comigo e esqueci de me preocupar em superar.
Mas, não era justo. Eu tentei seguir em frente, eu tentei ser forte, me casei, tive uma filha, larguei tudo, mas o meu erro foi ter feito isso mais por eles do que por mim mesma, eles eram as minhas bases e quando eles saíram, tudo desmoronou.
Pois bem, eu não iria ficar ali na escada chorando o resto da noite. Voltei para o meu apartamento e corri para o meu quarto, tinha que fazer aquilo naquela hora ou eu desistiria, comecei arrumar minhas malas, colocar tudo que era meu lá dentro. Roupas, acessórios, objetos, tudo. Até coisas antigas achei escondida no fundo do meu closet, havia fotografias nossas das quais rasguei todas, quebrei todos os quadros, tudo que ele havia me dado... apenas uma coisa que não. O anel de noivado. Eu nem lembrava daquele anel, mas ele estava ali, no fundo da caixa e não pude deixar de chorar mais ainda, ele havia me pedido em casamento quando descobri que estava gravida de Hannah, e agora descobri que estou grávida e estamos dizendo adeus. Como o universo pode ser tão louco e cruel desse jeito? Não tive coragem o suficiente para me desfazer do anel e enfiei ele em uma das malas. Em seguida chamei meu porteiro para me ajudar descer todas elas e colocar no meu carro, dirigi até o hotel onde Léo estava.
-Margot? – perguntou surpreso quando abriu a porta.
-Vamos. – falei rapidamente. Ele juntou as sobrancelhas sem entender nada.
-Não entendi. – falou.
-Vamos para Londres hoje, agora, vamos embora! – falei firmemente.

A acompanhante (CONCLUÍDA) Onde histórias criam vida. Descubra agora